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Ergonomia

Noção de Ergonomia

• O termo ergonomia deriva de duas palavras


gregas, ergos (trabalho) e nomos (estudo),
significa “os costumes, hábitos e leis do
trabalho”, tendo sido criada com o objectivo
de exprimir o estudo científico do homem e do
seu trabalho.
Noção de Ergonomia

• Passando em revista várias definições, sabe-se


que a Ergonomia engloba um conjunto de
actividades que procuram adaptar o trabalho
ao homem, visando a optimização do sistema
homem-máquina, actualmente mais
correctamente designado por sistema
homem-trabalho
Noção de Ergonomia
• A Ergonomia é o ramo da ciência económica
que se ocupa de questões relativas à vida
laboral moderna, sobretudo da economia
industrial.
• Trata da prevenção dos acidentes laborais,
sugere a criação de locais adequados e de
apoios ao trabalho, cria métodos laborais,
sistemas de retribuição de acordo com o
rendimento e determina tempos de trabalho
Noção de Ergonomia
• A Ergonomia é entendida como o domínio
científico e tecnológico multidisciplinar,
interdisciplinar e transdisciplinar que se ocupa
da optimização das condições de trabalho
visando de forma integrada, por um lado, a
segurança, a saúde e o conforto do
trabalhador e, por outro, a eficiência do
sistema de trabalho, traduzida na qualidade e
quantidade da produção
Noção de Ergonomia
• A Ergonomia como ciência multidisciplinar e
interdisciplinar tem as suas raízes em
diferentes domínios do saber (Anatomia,
Fisiologia, Antropometria, Biomecânica,
Psicologia, Sociologia, etc.) utilizando esses
conhecimentos para determinar uma unidade
estrutural que lhe permite definir as suas
técnicas e o seu método
Noção de Ergonomia

• A Ergonomia, enraizando o seu conhecimento


no domínio de um vasto conjunto de ciências,
conceptualiza o «trabalho humano» e define-
o como objecto de uma ciência global.
• Desenvolve um sistema de valores que inspira
uma acção – a prática ergonómica.
Noção de Ergonomia

• a Ergonomia é uma ciência aplicada pois tem


o seu objecto e objectivo bem definidos:
– o seu objecto é o trabalho humano, na parte do
real que pode ser explorada, ou seja, a actividade
de trabalho
– o seu objectivo consiste na optimização das
condições de trabalho.
Noção de Ergonomia
• O objectivo da ergonomia é, em primeiro
lugar, humano; a sua acção tem, no entanto,
efeitos económicos (aumento da qualidade de
produção, do rendimento, da produtividade),
mas, do ponto de vista da ergonomia, uma
acção que vise unicamente objectivos
económicos é uma acção de organização e
não uma acção ergonómica
Noção de Ergonomia
• É importante fazermos esta distinção, por um
lado, para relembrar que a vocação da
Ergonomia está, em primeiro lugar, ao serviço
do homem no trabalho e, por outro, porque
os conhecimentos e técnicas postas em acção
nas empresas e/ou serviços não permitem
muitas vezes distinguir, por si só, o que resulta
da ergonomia, da organização do trabalho,
das engenharias, etc
Tipos de Ergonomia
• As modalidades de intervenção ergonómica
serão diferentes, em termos de objecto,
objectivo e contexto da intervenção.
• No que respeita ao objecto de intervenção,
podemos distinguir a Ergonomia de Produção
e a Ergonomia do Produto
Tipos de Ergonomia
• A Ergonomia do Produto situa-se na área de
estudos e pesquisas, colaborando com o
sector comercial nos estudos de mercado,
com o sector de produção na avaliação dos
custos da produção e na definição da sua
finalidade, e ainda com outros sectores da
concepção do produto, desde o design ao
controlo da qualidade
Tipos de Ergonomia

• A Ergonomia da Produção está vocacionada


para a procura das condições de trabalho
adequadas, em termos organizacionais, de
posto e ambiente de trabalho, em função das
características e capacidades dos
trabalhadores.
Tipos de Ergonomia

• Actualmente, consideramos a ergonomia


como o estudo e a adaptação do meio
envolvente às dimensões e às capacidades do
homem, e forma a que as máquinas,
dispositivos, ferramentas e mobiliário sejam
utilizados com o máximo conforto e
segurança.
Tipos de Ergonomia

• Os domínios da ergonomia passam por


aspectos fisiológicos, anatómicos e
psicológicos do homem e do seu ambiente de
trabalho.
Tipos de Ergonomia

• Estes domínios podem ser abordados em dois


momentos diferentes
• Quanto ao objectivo, considera-se que existe
a Ergonomia de Concepção e a Ergonomia de
Correcção
Tipos de Ergonomia
• Ergonomia de concepção
– Tem início na fase de planeamento e concepção
dos locais / postos / instrumentos de trabalho
(ergonomia pró-activa);
• Ergonomia de correcção
– Quando intervém em situações já estabelecidas,
de forma a corrigir as várias situações que
influenciam a segurança e saúde dos
trabalhadores, e em aspectos relacionados com a
produção (ergonomia reactiva).
Tipos de Ergonomia

• O sistema ergonómico é constituído por um


conjunto de homens, máquinas, instrumentos
e procedimentos, interagindo entre si, num
determinado ambiente.
OBJECTIVOS DO SISTEMA
ERGONÓMICO

• A eficiência e a segurança das combinações


homem-máquina, homem-espaço de trabalho
e homem-ambiente, juntamente com o
conforto e a satisfação dos indivíduos
envolvidos.
OBJECTIVOS DO SISTEMA
ERGONÓMICO

• Assim temos:
– Ergonomia industrial, ergonomia hospitalar,
ergonomia escolar, ergonomia dos transportes,
ergonomia do trabalho informatizado, etc.
OBJECTIVOS DO SISTEMA
ERGONÓMICO
• A ergonomia tem vindo a desenvolver o
conhecimento do homem nas situações
específicas de cada contexto, assim como o
desenvolvimento e a validação de modelos e
métodos de concepção e/ou reconcepção de
produtos e sistemas produtivos também
específicos de cada contexto, sempre numa
perspectiva interdisciplinar, visando uma
autonomia contextual, ou seja, criando
especialidades.
• Critérios da Ergonomia
• A concepção e/ou reconcepção de situações
de trabalho ou de produtos e sistemas
adaptados às características do homem e às
tarefas a realizar visam um duplo objectivo:
– A saúde, o conforto e a segurança dos
trabalhadores e/ou utilizadores.
– A eficácia do trabalho em sentido lato, incluindo a
qualidade, a fiabilidade, a evolução dos meios de
produção, etc.
OBJECTIVOS DO SISTEMA
ERGONÓMICO
• Saúde, conforto e segurança
• Em primeiro lugar, trata-se de evitar os riscos a
curto termo (por exemplo, acidentes),
• A médio e a longo prazo (por exemplo, doenças
profissionais e/ou doenças ligadas ao trabalho).
• A ergonomia visa igualmente diminuir todas as
formas de fadiga, quer seja uma fadiga ligada ao
metabolismo do organismo (por exemplo,
trabalho em ambiente quente), ligada ao trabalho
dos músculos e das articulações, ao tratamento
da informação ou à manutenção da vigilância, etc
OBJECTIVOS DO SISTEMA
ERGONÓMICO
• Eficácia
• A eficácia da utilização de um produto ou de um
sistema pode ficar comprometida por solicitações
inadequadas ou excessivas das funções humanas.
• O «bom senso» não basta para identificar as situações
que podem confrontar o homem com dificuldades,
nem para identificar as soluções apropriadas.
• Conceber situações e dispositivos adaptados aos
trabalhadores e/ou utilizadores não é apenas uma
questão de bom senso.
• Por vezes são soluções que, apesar de darem a
impressão de «óbvias», são muito elaboradas.
OBJECTIVOS DO SISTEMA
ERGONÓMICO
• Além disso, o «bom senso» de quem concebe
e/ou transforma um sistema, um produto ou
uma situação de trabalho não é o «bom
senso» dos trabalhadores e/ou utilizadores.
• Cada um procura alcançar objectivos
diferentes, com lógicas diferentes;
• A maior parte das vezes, o postulado implícito
é o de que só há uma lógica verdadeira, a do
funcionamento técnico
OBJECTIVOS DO SISTEMA
ERGONÓMICO
• Acontece que em ergonomia, para bem
conceber e/ou adaptar, é necessário
identificar, para além do funcionamento
técnico:
– as lógicas dos trabalhadores e/ou utilizadores;
– os contextos em que se situam as diferentes
acções;
– os objectivos a atingir por cada um dos actores.
OBJECTIVOS DO SISTEMA
ERGONÓMICO
• Em síntese
• Estes são os principais critérios subjacentes à
ergonomia para desenvolver os efeitos
positivos e reduzir ou eliminar os efeitos
negativos sobre o operador (fadiga, acidentes,
patologias profissionais, monotonia, etc.) e
sobre o sistema (incidentes técnicos,
absentismo, falta de qualidade da produção,
etc.).
Esquema simplificado das actividades
Humanas
Trabalho Prescrito e Trabalho Real
• Em ergonomia distingue-se classicamente o trabalho
em trabalho prescrito e trabalho real.
• O trabalho prescrito encerra tudo o que é definido
pela empresa e/ou serviço e apresentado ao
trabalhador para organizar, realizar e regular o seu
trabalho,
• Muitas vezes sob a forma de regulamentos
(prescrições) e normas de qualidade e quantidade.
• Corresponde ao aspecto formal e oficial do trabalho,
isto é, o que deve ser feito e os meios colocados à
disposição para a sua realização.
Trabalho Prescrito e Trabalho Real
• O trabalho real reporta-se ao que se passa
efectivamente na fábrica, no escritório, ou no
serviço, nas condições locais com as máquinas
e os processos prescritos, mas tendo em conta
todos os imprevistos da situação.
• São estes imprevistos, a maior parte das vezes
aleatórios, que introduzem, invariavelmente,
diferenças por vezes profundas entre o
trabalho prescrito e o trabalho real.
Trabalho Prescrito e Trabalho Real
• Exemplo
• Um trabalhador que trabalha na recauchutagem de pneus utiliza
uma máquina para aparar a superfície do pneu e tem indicação de
que deve parar essa máquina e fazer a sua regulação de hora a
hora.
• Na realidade, o que se passa é que o trabalhador efectua esse
controlo cada 30 minutos e modifica sempre a pressão de injecção
após cada controlo.
• O trabalhador explica que efectuando controlos mais frequentes
consegue evitar o aparecimento de defeitos e, por conseguinte, a
rejeição do pneu no controlo da qualidade.
• Este trabalhador realiza, assim, um trabalho real diferente do
trabalho prescrito.
Tarefa e Actividade
• Tarefa
• É correntemente definida como aquilo que é
dado ao trabalhador para ser feito;
• indica o que é para fazer; evoca a ideia de
obrigação.
• É, como nos diz Leontiev, «um objectivo a
alcançar em condições determinadas».
Tarefa e Actividade
• Exemplo
• O operador deve cravar um componente
electrónico numa placa metálica (objectivo a
alcançar) seguindo os procedimentos que lhe
são prescritos e utilizando as duas mãos
(condições), para que o resultado final alcance
a qualidade definida.
Tarefa e Actividade
• A ergonomia distingue vários tipos de tarefas,
agrupadas em dois conjuntos:
– tarefas elaboradas sem a intervenção do
trabalhador e tarefas elaboradas pelo trabalhador.
• A análise da tarefa reporta-se ao processo de
produção (transformações, mudanças de
estado, quantidade e qualidade de produção,
etc.), e às consequências sobre a empresa ou
serviço
Tarefa e Actividade

• Analisar os diferentes níveis da tarefa permite


tomar conhecimento dos constrangimentos da
organização, das lacunas do sistema, das
fontes de variabilidade e de diversidade com
que são confrontados os trabalhadores, etc.
Tarefa e Actividade
• Descrição de uma sequência de trabalho em
termos de tarefa e de actividade,
Evolução da Ergonomia
• Numa perspectiva histórica, consideram-se três fases
fundamentais na evolução da Ergonomia:
– uma primeira em que o estudo se centrava sobre a
máquina e o seu aperfeiçoamento, à qual o trabalhador
tinha de se adaptar; procurava-se seleccionar e formar o
operador de acordo com as exigências e características das
máquinas, ainda que por vezes à custa de uma longa e
difícil aprendizagem;
– uma segunda, em que, face aos problemas levantados
pelos erros humanos, o estudo começou a centrar-se no
homem; procurava-se uma modificação das máquinas
tendo em consideração os limites próprios do homem;
– uma terceira, ou seja, a actual, em que se considera a
análise global do sistema Homem-Máquina
Evolução da Ergonomia
• Hoje
• Os novos modos de produção, condicionados por
sucessivas mutações (demográficas, económicas,
tecnológicas, de organização social) vieram tornar
cada vez mais interdependentes
– as condições de execução do trabalho (posto de
trabalho, ambiente, organização do trabalho, etc.) e
– a condição do trabalhador (idade, sexo, estado de
saúde, formação, experiência profissional, etc.).
Evolução da Ergonomia
• A ergonomia foi marcada essencialmente por
três tipos de evolução:
– a evolução técnica, a evolução da organização do
trabalho e a evolução do pessoal.
• A evolução técnica caracterizada
– pela maior eficiência das máquinas;
– pela miniaturização de certos produtos;
– Por uma informatização cada vez mais difundida;
– por uma automatização.
Evolução da Ergonomia
• Pode dizer-se que este desenvolvimento provocou,
inevitavelmente, uma alteração na paisagem laboral,
verificando-se:
– uma imposição da mecanização, desencadeando novos
agentes agressores frequentemente presentes nos locais
de trabalho;
– uma progressiva abolição do trabalho físico dinâmico
(através das ajudas mecânicas, o que acarretou, em certa
medida, uma degradação biológica do homem);
– uma implementação de um trabalho estático, prolongado,
utilizando pequenos grupos musculares, geralmente numa
posição fixa, com um ritmo de trabalho intenso e
requerendo, por vezes, um elevado grau de precisão.
Evolução da Ergonomia
• A nível dos trabalhadores, estas consequências
reflectem-se, normalmente, no seu estado de saúde,
não só no que respeita às já consideradas doenças
profissionais mas a tantas outras identificadas com a
situação de trabalho.
– A nível do sistema produtivo, estas consequências podem
ser objectivadas:
• pelo aumento do absentismo;
• pelo aumento do número de acidentes;
• pela necessidade, cada vez mais frequente, de recolocação
profissional.
– e, consequentemente,
• pela diminuição da produtividade, do ponto de vista qualitativo e
quantitativo
Situação de Trabalho
• Situação de trabalho identifica-se com o campo
em que a actividade do homem é exercida, ou
seja, onde os homens realizam uma produção
material ou imaterial, nas condições de trabalho
e de segurança dadas.
• Situação de trabalho é igualmente um sistema
constituído por diferentes elementos que vão
determinar e condicionar o trabalho real;
– é um conjunto de cargas de trabalho de diversas
naturezas – económicas, sociais, técnicas e
organizacionais.
Situação de Trabalho
• Os homens e as suas competências
• – Os trabalhadores considerados nas suas
características, capacidades e limites
(anatómicos, biomecânicos, fisiológicos,
antropométricos, psicológicos, etc.) são os
actores das situações de trabalho.
• São eles que a partir da compreensão do trabalho
contribuem para a evolução das situações de
trabalho com vista à obtenção dos objectivos da
produtividade
Situação de Trabalho
• Os dispositivos técnicos e materiais
– Ou seja tudo o que diz respeito:
• ao processo técnico, o seu estado, os seus fluxos e os
constrangimentos impostos, etc.;
• às máquinas, ferramentas e outros objectos de
trabalho, etc.;
• ao envolvimento físico (locais, espaços, ruído,
vibrações, iluminação, ambiente térmico, etc.)
Situação de Trabalho
• A organização do trabalho
– Nomeadamente:
• o conteúdo das tarefas (transporte de cargas,
tratamento da informação, etc.);
• a natureza das tarefas (física, repetitiva, cognitiva, etc.);
• a organização do tempo de trabalho (horários, turnos,
pausas, etc.);
• as comunicações (circulação da informação);
• as normas quantitativas e qualitativas de produção;
• as modalidades de controlo dos resultados do trabalho;
Situação de Trabalho
• Actividade 1

– Cada grupo deverá elaborar uma listagem dos


problemas que possam surgir na interacção
homem-máquina.
Situação de Trabalho
• . Exemplos: •
– O homem adquire a informação para a decisão?
– A informação é apresentada de forma apropriada?
– As decisões conseguem ser facilmente entendidas
ou são necessários melhores comandos?
– Estão bem localizados?
Situação de Trabalho

• Actividade 2
– Cada grupo deverá elaborar uma listagem dos
problemas que possam surgir na interacção
homem-espaço.
Situação de Trabalho

• Exemplos:
– Posição, postura, alcance dos utilizadores;
– Conforto e eficiência dos trabalhadores (tamanho
e posição das cadeiras, máquinas, bancadas de
trabalho).
Situação de Trabalho
• Actividade 3

– Cada grupo deverá elaborar uma listagem dos


problemas que possam surgir na interacção
homem-ambiente.
Situação de Trabalho
• Exemplos:
– As condições do meio-ambiente estão dentro da
chamada zona de conforto?
– Quais os factores desfavoráveis e quais as
condições existentes quanto aos factores
temperatura, humidade, renovação do ar?
– Existe a necessidade de usar equipamento de
protecção?
Situação de Trabalho

• Actualmente, não restam dúvidas quanto à


relação entre condições de trabalho e
produtividade, pelos custos directos e
indirectos dos acidentes de trabalho e do
absentismo por doença, particularmente no
que se refere a doenças profissionais.
Situação de Trabalho

• De uma maneira geral, não tem sido dada


grande atenção às condições em que a
actividade de trabalho é realizada, embora se
saiba que um meio que exponha os
trabalhadores a riscos graves pode ser a causa
directa de acidentes de trabalho e de doenças
profissionais.
Situação de Trabalho

• Por outro lado, sabe-se que a insatisfação


decorrente de condições de trabalho não
adequadas pode afectar a produtividade, em
termos qualitativos e quantitativos, e
determinar uma rotação excessiva do pessoal
e até um absentismo elevado.
Situação de Trabalho

• A Ergonomia assume uma importância


particular, não só pelos objectivos que
persegue, como pelas características das
acções que preconiza.
Situação de Trabalho

• Os resultados da aplicação de critérios


ergonómicos podem traduzir-se, ao nível dos
operadores, por uma diminuição da carga de
trabalho e, consequentemente, da fadiga,
uma diminuição dos acidentes, uma melhoria
do conforto no posto de trabalho
Situação de Trabalho

• Uma organização do trabalho e uma


estruturação das tarefas mais adequadas, e ao
nível do sistema, por uma redução dos custos
directos e indirectos do absentismo e dos
acidentes e, de uma maneira geral, por um
aumento da produtividade, em termos
quantitativos e qualitativos.
Situação de Trabalho
• Actividade 4:
– cada grupo deverá apresentar soluções para cada
um dos problemas anteriormente listados:
1. Homem-máquina;
2. Homem-espaço;
3. Homem-ambiente.
CONCEPÇÃO DO ESPAÇO DE
TRABALHO

• O espaço de trabalho deve ser planeado na


fase de concepção do projecto, tendo em
consideração as actividades e tarefas a
executar, os processos de laboração, as
dimensões do corpo humano e as suas
posturas, esforços musculares e movimentos.
CONCEPÇÃO DO ESPAÇO DE
TRABALHO
• Ao ser concebido, o posto / local de trabalho
deve ter em atenção:
– A altura do plano de trabalho;
– A adaptação do assento às características
anatómicas do trabalhador;
– O espaço envolvente, que deve ser suficiente para
os movimentos a executar (cabeça, mãos-braços
ou pernas-pés);
CONCEPÇÃO DO ESPAÇO DE
TRABALHO

• Os órgãos de comando, que devem estar


situados na zona funcionamento;
• A disposição da aparelhagem, instrumentos e
mostradores.
CONCEPÇÃO DO ESPAÇO DE
TRABALHO
• No que diz respeito às posturas, esforços
musculares e movimentos do corpo, deve-se
ter em consideração
– O trabalhador deve poder alternar o trabalho
sentado com o trabalho de pé;
– As posturas devem poder distribuir as forças de
forma a diminuir os esforços;
– Os esforços necessários devem ser apropriados às
capacidades físicas de cada trabalhador.
CONCEPÇÃO DO ESPAÇO DE
TRABALHO
• Quanto à concepção de qualquer espaço de
trabalho, este deve:
– Ter as dimensões adequadas (espaço geral, de
trabalho e de circulação);
– A iluminação deve assegurar uma boa percepção
visual, cansaço mínimo e não provocar
ofuscamentos.
Postos de trabalho de pé

• Esta é a posição mais comum nos sectores


terciário, serviços e comércio, e é a
aconselhada nas tarefas sujeitas a deslocações
frequentes ou quando existe a necessidade de
exercer forças significativas.
Postos de trabalho de pé
• Actividade 5:
– Auxiliados pela sua sensibilidade e experiência,
cada grupo deverá elaborar uma lista dos
inconvenientes deste tipo de posto de trabalho
(de pé).
Postos de trabalho de pé
• Exemplo de Inconvenientes:
– Prejudica a circulação nas pernas;
– O corpo repousa, durante muito tempo, numa
superfície muito pequena;
– Necessidade de manter o equilíbrio durante muito
tempo com a consequente tensão muscular;
– Diminuição da habilidade muscular.
Postos de trabalho de pé
• A – Trabalho
que exige
muita precisão
(banca
levantada);
• B – Trabalho
que exige
pouco esforço;
• C – trabalho
sem esforso
visual
Postos de trabalho de pé
A habilidade das mãos diminui
com a tensão muscular

Maior dificuldade de equilíbrio e aumento da


tensão muscular

A circulação do sangue nas pernas é feita mais


lentamente

corpo repousa sobre uma superfície muito


pequena
Postos de trabalho de pé
• Atividade 6

– elaborar uma lista das regras a aplicar neste tipo


de posto de trabalho (de pé).
Postos de trabalho de pé
• Exemplo de Regras:
– Alternar com a posição de sentado ou em
movimento;
– Evitar alcançar objectos demasiado afastados;
– O trabalhador deve poder aproximar-se o mais
possível do seu posto de trabalho;
– Havendo necessidade de ler documentos, deve
existir uma superfície inclinada para os colocar.
Postos de trabalho de pé
Postos de trabalho sentado
• Postos de trabalho sentado
– A posição sentada diminuiu alguns dos
inconvenientes dos postos de trabalho de pé,
principalmente porque aumenta a superfície de
apoio.
– Mas, mesmo esta posição de trabalho tem os seus
inconvenientes.
Postos de trabalho sentado
• Actividade :
– Auxiliados pela sua sensibilidade e experiência,
cada grupo deverá elaborar uma lista dos
inconvenientes deste tipo de posto de trabalho
(sentado).
Postos de trabalho sentado
• Actividade :
• Mantendo os grupos da actividade, cada
grupo deverá elaborar uma lista das regras a
aplicar neste tipo de posto de trabalho
(sentado).
Postos de trabalho sentado
• Exemplo de Regras:
– O plano de trabalho deve fazer um ângulo de 90º
com a coluna do trabalhador;
– O assento deve estar adaptado à função e à
estatura do trabalhador, com apoio de costas
regulável e possibilidade de ser regulável em
altura;
– O assento deve ser almofadado;
– A superfície do assento deve ser horizontal ou
inclinada para trás até 5º
Posição incorrecta
• Consequências:
– Diminuição da produtividade;
– Pior qualidade de trabalho;
– Mal-estar;
– Dores;
– Deformações do corpo;
– Incapacidades;
– Acidentes de trabalho;
– Doenças profissionais.
Posição correcta
• Consequências:
– Relaxamento dos músculos;
– Menos fadiga muscular;
– Aumento da produtividade;
– Melhor qualidade do trabalho;
– Bem-estar do trabalhador;
– Maior satisfação;
– Diminuição dos acidentes de trabalho.
Zona de Trabalho

• A área de trabalho consegue-se descrevendo


arcos de círculo tendo como raio o
comprimento do antebraço.
• Esta é a zona que se destina à realização de
tarefas mais minuciosas ou de maior precisão.
Zona de Trabalho

• É preciso também uma zona livre, que é a


zona de manuseamento máximo e obtém-se
descrevendo, sobre o plano de trabalho arcos
de círculo tendo como raio os comprimentos
dos braços estendidos.
Zona de Trabalho

• Estas zonas de trabalho, são diferentes de


trabalhador para trabalhador, logo devem ser
adaptadas às dimensões dos braços de cada
um deles.
Zona de trabalho
Postos de trabalho com ecrãs

• Os postos de trabalho com ecrãs ou monitores


são, nos dias de hoje, muito numerosos.
• Os equipamentos informáticos que são
concebidos com preocupações ergonómicas,
deveriam reduzir as doenças profissionais e o
absentismo com elas relacionadas, aumentando,
assim, a produtividade.
• Os dispositivos de um posto de trabalho
informatizado, monitores, teclados e outros, têm
sido alvo de aperfeiçoamento ergonómico.
Postos de trabalho com ecrãs
• Principais reclamações dos trabalhadores que
operam com estes equipamentos
– Dores de cabeça;
– Dores nos braços, mãos, pescoço e costas;
– Olhos congestionados;
– Cansaço visual;
– Tensão nervosa;
– Tendinites;
– Fadiga;
– Lesões na coluna cervical.
Postos de trabalho com ecrãs

– Dores de cabeça eDores nos braços, mãos,


pescoço e costas
• advêm de posturas incorrectas e prolongadas, é por
esse que deve ser dada especial atenção à posição
correcta do corpo e à cadeira usada pelo trabalhador.
Postos de trabalho com ecrãs

• Uma postura contínua e semelhante do corpo


leva a perturbações estáticas dos músculos,
logo, a uma má circulação sanguínea,
resultando em fadiga e contracções
musculares, daí que seja aconselhável
modificar a posição com frequência.
Postos de trabalho com ecrãs
• Recomendações para o uso de equipamentos
informáticos
– A dimensão mínima do ecrã deve ser de 12” em
diagonal e ter características anti-reflexo;
– O contraste entre os caracteres e o fundo deve
situar-se entre 5:1 e 10:1;
– A inclinação relativamente à horizontal deve ser
regulável entre -5º e +20º;
– A iluminância dos caracteres deve ser regulável.
Teclado

• Desejável com divisão em duas partes e com


desvio angular, para melhor adaptação ao
sistema mão-braço.
Mesa ou superfície de trabalho
• Comprimento entre 1.2 e 1.6 m;
• Largura entre 0.8 e 1m;
• A distância entre o operador e o monitor,
deverá ser de 0.5 a 0.6m;
• A altura do plano de trabalho deverá ser de
0.72m (de preferência regulável entre 0.65 e
0.75m).
Cadeira
• Ser projectada de modo a aliviar o peso distribuído pelos
pés;
• Suportar o trabalhador de modo a que possa manter uma
postura estável e correcta;
• Deve permitir o apoio dos pés no chão;
• A altura do assento acima do chão não deve ser superior ao
comprimento inferior da perna;
• A superfície do assento deve ser horizontal ou inclinada
para trás (5º);
• Deve ser giratória;
• Possuir cinco rodas, para um melhor equilíbrio dinâmico
Análise Ergonómica do Trabalho
• A análise ergonómica do trabalho deve
comportar, em paralelo, uma descrição da
tarefa, em particular dos critérios de
produção, de qualidade, de segurança, etc.,
que permitirão avaliar a eficácia das medidas
propostas e uma descrição da actividade (as
competências, os modos operatórios, etc.)
que tornarão possível avaliar o realismo das
medidas propostas.
Análise Ergonómica do Trabalho
• Os métodos de análise da tarefa são comuns, no
seu princípio, à ergonomia preconizada pela
corrente americana, ergonomia centrada no
«factor humano», assim como à ergonomia
preconizada pela corrente europeia, ergonomia
centrada na «actividade humana», porque as
duas pretendem identificar os objectivos e os
constrangimentos impostos pela situação técnica,
económica e social em que funcionam as
máquinas com os respectivos processos.
Análise Ergonómica do Trabalho
• Os métodos de análise da actividade são diferentes,
porque a corrente americana pratica a ergonomia pela
aplicação directa do conhecimento das outras
disciplinas (Anatomia, Fisiologia, Antropometria,
Biomecânica, etc.), para resolver essencialmente
problemas específicos das condições de trabalho, em
termos de dimensões dos espaços de trabalho, dos
equipamentos, de ambiente físico, etc.
• Utiliza um conhecimento relativo a um homem
universal, em termos de conhecimento da motricidade,
da visão, da audição, etc.
Análise Ergonómica do Trabalho
• A corrente europeia preocupa-se essencialmente
com a singularidade de cada situação e recorre a
métodos de análise da actividade, tal como ela se
manifesta, pelas condutas realizadas na
temporalidade do «trabalho real».
• Para além de procurar alcançar os objectivos
visados na outra corrente, preocupa-se também
com a melhoria do trabalho humano, em termos
de ajudas informacionais, organizacionais, etc.
Análise Ergonómica do Trabalho
• O plano metodológico da «análise ergonómica de uma
situação de trabalho» compõe-se de três fases
fundamentais:
– análise do pedido, análise da tarefa e análise da
actividade.
– Estas três fases devem ser orientadas por esta ordem,
ainda que esta abordagem não seja linear e sejam
necessárias «voltas atrás», a fim de melhor analisar as
relações entre os diferentes níveis de análise (pedido,
tarefa, actividade).
– Ajudam também a estruturar progressivamente os
resultados da análise num formato que permita apresentá-
los de modo a compreender o modelo de situação de
trabalho.
Análise Ergonómica do Trabalho

• O desenvolvimento destas fases conduz à fase


de «diagnóstico» que permitirá o
estabelecimento de um caderno de encargos
de recomendações ergonómicas.
Análise Ergonómica do Trabalho
• Em síntese:
– a análise ergonómica reside numa análise realista do
trabalho, efectuada momento a momento no terreno,
partindo das exigências do trabalho, sendo esta, em
nosso entender, a única forma de melhorar as
verdadeiras causas de desadaptação, nomeadamente,
da carga de trabalho suportada pelo indivíduo;
– análise ergonómica do trabalho tem como objecto, o
estudo das exigências e das condições de trabalho,
das atitudes e das sequências operatórias que
emergem aquando da realização de uma determinada
tarefa;
Análise Ergonómica do Trabalho
• Em síntese:

– análise ergonómica ao procurar dar resposta a


questões fundamentais, como «qual o trabalho a
executar?», «como é que o operador executa o
trabalho?», afasta-se da análise tradicional do
trabalho, dado que esta se limita a enumerar o que o
operador deveria fazer e não o que o operador faz;
– isto é, considera apenas o «trabalho prescrito» e não
o «trabalho real», podendo esta diferença ser
essencial para a transformação de uma determinada
situação de trabalho;
Análise Ergonómica do Trabalho
• A actividade de trabalho estabelece, pela sua
própria realização, uma interdependência e
uma interacção estreita entre as diferentes
componentes;
• Unifica a situação de trabalho, pois as
dimensões técnicas, económicas e sociais do
trabalho são postas em evidência pela própria
actividade de trabalho que as desencadeia e
organiza.
Lesões Músculo-Esqueléticas
Relacionadas com o Trabalho
• As Lesões Músculo-esqueléticas Relacionadas
com o Trabalho (LMERT) são estados
patológicos do sistema músculo-esquelético
que surgem em consequência do efeito
cumulativo do desequilíbrio entre as
solicitações mecânicas repetidas do trabalho e
as capacidades de adaptação da zona do
corpo atingida, ao longo de um período em
que o tempo para a recuperação da fadiga foi
insuficiente.
LMERT
• Este tipo de problemas não desapareceu com
a evolução tecnológica, mas durante muitos
anos foi assumido como uma consequência
inevitável da actividade praticada, sendo
mesmo considerado, em muitas indústrias,
como um problema endémico, tal como o que
afectava os talhantes industriais, os operários
da construção civil, os operadores de linhas de
montagem, os operadores de computador ou
os músicos
LMERT
• O desenvolvimento tecnológico que se tem
verificado levou a um aumento da carga de
trabalho.
• Esta carga de trabalho advém do facto de os
operadores não poderem ter iniciativa própria na
organização do trabalho, sendo o seu trabalho
regido por normas de produtividade e
caracterizado por um ritmo imposto, em que os
tempos de descanso e de recuperação são
mínimos.
LMERT

• Há provas evidentes de que certos factores


relacionadas com o trabalho estão associados
ao elevado risco dos trabalhadores
apresentarem lesões no seu sistema músculo-
esquelético.
LMERT
• Alguns desses factores são:
– A adopção e a manutenção de posturas de trabalho
incorrectas;
– A execução de gestos repetitivos e estereotipados;
– Os ritmos de trabalho intensos realizados com cadência
imposta;
– A utilização das mãos com esforço;
– O manuseamento de cargas pesadas;
– A pressão mecânica directa sobre certas zonas do corpo;
– A exposição a vibrações;
– A exposição a ambientes de trabalho frios.
LMERT
• O desenvolvimento de lesões do sistema
músculo-esquelético não é alheio, igualmente,
a causas indirectas, como os factores
psicossociais, relacionados com a organização
dos postos de trabalho e com as políticas
laborais, a existência de pausas insuficientes, a
monotonia das funções, e outros
constrangimentos inerentes aos processos de
trabalho, aos equipamentos e à organização
do trabalho
LMERT
• Qualquer zona do corpo pode potencialmente ser
afectada, mas os membros superiores, o pescoço
e a zona lombar constituem as áreas onde se
verificam a maioria destas lesões.
• Se as causas de uma lesão não forem
interrompidas, esta torna-se permanente e a
ocorrência de sinais, como a perda de função, a
limitação dos movimentos ou a perda de força
muscular, manifestam uma incapacidade
progressiva do trabalhador para a realização das
suas tarefas.
LMERT
• Os sintomas normalmente associados a este tipo
de patologias incluem:
– O desconforto;
– O formigueiro ou a dor;
– A rigidez articular;
– A fadiga;
– A perda de força;
– A perda de coordenação;
– O inchaço na zona lesada;
– A descoloração da pele;
– A ocorrência de diferenças de temperatura corporal.
LMERT

• Esta sintomatologia é, provavelmente, o modo


do corpo proteger os seus tecidos, uma vez
que a dor local e o inchaço tendem a restringir
o movimento do corpo e a forçar o
trabalhador a descansar para recuperar
LMERT

• As LMERT são uma preocupação central na


Europa devido ao elevado número de
trabalhadores afectados, o qual apresenta
tendência para aumentar, e também devido às
pesadas consequências económicas que delas
resultam.
LMERT
• Em Portugal, os processos relacionados com a
reparação das doenças profissionais são
assegurados pela Segurança Social, através do
Centro Nacional de Protecção contra os Riscos
Profissionais.
• Em tal contexto (da reparação) consideram-se
doenças profissionais as que constam da Lista de
Doenças Profissionais, publicada em anexo ao
Decreto Regulamentar n.º 6/2001, de 5 de Maio
LMERT
• Qualquer lesão corporal, perturbação funcional
ou doença não incluída na referida lista, desde
que se prove ser consequência, necessária e
directa, da actividade exercida e não resulte do
normal desgaste do organismo».
• De notar, no entanto, que apenas algumas das
lesões do sistema músculo-esquelético de origem
ocupacional se encontram referenciadas na
referida lista, como sejam, as tendinites e as
bursites.
LMERT
• O impacto económico das LMERT pode ser
analisado tendo em conta custos directos e
custos indirectos.
• Os custos directos dizem respeito às
indemnizações que são pagas aos
trabalhadores por terem contraído uma
LMERT em consequência da sua actividade
profissional.
Factores de risco de lesões músculo-
esqueléticas
• As LMERT têm uma etiologia multifactorial,
isto é, para o seu desenvolvimento
contribuem diversos factores de risco
relacionados, ou não, com o trabalho. A
expressão factor de risco designa, de um
modo geral, qualquer atributo, experiência ou
exposição que aumente a probabilidade de
desenvolvimento de uma doença ou lesão.
LMERT
• Tendo em vista enquadrar conceptualmente os
factores de risco envolvidos na patogénese das LMERT,
têm surgido diferentes propostas de modelos gerais
• Exemplo, o de Armstrong e colaboradores (Armstrong,
Buckle et al., 1993) e o do National Research Council
(NRC, 1999), bem como propostas de modelos para
lesões específicas.
• Por exemplo, para a Síndrome do Canal Cárpico foram
propostos modelos por Moore (Moore, Wells et al.,
1991) e por Tanaka (Tanaka and McGlothlin, 1993).
LMERT
• No modelo proposto por Armstrong e
colaboradores, ilustrado na figura seguinte,
são considerados quatro conjuntos de
conceitos que interagem entre si:
– A exposição;
– A dose;
– A capacidade;
– A resposta
LMERT

Modelo conceptual de Armstrong e colaboradores (Armstrong, Buckle et al. 1993)


LMERT
• Os factores externos originam uma dose interna,
que provoca uma resposta fisiológica, isto é, uma
reacção do organismo.
• A capacidade individual de resistir e de reagir aos
factores externos é considerado como um efeito
modificador.
• Este modelo foi inovador uma vez que
contemplava a possibilidade de existirem
reacções de adaptação em cadeia, onde um
episódio de exposição-resposta constitui o ponto
de partida de um novo ciclo
LMERT

• O modelo proposto pelo National Research


Council, dos Estados Unidos da América,
apresenta-se na figura seguinte (NRC, 1999).
• Neste modelo salienta-se a importância
potencial dos factores não relacionados com
o trabalho e dos factores individuais.
LMERT

Enquadramento conceptual dos mecanismos fisiológicos e dos factores de risco que


potencialmente contribuem para as LMERT (NRC, 1999)
LMERT
• Dos factores de risco que estão na origem do desenvolvimento das
LMERT. Por uma questão de sistematização estes factores de risco
serão agrupados em três categorias: factores de risco físicos,
psicossociais e individuais.
– Factores de risco físico
• Os factores de risco físico são o subconjunto dos factores de risco
relacionados com o trabalho que compreendem os factores
biomecânicos e os ambientais.
• Consideram-se factores de risco físico:
• A postura;
• A força;
• A repetição;
• A pressão directa externa (stresse por contacto);
• A vibração;
• O frio.
LMERT
• A realização de actividades de trabalho expõe o
trabalhador a diversos agentes externos que podem
afectar os seus mecanismos fisiológicos, como, por
exemplo:
– Em actividades de trabalho que impliquem a adopção de
posturas não adequadas e/ou que seja exercida força excessiva;
– Em tarefas repetitivas que impliquem a realização de
movimentos e de esforços musculares cíclicos;
– Quando objectos exercem pressão contra a superfície do corpo,
a qual é transmitida aos tecidos subjacentes;
– Quando o objecto de trabalho vibra e parte dessa vibração é
transmitida ao corpo;
– Devido à temperatura do meio ambiente e dos objectos de
trabalho com que o corpo está em contacto.
Postura
• A postura relaciona-se com a disposição e organização do posto de
trabalho, com as dimensões antropométricas do trabalhador e com
a tarefa a desempenhar.

• A adequação da postura está condicionada pela localização dos


componentes e/ou ferramentas e pelas obstruções existentes,
tendo em conta as acções de alcançar e os requisitos visuais
inerentes à tarefa, e pelo espaço disponível para a permanência e a
movimentação do trabalhador.

• Exemplos típicos de posturas não adequadas envolvem situações


onde o objecto de trabalho se situa acima da cabeça do trabalhador
ou se encontra junto ao chão, obrigando o trabalhador a estar de
pé com as mãos acima da cabeça ou, pelo contrário, a trabalhar
dobrado ou agachado.
Força

• A força requerida para uma tarefa relaciona-se


com o peso, a inércia e as forças de reacção
dos objectos de trabalho.
• O efeito da força é agravado quando é
exercida de uma forma dinâmica, por
exemplo, em combinação com movimentos de
rotação do tronco ou associada a movimentos
da mão de precisão (mão em pinça).
Repetição

• A repetição pode ser descrita como a


utilização cíclica dos mesmos tecidos num
movimento repetido.
• A frequência de repetição dos movimentos
depende do ritmo de execução da tarefa.
• Este pode ser imposto pelo sistema produtivo
ou ser influenciado por incentivos salariais.
Pressão directa

• A pressão directa externa relaciona-se com a


força exercida e com a área de contacto.
• Esta pressão mecânica pode provocar lesões nos
tecidos cutâneos e nas estruturas subjacentes,
como sejam nervos, bursas e vasos sanguíneos.
• Em geral, estas pressões ocorrem mais
frequentemente nas mãos, punhos, cotovelos e
ombros.
• Simultaneamente, elevadas forças de impacto,
como as que resultam da utilização da mão como
martelo, podem provocar problemas vasculares.
Vibrações

• A resposta do corpo humano à vibração depende


da parte do corpo directamente sujeita à
vibração.
• Segundo o Decreto-Lei nº 46/2006, de 24 de
Fevereiro, que transpõe a Directiva comunitária
2002/44/CE, de 25 de Junho de 2002, podem
considerar-se dois tipos de transmissão:
– Vibrações transmitidas ao sistema mão-braço;
– Vibrações transmitidas ao corpo inteiro.
LMERT
• As fontes mais comuns de vibração que atinge
o conjunto mão-braço advém da utilização de
ferramentas manuais motorizadas, como
sejam martelos pneumáticos, ou ferramentas
mal equilibradas e provocam problemas na
circulação sanguínea dos dedos, levando a
alterações degenerativas nos ossos e
articulações e a problemas nos músculos e
nos nervos
• As vibrações que atingem o corpo inteiro
estão normalmente relacionadas com o
trabalho em plataformas vibratórias ou com a
condução de veículos motorizados, existindo
uma evidência epidemiológica forte que
sugere que existe um aumento do nível de
lombalgias entre os trabalhadores expostos a
vibração de corpo inteiro por longos períodos
de tempo.
Frio

• O frio pode ter uma influência directa, pelos


seus efeitos sobre os tecidos ou indirecta,
devido aos problemas resultantes da
utilização de equipamentos de protecção
individual, designadamente luvas
LMERT
• De entre os efeitos directos resultantes da
exposição ao frio salienta-se a redução da força e
da coordenação muscular, a redução da
condutividade nervosa e o surgimento de dor.
• Verifica-se ainda um aumento da actividade
mioeléctrica dos músculos envolvidos nas tarefas
e de outros normalmente não envolvidos, devido
à adopção de posturas não neutras involuntárias,
como meio de protecção ao frio
LMERT
• Os efeitos indirectos são devidos principalmente à
utilização de luvas, uma vez que estas provocam um
aumento da carga músculo-esquelética devido ao aumento
da força de preensão máxima e/ou ao aumento do
diâmetro da pega
• A sensação de frio está relacionada com a temperatura, a
humidade e a velocidade do ar ambiente e com a
condutibilidade térmica das pegas das ferramentas ou dos
objectos manipulados e do vestuário.
• Se o ar ambiente é frio ou se o objecto de trabalho é frio, a
mão do trabalhador irá arrefecer, caso não se encontre
isolada
Factores de risco psicossocial

• Os factores de risco psicossocial são os factores de


risco de natureza não biomecânica relacionados com o
trabalho.
• Os factores psicossociais ligados ao trabalho são as
percepções subjectivas que os trabalhadores têm dos
factores organizacionais, que são os aspectos
objectivos do modo como o trabalho está organizado, é
supervisionado e é efectuado.
• Ainda que os factores organizacionais e psicossociais
possam ser idênticos, os factores psicossociais
veiculam a valorização emocional que o trabalhador
lhes atribui
LMERT
• Neste grupo de factores de risco incluem-se aspectos
como:
– O conteúdo do trabalho (por exemplo, a carga de trabalho,
a monotonia da tarefa, o controlo e a clareza do trabalho);
– As características organizacionais (por exemplo, se a
estrutura organizacional é essencialmente vertical ou
horizontal e a comunicação dentro da organização);
– As relações interpessoais no trabalho (por exemplo, as
relações supervisor-operário ou o apoio social);
– Os aspectos financeiros/económicos (por exemplo, o
salário, os benefícios e a equidade);
– Os aspectos sociais (por exemplo, o prestígio e o estatuto
perante a sociedade)
Factores de risco individual
• Os factores de risco individual são os factores de
risco não relacionados com o trabalho.
• Estes factores incluem:
– As características pessoais (por exemplo, sexo, idade,
características antropométricas, património genético);
– A condição física;
– Os antecedentes clínicos e profissionais;
– As actividades extra profissionais (por exemplo, outras
actividades profissionais, actividades domésticas,
desportivas e de lazer).
Factores de risco individual

• O consumo de álcool, de tabaco ou de drogas


tem também sido referido como potenciador
do desenvolvimento de LMERT
LMERT
• A duração de exposição é um dos parâmetros para a
avaliação dos factores de risco, devendo ser, em geral,
considerada em qualquer das categorias de factores de
risco.
• Por exemplo, o modelo heurístico dose-resposta para
factores de risco cumulativos em trabalho manual
repetitivo, proposto por Tanaka e McGlothlin (Tanaka e
McGlothlin, 2001), salienta o papel da duração da
actividade no desenvolvimento das lesões músculo-
esqueléticas da mão/punho.
• A figura que se apresenta de seguida ilustra o modo como
a duração da tarefa afecta a transição entre a zona segura e
a zona potencialmente lesiva.
LMERT
Na figura pode observar-se a
interacção dos factores de risco Força,
Repetição e Postura do punho e
respectiva Duração.
Verifica-se pela figura que a um
aumento da duração de exposição
corresponde uma mais rápida
transição da zona de segurança para a
zona de risco, onde o número de
trabalhadores com sintomas é maior.
LMERT
• Identificação e caracterização de algumas lesões
músculo-esqueléticas relacionadas com o
trabalho
– Lesões tendinosas: incluem as inflamações dos
tendões e/ou das suas bainhas sinoviais.
Genericamente identificam-se as Tendinites, que são
inflamações em tendões, as Tenossinovites, que são
lesões em tendões envolvendo também as respectivas
bainhas sinoviais e os Quistos Sinoviais que são
consequência de lesões na bainha dos tendões;
LMERT
• Lesões nas bursas:
– designadas, genericamente, por Bursites e que envolvem a
inflamação das bolsas serosas associadas às articulações.
• Lesões musculares:
– correspondem a perturbações nos músculos, como seja,
por exemplo a Síndrome de Tensão do Pescoço;
• Lesões nervosas:
– envolvem a compressão de um nervo, como sejam a
Síndrome do Canal Cárpico;
• Lesões vasculares:
– afectam os vasos sanguíneos, como na Síndrome de
Vibração.
LMERT
• Na figura seguinte assinalam-se, nas regiões
corporais onde têm origem, as lesões referidas
anteriormente.
LMERT
• A prevenção destes riscos pode ser classificada em
primária, secundária e terciária:
– A prevenção primária ocorre quando a intervenção é
realizada antes que os trabalhadores em risco tenham
desenvolvido qualquer patologia músculo-esquelética;
– A prevenção secundária corresponde à situação em que a
intervenção ocorre depois de se terem verificado episódios
de desenvolvimento de lesões;
– A prevenção terciária é dirigida aos trabalhadores
portadores de lesões crónicas, de modo a maximizar a
utilização da sua capacidade funcional, face às limitações
que possuem, sendo as medidas de intervenção a
implementar seleccionadas, caso-a-caso, de acordo com as
incapacidades individuais
LMERT
• 1.ª Intervenções que incidem na eliminação ou, pelo
menos, na redução dos factores de risco
– São designadas, em geral, por controlos de engenharia e
traduzem-se em alterações ao nível das ferramentas, do
equipamento, da configuração dos postos de trabalho, dos
materiais manuseados, das tarefas, dos métodos de
trabalho, dos processos de trabalho ou do ambiente de
trabalho.
– Algumas medidas de engenharia incluem, a elevação da
superfície de trabalho de modo a evitar a flexão excessiva
do pescoço ou a instalação de equipamento de apoio ao
levantamento de cargas, de modo a minimizar a força
necessária para manusear materiais.
LMERT
• 2.ª Intervenções que incidem nos factores
organizacionais
– São designadas, normalmente, por controlos
administrativos, pois actuam ao nível do conteúdo
de trabalho, das características da organização e
dos aspectos temporais do trabalho.
– Este tipo de medidas não elimina os riscos,
visando, essencialmente, actuar ao nível da
duração de exposição.
LMERT
• exemplos deste tipo de medidas:
– A rotação dos trabalhadores pelos diferentes tipos de tarefas, o
que permite a solicitação de diferentes grupos musculares ao
longo do dia, exigindo, no entanto, a polivalência dos
operadores;
– A introdução de mais pausas;
– A redução da frequência da tarefa, caso seja compatível com as
exigências de produção; a automatização parcial do processo,
de modo a eliminar operações repetitivas;
– O enriquecimento da actividade do trabalhador, através da
realização de um conjunto mais amplo e diversificado de
operações que implicam maior responsabilidade;
– A alternância da execução das tarefas entre as duas mãos, de
modo a evitar que uma tarefa não seja realizada principalmente
com um dos membros superiores.
LMERT
• 3.ª
Utilização de equipamento de protecção
individual
– Estratégia destinada a proteger os trabalhadores
dos riscos residuais, criando uma barreira física
entre o risco e o trabalhador.
– Como exemplo, pode referir-se a utilização de
luvas absorventes da vibração, na prevenção da
Síndroma de Vibração.
LMERT

• De entre as estratégias referidas, os controlos


de engenharia que eliminam os factores de
risco do ambiente de trabalho são os
aconselháveis, sempre que se afigurem
aplicáveis à situação concreta
LMERT
• recomendações para a prevenção das LMERT, ao
nível dos seguintes factores de risco:
– Postura;
– Repetição;
– Força,
– Stress por contacto;
– Vibração;
– Frio;
– Factores de risco psicossociais;
– Factores de risco humanos e individuais.
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