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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
ÍNDICE
Lei de Lavagem de Capitais - Lei 9613/98 .........................................................................................................2
Conceito de Lavagem de Capitais ....................................................................................................................................2
Etapas da Lavagem de Capitais ........................................................................................................................................2
Gerações de Leis de Lavagem de Capitais .......................................................................................................................2
Bem Jurídico Tutelado.......................................................................................................................................................3
Sujeitos do Delito de Lavagem..........................................................................................................................................3
Acessoriedade do Crime de Lavagem de Capitais .........................................................................................................3
Independência do Processos ............................................................................................................................................3
Reunião dos Processos ......................................................................................................................................................3
Influência do Processo da Infração Penal Antecedente ...............................................................................................4
Tipos Objetivos ..................................................................................................................................................................4
Tipo Subjetivo ....................................................................................................................................................................5

Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
fins comerciais ou não, em qualquer meio de comunicação, inclusive na Internet, sem autorização do AlfaCon Concursos Públicos.
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Lei de Lavagem de Capitais - Lei 9613/98


O delito de lavagem de capitais, mais conhecido como “lavagem de dinheiro”, origina-se na
doutrina norte-americana com a preocupação de punir a ocultação de dinheiro feita pelos gangsters
de Chicago. Estes, quando da Lei Seca, utilizavam-se de lavanderias para esconder a origem ilícita
do dinheiro. Advém daí o termo “lavagem” de dinheiro, uma vez que deriva do inglês “Money laun-
dering”. Nos países europeus, ficou mais conhecida a expressão “branqueamento de capitais”.

Conceito de Lavagem de Capitais


O conceito de lavagem de capitais é trazido pela própria Lei 9613/98. Porém, é interessante
observar que esse conceito foi recentemente alterado pela Lei 12.683/12. Por isso, torna-se importan-
te o estudo do conceito atualizado com as diferenças trazidas pela atualização legislativa.
Art. 1° da Lei de lavagem de capitais:
Art. 1o - Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprieda-
de de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada
pela Lei nº 12.683, de 2012)
Percebe-se, então, que a maior diferença trazida pela nova Lei é que, agora, a ocultação ou a
dissimulação de bens, direitos ou valores não necessariamente deverão ser produto de um crime
antecedente previsto na Lei e, sim, devem ter como precedente qualquer infração penal (inclusive as
contravenções penais, principalmente o “jogo do bicho”). Portanto, o que se precisa provar, num
processo de lavagem de capitais, presentemente, é tão somente a natureza ilícita (dinheiro sujo) dos
bens, direitos ou valores, não sendo necessário mostrar que ele proveio de determinado crime para
sua existência.

Etapas da Lavagem de Capitais


As etapas da lavagem de capitais são as fases pelas quais passa o “dinheiro” para que volte ao
mercado financeiro com forma lícita:
˃ 1° etapa: PLACEMENT (COLOCAÇÃO)
Nesta etapa, o dinheiro é introduzido no sistema financeiro. Existem variadas técnicas para in-
trodução do dinheiro no sistema financeiro, uma delas é o chamado SMURFING ou PITUFEO ,que
consiste no fracionamento de elevadas quantias em valores pequenos para que passem despercebi-
dos pelos órgãos de prevenção à lavagem de capitais.
˃ 2° etapa: LAYERING (DISSIMULAÇÃO OU OCULTAÇÃO)
Nesta etapa, ocorre uma série de movimentações ou transações, de modo a encobrir a origem
ilícita do dinheiro.
˃ 3° Etapa: INTEGRATION (INTEGRAÇÃO)
Nesta etapa, o dinheiro já parecerá como se fosse lícito e, dessa forma, será incorporado ao
sistema econômico normalmente com investimentos no mercado mobiliário ou imobiliário (compra
de imóveis, restaurantes, veículos, apartamentos).
Importante: Na ação penal 470, o STF entendeu que não é necessária a comprovação das três
etapas para configuração do delito, tão somente a ocultação já o configuraria.

Gerações de Leis de Lavagem de Capitais


Lei de 1ª Geração: Nessa Lei, o crime de lavagem de capitais somente tinha como crime antece-
dente o tráfico de drogas.
Lei de 2ª Geração: Na segunda geração, o rol de crimes antecedentes é aumentado. No entanto,
Lei do Direito Autoral nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998: Proíbe a reprodução total ou parcial desse material ou divulgação com
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ainda se encontra em um rol taxativo previsto pela legislação pertinente ao assunto (Ex.: A Lei
9.613/95 antes da alteração trazida pela Lei 12.683/12).
Lei de 3ª Geração: Na terceira geração, o rol de crimes antecedentes fica bem mais amplo, de
modo que não é necessária a comprovação que os bens, direitos ou valores provenham de deter-
minado delito. A Lei 9.613/98, após as alterações trazidas pela Lei 12.683/12, colocou o Brasil na 3°
geração, de forma que não é necessário um CRIME antecedente e, sim, que os bens, direitos e valores
sejam o produto direto ou indireto de INFRAÇÃO PENAL (seja qualquer crime ou qualquer con-
travenção penal, desde que possa resultar em bens, direitos ou valores).

Bem Jurídico Tutelado


Prevalece na doutrina que o bem jurídico tutelado pela Lei de lavagem de capitais é a ordem eco-
nômico-financeira. Levando-se em consideração a boa parte da doutrina, é possível inferir que cabe
o princípio da insignificância nos crimes previstos pela Lei de lavagem de capitais.

Sujeitos do Delito de Lavagem


O sujeito ativo do delito é qualquer pessoa, portanto, configura-se crime comum. Vale ressaltar
que se a pessoa cometeu a infração penal antecedente, ela poderá responder também pelo crime
de lavagem, caso pratique uma nova conduta que configure o crime. No entanto, o fato de autor da
infração antecedente apenas se encontrar com o dinheiro, por exemplo, guardado em casa ou em sua
posse, não configura o delito de lavagem de capitais.
Caso um terceiro participe tão somente da lavagem, ele responderá somente pelo crime de
lavagem de capitais, não sendo necessário que ele tenha participado da infração penal antecedente.
Como o bem jurídico tutelado é a ordem econômico-financeira, o sujeito passivo é o Estado.

Acessoriedade do Crime de Lavagem de Capitais


Para a configuração do crime de lavagem de capitais é necessário que os bens, direitos ou valores
tenham origem ilícita, isto é, derivem direta ou indiretamente de infração penal. Portanto, pode-se
dizer que o crime de lavagem de capitais depende de uma infração penal antecedente, funcionando
esta como elementar do crime de lavagem de dinheiro (expressão comum no vocabulário pátrio).

Independência do Processos
Os processos criminais pela infração penal antecedente e o crime de lavagem de capitais são in-
dependentes e autônomos, de forma que poderá o agente ser punido por lavagem, mesmo que seja
desconhecido ou isento de pena o autor da infração antecedente.
Art. 2° - O processo e julgamento dos crimes previstos nesta Lei:
II. independem do processo e julgamento das infrações penais antecedentes, ainda que praticados
em outro país, cabendo ao juiz competente para os crimes previstos nesta Lei a decisão sobre a unidade
de processo e julgamento. (Grifo Nosso)
§1o - A denúncia será instruída com indícios suficientes da existência da infração penal antecedente,
sendo puníveis os fatos previstos nesta Lei, ainda que desconhecido ou isento de pena o autor, ou
extinta a punibilidade da infração penal antecedente. (Grifo Nosso)

Reunião dos Processos


É importante lembrar que reunião dos processos não é o mesmo que conexão ou continência,
sendo aquela como um efeito destas, sempre que possível.
O delito de lavagem de capitais segue essa regra, pois é notável que normalmente ocorra a conexão,
principalmente a probatória. Mas nem sempre será possível a reunião dos processos, mesmo que seja
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o ideal, pois as infrações penais antecedentes podem até ter ocorrido no exterior.

Influência do Processo da Infração Penal Antecedente


Embora os processos da infração antecedente e o processo pelo delito de lavagem de capitais
sejam autônomos e independentes, vale ressaltar que a lavagem de capitais depende de uma infração
antecedente para que o crime de lavagem possa existir. Uma questão bastante interessante é quando
ocorrem sentenças diversas nos processos independentes, ou melhor, quando o agente é absolvido
no processo pela infração antecedente e condenado pelo crime de lavagem de capitais. Resta-nos
entender até que ponto a decisão absolutória de um processo influenciará na decisão do outro.

Tipos Objetivos
→ Tipo 1:
Art. 1o - Ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, disposição, movimentação ou proprie-
dade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal. (Redação dada
pela Lei nº 12.683, de 2012) (Grifo Nosso)
O Art. 1° caput traz o primeiro tipo objetivo do crime de lavagem de capitais consistente na ocul-
tação e dissimulação de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração
penal.
Como exemplo, pode-se citar uma organização criminosa que incorpora dinheiro proveniente
do “jogo do bicho” (agora pode ser de qualquer infração penal) em uma lavanderia de carros. Isso
porque, como é difícil comprovar a quantidade de carros que são lavados, os praticantes da contra-
venção aumentam exorbitantemente os lucros, injetando o dinheiro do jogo do bicho na lavanderia.
É importante observar que os verbos ocultar e dissimular são verbos permanentes e, por isso,
uma nova legislação in pejus (Prejudicial) poderia abarcar as situações, que ainda se encontrem na
permanência.
Um exemplo interessante e bastante atual para melhorar a compreensão do exposto refere-se
aos casos dos praticantes da contravenção penal de “jogo do bicho”, pois antes da nova legislação
não poderiam eles responder por lavagem de capitais (a Lei 9.613/98 só possuía como infrações an-
tecedentes os crimes em um rol taxativo). No entanto, se ainda ocultem os bens, direitos ou valores
provenientes da contravenção penal, mesmo que essa contravenção tenha sido praticada na vigência
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da lei menos gravosa, poderão eles ser enquadrados no crime de lavagem de capitais, já que se trata
de um crime permanente.
Súmula 711, STF - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou permanente, se a sua
vigência é anterior à cessação da continuidade ou permanência.
→ Tipo 2:
§1o - Incorre na mesma pena quem, para ocultar ou dissimular a utilização de bens, direitos ou valores
provenientes de infração penal: (Grifo Nosso)
II. os converte em ativos lícitos;
III. os adquire, recebe, troca, negocia, dá ou recebe em garantia, guarda, tem em depósito, movimenta
ou transfere;
IV. importa ou exporta bens com valores não correspondentes aos verdadeiros.
Nesses casos, os verbos são diferentes e a ocultação e a dissimulação passam a ser a finalidade
dos delitos
→ Tipo 3:
§2o - Incorre, ainda, na mesma pena quem:
II. utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal;
III. participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou
secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei.
O parágrafo segundo trata diretamente daquele que não participou da infração penal anteceden-
te. O inciso I trata das hipóteses daqueles que se beneficiam do produto do ilícito e tiram proveito
do ganho obtido pelo criminoso, razão pela qual se tornam igualmente delinquentes (Guilherme de
Souza Nucci, em seu livro de Leis Penais e Processuais Penais Comentadas. Volume 2.).

Tipo Subjetivo
O tipo subjetivo dos delitos de lavagem de capitais é somente o dolo, pois não há previsão de
forma culposa.
É importante notar que ainda há uma grande discussão sobre a aceitação do dolo eventual
(assume o risco do resultado) quando da prática do crime de lavagem de capitais, principalmente
quando se trata de agente que não participou do crime antecedente.
Ao atentarmos para a redação dos tipos objetivos do artigo primeiro e do parágrafo primeiro,
não fica dúvida de que admitem o dolo direto e o dolo eventual. A questão começa a ficar mais inte-
ressante quando se trata do parágrafo segundo.
No parágrafo segundo, o inciso I apresentava uma redação que somente aceitava o dolo direto,
pois citava a seguinte descrição: “que sabe serem os valores provenientes de qualquer dos crimes ante-
cedentes”. (Grifo Nosso)
Destaca-se que, pela redação atual do art. 1° §2º, aceita-se tanto o dolo direto como o dolo
eventual.
Art. 1° §2o - Incorre, ainda, na mesma pena quem:
I. Utiliza, na atividade econômica ou financeira, bens, direitos ou valores provenientes de infração
penal;
O inciso II só prevê o dolo direto em sua redação, pois é necessário que aquele que participa de
grupo, associação ou escritório tenha conhecimento (dolo direto) da atividade ilícita.
Art. 1° §2° - Incorre, ainda, na mesma pena quem:

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II. Participa de grupo, associação ou escritório tendo conhecimento de que sua atividade principal ou
secundária é dirigida à prática de crimes previstos nesta Lei. (Grifo Nosso)
EXERCÍCIOS
01. Sobre o crime de lavagem de dinheiro, é correto afirmar que a Lei no 9.613/1998:
a) definiu que a troca de bens de igual valor não gera a prática do crime, pois os crimes têm
como elemento essencial a obtenção de lucro.
b) deu causa, face à revogação do rol de crimes antecedentes, ao fenômeno da abolitio criminis,
quanto às condutas ali previstas.
c) proibiu o recebimento pelo profissional liberal de valores ilícitos, em face da prestação de
serviços efetivada, mesmo que não tenha dolo.
d) permitiu o reconhecimento do crime de lavagem de dinheiro, quaisquer que sejam os crimes
antecedentes dos quais resultem os ativos.
e) definiu que a importação e a exportação de bens com valores irreais apenas atingem a sone-
gação fiscal correspondente ao tributo sonegado, não caracterizando o crime de lavagem.
02. Nos termos da Lei n.º 9.613/1998, a qual versa sobre delitos de lavagem ou ocultação de bens,
direitos e valores, configura crime ocultar ou dissimular a natureza, origem, localização, dis-
posição, movimentação ou propriedade de bens, direitos ou valores provenientes, direta ou
indiretamente, de:
a) qualquer infração penal.
b) terrorismo e de seu financiamento, somente.
c) contrabando ou tráfico de armas, munições ou material destinado à sua produção, somente.
d) crime praticado por organizações criminosas, somente.
e) tráfico ilícito de substâncias entorpecentes ou drogas afins, somente.
No que diz respeito aos crimes previstos na legislação penal extravagante, julgue os itens subse-
quentes:
03. O crime de lavagem de capitais, delito autônomo em relação aos delitos que o antecedam, não
está inserido no rol dos crimes hediondos.
Certo ( ) Errado ( )
04. O crime de lavagem de capitais, consoante entendimento consolidado na doutrina e na ju-
risprudência, divide-se em três etapas independentes: colocação ( placement ), dissimulação
(layering ) e integração ( integration ), não se exigindo, para a consumação do delito, a ocor-
rência dessas três fases.
Certo ( ) Errado ( )
GABARITO
01 - D
02 - A
03 - CERTO
04 - CERTO

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