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Resolução Caso 4-Minha
Resolução Caso 4-Minha
O código civil regula a declaração negocial nos art. 217º e ss. É um elemento do
negócio, uma realidade de componente ou constitutiva da estrutura do negócio.
Tal facto acontece, por o declarante não estar, de forma não intencional, em erro, seja
sobre a pessoa do declaratório, sobre o objeto do negócio ou sobre os motivos que
levam ao próprio negócio, (arts. 251º e 252º CC).
Porém tal erro, pode assim nascer no declarante em virtude da ação do declaratório ou
de terceiro, artº 253º CC
Em qualquer dos casos só terá relevo o erro, criado por terceiro ou não, que seja
essencial, ou seja, se foi o facto sobre que incide o erro que determinou o declarante a
produzir a declaração.
Trata – se um erro determinado por um certo comportamento da outra parte o dolo (art.
253º nº 1), ou seja, o emprego de qualquer sugestão ou artificio com a intenção de
induzir ou manter em erro o autor da declaração, trata – se aqui do chamado dolo
positivo, visto existir uma ação consciente de enganar.
No caso em análise o dolo foi praticado por terceiros, com a ajuda dos amigos e
Manuel.
A distinção é feita nos termos em que se pôs o erro. No dolo essencial o enganado foi
induzido pelo dolo a concluir o negócio em si mesmo e não apenas nos termos em que
foi concluído; sem dolo não se teria concluído o negócio. No dolo incidental o enganado
apenas foi influenciado quanto aos termos do negócio, pois o negócio seria efetuado na
mesmo, no entanto noutras condições.
No caso trata – se de um dolo essencial, uma vez que o enganado foi induzido pelo dolo
a efetuar a doação, sem o dolo não existia doação; se não fosse o erro em que estava
António sobre a verdadeira identidade do Manuel, ele não faria a doação.
No caso o dolo proveio de terceiros o que implica que só pode haver anulação da
declaração se o declaratário tinha conhecimento do dolo (art. 254º, nº 2); ora no caso os
três amigos uniram – se de forma a enganar António.
Nestes casos não há que proteger o declaratário sobre a confiança criada neste em
virtude da declaração produzida porquanto esta foi conseguida através de métodos
contrários ao dever ser.