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SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVILSAÚDE E

SEGURANÇA DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVILSAÚDE E SEGURANÇA


DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL: A IMPORTÂNCIA DA GESTÃO DE
SST PARA MINIMIZAR OS ACIDENTES ASSOCIADOS ÀS ATIVIDADES DESTE
SETOR1

Chenia dos Anjos Oliveira2


Almir Antônio Vieira3

Resumo

O grande número de trabalhadores envolvidos na indústria da construção civil necessita de atenção


por parte dos envolvidos na Segurança do Trabalho, no que diz respeito à promoção de ações que
contribuam para diminuir os acidentes neste setor. Os números de acidentes ainda são alarmantes, e
entre 2007 e 2012 foram diagnosticados 278 acidentes fatais e 10.208 não fatais envolvendo os
trabalhadores da construção. Abordar a importância da Saúde e Segurança do Trabalho na
Construção Civil e como a implantação da norma OHSAS 18.001 pode contribuir para o
gerenciamento da gestão de segurança é o objetivo geral deste artigo. A pesquisa será por indução,
de forma exploratória, bibliográfica, abordando pontos e conceitos de forma objetiva. A abordagem
qualitativa falará sobre a implementação da norma OHSAS 18.001 no setor da construção civil,
analisando seus requisitos e certificando-se que ela pode ajudar as empresas atingir seus objetivos
de Saúde e Segurança do Trabalho. A implementação de um SGSST, com base na norma OHSAS
18.001 abrange o foco da saúde e segurança do trabalho, embora que outras vantagens podem ser
observadas nas empresas após sua adesão, como por exemplo, melhor desempenho na gestão de
saúde e segurança ocupacional, com diminuição do número de acidentes e o aumento da
produtividade.

Palavras-chave: Segurança do trabalho. Construção civil. OHSAS 18.001. Sistema de Gestão.

HEALTH AND SAFETY OF WORK IN CIVIL CONSTRUCTION: THE


IMPORTANCE OF OSH MANAGEMENT TO MINIMIZE THE RISKS ASSOCIATED
WITH THE ACTIVITIES OF THIS SECTOR

Abstract
The large number of workers involved in the construction industry needs attention from those involved in
Occupational Safety, regarding the promotion of actions that contribute to the reduction of accidents in this
sector. The numbers of accidents are still alarming, and between 2007 and 2012 were diagnosed 278 fatal
accidents and 10,208 non-fatal involving construction workers. Addressing the importance of Occupational
Health and Safety in Civil Construction and how the implementation of the OHSAS 18.001 standard can
contribute to the management of safety management is the general objective of this article. The research will be
by induction, exploratory, bibliographical, approaching points and concepts objectively. The qualitative
approach will address the implementation of the OHSAS 18001 standard in the construction industry, analyzing
its requirements and making sure it can help companies achieve their Occupational Health and Safety objectives.
The implementation of OSHMS, based on the OHSAS 18.001 standard, covers the focus of occupational health
and safety, although other advantages can be observed in companies after their adhesion, such as better
performance in occupational health and safety management, with Decrease in the number of accidents and
increase in productivity.

Key words: Workplace safety. Construction. OHSAS 18.001. System of Management.

1 Artigo apresentado como TCC ao Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do


Trabalho da Faculdade Pitágoras de Ipatinga - MG, como requisito parcial à obtenção do título de
Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho, Abril/2017.
2 Bacharel em Engenharia Civil.
3 Mestre em Metalurgia pela UFMG, 1989.
2

1 INTRODUÇÃO

A importância econômica da área da construção civil no Brasil é de fato


reconhecida por muitos. Nesta área estão envolvidas outras diversas áreas do ramo
e o número de trabalhadores envolvidos nas atividades é expressivo. O número de
empresas envolvidas na indústria da construção civil engloba uma quantidade
considerável de trabalhadores que, por sua vez, necessita de um olhar atento da
Segurança do Trabalho, a fim de garantir adequada observância dos preceitos legais
e regulamentares que certificam um trabalho seguro.
O reconhecimento do número de trabalhadores na área da construção civil e
dada sua relevante importância econômica, instiga a pesquisa nesta área, alertando
sobre a importância de práticas saudáveis e promoção de um ambiente seguro para
reduzir o número de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho e a importância
de se estabelecer um sistema de gestão eficaz.
Conforme relatado por SESI (2015, p.19), “dos 278 casos de AT fatal na IC
entre 2007 e 2012, a causa de morte mais comum foi acidente de transporte,
envolvendo veículos terrestres automotores (27%), seguido pelas quedas (24%), e
eletrocussões (18%), enquanto agressões interpessoais foram responsáveis por 2%
dos casos”.
Ainda conforme SESI (2015, p.24), para os AT não fatais entre 2007 e 2012
foram 9.012 casos em homens e 1.196 entre as mulheres, e esclarece em citação:

As partes do corpo mais comumente afetadas foram extremidades


superiores, membros inferiores, e cabeça, nessa ordem, em ambos
os sexos. Verificou-se que membros superiores e inferiores
compõem cerca de 70% dos casos, sendo as fraturas as lesões mais
comuns, seguidas pelas contusões superficiais e luxações, dentre
outras. Amputações representaram cerca de 1% dos casos.

Realizar um diagnóstico do índice de acidentes no setor da construção civil


permite, não só identificar quais são os tipos de acidentes mais recorrentes, mas
também, alertar que algo precisa ser feito para reduzir tais números. Um sistema de
gestão precisa atuar de forma eficiente, integrando todos os envolvidos no setor e
3

sendo capaz de garantir as melhorias nesta área, passando a contribuir de forma


abrangente e garantindo a saúde e segurança dos trabalhadores.
Pode assim, a Engenharia de Segurança do Trabalho, contribuir para a
prevenção e minimização dos acidentes na construção civil, orientando políticas de
prevenção de acidentes e doenças do trabalho.
No contexto de prevenção, a gestão de SST (Saúde e Segurança do
Trabalho) na área da construção civil demonstra relevada importância, pois, leva em
consideração os seres humanos, os procedimentos de trabalho, os equipamentos e
recursos materiais que integram as atividades e que podem ou não afetar a
realização das mesmas.
De acordo com CARDELLA (1999, p.71), “cabe ressaltar a importância do
equilíbrio entre a política – a responsabilidade entre a gestão de riscos é dos
responsáveis pela atividade – e o princípio – um indivíduo não consegue sozinho
controlar os riscos de sua atividade”. Neste sentido, as iniciativas voltadas para a
divulgação dos conceitos e métodos de prevenção de acidentes se mostra cada vez
mais determinantes para que os objetivos das organizações sejam complementares
aos objetivos dos colaboradores e que se estabeleça um senso comum para
implementação e melhoria do sistema de gestão da SST e que este possa sempre
coadjuvar para aperfeiçoar o desempenho da segurança.
O conhecimento sobre Saúde e Segurança do Trabalho abordado de forma
direcionada para o setor da construção civil pode contribuir para a efetivação de um
sistema de gestão nas organizações. Basear-se na Série da Avaliação da Saúde e
da Segurança do Trabalho – OHSAS 18.001 pode contribuir positivamente para que
as empresas do ramo possam demonstrar um desempenho sólido de saúde e
segurança no trabalho e garantir resultados satisfatórios neste sentido.
Discorrer sobre Saúde e Segurança do Trabalho na Construção Civil
direcionando empresas do ramo e expondo a importância de um sistema de gestão
e, também abordando como a inserção da norma OHSAS 18.001 no setor da
construção civil pode contribuir para elevar o nível de gerenciamento do setor
contribuirá para a disseminação do assunto. São apresentados alguns requisitos do
Sistema de Gestão da Segurança e da Saúde do Trabalho na construção civil
agregando conhecimento para gestores envolvidos nesta cadeia e para tal,
justificam a escolha do tema, pois os conhecimentos apresentados na pesquisa
podem ser adotados em diversas empresas do ramo da construção civil.
4

Como objetivo geral, esta pesquisa apresenta a importância da Segurança do


Trabalho na Construção Civil e como a implementação da norma OHSAS 18.001
pode contribuir para o gerenciamento da gestão de segurança.
Como objetivos específicos, será abordado conceitos e definições sobre SST,
será relatado o diagnóstico de acidentes de trabalho na construção civil
demonstrando que a Segurança do Trabalho deve atuar constantemente neste setor
afim de minimizar os acidentes ocorridos e como a implantação da norma OHSAS
18.001 nas empresas de construção civil pode contribuir para um sistema de gestão
voltado para a prevenção.
O levantamento de informações referenciais possibilitará a obtenção de
conhecimentos sobre o assunto através de materiais já publicados na literatura
científica, partindo da compilação de trabalhos publicados na forma de livros,
periódicos e materiais disponibilizados em sites da internet. O método proposto
possibilitará ao leitor refletir sobre o tema proporcionando concepções sobre saúde e
segurança do trabalho na construção civil e a importância da gestão de SST para
minimizar os acidentes associados às atividades neste setor.

2 METODOLOGIA

Quanto ao raciocínio, a pesquisa será por indução, partindo de estudos


científicos. Quanto aos fins a pesquisa exploratória permitirá adquirir conhecimento
sobre gestão de Saúde e Segurança do Trabalho na Construção Civil, agregando
conhecimentos e permitindo a construção de hipóteses. Os sujeitos são os
trabalhadores da construção civil. Quanto aos meios, a pesquisa será bibliográfica,
recorrendo à autores como Amorim (2015), Araújo (2002), Cardela (2011), Seiffert
(2010), Silva (2015) e instituições como FUNDACENTRO (2005), SESI (2015) e
também a normas nacionais e internacionais (NR’s, OHSAS, ISO) permitindo
englobar um referencial teórico objetivo agregando conhecimento sobre o tema
pesquisado. Em relação à abordagem, a pesquisa será qualitativa no que diz
respeito à gestão de SST no setor da construção civil, descrevendo conceitos e
abordando sobre a norma OHSAS (Sistemas de Gestão da Segurança e Saúde no
trabalho) 18.001: 2007, certificando-se que ela pode ajudar as empresas da
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construção civil a atingir seus objetivos de Saúde e Segurança do Trabalho e


ampliar o nível de maturidade da empresa em relação a segurança no trabalho.

3 MARCO TEÓRICO

3.1 A Segurança do trabalho

A segurança do trabalho é a ciência que atua na prevenção de acidentes de


trabalho, buscando minimizar e/ou evitar acidentes de trabalho e doenças
ocupacionais.
Acidente de trabalho, conforme definido pela Lei 8.213 de 24 de Julho de
1991, em seu artigo 19, é aquele que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da
empresa, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou
a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho.
As causas de um acidente é qualquer fator que, se removido a tempo poderia
ter evitado o acidente. Os acidentes, não surgem por acaso, eles são causados, e,
portanto, possíveis de prevenção, através de eliminação, a tempo, de suas causas.
Estas causas podem decorrer de fatores pessoais ou materiais, gerando atos
inseguros ou condições inseguras. Podemos dizer que ato inseguro é a maneira
pela qual o trabalhador se expõe, consciente ou inconscientemente, a riscos de
acidentes, é o tipo de comportamento que leva ao acidente. Já a condição insegura
são as condições que, presentes no ambiente de trabalho, podem afetar a saúde do
trabalhador, e também a segurança das instalações e equipamentos.
Os requisitos mínimos de segurança no trabalho devem, cada vez mais,
estarem ligados ao conceito de prevenção, buscando-se assim diminuir os riscos e
as condições inadequadas de trabalho. A cultura de segurança deve ser cada vez
mais difundida entre todos os envolvidos para que os índices de acidentes do
trabalho e doenças ocupacionais diminuam cada vez mais.

3.2 As normas de segurança do trabalho

As normas existentes hoje abordam sobre ferramentas de gestão que podem


ser utilizadas pelas empresas com o intuito de assegurar que a segurança do
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trabalho seja um componente de grande importância na prevenção de acidentes e


doenças ocupacionais. Entre as normas publicadas por organismos oficiais de
normatização, podemos citar: ISO 14000 (meio ambiente), ISO 9000 (qualidade), CE
EMAS (ambiental), BS 8800 (condições dignas de trabalho), BS 8850 (ambiental) e
também as normas que se destacam por apresentarem elevados padrões de gestão
na área de saúde e segurança do trabalho, tais como, SA 8000 (direitos sociais), AA
1000 (prestação de contas), ABNT NBR 16001 (responsabilidade social) e OHSAS
18001 (riscos/acidentes).
No Brasil, a Segurança e Medicina no Trabalho é regulamentada pela portaria
3.214 de 08 de Junho de 1978, do Ministério de Trabalho e Emprego, e esta, aprova
as normas regulamentadoras, NR, da Consolidação das Leis do Trabalho e tem
caráter obrigatório. Elas apresentam um conjunto de procedimentos referentes à
segurança do trabalho. São separadas por grupos de direcionamentos e
procedimentos técnicos referentes à segurança no trabalho. As Normas
Regulamentadoras foram definidas e podem ser alteradas, por meio do Ministério do
Trabalho e Emprego, conforme necessidade de órgãos fiscalizadores e
organizações empresariais.
As normas ABNT NBR são normas brasileiras elaboradas pela Associação
Brasileira de Normas Técnicas, e não apresentam caráter obrigatório, salvo em
casos onde as NR’s requerem o cumprimento das NBR’s.
As alterações nas normas, tanto as NBR’s quanto as NR’s, precisam ser
acompanhadas por profissionais da segurança do trabalho para que as empresas
possam estar alinhadas com as mudanças e que elas estejam atualizadas para
incorporarem em seus processos, entendendo sua aplicabilidade e otimizando seus
resultados em saúde e segurança do trabalho.
Mediante o disposto, se faz necessário que as empresas tenham
responsáveis pela gestão de SST, e estes devem orientar e assegurar as questões
de SST.

3.3 Sistema de gestão

Conforme OIT (Organização Internacional do Trabalho), um sistema de


gestão da segurança e saúde no trabalho “é uma ferramenta lógica, flexível, que
pode ser adequada à dimensão e à atividade da organização e centrar-se em
7

perigos e riscos de carácter genérico e específico, associados à referida atividade”


(OIT, 2011, p.3).
A gestão de uma organização quanto à saúde e segurança no trabalho deve
envolver todos os profissionais da empresa, atentando-se aos riscos no ambiente de
trabalho, baseando-se em critérios, em normas e comportamentos.
Ainda conforme OIT, o SGSST tem como objetivo “proporcionar um método
de avaliar e de melhorar comportamentos relativamente à prevenção de incidentes e
de acidentes no local de trabalho, através da gestão efetiva de riscos perigosos e de
riscos no local de trabalho” (OIT, 2011, p. 3).
As empresas devem consolidar seu SGSST com base em sua política e
levando em consideração aspectos em relação a sua estrutura organizacional, na
definição de suas atividades, na definição de responsabilidades, de recursos
necessários, no estabelecimento de práticas e procedimentos e na certificação da
identificação dos perigos e avaliação dos riscos. A partir destes pontos, a empresa
pode elaborar um sistema de gestão que incorpore todos os aspectos da gestão e
que permeie por toda a empresa.

3.4 Acidentes de trabalho na construção civil

Um diagnóstico realizado em 2015 pelo Serviço Social da Indústria (SESI)


apresentou dados da situação de saúde e segurança do trabalho na indústria da
construção civil no Brasil entre os anos de 2011 e 2013, este estudo apresenta
queda de alguns índices, como o de mortalidade e morbidade, mas que estes
continuam elevados se comparados com outros países que avançam no
desenvolvimento humano, social e da garantia de práticas seguras na indústria da
construção. SESI esclarece que:
A queda abrupta de alguns indicadores nos últimos anos parece mais
uma decorrência de sub-registro de casos do que da melhoria das
condições de trabalho e de vida dos trabalhadores. Programas
centrados em melhorias contínuas são necessários para pautar o
maior comprometimento dos empresários desse ramo de atividade
econômica, que devem se tornar parte da estratégia dos próprios
negócios, uma vez que trabalhadores constituem o principal
patrimônio das empresas, de sua produtividade e competitividade, e
não apenas objeto de ações voluntárias de responsabilidade social
(SESI, 2015, p.11).
8

As causas mais comuns descritas são o uso de materiais inadequados em


andaimes e vãos, proteção inadequada de fossos de elevadores, a utilização de
equipamentos sem devida manutenção, inadequação ou falta de escoramento em
escavações. Mangas et al. (SESI, 2015) relata que houve também gestão
inadequada das obras, sem a indicação de responsáveis pela segurança, e de
ordens para ações em situação desprotegida não sejam executadas.
A gestão de segurança do trabalho nas organizações permite abranger o
gerenciamento no que diz respeito ao cumprimento da legislação, redução de custos
com segurança e também a preservação da imagem da empresa. Vale ressaltar que
ao se realizar uma boa gestão de SST, a empresa proporciona que seus
funcionários realizem as atividades em um ambiente mais organizado, agradável e
seguro, sendo possível aumento de sua produção e qualidade e também
propiciando melhorias nas relações interpessoais entre os envolvidos.

3.5 Sistema de gestão baseado na norma OHSAS 18.001:2007

O modelo de sistema de gestão da SST, segundo a Série da Avaliação da


Saúde e da Segurança do Trabalho, OHSAS (Occupational Health and Safety
Assessment Services) 18.001:2007 é parte do sistema de uma organização,
utilizado para desenvolver e implementar a política de SST e gerir seus riscos de
SST. Assim, a política de segurança da empresa deve conter um conjunto de
intenções e de orientações gerais da mesma, relacionadas com o seu desempenho
da SST, apontando resultados mensuráveis da gestão dos riscos para a SST, como
formalmente expressas pela gestão de topo.
No cenário da construção civil, devido aos índices de acidentes, nota-se a
necessidade de se fazer uma gestão adequada para diminuir os números de
acidentes nos canteiros de obras. A implementação de um SGSST nas empresas
deve ser analisada e adicionada com o objetivo de garantir a melhora das medidas
de prevenção e também contribuir para o processo de melhoria contínua.
A norma regulamentadora NR-18, que tem como título Condições e Meio
Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção, abrange diretrizes em relação a
segurança nos processos, nas condições e no meio ambiente de trabalho na
indústria da construção. Ela determina sobre o PCMAT - Programa de Condições e
9

Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção e também relaciona várias


atividades da construção civil e como estas devem ser executadas com segurança.
No ambiente das empresas, temos como responsáveis pela SST o Serviço
Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho – SESMT e a
Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. Com relação as pequenas
empresas de construção civil, apenas a CIPA é parte integrante em seus canteiros
de obra devido ao número de funcionários e do tamanho da mesma .
O dimensionamento dos Serviços Especializados em Engenharia de
Segurança e em Medicina do Trabalho –SESMT, relaciona-se ao grau de risco da
atividade principal e ao número total de empregados da empresa, conforme Quadros
I e II, da NR-4. As informações contidas em seu Quadro II determina o
dimensionamento para estabelecimentos com números de empregados acima de 50
funcionários. Na construção civil o grau de risco geralmente observado fica, entre 3
e 4, sendo exigido pela referida norma o engenheiro de segurança do trabalho a
partir de 501 funcionários, com 3 horas diárias de trabalho. Pensando-se nas
empresas que apresentam um número menor de funcionários, não sendo exigidos
os profissionais de segurança para compor o SESMT, as empresas podem implantar
a CIPA, que geralmente é implementada através de uma consultoria. Vale ressaltar
que os programas voltados a SST não podem meramente ser para cumprir a
legislação e não devem ser apenas documentos de gaveta.
Nelma Mirian Chagas de Araújo relata sobre as vantagens e desvantagens da
legislação convencional:

A legislação convencional tem a vantagem de ser direta na


implementação de regras de segurança, principalmente no tocante
às condições físicas do trabalho. Todavia, ela simplesmente penaliza
o empresário por contrariá-la ou deixar de cumpri-la, o que não se
traduz em melhorias a longo prazo para a padronização da
segurança, nem tão pouco constrói uma cultura de segurança entre
os empresários e trabalhadores. (ARAÚJO, 2002, p.79).

Pensando-se nas empresas que não possuem um SGSST, e que apresentam


interesse em relação à melhorias nesta área, podemos citar a norma OHSAS
18.001:2007, da Série da Avaliação da Saúde e da Segurança do Trabalho, que
apresenta os requisitos sobre Sistemas de Gestão da Segurança e da Saúde do
Trabalho e a OHSAS 18.002:2008 que abrange as diretrizes para a implementação
da OHSAS 18.001:2007. Como a legislação está cada vez mais restritiva no que diz
10

respeito à SST é importante, mesmo as empresas de pequeno porte, se


consolidarem em relação a SST.
A referida norma é baseada no ciclo PDCA (“Plan”: planejar; “Do”: fazer/
executar; “Check”: checar/verificar; “Act”: agir/atuar) e sua representação pode ser
observada conforme figura 1:

Melhoria
Contínua

Revisão pela Política de


Gestão (A) SST

Verificação e
Planejamento
Ação
(P)
Corretiva (C)

Implemetação e
Operação (D)

Figura 1 – Modelo de sistema de gestão da SST para a norma OHSAS 18.001


Fonte: Própria

Planejar: estabelecer os objetivos e processos necessários para atingir


resultados, conforme a política de SST da empresa.
Executar: implementar os processos.
Verificar: monitorar e medir os processos face à política de SST, objetivos,
requisitos legais e outros requisitos, e relatar os resultados.
Atuar: empreender ações para melhorar continuamente o desemprenho da
SST.
As normas OHSAS, referentes à SST, podem proporcionar as empresas os
elementos de um sistema de gestão eficaz, e estes elementos podem ser integrados
com outros requisitos, ajudando assim as empresas a atingirem seus objetivos em
relação à SST.
Conforme disposto na OHSAS 18.001, esta norma pode ser “aplicável a
organizações de todos os tipos e dimensões e a adaptar-se a diversas condições
11

geográficas, culturais e sociais”. Seu objetivo global é “apoiar e suportar boas


práticas de SST, em equilíbrio com as necessidades socioeconômicas”.
DE CICCO (apud ARAÚJO, 2002) apresenta as vantagens de um sistema de
gestão eficaz:
1. Assegurar aos clientes comprometimento com uma gestão da SST
demonstrável.
2. Manter boas relações com os sindicatos de trabalhadores.
3. Obter seguro a um custo razoável.
4. Fortalecer a imagem da organização e sua participação no mercado.
5. Aprimorar o controle do custo dos acidentes.
6. Reduzir acidentes que impliquem responsabilidade civil.
7. Demonstrar atuação cuidadosa.
8. Facilitar a obtenção de licenças e autorização.
9. Estimular o desenvolvimento e compartilhar soluções de prevenção de
acidentes e doenças ocupacionais.
10. Melhorar as relações entre a indústria e o governo.
Ainda relatado por DE CICCO (apud ARAÚJO, 2002), a norma OHSAS
18.001 é aplicável a uma empresa que deseja ou necessita:
1. Estabelecer um Sistema de Gestão de SST, para eliminar ou minimizar
riscos aos trabalhadores e a outras partes interessadas que possam estar expostos
a riscos de acidentes e doenças ocupacionais associados a suas atividades.
2. Implementar, manter e melhorar continuamente um Sistema de Gestão
de SST.
3. Assegurar-se de sua conformidade com sua política de SST definida.
4. Demonstrar tal afinidade a terceiros.
5. Buscar certificação de seu Sistema de Gestão de SST por uma
organização externa.
6. Realizar uma autoavaliação e emitir autodeclaração de conformidade
com a norma OHSAS 18.001.

3.5.1 Requisitos do sistema de gestão da SST, conforme OHSAS


18.001:2007
12

1. Política de SST: a política de SST deve ser autorizada pela gestão de


topo, garantindo que essa seja apropriada, abrangendo o compromisso de
prevenção de acidentes e melhoria contínua da gestão da SST. Deve incluir
compromisso de cumprimento dos requisitos legais e outros que a organização
subscreva relativos aos perigos para a SST e também deverá estar documentada,
implementada e mantida. A comunicação a todos os envolvidos que trabalham para
a organização deve ser eficaz para garantir que estes fiquem conscientes de suas
obrigações. Periodicamente deve ser analisada, afim de, garantir que esteja
adequada à organização.
2. Planejamento: A organização deve estabelecer procedimentos para
identificação de perigos, avaliação de riscos e determinação de medidas de controle.
Também se faz necessário estabelecer, implementar e manter um ou mais
procedimentos para identificar e ter acesso aos requisitos legais aplicáveis. Os
objetivos de SST devem se estender a todos os níveis e funções dentro da
organização e para atingir os objetivos deve-se implementar e manter um ou mais
programas que contenham, no mínimo, a designação das responsabilidades para
atingir os objetivos aos níveis e funções relevantes da organização e os meios e
prazos de realização.
3. Implementação e Operação: O SGSST está vinculado à gestão de topo
e é dela a responsabilidade final da SST da organização. Membros da gestão de
topo, com incumbências específicas para SST, terá que ter funções para garantir
que o SGSST seja estabelecido, implementado e mantido.
4. Verificação: A coleta de informações, através de medições e
observações permite o monitoramento periódico do desempenho de SST. Tanto as
áreas que estão caminhando com sucesso quanto áreas que precisam de correções
e/ou melhorias devem ser analisadas, focando-se nas medidas proativas, garantindo
assim a melhoria da redução dos índices de acidentes.
ARAÚJO relata em seu estudo uma proposta de sistema de gestão baseado
na OHSAS 18.001, e faz uma adaptação a partir do referido texto desta norma, para
duas empresas construtoras, com relativos cinco canteiros de obras, constatando
que é possível implementar um SGSST na construção civil, com base na referida
norma OHSAS 18.001: “o nível de gerenciamento em que se encontram as
empresas pesquisadas é muito propício à implementação de um SGSST, seja este
sistema adaptado pela OHSAS ou não”. (ARAÚJO, 2002, p.169).
13

O estudo realizado por este autor teve seus resultados obtidos através de
aplicação de formulários e roteiro de observações nas empresas e evidenciam que é
possível a adaptação da OHSAS 18.001 para empresas construtoras de edificações
verticais, constatando que a prevenção é ferramenta essencial para a redução dos
índices de acidentes e a melhoria do ambiente de trabalho e da qualidade de vida
dos trabalhadores da construção civil.
Assim como constatado na pesquisa de ARAÚJO, esta pesquisa também foi
limitada no que se diz respeito a material científico e bibliográfico sobre o assunto,
pois nota-se que os materiais existentes focam as grandes empresas e
organizações que pretendem obter certificações das normas de gestão.
De forma geral, a prevenção de acidentes de trabalho na construção civil
deve ser abordada de forma ampla, tratando as diversas particularidades dos
canteiros de obras, não sendo esta abordagem um simples ato imediato, mas que
requer o envolvimento de todos no decorrer do tempo, assim como relatado em
diagnóstico realizado pelo Serviço Social da Indústria:

É um fato positivo que iniciativas de melhorias da SST na IC surjam


na esteira do grande desenvolvimento que esta atividade econômica
vem apresentando nos últimos anos, mas a implementação de
programas de prevenção efetivos, sua avaliação e análise da
factibilidade de expansão, e por fim, sua extensão no país somente
poderão ser alcançados a médio ou longo prazo. (SESI, 2013, p.51).

Encontrar uma ferramenta que se alinhe às necessidades de se prevenir


acidentes de trabalho na construção civil não é uma tarefa simples, os profissionais
da área de Segurança do Trabalho devem cada vez mais promover ações nas
organizações no sentido de contribuir para a prevenção de doenças e acidentes de
trabalho, assim como promover qualidade de vida aos trabalhadores.

3.6 ISO 45.001 – Sistema de gestão de Saúde e Segurança Ocupacional

Está previsto para Abril deste ano, um segundo projeto de norma


internacional, referente à norma ISO 45001 - Sistema de Gestão de Saúde e
Segurança Ocupacional. Caso este segundo projeto seja aprovado e não
necessitando um rascunho final desta norma, sua publicação deverá ocorrer em
14

novembro deste mesmo ano, caso seja necessário nova revisão, sua publicação
deverá ocorrer após o primeiro trimestre de 2018. Após esta aprovação,
provavelmente a norma OHSAS 18001 será retirada e as empresas que são
certificadas com esta norma terão um prazo de três anos para fazer a mudança para
a ISO 45001. As empresas que não são certificas com a norma OHSAS 18.001,
porém, seguem as diretrizes da mesma para seu sistema de gestão da SST também
devem se atualizar para a nova norma.
A ISO 45001 engloba uma estrutura comum à todos os sistemas de gestão, o
que é possível alinhar-se a diferentes normas, pois é baseada também no ciclo
PDCA.

5 CONCLUSÃO

Frente ao exposto, é notado que os índices de acidentes de trabalho


envolvendo os trabalhadores da construção civil apresentam, ainda nos dias atuais,
grande número e estes precisam diminuir para que se faça garantir a integridade dos
trabalhadores. A promoção de ambientes saudáveis deve ter iniciativa nas
organizações e estas devem gerir suas responsabilidades de forma ampla e
eficiente.
A norma OHSAS 18.001, apresenta-se como uma ferramenta de constante
controle, independente do tamanho e grau de risco das empresas, abrangendo os
processos partindo da prevenção, com base no planejamento, implementação dos
processos, monitoramento e ações para a melhoria contínua.
A implementação de um SGSST, com base na norma OHSAS 18.001
abrange o foco da saúde e segurança do trabalho, embora que outras vantagens
podem ser observadas nas empresas após sua adesão, como por exemplo, melhor
desempenho na gestão de saúde e segurança ocupacional, com diminuição do
número de acidentes, e, aumento da produtividade.
Evidencia-se a necessidade de as empresas atuarem na diminuição dos
índices de acidentes e a melhoria no gerenciamento de SST, constatando-se a
importância da gestão e a implementação de um sistema que direcione as
organizações para trabalharem continuamente com o objetivo de certificar-se que
um ambiente de trabalho seja seguro. A implementação da norma OHSAS 18.001
apresentada na atual pesquisa não é obrigatória e não tem o objetivo de substituir as
15

normas referentes à legislação brasileira, mas serve de instrumento para atuar de


forma a auxiliar o empregador a cumprir seu dever em relação à SST e alcançar
cada vez mais um melhor resultado em gestão de SST.
Como recomendação para novos estudos, esta pesquisa aponta o fato da
norma OHSAS 18.001 futuramente ser substituída pela norma ISO 45.001, com
previsão para 2018, e que podem ser realizados estudos comparativos entre ambas.

REFERÊNCIAS

AMORIM, Marisa Fasura de. Análise de modelos e práticas de gestão de


segurança do trabalho: o caso da construção civil. São Paulo, fascículo 1,
volume 10, 178-194, Junho-2015.

ARAÚJO, Nelma Mirian Chagas de. Proposta de Sistema de Gestão da Segurança e


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