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Atividade de Sociologia – 2º BIM.

Thomas Hobbes: O Medo e A Esperança


A chave para entender o pensamento de HOBBES é o que ele diz sobre o “estado de natureza”. Ele é um
contratualista, ou seja, é um dos filósofos que, entre o século XVI e XVIII, afirmaram que a origem do Estado e/ou da
sociedade está num contrato. O poder e organização, naturalmente inexistentes, surgiriam a partir de um pacto firmado
pelos homens e estabeleceria as regras de convívio social e subordinação política.

A guerra se generaliza: A visão de que os contratualistas imaginavam selvagens se reunindo para


elaborar uma constituição é equivocada – nenhum deles imaginou tal situação. O homem natural de Hobbes é o mesmo
que vive em sociedade, cuja essência não se altera ao longo do tempo.
Para Hobbes, os homens são iguais o bastante para que um possa triunfar totalmente sobre o outro. Da igualdade entre
os homens, deriva a igualdade quanto à esperança de atingir os fins. Logo, se dois homens desejam uma coisa
impossível de ser desfrutada por ambos, eles tornam-se inimigos. Enquanto vivem sem um poder comum capaz de
manter a todos em respeito, eles se encontram na condição de guerra, o que envolve tanto a batalha quanto a
disposição para a guerra.
O estado de natureza é uma condição de guerra porque cada um se imagina (com razão ou sem) poderoso,
perseguido ou traído. Para por termo a esse conflito, Hobbes apresenta a lei da natureza. É uma regra geral que proíbe
alguém de fazer tudo o que possa destruir sua vida ou omitir aquilo que possa preservá-la. O homem vive em condição
de guerra, onde todos tem direito a todas as coisas, incluindo os corpos dos outros. Enquanto isso durar, não haverá a
segurança. Assim, é um dever de todo homem esforçar-se pela paz e, caso não seja possível, usar todas as ajudas e
vantagens da guerra. O homem tem o direito (liberdade) de defender-se por todos os meios possíveis, mas tem a
obrigação (lei) de procurar a paz e segui-la.
Da lei fundamental de natureza deriva a segunda: que um homem concorde em renunciar a seus direitos a todas
as coisas. Isso é necessário para a paz desde que outros façam o mesmo, pois, se os outros não renunciarem também,
isso equivaleria a oferecer-se como presa.
Para que esse pacto não seja apenas um conjunto de palavras, é preciso que haja um poder capaz de fazer com
que sejam respeitadas. Esse poder, o Estado, tem que ser um foco de autoridade que possa resolver todas as
pendências e arbitrar qualquer decisão. O Estado é condição para existir a própria sociedade. Ele surge quando todos
designam um homem como representante de suas pessoas, e, assim, transferem o direito de governar o grupo a ele,
autorizando todas as suas ações. A multidão assim unida é o Estado, o Leviatã, o Deus mortal (abaixo do Imortal),
a quem deverão a paz e a defesa. Para haver o poder absoluto, Hobbes concebe um contrato, assinado apenas pelos
que irão se tornar súditos, devido ao fato de o soberano passar a existir a partir do contrato, não podendo assiná-lo,
portanto. Disso resulta que o soberano é isento de qualquer obrigação ou compromisso relacionado ao contrato.
Há, contudo, o que Hobbes entende ser a verdadeira liberdade do súdito. Quando o individuo assina o contrato
social e dá poderes ao soberano, ele abre mão do direito de natureza para proteger a própria vida. Se o soberano não
atende a este fim, o súdito (e só o prejudicado, ninguém mais) não lhe deve mais obediência por desaparecer a razão
que levava o súdito a obedecer.
O Estado, o medo e a propriedade: no Estado absoluto de Hobbes, o direito à vida é garantido de uma
forma que não encontra paralelo na teoria política moderna. Mas o medo é a sua principal característica.
O soberano governa pelo temor que inflige a seus súditos. Não se trata de terror, existente no estado de
natureza quando o ataque é iminente. O poder soberano apenas mantém os súditos temerosos o suficiente para fazê-los
evitar a ira do governante.
O Estado não apenas detém a morte violenta; a esperança de uma vida mais confortável também é um incentivo
à vida no Estado. O conforto deve-se à propriedade e a liberdade de usufrui-lo como bem entender, ao contrário do que
ocorria na idade Média, quando inúmeros costumes e obrigações controlavam a posse. O limite da autonomia do
proprietário, para Hobbes, é o controle do soberano. Onde há Estado, isso ocorre; onde não há estado, cada coisa é de
quem a conserva pela força, ou seja, não há direito de propriedade.

Bibliografia: RIBEIRO, Renato Janine. Hobbes: o medo e a esperança. In: WEFFORT, Franciso (Org). Os Clássicos da
Política. São Paulo: Atica, 1991.

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