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INTRODUÇÃO
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GÊNEROS DISCURSIVOS COMO FORMADORES IDEOLÓGICOS NA PERSPECTIVA DOS ATOS DE FALA
Os gêneros textuais são diferentes dos tipos textuais, eles abordam o meio
em que uma informação é passada. Podemos encontrá-los em músicas, poemas,
placas de trânsito, requerimentos, notícias, reportagens, etc. Os gêneros textu-
ais integram a estrutura comunicativa da sociedade, sendo uma forma de ação
social. Todo indivíduo age por meio de algum gênero textual, seja uma conversa
ao telefone, seja por uma ordem em alguma placa, ou diante de uma informação
por meio de uma notícia.
Cada gênero textual tem uma forma e uma função na sociedade; uma notí-
cia tem um formato específico e a função de informar algo para a sociedade, por
exemplo. As tipologias textuais estão ligadas aos gêneros, podendo conter mais
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o discurso deve ser tomado como um conceito que não se confunde com
o discurso empírico sustentado por um sujeito, nem com o texto, um
conceito que estoura qualquer concepção comunicacional de linguagem.
(2003, p.21)
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Todo gênero possui mais que uma mera proposta informativa, pois ele é cons-
tituído de um discurso que possui interdiscursos e, esse mesmo gênero, repassa a
textos posteriores ideias que determinam mudanças sociais em vários âmbitos da
vida, pois como afirma Bazerman (2011,p.22) “cada texto se encontra encaixado
em atividades sociais estruturadas e depende de textos anteriores que influenciam
a atividade e a organização social.” Portanto, os gêneros são formadores de fatos
sociais ou atos de fala. Bazerman (2011, p.23) conceitua fatos sociais como “as
coisas que as pessoas acreditam que sejam verdadeiras e, assim, afetam o modo
como elas definem uma situação.” Mas, para que isso aconteça, faz-se necessário
que esses fatos sociais sejam encarados como verdades.
Se a informação da existência de um mosquito transmissor da dengue fosse
revelada por um indivíduo embriagado, certamente o efeito que se obteria seria
qualquer um, menos o de prevenção por parte da população. Pois, se as pessoas
não acreditassem que a picada do mosquito da dengue poderia ocasionar danos
à saúde, certamente não tomariam ações preventivas. Em contrapartida, se elas
acreditassem, logo tomariam a medidas necessárias. Isso se dá porque como afir-
ma Austin (1990) as palavras não limitam-se a afirmações, mas realizam coisas.
Contudo, Bazerman (2011) declara que para que as nossas palavras sejam
transformadas em atos, elas devem ser proferidas pela pessoa certa, na situação
certa, com a soma exata de compreensões. Dessa forma, se esse ato enunciati-
vo é realizado pelo Ministério da Saúde, de forma recorrente, por intermédio
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Texto 1
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filho – “Acho que toda mãe percebe, a contragosto e com dor, quando seu
filho é gay [...] Cheguei a rezar anos a fio por um milagre”, mas, a seguir,
se reposiciona e enuncia do lugar de mãe – “Passado o choque, entendi que
meus sonhos em relação a ele precisariam ser completamente reconstruí-
do [...] Sinto que o fato de uma mãe tomar essa iniciativa ajuda a espantar
o preconceito”. Assim, o texto se aproxima do leitor levando-o a uma atitude
responsiva ativa. Ao ler o relato, o leitor é induzido a identificar-se com a figura
materna, os termos “mãe” e “filho” permeiam todo o relato. Desta feita, a ques-
tão da homossexualidade perde o espaço para a relação mãe-filho e, nesse jogo
emotivo, o discurso da mãe emerge e se sobrepõe.
A incitação à memória discursiva do leitor também perpassa por toda a
reportagem, pois citar os jovens como exemplos no que se refere à ausência de
preconceito, reforça a ideia de que é necessário se modernizar, visto que a imagem
do jovem é uma metáfora do futuro e diferir disso é estar no passado, ou seja, é
ser antiquado, preconceituoso, intolerante e ignorante.
A repetição como ênfase (a homossexualidade não é uma escolha), o forte
apelo emotivo e a incitação à memória discursiva, como mencionado, são fortes
mecanismos utilizados nos dois gêneros a fim de persuadir, de induzir o sujeito
a agir de acordo com as ideologias ali apresentadas, pois a recorrência desses dis-
cursos repletos de interdiscursos e, consequentemente de ideologias a respeito de
um determinado tema, tenderá a causar uma mudança na postura desse cidadão
em relação à homossexualidade, pois como defendido neste trabalho, o sujeito
enuncia inscrito num espaço discursivo demarcado pela formação ideológica que
o rege. Como Brandão afirma:
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Portanto, a sua circulação diversa tem uma grande importância social, pois
é por meio deles que agimos na sociedade e instigamos o outro a agir.
É digno de nota salientar que a reportagem e a capa da revista “Ser jovem e
gay, uma vida sem dramas”, da revista Veja, não estão inseridas dentro do veículo
como textos de cunho opinativo. Todavia, ao escrever sobre a homossexualidade
de forma sutil, não agressiva, o autor consegue um efeito mais contundente do
que se falasse diretamente a respeito do preconceito sexual. Embora se apresente
primariamente como um ato locucionário, uma análise mais aprofundada poderá
revelar as intenções, ou seja, os atos ilocucionários existentes nos dois gêneros,
com o objetivo de causar no leitor atos perlocucionários,ou seja, o não preconcei-
to em relação a homossexualidade. Pois como Foucault apud Mainguenau (2008
p.16) afirma, discurso é:
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Texto 2
“Não esqueça ste abadá. Preserve sua saúde para os próximos carnavais”.
No canto esquerdo superior tem-se o seguinte enunciado:
“Sou do bloco da vida”.
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ção no texto não fica evidente e é logo disfarçada por fragmentos do mesmo tipo
supracitado e por dados estatísticos. Pode-se notar a ludibrio do preconceito em
mais um fragmento abaixo:
Tal como já foi ressaltado, os gêneros textuais são os textos que encontra-
mos no nosso cotidiano e que singularizam padrões sociocomunicativos especí-
ficos definidos por composições funcionais e objetivos enunciativos. Os gêneros
se expressam em situações diversas, como a notícia e a reportagem que foram
estabelecidas como objetos de análises no presente texto. É muito comum reco-
nhecermos rapidamente quando um texto pertence a um ou outro tipo familiar,
porque distinguimos algumas características textuais que nos anunciam que tipo
de mensagem pode ser aquela.
Tratando-se de uma notícia, reconhecemos o seu propósito de nos informar
sobre uma determinada ocorrência. Trata-se de um texto bastante corriqueiro nos
meios de comunicação, seja impressa em jornais ou revistas, propagada pelo mun-
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(b) [...] “é preciso ter responsabilidade e não dirigir alcoolizado. [...] Antes
de pegar o volante, faça uma reflexão. A vida é o bem maior que Deus nos
deu. Tem que parar e pensar porque não é só a própria vida que está em
risco, mas a vida de outras pessoas também”. [...]
(Bulegon, Melissa. Embriaguez ao volante já causou 799 acidentes
em rodovias federais de Santa Catarina. Santa Catarina, 2011. Dispo-
nível em: < http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/noticia/2010/11/
embriagemb-ao-volante-ja-causou-799-acidentes-em-rodovias-federais-
de-santa-catarina-3106936.html. Acesso em: 02 junho 2013.)
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(C) [...] “Até 31 de outubro, somente em rodovias federais, foram 799 aci-
dentes relacionados ao consumo de álcool, com 33 mortos e 148 vítimas
graves. A rodovia campeã em quantidade deste tipo de ocorrência é a
BR-101, a mais movimentada de SC, com 334 registros.”.
(Bulegon, Melissa. Embriaguez ao volante já causou 799 acidentes
em rodovias federais de Santa Catarina. Santa Catarina, 2011. Dispo-
nível em: < http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/noticia/2010/11/
embriagemb-ao-volante-ja-causou-799-acidentes-em-rodovias-federais-
de-santa-catarina-3106936.html. Acesso em: 02 junho 2013.)
É na relação entre o discurso que está sendo expedido e o sujeito que pode-
mos apreender o jogo entre a liberdade do alocutário (sujeito que se identifica
com o discurso) e a responsabilidade do autor (sujeito que perpassa o discurso).
O texto discorrido em forma de reportagem apresenta números que podem ou
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não serem tomados como reais, e, se tomados como verdadeiros, as pessoas agirão
de acordo com a veracidade dos dados expostos, validando assim as definições de
gênero textual como representação dos atos de fala por intermédio dos exemplos
acima expostos.
Vários gêneros textuais têm sido veículo de influência nas decisões políticas.
O ato ilocucionário presente revela a intenção de quem a produz, o que, muitas
vezes, tem produzido efeitos desejados nessa área. Vejamos neste fragmento de
um depoimento dado pelo então presidente Lula num depoimento:
Fragmento 1
“Boa luta companheiros! E vamos eleger Dilma a primeira mulher presi-
dente do país”.
(http://www.youtube.com/watch?v=VBvFqOoqKWg, acessado em
15/08/2010)
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Fragmento 2
“Não é por acaso que depois desse grande homem o nosso Brasil possa
ser governado por uma mulher. Uma mulher que vai continuar o Brasil
de Lula, mas que fará um Brasil de Lula com alma e coração de mulher”.
(Texto extraído de: http://www1.folha.uol.com.br/poder/750272-dilma-
diz-que-vai-governar-com-alma-e-coracao-de-mulher.shtml, acessado
em: 13/06/2013)
Fragmento 3
“Segundo o Serviço Nacional de Informações (SNI), a militante Dilma
Vana Rousseff (ou Estela, ou Wanda, ou Luiza, ou Marina, ou Maria Lú-
cia)... se casou duas vezes, militou em duas organizações clandestinas que
defendiam e praticavam a luta armada, mudou de casa frequentemente
para fugir da perseguição da polícia e do Exército, esteve em São Paulo,
Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, adotou cinco nomes
falsos, usou documentos falsos, manteve encontros secretos dignos de
filmes de espionagem, transportou armas e dinheiro obtido em assal-
tos, aprendeu a atirar, deu aulas de marxismo, participou de discussões
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Fragmento 4
“A vitória de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais, com o apoio do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, é dada quase como certa, mas as acu-
sações de corrupção contra a aliada próxima podem reduzir sua liderança
ou mesmo “ofuscar o início de sua presidência em um momento crucial
para o Brasil”.
(http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/bbc/2010/09/17/escandalo-
tira-o-brilho-da-candidatura-de-dilma-diz-jornal.htm , em 17/09/2010)
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Fragmento 5
“Empenhados na eleição da postulante ao maior cargo político do país,
as entidades consideram o ato, como prova da reafirmação dos com-
promissos firmado por Dilma durante o Encontro Nacional de Negros
e Negras, realizado em Brasília, em junho de 2009.”
(Texto extraído de: dilmanarede.com.br/minas-vota-dilma, em
26/10/2010)
Com todas as abordagens que já foram feitas sobre o que comporta os gêneros
textuais, é notório salientar o vínculo entre os gêneros, os enunciados e os atos
de fala. Uma vez que o estudo dos gêneros diz respeito à língua em seu cotidiano
nas mais distintas formas e é considerado como o modo em que o ser humano dá
forma às atividades sociais, seria impossível estabelecer uma comunicação social
sem efetivar os gêneros por meio dos enunciados. O enunciado é a unidade real
do discurso em que há uma interação entre os sujeitos falantes.
É por meio da linguagem que o homem se constrói como sujeito, dado que
somente ao produzir um ato de fala, ele constitui-se como eu. O eu subsiste-se
no tu. Essa relação é indispensável para que a linguagem se torne discurso. Todo
discurso é endereçado a um interlocutor. O locutor (eu) não constrói o seu discurso
à parte da imagem que convoca o seu alocutário (tu). Ao ouvir e compreender o
enunciado, o alocutário toma para si atitudes responsivas, ou seja, ele atua sobre
os outros estabelecendo relações contratuais, causando efeitos sobre os senti-
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Uma vez que a sociedade delimita a situação contemplada nos gêneros como
genuína, por conseguinte suas consequências também serão reais. Os fatos sociais
afetam os enunciados, que por sua vez é constituído por atos de fala. Visto que o
ato ilocucionário está relacionado com a produção de efeitos em certos sentidos,
Austin (1990, p. 30) versa sobre as condições de felicidade e infelicidade dos atos
performativos. Para que haja um performativo feliz, é indispensável a existência de
um procedimento convencional, a certeza de um efeito convencional.
As palavras específicas proferidas pelas pessoas assinaladas nas circunstâncias
adequadas, e todo o rito deve ser executado por todos os participantes de forma
correta e completa. A forma como as pessoas recebem os atos e determinam as
consequências desse ato corresponde ao ato perlocutório. No excerto de uma re-
portagem (A) que se segue o autor apresenta dados levantados por uma entidade
pública de modo a verificar os efeitos causados em relação ao trânsito após um pe-
ríodo de circulação de gêneros que expunham a gravidade dos acidentes ocorridos.
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(B) “Os gastos com esse tipo de internação também diminuíram consi-
deravelmente desde a implantação da Lei Seca. Nos primeiros seis meses
do ano passado, foram R$ 65 milhões. Entre junho e dezembro, R$ 2
milhões, uma redução de 35,5%.”
(CARDOSO, William. Internações por acidente de trânsito recuam
28,3%. São Paulo, 2009. Disponível em: <http://www.dgabc.com.br/
Noticia/338696/internacoes-por-acidente-de-transito-recuam-28-3->
Acesso em: 09 junho 2013
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Nesta reportagem ao Diário Do Grande ABC, o autor realça para além da redu-
ção do número de mortes, antes manifestada. O autor se direciona para as despesas
dos hospitais ao admitir pacientes que possam ter sofrido um acidente de trânsito.
Com a mudança da sociedade que parece ter admitido que misturar trânsito e be-
bida alcoólica é arriscado, os gastos contabilizados no período anterior à exposição
feita pelos gêneros jornalísticos foram igualmente subtraídos. Logo, é indubitável
o poder do funcionamento do gênero textual – notícia e reportagem – ao perpassar
atos ilocucionários aos leitores, como destacar os acidentes de trânsito como causas
inadmissíveis, e admitindo como resultado a minoração das mortes nos acidentes
que ocorrem no trânsito tanto quanto a baixa de custos dos hospitais.
O fragmento citado mostra que houve mais 17 000 ações de “curtir” o que
revela uma aprovação por parte da população em relação ao tema. Como tam-
bém mostra o outro fragmento retirado de uma reportagem da revista Época que
discorre acerca do mesmo assunto:
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[...] Não houve outro assunto nas redes sociais na quarta-feira, 3 de abril. O
nome da artista esteve nos tópicos mais comentados do Twitter. No Google,
em poucas horas havia meio milhão de referências sobre o tema. O casal
gostou da reação do público. “O apoio dos brasileiros mostra que somos
um povo avançado e civilizado. E mais uma vez os brasileiros mostraram
que Feliciano não nos representa”
O site Ego enfatiza essa reação contrária por usar o termo “ira” para expressar
o sentimento dos internautas. Essa mudança é reflexo dos recorrentes discursos
de naturalização, do apelo emotivo e da “modernização do pensamento” mencio-
nados no tópico anterior de referido trabalho e que atuam como transmissores de
ideologias que conduzem aos efeitos perlocucionários .Outro ponto que deve ser
levado em consideração é o ato ilocucionário por parte dos gêneros reportagem
em destacar principalmente a reação desaprovadora do público,pois se um gênero
expõe apenas um lado ele visa conduzir o leitor para o lugar de senso comum ,
assim as ideologias são facilmente transmitidas e a massa é assujeitada sem a
execução do poder reflexivo.
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Gráfico I - http://veja.abril.com.br/multimidia/infograficos/eleicoes-2010-presidente
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trinta por cento do total nacional. É inegável que tais resultados tão favoráveis
à Dilma tiveram notória influência de todas as notícias que usaram Lula a favor
da candidata. De todo o trabalho desenvolvido por Lula a favor da candidata por
meio de diversos gêneros textuais. Fica comprovada aí a reação popular à influ-
ência de um presidente tão bem quisto pela população.
Mas as acusações feitas a ela por meio de reportagens, notícias e outros,
na época da sua candidatura, fizeram com que, automaticamente, perdesse a
credibilidade e despencasse no ranking das intenções de voto, o que pode ser
comprovado no gráfico a seguir:
Gráfico 2 - http://veja.abril.com.br/multimidia/infograficos/eleicoes-2010-presidente
Depoimento de Dilma
Em suas primeiras palavras, Dilma agradeceu aos “brasileiros e bra-
sileiras” de quem “recebeu a missão mais importante da vida”, e se
comprometeu a lutar pela igualdade de oportunidades no país. Para a
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Novas infecções com o vírus Aids caem 33%, desde 2001, diz relatório
da ONU
Isso se faz notar a presença do ato perlocutório, quando o ato de dizer ex-
pressa uma ação. No corpo do texto, percebemos outros dados comprobatórios
em relação ao número de infectados:
[...]Em 2012, foram 2,3 milhões, 1,1 milhão a menos do que 11 anos antes.
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Considerações finais
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sua vez, muda ou não sua postura sobre o tema tratado. Analisar o que se passa
nas entrelinhas, qual a intenção do locutor e a escolha lexical feita por ele nos
possibilita um melhor entendimento dos fatos linguísticos. Vale ressaltar que
reconhecer que a língua, em qualquer situação discursiva, traz aspectos argumen-
tativos é de suma importância, não apenas para os estudiosos da área, mas para
qualquer cidadão, já que, saber dos efeitos de sentido que a linguagem produz
torna o falante/ouvinte apto a utilizá-la com criticidade e autonomia.
Referências
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gre: Editora: Artes Médica, 1990
BAZERMAN, Charles. Gêneros textuais, tipificação e interação. In: DIONISIO, A. Paiva e
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MARCUSCHI, L. A. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. 2ª ed. São Paulo:
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ORLANDI, E. P. Discurso e Leitura. 8º Ed. São Paulo: Contexto, 2008
______. Análise de Discurso: princípios e procedimentos. 3.ed. São Paulo: Pontes, 2001.
______. Discurso e texto: formulação e circulação dos sentidos. 4.ed. São Paulo: Campinas, 2012.
PÊCHEUX, M. Análise Automática do Discurso (1969). In: GADET F.; HAK, T. (Orgs.) Por
uma Análise Automática do Discurso: uma introdução à obra de Michel Pêcheux. Trad. de
Eni P. Orlandi. Campinas: Unicamp, 1990.
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ANEXOS
Anexo I
Especial
A geração tolerância
Longe do estereótipo
"Sempre tive atração por meninas, só que morria de vergonha de me
aproximar delas e revelar o que sentia. Precisei de alguns anos para
aceitar, eu mesma, a ideia. Foi na internet que consegui arranjar a pri-
meira namorada. Quando a coisa ficou séria e eu quis levá-la a minha
casa, contei a meus pais, que, como era esperado, sofreram. Meus ami-
gos também já sabem que sou homossexual. No começo, estranharam.
Nunca me enquadrei no estereótipo da menina gay, masculinizada,
mas não tenho dúvida quanto à minha opção. O melhor: depois de um
processo difícil, isso acabou se tornando natural para mim e para todos
à minha volta."
Harumi Nakasone, 20 anos, estudante de artes visuais em Campinas
Apresentar boletim escolar com notas ruins, bater o carro novo da casa, arrumar
inimizade com o vizinho já são situações difíceis de enfrentar diante do tribunal
familiar, com aquela atemorizante combinação de intimidade com autoridade dos
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pais. Imagine parar ali diante deles e dizer a frase: “Eu sou gay”. Não é fácil para
quem fala, menos ainda para quem ouve. As mães se assustam, mas logo o amor
materno supera o choque do novo. Os pais demoram mais a metabolizar a novida-
de. A orientação sexual ainda é e vai ser por muito tempo uma questão complexa
e tensa no seio das famílias. Isso muda muito lentamente. O que mudou muito
rapidamente, porém, foi a maneira como a homossexualidade é encarada por ado-
lescentes e jovens no Brasil. Declarar-se gay em uma turma ou no colégio de uma
grande cidade brasileira deixou de ser uma condenação ao banimento ou às gozações
eternas. A rapaziada está imprimindo um alto grau de tolerância a suas relações, a
um ponto em que nada é mais feio do que demonstrar preconceito contra pessoas
de raças, religiões ou orientações sexuais diferentes das da maioria.
Esses meninos e meninas estão desfrutando uma convivência mais leve justamente
em uma fase da vida de muitas incertezas, quando a aceitação pelos pares é decisiva
para a saúde emocional e mental. Isso é um avanço notável. Por essa razão talvez, a
idade em que um jovem acredita que definiu sua preferência sexual tem caído. Uma
pesquisa feita pelas universidades estaduais do Rio de Janeiro (Uerj) e de Campinas
(Unicamp) tem os números: aos 18 anos, 95% dos jovens já se declararam gays. A
maior parte, aos 16. Na geração exatamente anterior, a revelação pública da homos-
sexualidade ocorria em torno dos 21 anos, de acordo com a maior compilação de
estudos já feita sobre o assunto. À frente do levantamento, o psicólogo americano
Ritch Savin-Williams, autor do livro The New Gay Teenager (O Novo Adolescente
Gay), resumiu a VEJA: “O peso de sair do armário já não existe para os jovens gays
do Ocidente: tornou-se natural”.
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Lailson Santos
Os jovens que aparecem nas páginas desta reportagem, que em nenhum instante
cogitaram esconder o nome ou o rosto, são o retrato de uma geração para a qual
não faz mais sentido enfurnar-se em boates GLS (sigla para gays, lésbicas e simpa-
tizantes) - muito menos juntar-se a organizações de defesa de uma causa que, na
realidade, não veem mais como sua. Na última parada gay de São Paulo, a maior
do mundo, a esmagadora maioria dos participantes até 18 anos diz estar ali apenas
para “se divertir e paquerar” (na faixa dos 30 o objetivo número 1 é “militar”). A
questão central é que eles simplesmente deixaram de se entender como um grupo.
São, sim, gays, mas essa é apenas uma de suas inúmeras singularidades - e não
aquela que os define no mundo, como antes. Explica o sociólogo Carlos Martins:
“Os jovens nunca se viram às voltas com tantas identidades. Para eles, ficar reafir-
mando o rótulo gay não só perdeu a razão de ser como soa antiquado”. Ícone desses
meninos e meninas, a cantora americana Lady Gaga os fascina justamente por ser
“difícil de definir o que ela é”. São marcas de uma geração que, não há dúvida, é
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bem menos dada a estereótipos do que aquela que a precedeu. Diz, com a firmeza
típica de seus pares, a estudante paulista Harumi Nakasone, 20 anos: “Nunca fiz o
tipo masculino nem quis chocar ninguém com cenas de homossexualidade. Basta
que esteja em paz e feliz com a minha opção”.
Miriam Fichtne
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maior parte dos jovens brasileiros já se conduz pela tolerância em vários campos: 89%
acham que homens e mulheres têm exatamente os mesmos direitos e em torno de
80% se casariam com alguém de outra raça ou religião. “À medida que as pessoas se
educam e se informam, a tendência é que se tornem também mais intransigentes com
o preconceito e encarem as questões à luz de uma visão menos dogmática”, diz a psicó-
loga Lulli Milman, da Uerj. Foi o que já ocorreu em países de alto IDH, como Holanda,
Bélgica e Dinamarca. Lá, isso se refletiu em avanços na legislação: casamentos gays e
adoção de crianças por parte desses casais são aceitos há anos. No Brasil, onde não há
leis nacionais como essas, a apreciação fica sujeita a cada tribunal.
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Miriam Fichtner
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"Nunca me escondi"
"Cheguei a beijar garotas, mas foi só quando
troquei o primeiro beijo com um menino,
aos 14 anos, que senti uma emoção real.
Era tão claro para mim que resolvi contar
a meus amigos mais próximos da escola
que era gay. A princípio, eles estranharam.
Cheguei a ser alvo de olhares tortos e gritos
de ‘bicha’, mas logo passou. Quando contei
Miriam Fichtner
a meus pais, no ano passado, eles no fundo
já sabiam. Nunca me preocupei em levar
garotas para casa só para me passar pelo que
não era. Também não tenho necessidade
de ficar me reafirmando gay na frente dos
outros. Isso é bobo demais. Para mim, é só
mais uma de minhas características."
Hector Gutierrez, 17 anos, estudante do 3º
ano do ensino médio numa escola particular
de Minas Gerais
Um conjunto de fatores ajuda a explicar o fato de a atual geração gay ser mais livre de
amarras - alguns de ordem sociológica, outros culturais. Um ponto básico se deve à
sua aceitação por outros adolescentes. Para esses jovens, o conceito de tribo perdeu
o valor, como chamou atenção o antropólogo americano Ted Polhemus, por meio de
suas pesquisas. Ele apelidou essa geração de “supermercado de estilos” - ou só “sem
rótulos”. Nesse contexto, não há mais lugar para algo como o grupo em que apenas
ingressam os gays ou os negros, algo que as escolas brasileiras já ecoam. Antes fon-
te de tormento para alunos homossexuais, alvo de piadas, quando não de surras e
linchamentos, o colégio se tornou um desses lugares onde, de modo geral, impera a
boa convivência com os gays. Um sinal disso é que a ocorrência de casos de bullying
por esse motivo tem caído gradativamente. “É também mais comum que eles andem
de mãos dadas no recreio, sem ser importunados, ou que se tornem líderes de tur-
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Para boa parte dos jovens gays de hoje, a vida subterrânea nunca fez sentido. Diz o
produtor de moda carioca Victor Guedes, 19 anos: “Desde que ficou claro para mim
que meu interesse era pelo sexo masculino, não pensei em esconder isso dos meus
pais. Só esperei a hora certa para abrir o jogo, com todo o tato”. É gritante o contraste
com as gerações anteriores, às quais lança luz o livro Cuidado! Seu Príncipe Pode Ser
uma Cinderela (a ser lançado pela editora Best Seller), das jornalistas Consuelo Die-
guez e Ticiana Azevedo. O conjunto de depoimentos ali reunido revela o sofrimento
diário enfrentado por políticos, diplomatas e figurões do mercado financeiro que
nunca saíram do armário.
Miriam Fichtner
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recém-assumido gay para o pai, e The L Word, sobre um grupo de lésbicas atraentes
e chiques de Los Angeles. Nas novelas brasileiras, os homossexuais já não são mais
tratados de maneira tão caricatural. “É possível exibir na TV a vida comum de casais
gays sem que isso provoque a rejeição do público, como no passado. Hoje, esses per-
sonagens fazem o maior sucesso”, analisa Manoel Carlos, autor da atual novela das
8, Viver a Vida. Isso não só ajuda a levantar o diálogo sobre a homossexualidade em
casa como ainda minimiza a resistência a ela. O rol de celebridades que se assumem
gays também cumpre, em certo grau, esse papel. O último a deixar o armário foi o
cantor porto-riquenho Ricky Martin, autor do sucesso Livin’ la Vida Loca, que, aos
38 anos, declarou ser gay em tom profético: “Hoje aceito minha homossexualidade
como um presente que a vida me deu”.
A atual geração jamais espera tanto. A idade precoce com que os gays trazem à tona
sua orientação sexual chama a atenção dos especialistas. Aos 16 anos, estão ainda
na adolescência - uma fase de experimentação e dúvidas. Pondera a doutora em
psicologia Ceres Araujo: “Esperar que essa escolha seja eterna para todos é uma sim-
plificação. O que dá para afirmar é que esses jovens têm grande propensão de seguir
se relacionando com pessoas do mesmo sexo”. Para eles, a homossexualidade está
longe de ter a conotação negativa de tantos outros períodos da história. Durante as
trevas da Inquisição, arremessavam-se os gays à fogueira. Na Inglaterra do século
XIX, eles eram considerados nada menos que criminosos. Em 1895, num dos mais
famosos julgamentos de todos os tempos, o escritor irlandês Oscar Wilde, homos-
sexual assumido, foi acusado de sodomia e comportamento indecente. Penou dois
anos na prisão. Na Hollywood dos anos 50, o agente do galã Rock Hudson arranjou,
às pressas, um casamento de fachada para o ator, com uma secretária. Às voltas com
fofocas sobre sua homossexualidade, ele corria o risco de perder contratos. Só em
1985, aos 59 anos e vitimado pela aids, doença que o mataria naquele ano, Hudson se
assumiu gay. Num cenário inteiramente diferente, os novos gays não precisam mais
passar por esse tormento. Resume o estudante mineiro Hector Gutierrez, 17 anos -
típico da geração tolerância: “O dia em que eu contei a verdade a todos foi o primeiro
em que me senti realmente livre e feliz”.
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Recém-saídos do armário
Fotos Jeff Moore/LFI, Marc Larkin/LFI, John Clifton/Zuma Press e Lisa
O'Connor/Zuma Press
Anexo II
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Ainda que identificadas essas tendências, o Ministério da Saúde assinala que não
existe população mais ou menos vulnerável e que o problema é de comportamento.
“Sexo sem proteção é o fator de maior predisposição para a infecção”, assinalou o
secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa.
“A aids não escolhe pacientes, não escolhe cara”, acrescentou o ministro da Saúde,
Alexandre Padilha, que salientou que o estigma em torno da aids atrapalha o conhe-
cimento sobre a infecção e o tratamento. “Preconceito afasta as pessoas do diagnós-
tico”, ponderou o ministro.
O ministro destacou que a leitura dos dados epidemiológicos da aids deve ser feita com
cuidado. “Toda vez que falamos de casos, nós podemos falar de uma foto ou de um filme
de oito ou dez anos”, pondera para lembrar que a identificação do vírus pode demo-
rar e, portanto, os casos registrados hoje têm causas em comportamento do passado.
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De acordo com o boletim epidemiológico, os três estados da Região Sul estão en-
tre os cinco primeiros no ranking da taxa de incidência entre 1998 e 2010. O Rio
Grande do Sul é o primeiro com taxa de 27,7 casos por 100 mil habitantes; Santa
Catarina é terceiro com 23,5 casos; e o Paraná ocupa a quinta posição com 15,7 casos.
Da Agência Brasil
http://www.old.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20111128154603
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