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Sistemas de esgotamento e

tratamento de águas residuárias

PROF. ANDRÉ BEZERRA DOS SANTOS

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA
HIDRÁULICA E AMBIENTAL (DEHA)
Lagoas de Estabilização
Projeto de ETEs e Tratamento Biológico

Processos Biológicos de Tratamento


de Esgotos

Lagoas de Lodos Reatores


Disposição Reatores
Estabilização ativados e aeróbios com
no solo anaeróbios
e variantes variantes biofilmes
Tipos de Lagoas de Estabilização

 Sem aeração artificial


 Lagoas Facultativas (primários ou secundárias)

 Lagoas Anaeróbias

 Lagoas de Maturação

 Lagoas de Polimento

 Lagoas de Alta Taxa

 Com aeração artificial


 Lagoas aeradas facultativas

 Lagoas aeradas de mistura completa


Lagoas convencionais
Lagoas convencionais
Lagoas de Estabilização Aeradas
Lagoas de Estabilização Aeradas
Lagoas de Estabilização Aeradas
Floco biológico em suspensão na
fase líquida

Floco biológico em
suspensão na fase líquida

Floco biológico sedimentado


no fundo da lagoa
Lagoa Facultativa
Vantagens Desvantagens
Satisfatória E% DBO Elevados requisitos de área

Razoável E% patógenos Dificuldade de satisfazer padrões de


lançamentos restritos
Construção, operação e manutenção A simplicidade operacional pode trazer o
simples descaso na manutenção (crescimento de
vegetação)
Reduzidos custos de implantação e Possível necessidade de remoção de algas
operação do efluente para descarte
Ausência de equipamentos mecânicos Performance variável com as condições
climáticas
Requisitos energéticos praticamente Possibilidade de crescimento de insetos
nulos
Satisfatória resistência a variações de
carga
Remoção de lodo necessária apenas
após períodos superiores a 20 anos
Lagoa Anaeróbia seguida de Facultativa
Vantagens Desvantagens
Idem as lagoas facultativas Idem as lagoas facultativas

Requisitos de área inferiores aos das Possibilidade de maus odores na lagoa


lagoas facultativas únicas anaeróbia
Necessidade de um afastamento razoável
às residências circunvizinhas
Necessidade de remoção contínua ou
periódica (intervalo de alguns anos) do
lodo da lagoa anaeróbia
Lagoa de maturação
Vantagens Desvantagens
Idem as lagoas facultativas Idem as lagoas facultativas

Elevada eficiência na remoção de Requisitos de áreas bastante elevados


patógenos
Razoável eficiência na remoção de
nutrientes
Lagoa Aerada Facultativa
Vantagens Desvantagens
Satisfatória E% DBO Introdução de equipamentos
Construção, operação e Ligeiro aumento no nível de sofisticação
manutenção simples
Requisitos de área inferiores aos Requisitos de área ainda elevados
sistemas de lagoas facultativas
ou anaeróbia-facultativa
Maior independência das Requisitos de energia relativamente elevados
condições climáticas que as
lagoas facultativas ou anaeróbia-
facultativa
Satisfatória resistência a Baixa eficiência na remoção de coliformes
variações de cargas
Reduzidas possibilidades de Necessidade de remoção contínua ou periódica
maus odores (intervalo de alguns anos) do lodo
Lagoa Aerada de Mistura Completa seguida de Lagoa de Decantação
Vantagens Desvantagens
Idem as lagoas aeradas facultativas Idem as lagoas aeradas facultativas
(exceção: requisitos de área)

Menores requisitos de área de todos os Preenchimento rápido da lagoa de


sistemas de lagoas decantação com o lodo (2 a 5 anos)
Necessidade de remoção contínua ou
periódica (2 a 5 anos) do lodo
Principais parâmetros de projeto

Parâmetro de LA LF LAF LAM LD LM


projeto
Tempo de detenção 3-6 15-45 5-10 2-4 ~2 A
(dias)
Taxa de aplicação - 100-350 - - - -
superficial
(kgDBO5/ha.dia)
Taxa de aplicação 0,1-0,35 - - - - -
volumétrica
(kgDBO5/m3.dia)
Profundidade (m) 3,0-5,0 1,5-2,0 2,5-4,0 2,5-4,0 3,0-4,0 0,8-1,2

Relação L/B 1-3 2-4 2-4 1-2 - B


(comp./larg) usual
Principais parâmetros de projeto
Item geral Item específico LF LA-LF LAF LM-LD

Eficiência DBO (%) 75-85 75-85 75-85 75-85


DQO (%) 65-80 65-80 65-80 65-80
SS (%) 70-80 70-80 70-80 80-87
Amônia (%) < 50 < 50 < 30 < 30
Nitrogênio (%) < 60 < 60 < 30 < 30
Fósforo (%) < 35 < 35 < 35 < 35
Coliformes (%) 90-99 90-99 90-99 90-99
Requisitos Área (m2/hab) 2,0-4,0 1,5-3,0 0,25-0,5 0,2-0,4
Potência (W/hab) 0 0 1,2-2,0 1,8-2,5
Custos Implantação (R$/hab) 40-80 30-75 50-90 50-90
Operação 2,0-4,0 2,0-4,0 5,0-9,0 5,0-9,0
(R$/hab.dia)
Lagoas Facultativas
Tipos de lagoas facultativas

 Lagoa Primária  primeira lagoa da série 


recebe esgoto bruto.

 Lagoa Secundária  recebe efluente de uma


lagoa a montante  usualmente anaeróbia.
Lagoas
Facultativas
Processo
 Fotossíntese:
 Consumo de CO2
 Produção de O2
 CO2 + H2O + Energia  MO + O2
 O íon bicarbonato (HCO3-) do esgoto  OH-  elevação do pH
 Obs: algas também consomem O2 mas a produção é cerca de 15
vezes superior ao consumo

 Respiração
 Consumo de O2
 Produção de CO2
 MO + O2  CO2 + H2O + Energia
 O íon bicarbonato (HCO3-) do esgoto  H+  diminuição do pH
Processo

Processo Impacto no Balanço de


OD
Respiração aeróbia Decréscimo
Digestão anaeróbia Nenhum
Fotossíntese Acréscimo
Nitrificação Decréscimo
Reaeração atmosférica Acréscimo
Processo

 Características do efluente:
 A concentração de algas vai depender da carga orgânica e
temperatura, mas usualmente está na faixa de 500 a
2000 mg de clorofila a por litro
Processo

 Características do efluente:
 As algas que tendem a dominar em lagoas facultativas
pertencem ao gênero móvel (tais como Chlamydomonas,
Pytobotrys e Euglena) já que podem otimizar a sua
posição na vertical em relação a intensidade de luz
incidente quando comparada a forma não móvel
(Chlorella).
 Podem se apresentar ocasionalmente vermelho ou rosa
(especialmente quando sobrecarregadas) devido a
presença das bactérias fotossintéticas oxidantes de
sulfeto.
Processo
Processo
Processo
Influência das condições ambientais

Fator Influência
Radiação solar Velocidade da fotossíntese
Temperatura Velocidade da fotossíntese
Taxa de decomposição
bacteriana
Solubilidade e transferência de
gases
Condições de mistura

Vento Condições de mistura


Reaeração atmosférica (pouca
importância no balanço de OD)
Influência das condições ambientais
 Mistura  ocorre devido ao vento e diferencial de
temperatura
 Importância da mistura:
 Minimização da ocorrência de curtos-circuitos hidráulicos
 Minimização da ocorrência de zonas estagnadas
 Boa distribuição vertical da DBO, alga e oxigênio
 Transporte para a zona fótica superficial das algas não motoras que
tendem a sedimentar
 Transporte para as camadas mais profundas do O2 produzido pela
fotossíntese na zona fótica

 Para maximizar a influência do vento, a lagoa não deverá


ser cercada por obstáculos naturais e artificiais
Características de operação

Cor da lagoa Interpretação

Verde escura e parcialmente Presença pouco importante de outros


transparente microrganismos no efluente
Altos valores de pH e OD
Lagoa em boas condições
Verde amarelada ou Crescimentos de rotíferos, protozoários ou
excessivamente clara crustáceos, que se alimentam de algas, podendo
causar a sua destruição em poucos dias
Caso as condições persistam, haverá decréscimo de
OD e eventual mal cheiro

Acinzentada Sobrecarga de MO e/ou TDH curto


Fermentação na camada de lodo incompleta
A lagoa deve ser posta fora de operação
Características de operação

Cor da lagoa Interpretação

Verde Leitosa A lagoa está em processo de auto-floculação, decorrente


de elevação do pH e da temperatura
Precipitação de hidróxidos de magnésio e de cálcio,
arrastando consigo algas e outros microrganismos
Azul esverdeada Excessiva proliferação de cianobactérias
A floração de certas espécies forma natas que se
decompõem facilmente, provocando a exalação de maus
odores, reduzindo o penetração da luz e, em conseqüência,
diminuindo a produção de oxigênio
Marrom avermelhada Sobrecarga de MO
Presença de bactérias fotossintéticas oxidantes de sulfeto
(requerem luz e sulfetos, utilizam CO2 como receptor de
elétrons, não produzem oxigênio e não contribuem para
remoção de DBO)
Características de operação
Características de operação
Arranjos de lagoas de estabilização

 Células em série: um sistema de lagoas em série


com um determinado TDH total  maior
eficiência do que uma única lagoa com o mesmo
TDH total.

 Células em paralelo: um sistema de lagoas em


paralelo possui a mesma eficiência que uma única
lagoa. No entanto, o sistema possui maior
flexibilidade operacional.
Estimativa da concentração efluente de DBO

 Influência do regime hidráulico: a remoção de


DBO  reação de 1ª ordem  taxa de reação é
diretamente proporcional à concentração do
substrato  quanto maior C inicial maior a E%.
Principais regimes hidráulicos

FLUXO EM PISTÃO

MISTURA COMPLETA

FLUXO DISPERSO
Principais regimes hidráulicos
Principais regimes hidráulicos
Estimativa da DBO efluente
 kt
S  S0e
FLUXO EM PISTÃO

S0
S
1  kt
MISTURA COMPLETA
4ae (1 / 2 d )
S  S0 2 (a / 2d )
(1  a ) e
2 (a / 2d )
 (1  a ) e

FLUXO DISPERSO a  1  4ktd


Estimativa da DBO efluente
 Onde:

S0 = concentração de DBO total afluente (mg/L)


S = concentração de DBO solúvel efluente (mg/L)
K = coeficiente de remoção de DBO (d-1)
t = tempo de detenção total (d)
d = número de dispersão (adimensional)
L = comprimento da lagoa (m)
B = largura da lagoa (m)
Estimativa da DBO efluente

 Mistura completa:
 Lagoas primárias: K = 0,30 a 0,40 d-1
 Lagoas secundárias: K = 0,25 a 0,32 d-1

 Correção para a temperatura:

KT= K20. θ(T-20)


 Coeficiente de temperatura: θ=1,05 (para mistura
completa) e θ=1,035 (para fluxo disperso)
Estimativa da DBO efluente
K20 K20
 Fluxo disperso:
Ls Arceivala Vidal
120 0,128 0,116
140 0,137 0,120
160 0,145 0,124
K = 0,132.log(Ls)-0,146 180 0,152 0,128
Arceivala (1981) 200 0,158 0,132
220 0,163 0,136
240 0,168 0,140
K = 0,091+2,05x10-4 x Ls 260 0,173 0,144
Vidal (1983) 280 0,177 0,148
300 0,181 0,153
320 0,185 0,157
340 0,188 0,161
360 0,191 0,165
Estimativa da DBO efluente – Fluxo Disperso

 Número de dispersão:

( L / B)
d
 0,261  0,254( L / B)  1,014( L / B) 2 Yanez

1
d
( L / B) Von Sperling
Estimativa da DBO efluente – Fluxo Disperso

d d
 Número de dispersão:
L/B Yanez Von Sperling
1 0,993 1,000
1,2 0,798 0,833
1,4 0,672 0,714
1,6 0,584 0,625
1,8 0,517 0,556
2 0,465 0,500
2,2 0,423 0,455
2,4 0,388 0,417
2,6 0,358 0,385
2,8 0,333 0,357
3 0,312 0,333
3,2 0,293 0,313
3,4 0,276 0,294
3,6 0,261 0,278
3,8 0,248 0,263
4 0,236 0,250
Estimativa da DBO efluente – Fluxo Disperso
Exercício

 Calcular a concentração de DBO solúvel


efluente (S) segundo o modelo de mistura
completa, assumindo-se:
 DBO afluente = 350mg/L
 TDH = 20 dias

 Temperatura do ar no mês mais frio = 20ºC


Acúmulo de lodo em lagoas de estabilização

 A taxa de acúmulo média de lodo é da


ordem de 0,03-0,08 m3/hab.ano 
~2cm/ano.

 O lodo se acumulará por diversos anos


sem necessidade de qualquer remoção.
Critérios de Projeto: Lagoas Facultativas
Critérios de Projeto

 Para lagoas facultativas:


 Taxa de aplicação superficial  relaciona-se à atividade
fotossintética das algas
 Tempo de detenção hidráulica  relaciona-se à atividade
das bactérias de estabilizar a MO

 Taxa de aplicação superficial (Ls): carga de DBO


que pode ser tratada por unidade de área de lagoa
A = L/Ls
Critérios de Projeto

A = L/Ls

 A: área requerida para a lagoa (ha)


 L: carga de DBO total (solúvel+particulada) afluente
(kgDBO/d)
 Ls: taxa de aplicação superficial (kgDBO/ha.d)

 Taxa  f (T, latitude, exposição solar, altitude,


etc.)
Critérios de Projeto

Região Ls (kgDBO/ha.d)
Inverno quente e elevada 240 - 350
insolação
Inverno e insolação 120 - 240
moderados
Inverno frio e baixa 100 - 180
insolação
Critérios de Projeto

 Tempo de detenção:
V = TDH x Q

V = volume requerido para a lagoa (m3)


 TDH = tempo de detenção hidráulica (d)
 Q = Vazão média afluente (m3/d)
 Varia também com as condições climáticas locais 
15 – 45 dias para lagoas facultativas primárias

 Profundidade  1,5 – 2,0 m


Estimativa da DBO efluente

 Mistura completa:
 Lagoas primárias: K = 0,30 a 0,40 d-1
 Lagoas secundárias: K = 0,25 a 0,32 d-1

 Correção para a temperatura:


KT= K20. θ(T-20)

 Coeficiente de temperatura: θ=1,05


Estimativa da DBO efluente
Estimativa da DBO efluente

S0
S
1  kt
MISTURA COMPLETA

4ae (1 / 2 d )
S  S0
(1  a) 2 e ( a / 2 d )  (1  a) 2 e (  a / 2 d )
FLUXO DISPERSO

a  1 4ktd
Dimensionamento Lagoa Facultativa Primária
Lagoas Anaeróbias
Introdução

 Necessidade de condições estritamente anaeróbias.

 Elevadas taxas de aplicação volumétrica 


consumo de oxigênio bem superior a produção 
condições anaeróbias.

 Utilizadas com esgotos domésticos e industriais


como matadouros, laticínios, bebidas, etc.
Introdução

Eficiências de % DBO da ordem de 50-70%


Cerca de 30% da DBO é convertida em Biogás
Introdução

 Microrganismos anaeróbios crescem lentamente 


grande importância da T.

 LA são usualmente profundas  3 a 5 metros 


importante para evitar que o oxigênio produzido
na superfície se dirija para as demais camadas 
redução na demanda de área.
Introdução

 Materiais flutuantes (incluindo óleos) e escuma, os


quais bloqueiam a luz requerida nas lagoas
facultativas para a fotossíntese das algas, são
retidos nas lagoas anaeróbias.

 A escuma que se acumula na superfície das LA não


precisa ser removida pois ela ajuda a manter as
condições anaeróbias, a menos que comece a
produzir odor ou proliferar mosquitos.
Odor em Lagoas Anaeróbias

 Produzido normalmente pela redução do sulfato


(Desulfovibrio spp).

 Formação do sulfeto (H2S, HS-, S2-)  formas


dependentes do pH.

 Odor não é problema se a concentração de sulfato <


500mg/L  checar a concentração na água de
abastecimento.
Odor em Lagoas Anaeróbias
Odor em Lagoas Anaeróbias

 Controle do pH > 7 para evitar a formação


de odor  sulfeto ficar na forma de
bissulfito  adição de cal ou recirculando o
efluente da lagoa de maturação
Critérios de Projeto – Lagoas Anaeróbias

 Critérios de projeto:
 Taxa de aplicação volumétrica
 Tempo de detenção hidráulica

 Profundidade

 Geometria (relação comprimento /


largura)
Critérios de Projeto – Lagoas Anaeróbias

 Critérios de projeto:
 Taxa de aplicação volumétrica: função da
Temperatura

Lv = 0,1 a 0,35 kgDBO/m3.d

V = L/Lv

V = volume requerido para a lagoa (m3)


L = carga de DBO total afluente (solúvel + particulada) (kgDBO/d)
Lv = taxa de aplicação volumétrica (kgDBO/m3.d)
Critérios de Projeto – Lagoas Anaeróbias

 Critérios de projeto:
 Taxa de aplicação volumétrica
Temperatura média do Lv admissível
mês mais frio (ºC) (kgDBO/m3.dia)
10 - 20 0,02T-0,10
20 - 25 0,01T+0,10
> 25 0,35
Critérios de Projeto – Lagoas Anaeróbias
Critérios de Projeto – Lagoas Anaeróbias

 Critérios de projeto:
 Tempo de detenção hidráulica: entre 2 e 3 dias

TDH (dias) Lv (kgDBO/m3.dia) Remoção de DBO (%)


0,8 306 76
1,0 215 76
1,9 129 80
2,0 116 75
4,0 72 68
6,8 35 74
Critérios de Projeto – Lagoas Anaeróbias

 Profundidade: 3,0 – 5,0 m (Ceará  LA com


3,0m)

 Relação L/B: 1 a 3

 Eficiência de Remoção de DBO: 50-70%


Critérios de Projeto – Lagoas Anaeróbias
Taxa de acumulação de lodo em lagoas anaeróbias

 A taxa de acúmulo média de lodo é da ordem de 0,04


m3/hab.ano  ~2cm/ano

 No Nordeste foi encontrada uma taxa de acumulação


da ordem de 0,01 m3/hab.ano

 A limpeza deve proceder quando a altura de lodo


atingir aproximadamente 1/3 ou remoção anual de
um certo volume de lodo  definição da operação da
lagoa pelas companhias de saneamento
Dimensionamento Lagoa Anaeróbia seguida de Facultativa
Secundária
Remoção de patógenos em Lagoas de
Estabilização
Patógenos no esgoto
Organismo Concentração
Escherichia coli 106-108 /100 mL
Salmonella spp. 102-103 /100 mL
Cistos de Giardia 102-104 / L
(oo) Cistos de Cryptosporidium 101-102 / L
Ovos de Helmintos 101-103 / L
Vírus 102-105 / L
Patógenos no esgoto

Vírus: Hepatitis A, Rotavirus, Bactéria: Vibrio cholera, Salmonella,


Norovirus, Poliovirus Shigella, Campylobacter

Protozoário: Cryptosporidium, Helmintos: Ascaris, Taenia,


Giardia, Entamoeba Trichuris
Patógenos no esgoto
20-100 nm
0.5 – 1 μm
Nenhuma
“Responde” ao meio
membrana lipídica

Vírus: Hepatitis A, Rotavirus, Bactéria: Vibrio cholera, Salmonella,


Norovirus, Poliovirus Shigella, Campylobacter

2 – 20 μm 20 - 100 μm
Carapaça grossa Carapaça muito grossa

Protozoário: Cryptosporidium, Helmintos: Ascaris, Taenia,


Giardia, Entamoeba Trichuris
Características dos Patógenos

Bactéria
( ≈ 1 μm )

Salmonella Rotavirus

Vírus (nm)

Cryptosporidium

Giardia

Ascaris

Cistos de Protozoários (4 – 20 μm) Ovos de Helmintos ( > 50 μm )


Desafios na remoção de patógenos em Lagoas de
Estabilização

 Mecanismos de remoção diversos

 Ampla variedade de comportamentos entre os


patógenos

 Inexistência de um organismos indicador que modele


adequadamente todos os patógenos

 Patógenos de interesse são difíceis ou mesmo


impossíveis de se medir
Benefícios de se aumentar o conhecimento na remoção de
patógenos

 Recomendações práticas de projeto

 Modelos que sejam capazes de predizer resultados


confiáveis

 Maior apreciação em como as lagoas de estabilização


são eficientes na remoção de patógenos

 Maior garantia da saúde das pessoas e preservação do


meio ambiente
Principais mecanismos de remoção

 Sedimentação ( Lodo)
 Ovos de helmintos

 Cistos de protozoários

 Partículas associadas a bactérias e vírus

 Inativação mediada pela energia solar


 Vírus

 Bactéria

 Cistos de protozoários
Remoção por sedimentação
Ovos de helmintos

 Os helmintos são parasitas intestinais referenciados como


vermes (e.g. Ascaris lumbricoides, Taenia sp., Necator
americanus, Schistosoma sp., Ancylostoma duodenale).

 São mais comuns em regiões de clima tropical e onde as


condições de saneamento são piores.

 A presença de ovos de helmintos é muito grande em esgotos


domésticos nestas regiões.

 A remoção dos ovos destes parasitas dos esgotos quebra o ciclo


de contaminação e reinfestação nos seres humanos.
Remoção por sedimentação

Ovos de helmintos

 Ovos de Ascaris  vs ~ 1 m/h (outros são menores)

 Equação de projeto:
Remoção por sedimentação
TDH E% C=10ovos/L C=100ovos/L C=1000ovos/L
2 84,08 1,592 15,920 159,199
4 93,38 0,662 6,617 66,165
6 97,06 0,294 2,943 29,434
8 98,60 0,140 1,402 14,015
10 99,29 0,071 0,714 7,143
12 99,61 0,039 0,390 3,897
14 99,77 0,023 0,228 2,275
16 99,86 0,014 0,142 1,422
18 99,90 0,010 0,095 0,951
20 99,93 0,007 0,068 0,681
22 99,95 0,005 0,052 0,522
24 99,96 0,004 0,043 0,428
26 99,96 0,004 0,038 0,376
28 99,96 0,004 0,035 0,354
30 99,96 0,004 0,036 0,356
Remoção por sedimentação

Cryptosporidium e Cistos de Giardia


 Vs ~ 2.5 cm/h
 Associação de partículas pode ser importante

Vírus e Bactérias
 Somente se aderido a partículas
 Elevadas concentrações no lodo
Gerenciamento do lodo

 Patógenos estão concentrados no lodo!

 Acumulação do lodo pode diminuir a


eficiência do tratamento
 Diminuição do TDH
 Modificação da hidráulica
Gerenciamento do lodo
Gerenciamento do lodo

 Tempo de sobrevivência no lodo


 Ascaris – anos
 Vírus – meses a anos

 Bactéria – semanas a meses

 A maior parte do lodo retirado de lagoas


requer tratamento posterior
Critérios de Projeto: Lagoas de maturação
Critérios de Projeto

N  N 0 e  kt
FLUXO EM PISTÃO

N0
N
1  kt
MISTURA COMPLETA

4ae (1 / 2 d )
N  N0
(1  a) 2 e ( a / 2 d )  (1  a) 2 e (  a / 2 d )
FLUXO DISPERSO a  1 4ktd
Considerações hidráulicas

 Evite curtos circuitos

 Procure o fluxo em pistão

 Utilize chicanas verticais ou horizontais


Número de compartimentos
Número de compartimentos
Número de compartimentos
Critérios de projeto

 Configurações
 Fluxo em pistão  uso de chicanas
 Série de lagoas  > 3 lagoas

 Profundidade: 0,8 – 1,2 m

 Obs: TDH mínimo de 3 dias de forma a


evitar curto-circuitos e varrimento de algas
Critérios de projeto

Lagoa TDH Profundid Relação Kb,20 Kb,20


(dias) ade (m) L/B Fluxo Mistura
disperso completa(d-1)
(d-1)

Facultativa 15 a 45 1,5 a 2,0 2a4 0,2 a 0,3 0,4 a 5,0

Maturação 3 a 5 dias 0,8 a 1,2 1a3 0,4 a 0,7 0,6 a 1,2


(em série) (em cada
lagoa)
Maturação 10 a 20 0,8 a 1,2 6 a 12 0,4 a 0,7 Não
(com recomendado
chicanas)
Critérios de projeto: remoção de CTer

0,877 0,329
KbFD  0,917 H TDH

KbMC
KbFD

 1  0,054  ( KbFDTDH )1,8166 0,8426
d 
(T  20)
K´ K 1,07
Critérios de projeto: remoção de DBO

(T  20)
K´ K 1,05

S0
S 
1  kt
DBOpart  0,35 * SS
Dimensionamento Lagoas de Maturação em Série
Lagoas de Alta Taxa
Introdução
Lagoas de Alta Taxa

• Concebidas para maximizar a produção de algas em


um ambiente aeróbio;
• Baixa profundidade (< 1 m);
• Elevada atividade fotossintética;
• Elevado pH;
• Mortandade de patógenos e remoção de nutrientes.
• TDH (2 a 8 dias)
Lagoas de Alta Taxa

Microalgas

 Euglena
 Chlorella
 Scenedesmus
 Chloromonas
 Pediastrum
 Microactinium
Lagoas de Alta Taxa: Produtividade algal

Parâmetros que afetam a produtividade algal:

 Luz e temperatura
 pH
 Disponibilidade de CO2
 Oxigênio dissolvido
 Nutrientes
 Patogênicos e zooplancton
Lagoas de Alta Taxa: Remoção de nutrientes

• Remoção de amônia: volatilização da amônia


livre.

• Remoção de fósforo: precipitação de fósforo na


forma de hidroxiapatita ou estruvita.

• Absorção dos nutrientes nas células.


Lagoas de Alta Taxa: Remoção de patógenos

• Efeito da radiação UV;

• Elevado pH;

• Elevada concentração de oxigênio dissolvido;

• Predação;

• Remoção de vírus, ovos de nematóides e


Cryptosporidium.
Projeto e construção de Lagoas
de Estabilização
Lagoas Anaeróbias: Aspectos construtivos

 Seleção da área

 Serviços de topografia

 Serviços de geotecnia

 Acessórios das lagoas


Lagoas Anaeróbias: Aspectos construtivos

 Locação da lagoa
 Disponibilidade de área

 Proximidade do SES e corpo receptor

 Distância de edificações: 500m

 Obedecer as cotas de inundação

 Nível do NA e qualidade do solo

 Ventos: mistura e homogeneização

 Aquisição e custos
Fundo das lagoas

 k > 10-6 m/s: o solo é muito permeável e o fundo deve


ser protegido
 k > 10-7 m/s: alguma infiltração pode ocorrer, mas
não o suficiente para impedir o enchimento da lagoa
 k < 10-8 m/s: o fundo da lagoa se impermeabilizará
naturalmente
 k < 10-9 m/s: não há risco de contaminação
 k > 10-9 m/s: se houver utilização da água
subterrânea para abastecimento doméstico, estudos
hidrogeológicos devem ser efetuados
Detalhe da Entrada
Detalhe da Entrada
Detalhe da Entrada
Detalhe da Entrada
Dispositivo de entrada
Dispositivo de entrada
Detalhe da Saída
Detalhe da Saída
Detalhe da Saída
Detalhe da Saída
Dispositivo de saída
Definição dos taludes internos e externos das lagoas

 Taludes
 Internos:
 Inc. mín. = 1(vertical): 3-6 (horizontal)  areia
 Inc. máx. = 1(vertical): 3 (horizontal)  argila

 Externos:
 Inc. mín. = 1(vertical): 5-8 (horizontal)  areia
 Inc. máx. = 1(vertical): 2,5 (horizontal)  argila
Definição do coroamento e borda livre

 Coroamento: 2-4 metros

 Borda livre: superior a 0,5m


Canteiros Divisores
Drenagem de Águas
Pluviais
Proteção dos Taludes
Proteção dos Taludes
Cálculos das dimensões de fundo, NA e crista

Cota coroamento

Cota NA

Cota a meia altura (h/2)

Cota de fundo

Dimensionamento  dimensões a h/2


• comprimento do fundo: comprimento h/2 – (dec x h)
• comprimento do NA: comprimento h/2 + (dec x h)
• comprimento no coroamento: comprimento do NA + (dec x
borda livre)
• largura do fundo: largura h/2 – (dec x h)
• largura do NA: largura h/2 + (dec x h)
• largura na crista: largura do NA + (dec x borda livre)
Problemas Operacionais em
Lagoas de Estabilização
Problemas operacionais em lagoas anaeróbias

 Entre os principais problemas operacionais


em lagoas anaeróbias podem ser citados:
 Remoção de lodo e areia acumulados
 Odores desagradáveis

 Aparecimento de moscas e outros insetos

 Crescimento de vegetação
Acúmulo de lodo
Sistemas de tratamento Freqüência de remoção
Tratamento primário Variável
Lagoa facultativa > 20 anos
Lagoa anaeróbia  lagoa facultativa > 10 anos
Lagoa aerada facultativa > 10 anos
Lagoa aerada mistura completa  lagoa de sedimentação < 5 anos
Lodos ativados convencional ~ Contínua
Lodos ativados aeração prolongada ~ Contínua
Lodos ativados de fluxo intermitente ~ Contínua
Filtro biológico de baixa carga ~ Contínua
Filtro biológico de alta carga ~ Contínua
Biodiscos ~ Contínua
Reator anaeróbio de manta de lodo Meses
Fossa séptica  filtro anaeróbio Meses
Acúmulo de lodo

 0,03 a 0,10 m3/hab.ano

 2 a 8 cm por ano

 remoção quando camada de lodo atingir 1/3 da


altura ou

 remoção anual sistemática


Acúmulo de lodo / areia

 possível operação sem remoção de lodo durante


todo o horizonte de projeto

 areia: pouca quantidade, caso haja boa


desarenação; acúmulo próximo à entrada;
necessidade de desarenação
Acúmulo de lodo / areia
Acúmulo de lodo / areia
Técnicas para remoção do lodo

 Técnicas de remoção com desativação da lagoa


 Remoção manual
 Remoção mecânica do lodo (uso de tratores)
 Raspagem mecanizada e bombeamento

 Técnicas de remoção com a manutenção da lagoa em


funcionamento
 Sistema de vácuo com caminhão limpa fossa
 Tubulação de descarga hidráulica
 Dragagem
 Bombeamento a partir de balsa
Técnicas para remoção do lodo
Técnicas para remoção do lodo

 Filme

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