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Este texto argumentativo tem como objetivo expor a adoção da teoria da história
marxista como prática pessoal e profissional. Para tal realizei uma pequena revisão
bibliográfica com foco na relação entre história e marxismo, na qual apresentei a
influência da categoria da luta de classes como exemplificação e destaque. Após a etapa
introdutória busquei no desenvolvimento descrever brevemente os posicionamentos
intelectuais e militantes que deram origem ao materialismo histórico e dialético. Para
concluir a exposição respondi a questão: “Como a história faz o historiador?”, tendo
como referencial as perspectivas teóricas, metodológicas, políticas e filosóficas
fundamentadas anteriormente.
Nas “Teses sobre Feuerbach” (1888), Karl Marx (1818 – 1883) afirma: “Os
filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém,
é transformá-lo.”. (MARX, 2021, p.1). A frase refere-se à filosofia, mas penso que
também tem o potencial para pautar a produção da história. A filosofia é a origem do
pensamento científico, sendo assim possui caráter radical, no sentido de ser a raiz
histórica do conhecimento. De maneira evidente ou subterrânea, o pensamento
filosófico participa e acompanha de todas as abordagens científicas. A transformação
do mundo nos impõe a investigação da realidade que é condicionada ao tempo, bem
como requer teorias e métodos que acessam os fenômenos por meio dos conceitos e das
categorias. Lato sensu, observo que a relação entre marxismo e história é bem
complexa. Nesse sentido, possui várias perspectivas a serem analisadas. Stricto sensu,
destaco que uma teoria da história marxista não significa afirmar juízos históricos de
Marx ou dos marxistas. Ela depende sempre das circunstancias ou condições em que
são elaboradas.
1
socialismo científico não é reconhecimento sem crítica ou ter fé das teses de um livro
“sagrado”: “Ela implica convicção científica de que, com o marxismo dialético, foi
encontrado o método de investigação correto, que esse método pode ser desenvolvido,
aperfeiçoado e aprofundado.”. (LUKÁCS, 2003, p. 64). Assim, a ortodoxia marxista
para a prática de ciência histórica se refere, antes e exclusivamente, ao método adotado
pelos pesquisadores e seus pares.
2
No “Manifesto Comunista” (1848): “A história de todas as sociedades existentes
é a história das lutas de classes.” (MARX & ENGELS, 2010, p.40). Verificam-se três
premissas essenciais para o entendimento da luta de classes: as classes estão ligadas as
fases particulares do modo de produção social; a luta de classes leva necessariamente à
ditadura do proletariado e este novo regime deve operar como transição para a
sociedade ausente de classes. 1 Ilustra-se:
1
Em carta datada em 5 de março de 1852, escrita por Karl Marx para Joseph Weydemeyer, o filósofo
afirma os três elementos acima e que não descobriu a luta de classes, trata-se uma elaboração do
pensamento burguês. (MARX, 2021)
3
de Estado e de revolução em Karl Marx. Este contexto é pavimentado por revoltas que
provocaram no pensador o posicionamento de que a tarefa estratégica da classe
trabalhadora era de impossível realização no regime republicano-burguês. A luta de
classes havia adquirido formas muito definidas e violentas, sendo esta categoria, a
captura intelectiva de fenômenos concretos, e para Marx, a força motriz da história.
Descreve Marx no texto intitulado “A derrota de junho de 1848: De fevereiro a junho de
1848”:
Uma classe na qual os interesses revolucionários da sociedade se
concentram encontra, no momento em que ascende, diretamente em
sua própria condição, o conteúdo e o material de sua atividade
revolucionária: abater inimigos e adotar medidas exigidas pela
necessidade da luta; são as consequências de seus próprios feitos que a
impulsionam a prosseguir. (MARX, 2012, p. 47).
O livro a “A guerra civil na França”, por sua vez, traz narrativas sobre a primeira
experiência completa de tomada de poder pela classe trabalhadora na “Comuna de
Paris” (1871). No decorrer da “Guerra-Franco-Prussiana” (1870 – 1872), a França foi
derrotada e o império substituído pela terceira República, enquanto a Prússia agregou os
Estados germânicos, parte do processo conhecido como a “Unificação Alemã” (1828 –
1888). A “Comuna de Paris” teve a breve existência de 72 dias, contudo o “levante de
uma cidade” é valorizado como referência histórica clássica no que se diz respeito à
estratégia da luta de emancipação social protagonizada pela classe trabalhadora. Uma
vanguarda revolucionária armada e coesa conclamou o povo a guerra civil contra o
Estado. Constituíram-se a partir destes eventos as perspectivas estratégicas de
dissolução do antigo poder, bem como a atividade organizadora de busca da revolução
permanente, a instauração factual de alguns elementos socialistas. Redige Marx em
mensagem do “Concelho Geral da Associação Internacional dos Trabalhadores”, aos
seus membros alocados na Europa e nos Estados Unidos:
Paris não podia ser defendida sem armar sua classe trabalhadora,
organizando-a em uma força efetiva e treinando suas fileiras na
própria guerra. Mas Paris armada era a revolução armada. Uma vitória
de Paris sobre o agressor prussiano teria sido uma vitória dos
operários franceses sobre o capitalista francês e seus parasitas estatais.
Neste conflito entre dever nacional e interesse de classe, o Governo de
Defesa Nacional não hesitou um momento em transformar-se em um
Governo de Defecção Nacional. (MARX, 2011, p. 35)
5
3. Considerações:
REFERÊNCIAS
6
MARX, K. Carta de Marx a Joseph Weydemeyer. Disponível em:
https://www.marxists.org/portugues/marx/1852/03/05.htm. Acesso em 20 de fevereiro
de 2021.