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Sistemas de esgotamento e

tratamento de águas residuárias

PROF. ANDRÉ BEZERRA DOS SANTOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
HIDRÁULICA E AMBIENTAL (DEHA)
Tratamento Anaeróbio de
Esgotos
Sistemas Anaeróbios X Sistemas
Aeróbios Tratamento Anaeróbio
Vantagens do Tratamento Anaeróbio

 Baixa produção de lodo  5 a 10 vezes inferior à que


ocorre nos processos aeróbios
 Baixo consumo de energia por não demandar
sistemas de aeração  impacto positivo nos custos
operacionais da estação
 TDH de 6 a 8 horas para a vazão média  baixa
demanda de área
 Baixos custos de implantação
 Produção de metano  boa capacidade de
combustão
Desvantagens do Tratamento Anaeróbio

 Alguma forma de pós-tratamento é usualmente


requerida para remoção da DBO remanescente

 Possibilidade de geração de maus odores


(principalmente H2S) quando mal projetados e
operados

 Remoção insatisfatória de nitrogênio, fósforo e


patógenos
????
??
DIGESTOR
DIGESTOR
DIGESTOR
Orgânicos Complexos
(Carboidratos, Proteínas, Lipídios)

Bactérias Fermentativas
(Hidrólise)

Orgânicos Simples
(Açucares, Aminoácidos,
AGCL/Glicerol)

Bactérias Fermentativas
(Acidogênese)

Ácidos Orgânicos
(Propionato, butirato, lactato,
álcoois)

Bactérias Acetogênicas Bactérias Acetogênicas


(Acetogênese) (Acetogênese)

Bactérias
Homoacetogênicas
H2 + CO2 Acetato

Arquéias Metanogênicas
Metanogênicas (Metanogênese)
hidrogenotróficas Metanogênicas
acetoclásticas
CH4 ++ CO
CH CO2
4 2
Orgânicos Simples
(Açucares, Aminoácidos,
AGCL/Glicerol)

Bactérias Fermentativas
SO42- (Acidogênese) SO42-

Ácidos Orgânicos
(Propionato, butirato, lactato,
álcoois)

Bactérias Bactérias Acetogênicas Bactérias Acetogênicas Bactérias


redutoras (Acetogênese) (Acetogênese) redutoras
de sulfato de sulfato

Bactérias
Homoacetogênicas
H2 + CO2 Acetato

Arquéias Metanogênicas
(Metanogênese)
Metanogênicas Metanogênicas
SO42- hidrogenotróficas acetoclásticas SO42-
CH4 ++ CO
CH CO2
4 2

Bactérias redutoras Bactérias redutoras


de sulfato de sulfato
H2S + CO2
Imobilização e Granulação do Lodo Anaeróbio

 O processo de granulação é um fenômeno natural


que ocorrerá em todos os sistemas que:
 Tratam substratos principalmente solúveis
 Reatores operando em fluxo ascendente com um tempo de
detenção hidráulica (TDH) menor do que o tempo de
duplicação microbiana (idade do lodo)

 Young e McCarty (1969)  observação em filtros


anaeróbios ascendentes (FAA) a formação de
agregados de boa capacidade de sedimentação
(diâmetro > 3.1 mm).
Definição e Características de um Lodo Granular de Boa
Qualidade
Definição e Características de um Lodo Granular de Boa
Qualidade
Sistemas anaeróbios de tratamento de esgoto

 Eficiência depende em
grande parte, da
capacidade da biomassa
em formar flocos e
sedimentar
Reatores anaeróbios
Leito Fixo

Crescimento aderido
Leito Expandido
Leito
Fluidificado Mistura

Crescimento suspenso
completa
(CSTR)
Dois Estágios Combinação de

Híbridos
Chicanas dois reatores,
podendo ser:
UASB
anaeróbio +
Leito granular anaeróbio
expandido
(EGSB) anaeróbio +
aeróbio
Circulação
interna (IC)
Tanque séptico
Lagoas
anaeróbias
convencionais e
de alta taxa
Membranas
submersas
Batelada
sequencial
Evolução dos sistemas anaeróbios para esgotos
industriais
Evolução dos sistemas anaeróbios para esgotos
industriais

 Cervejarias e indústrias de bebidas (ex. Sucos)


 Destilarias e indústrias de fermentação
 Indústrias alimentícias
 Polpa e papel
 Indústria química e petroquímica
 Indústria têxtil
 Aterros sanitários ou industriais  percolado
 Ciclo do enxofre e remoção de metais
 Etc.
Reator anaeróbio de manto de
lodo e fluxo ascendente - UASB
Reator UASB retangular
Reator UASB circular
Reatores UASB

 Utilização em ETEs de todo tamanho

 Utilização no tratamento de esgotos sanitários,


industriais e águas cinzas

 Principais usos de reatores UASB em ETEs do Ceará:


 UASB seguido de Cloração

 UASB seguido de Filtros Biológico Aerado Submerso (FBAS)

 UASB seguido de Lagoa de Polimento (tipo de lagoa de


estabilização  ~ lagoa de maturação)
Desidratação: leitos de secagem
Desidratação: leitos de secagem
Projeto de reatores UASB
Projeto de reatores UASB

 Carga orgânica volumétrica (COV):

QS
COV 
V

 COV = carga orgânica volumétrica (kgDQO.m-3.d-1)


 Q = vazão (m3.d-1)
 S = concentração do substrato afluente (kgDQO.m-3)
 V = volume total do reator (m3)
Projeto de reatores UASB

 Carga orgânica volumétrica (COV):

QS
V
COV
 V = volume total do reator (m3)
 COV = carga orgânica volumétrica (kgDQO.m-3.d-1)
 Q = vazão (m3.d-1)
 S = concentração do substrato afluente (kgDQO.m-3)
 COV de projeto em escala real têm sido inferior a 15
kgDQO/m3.dia
 COV para esgoto doméstico usualmente de 2,5 a 3,5
kgDQO/m3.dia
Projeto de reatores UASB

 Tempo de detenção hidráulica (TDH) mínimo:

V
TDH 
Q

 TDH = tempo de detenção hidráulica (d-1)


 Q = vazão (m3.d-1)
 V = volume total do reator (m3)
Projeto de reatores UASB

Temperatura TDH para esgotos doméstico (h)


do esgoto (°C) Qméd Qmáx,d

15 a 18 > 10,0 > 7,0


18 a 22 > 8,0 > 5,5
22 a 25 > 7,0 > 4,5
> 25 > 6,0 > 4,0
Projeto de reatores UASB

 Carga hidráulica volumétrica (CHV) máxima:

Q 1
CHV  
V TDH

 CHV = carga hidráulica volumétrica (m3.m-3.d-1)

 Não deve ultrapassar 3,5 m3/m3.dia  calculada com


base na vazão média.
Projeto de reatores UASB

 Estimativa da produção metano - DQO degradada

CH4 + 2O2  CO2 + 2H2O


1mol 2 moles
16 g 64 g CNPT: 350 ml CH4/gDQOdeg

DQOCH 4
VCH 4 
k (t )
Fator de correção p/ temp.
operacional do reator
Projeto de reatores UASB

 Estimativa da produção metano - DQO degradada

PK
K (t ) 
R(273  T )

P = pressão atmosférica (1 atm)


K = DQO correspondente a um mol CH4 (64 gDQO/mol)
R = cte dos gases (0,08206 atm.L/mol.°K)
T = temperatura operacional do reator (°C)
Projeto de reatores UASB tratando esgotos Domésticos

Critério/parâmetro Faixa de valores, em função


da vazão
Para Qmed Para Qmáx d
Carga hidráulica volumétrica (m3/m3.dia) < 3,5 < 5,5
Tempo de detenção hidráulica (h) > 7,0 > 4,5
Carga orgânica volumétrica (kgDQO/m3.dia) < 15,0 -

Distribuição do afluente Para Qmed


Diâmetro do tubo de distribuição do afluente (mm) 75-100
Diâmetro do bocal de saída do tubo de distribuição (mm) 40-50
Distância entre o bocal de saída e o fundo do reator (m) 0,1-0,2
Área de influência de cada tubo de distribuição (m2) 2,0-3,0
Partida e operação de sistemas
anaeróbios
Atividade Metanogênica Específica (AME)

 Definição: capacidade máxima de produção de


metano por um consórcio de microrganismos
anaeróbios, realizada em condições controladas de
laboratório, para viabilizar a atividade bioquímica
máxima de conversão de substratos orgânicos a
biogás (CH4 e CO2 principalmente)
Atividade Metanogênica Específica (AME)

 Objetivos do teste
 Estimar a capacidade máxima de remoção de DQO

 Estimar a carga orgânica máxima que pode ser aplicada com


minimização do risco de desbalanceamento do processo
anaeróbio
 Determinar a massa mínima de lodo anaeróbio a ser mantida
no reator para a remoção de determinada carga orgânica
aplicada
 Verificar a estabilidade do lodo anaeróbio descartado ao
sistema de leitos de secagem
 Etc.
Atividade Metanogênica Específica (AME)

 Condições de teste (ainda sem padronização)


 Tipo e concentração do substrato
 Ácido acético (atividade acetoclástica)
 Mistura de AGV (C2, C3, C4), proporção (1:1:1 em g/L)
 Glicose
 Concentração de lodo
 Relação alimento / microrganismo (A/M) entre 0,3 e 0,5
gDQO/gSSV

 Obs: Para cada lodo anaeróbio existe uma


concentração ótima de substrato e lodo.
Atividade Metanogênica Específica (AME)

 Condições de teste (ainda sem padronização)


 Nutrientes e solução tampão

Nutriente Conc. (mg/L) Elemento traço Conc. (mg/L)


NH4Cl 280 FeCl2·4H2O 2000
K2HPO4 250 H3BO3 50
MgSO4·7H2O 100 ZnCl2 50
CaCl2·2H2O 10 CuCl2·2H2O 38
CaCO3 600 MnCl2·4H2O 500
Elementos traço 1 mL/L (NH4)6Mo7O24·4H2O 50
AlCl3·6H2O 90
CoCl2·6H2O 2000
Atividade Metanogênica Específica (AME)

 Condições de teste (ainda sem padronização)


 Temperatura (30, 35, 37, 45, 55ºC)

 Uso de agitação (teste estático ou dinâmico)

 Método de monitoramento
 Disposição do líquido de uma Garrafa de Mariotte
 Manométrico
 Manométrico + composição
Atividade Metanogênica Específica (AME)
Atividade Metanogênica Específica (AME)
Atividade Metanogênica Específica (AME)
Atividade Metanogênica Específica (AME)
Atividade Metanogênica Específica (AME)

 Equipamentos
Atividade Metanogênica Específica (AME)

 Equipamentos
Atividade Metanogênica Específica (AME)

 Exemplo
450
Prod. CH4 acumulada (mL)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 5 10 15
Tempo (dias)
Atividade Metanogênica Específica (AME)

Cálculos
 O teste é calculado a partir da medição direta da produção de
metano por unidade de biomassa (SSV) e tempo.
 A atividade metanogênica (não específica) é a inclinação
(tangente) da curva de produção acumulada de metano
450
Prod. CH4 acumulada (mL)

400
350
300
250
200
150
100
50
0
0 5 10 15
Tempo (dias)
Atividade Metanogênica Específica (AME)

Cálculos
AME = vazão metano (m3CH4/dia) / massa lodo (kgSV) (m3CH4/kgSV.dia)

CH 4 DQOCH4 = 0,35
DQOCH4 
CH 4  273  T 
DQOCNTP  T em graus celsius

 273  Atm

AME = DQO metano (kgDQOCH4/dia) / massa lodo (kgSV)


(kgDQOCH4/kgSV.dia)

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