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os campos morfogenéticos

da eternidade
O que é um campo de força? Qual a origem desse conceito? Quais
campos de força caracterizam o campo de vida dialético? Por que o
campo de força da Escola Espiritual se diferencia fundamentalmente
de todos os outros e como ele atua?

U
m grupo ativo forma um campo de for- O QUE É UM CAMPO DE FORÇA? O conceito de
ça cujos membros perseguem interesses em campo de força provém da Física. Os cientistas
comum; mediante essa interação, o campo usam esse conceito para descrever fenômenos como
de força é reforçado. Existem, então, um grupo vi- a gravidade e o eletromagnetismo. Um exemplo é
sível e uma energia invisível que influenciam for- o “campo magnético”, que é invisível, intangível
temente o comportamento dos membros do gru- e inaudível. No entanto, podemos comprovar sua
po. A orientação do grupo, isto é, as forças para as existência, por exemplo, espalhando limalhas de
quais seu coração se volta, determina a natureza e ferro em torno de um ímã. Então a energia atuante
o nível de forças que empregam. produz um efeito determinado, o campo magnéti-
Os amigos reunidos na Escola Espiritual da co dá às limalhas de ferro certa configuração.
Rosacruz Áurea têm consciência da existência de Sabe-se que o elemento genético de todas as cé-
semelhante campo; eles sabem que ele se forma nos lulas assemelha-se e que, no entanto, a forma dos
focos da Escola. Dentro desse campo de força cir- membros ou dos órgãos é diferente de uma pes-
culam vibrações de energia superior, devido ao ele- soa para a outra. As mesmas proteínas, os mesmos
vado nível de vida que essas pessoas, como amigas, compostos químicos, aparecem sob formas mui-
almejam. to variadas. As substâncias químicas por si só não

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Aos olhos do vidente, isso em seus escritos. Dois exemplos independen-
tes, provenientes de tradições diferentes da filo-
o homem é semelhante sofia oriental e do mundo tolteca do México an-
a um ovo, constituído tigo, nos mostram claramente: “o homem possui
de milhares de vibrações veias chamadas ‘hitâ’, finas como um fio de cabelo,
de cor branca, azul, amarela, verde e vermelha…”
que circulam a seu redor (Upanishads). Do lado tolteca, nos anos sessentas,
o famoso Carlos Castaneda escreve em A Roda do
explicam as formas, da mesma maneira que não se Tempo1: “Quando são vistos como campos de ener-
pode determinar a forma de uma construção ana- gia, os seres humanos aparecem como fibras de luz,
lisando as pedras, a madeira ou o cimento que ser- como teias brancas de aranha, fios muito finos que
viram para edificá-la. O princípio é, portanto, que circulam da cabeça aos pés. Assim, aos olhos do vi-
os materiais de construção absolutamente não ex- dente, um homem parece um ovo de fibras circu-
plicam a forma. lantes. E seus braços e pernas são como espinhos
Também na Biologia o conceito de “campo” é um luminosos que explodem em todas as direções. O
fato corrente. Foi nos anos 20 do século passado vidente vê que todos os homens estão em contato
que os biólogos desenvolveram o conceito de cam- com tudo o mais, não por suas mãos, mas por meio
po morfogenético. Em resumo, esses campos res- de um punhado de fibras compridas que saem do
ponsáveis pela forma agiriam sobre um organismo centro de seu abdome. Essas fibras ligam o homem
– e mesmo sobre entidades vivas. Essa idéia pare- a seu ambiente; mantêm seu equilíbrio; dão-lhe
cia análoga à de um campo magnético. Supõe-se estabilidade”.
que os organismos dispõem de campos invisíveis Hoje, a ciência simplesmente ignora esses fenôme-
que dirigem seu crescimento e determinam sua nos, que não podem ser comprovados nem repro-
forma baseados em matrizes invisíveis. Sobre essa duzidos, porém suscitam discussões. É necessário
base, Rupert Sheldrake formulou a teoria segun- dizer que as algumas pessoas capazes de perceber
do a qual cada ser vivo está cercado por campos de e falar sobre esses fenômenos freqüentemente não
força invisíveis, de onde extraem suas energias vi- são unânimes, e, na maioria dos casos, falta obje-
tais. Mas ele pensa também que existem influên- tividade a suas observações. Muitos observadores,
cias recíprocas e que nos ligamos a campos de força por exemplo, supõem que as forças sutis que perce-
coletivos que agem sobre nós. No presente, Erwin bem são de origem divina. Os “curandeiros” sus-
László, Peter Russell e outros pensadores impul- tentam quase sempre que as forças e as energias que
sionam adiante essa idéia com as teorias relativas utilizam em seu método de cura também são di-
ao “campo” que constitui e cerca a humanidade: vinas. Eles sentem-se profundamente ofendidos
esse campo memorizaria as repercussões magnéti- se alguém questiona sua convicção e ficam na de-
cas de todas as manifestações da humanidade e de- fensiva, quando alguém tenta demonstrar que pos-
terminá-las-ia de acordo com os passos que ela de- suem apenas uma receptividade aos campos de for-
veria dar. ças naturais.

AS ENERGIAS INVISÍVEIS QUE CERCAM O SER SUPRAPESSOAL Podemos agora afirmar que um
HUMANO Essas idéias não são novas. No esoteris- campo de força exerce uma ação formadora so-
mo, sempre se falou dessas coisas, e clarividentes bre as coisas e os seres que entram em contato com
como Manuela Oetinger falam longamente sobre ele. Uma vez que cada pessoa, cada criatura viva,

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Os “campos morfogenéticos” da eternidade
vivificam apenas o que pertence à eternidade, Os campos de força naturais agem até nas esferas
ou seja, o fogo do Espírito situado no centro mais elevadas do Além, onde podem ser encontra-
de nosso microcosmo. Primeiro, eles acalmam
os turbilhões eletromagnéticos do campo de
das sublimes representações do divino. No entanto,
respiração, do qual então emana uma energia uma vez que tudo tem seu reflexo no Além, pode-
harmônica e benéfica. Em seguida, eles resta- se imaginar que lá são vivificadas e mantidas, ao
belecem o homem de Luz original do princípio mesmo tempo, as correspondentes representações
opostas: um mundo infernal sombrio sob a condu-
ção de um ser diabólico.
possui seu próprio “pequeno mundo”, não é difí-
cil compreender que campos de força semelhan- O CAMPO DE FORÇA DE UMA ESCOLA ESPIRITUAL
tes se agrupam. Quando membros de um grupo Os grandes campos de força coletivos naturais
adotam uma idéia, um programa político ou uma do nascer, florescer e fenecer são, no ensinamen-
crença religiosa, forma-se, conforme mencionado to universal, o campo dos doze éons da nature-
anteriormente, um campo muito potente. Existem za. Trata-se dos doze campos de radiação zodiacais
inúmeros exemplos no mundo. E sabemos com que, cada um à sua maneira, exercem sua influên-
que obstinação e fanatismo muitas dessas pessoas cia sobre o comportamento dos seres humanos. A
defendem seus pontos de vista ou os impõem com filosofia gnóstica fala também de um “décimo ter-
violência... Esses campos de força coletivos surgem ceiro éon”, cujo campo de força encontra-se fora
da união dos campos pessoais e tornam-se campos desta natureza. É nele que se concentram as forças
de força organizados que transpõem a personalida- eternas: a luz de Cristo que cerca os buscadores da
de que os compõe. Esse fenômeno fortifica não so- eternidade.
mente a energia dos participantes, mas também sua A Escola Espiritual moderna baseia-se no pon-
dependência, o que, naturalmente, tem seu preço. to de vista de que existem duas ordens de natureza

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separadas, ordenadas de maneiras diferentes. De quanto mais sólida for a construção dessa arca, mais
um lado, a ordem de natureza estática, imutável, ela cumprirá seu objetivo, mais a natureza da vida
a ordem divina, chamada também “o outro rei- comum elevar-se-á em direção à terceira natureza
no” e, de outro lado, a ordem de natureza onde e mais rápido o caminho será realizado.
tudo “nasce, desabrocha e desintegra-se”. Esses
dois campos são totalmente incompatíveis e não COLABORAÇÃO ATIVA A terceira natureza abre-
podem ser unificados. O ser humano não conse- se a todos os que se orientam para a Gnose: “Amar
gue vivenciar a vida divina, as elevadas energias do a Deus sobre todas as coisas”. Quando a tercei-
campo de origem. Para cruzar esse abismo inven- ra natureza se manifesta de fato, nela não há ape-
cível, esse Estige, é necessário lançar uma “ponte”. nas o amor de Deus, mas também o amor de to-
Para tanto, podemos considerar que uma escola es- das as criaturas. Então, a orientação para a Gnose e
piritual constitui um terceiro campo de força, que para o amor de Deus segue-se logicamente: “Amar
liga temporariamente nossa natureza à eternidade. ao próximo como a si mesmo”. Então, ajudar e ser-
Tanto quanto possível, esse campo de força coloca- vir são conseqüências naturais. Além de participar
se no nível da freqüência vibratória desta natureza. do corpo-vivo da Escola Espiritual, o grupo tam-
O buscador dotado de um átomo-centelha-do-es- bém vigia sua pureza e sua vitalidade, o que im-
pírito desperto é capaz de receber impressões desse plica numa cooperação ativa e consciente de seus
campo. Conseqüentemente, a tarefa dos membros membros.
da Escola Espiritual é construir e manter esse ter- Os “campos morfogenéticos” da eternidade, que
ceiro campo de força nesta natureza; de fato, os es- designamos freqüentemente como “Fraternidade”,
forços que eles fazem, em sua fervorosa aspiração, não objetivam animar esta natureza. Como per-
mantêm um intercâmbio com as forças da eterni- tencem a uma natureza completamente diferente,
dade. Um ser humano que liga essas duas naturezas eles podem ativar apenas o que pertence a essa ou-
tão distintas entre si forma uma terceira natureza; tra natureza, ou seja, o átomo-centelha-do-espí-
ou melhor, torna-se uma pedra de construção da rito, que ocupa o centro de nosso microcosmo. E
terceira natureza. O caminho não se realiza de re- assim a consciência desperta no mundo alma-espí-
pente, cada um tem de colaborar com ele. Há, evi- rito, o reino do silêncio.
dentemente, uma elevação de freqüência vibratória Cada “rendição” vivifica a nova consciência. E
individual e específica, na qual não se pode levar cada ser humano que cruza a ponte transforma-
ninguém. Mas é possível e desejável colaborar em se no Outro: ao lado da antiga personalidade que,
grupo, porque a terceira natureza coletiva tem o em auto-rendição, se colocou a serviço do campo
poder de tocar outras pessoas e estimulá-las a par- original, surge, mediante a transfiguração, o novo
ticipar do trabalho do grupo. Pode-se dizer que homem µ
esse grupo constitui uma arca, um barco celestial; e (1) Castaneda, C. A Roda do Tempo. Rio de Janeiro: Nova Era, 2000.

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