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A disciplina da meditação

“Meditarei nos teus preceitos e darei atenção às tuas veredas” (Sl 119.15)

Já falei aqui das disciplinas da Lectio Divina e do Culto Pessoal. Em ambas está
envolvida a
disciplina espiritual da meditação. Na Lectio, é o passo que segue à leitura. No culto
pessoal, é
a necessidade de pensar nas motivações da adoração. Contudo, como disciplina
espiritual em
si mesma, a meditação é ocasião maravilhosa para elevar o pensamento, os afetos e o
coração à presença de Deus.
O primeiro passo de toda meditação é a consideração sobre alguma coisa muito
específica.
Se há divagação, muitas ideias peregrinas, muitas imagens formadas na mente, a
meditação
fica prejudicada, se é que chega a atingir essa condição. Por consideração entendemos
a fixação
de uma realidade espiritual que desejamos preencha a mente, aqueça o coração e dê
gozo
e satisfação a alma.

O exercício desta disciplina não dispensa, ao menos, alguns aspectos muito


importantes da Bíblia
e até da Teologia. Toda ocasião de meditação proveitosa ao crente, começa sempre
por considerar
‘o que Deus é’. O que Deus é como revelado nas Escrituras e como a Teologia organiza
esta mesma
revelação. Aqui, há grande bênção considerar, vagarosamente, sem pressa, os nomes
de Deus
e o que eles significam. Isto é, a ‘Teontologia’ é o melhor meio para dar início à pratica
da meditação.
Pensar em cada bênção, cada promessa dos significados dos ‘Santos Nomes’ nos leva a
experimentar uma maior familiaridade, intimidade e desejo do Eterno. Depois dos
nomes,
considerar os atributos divinos e o que eles significam e como eles se articulam com a
criação,
a história da redenção e a nossa relação com Deus. Pensar, apenas por analogia,
abstração o
que significam a imensidão, a eternidade, a espiritualidade, a bondade, a santidade do
Senhor,
provoca em nós um senso de gravidade, reverência, dependência e adoração.
Os puritanos diziam que meditar é apreciar a Cristo. Não há verdade mais excelente!
De fato,
pensar em Cristo, em sua excelsa pessoa, em sua geração eterna, em sua encarnação e
nascimento
virginais, em seu estado de humilhação e em sua forma de escravo, em seus milagres,
em seus
maravilhosos ensinamentos, em sua relação marcada pela humildade e pelo amor com
os
pecadores, enchem o nosso coração de gratidão, de amor e de anelos pelo Salvador.
Meditar
em Cristo necessariamente significa meditar em sua aviltante humilhação pelas mãos
dos
ímpios, pensar em sua dolorosíssima ‘via crucis’ em sua paixão redentora e sobretudo
na
ignomínia da cruz. Nada nos sensibiliza, emociona e quebranta mais do que pensar em
Cristo
pendurado no madeiro em nosso favor e em nosso lugar. Considerar na dimensão
vicária de
cada prego, de cada espinho, de cada laceração em sua carne, contemplar perplexos
aquela
sede em agonia deve levar-nos ao ódio pelo pecado, ao desespero de alma por saber
que a
culpa nos cabia, mas Ele foi o punido e isso deve provocar em nós prostração
adorante.
Rendição. Meditar em Cristo é considerar a realidade gloriosa de sua ressurreição e
pensar em
sua ascensão como sendo já a nossa vitória, o nosso destino juntamente com ele. E
isso deve
fomentar em nós uma esperança teimosa e o pleno conforto em meio as adversidades
desta
vida. Quando pensarmos em Cristo devemos considerar a sua volta iminente, o
julgamento
que ele presidirá e o Reino que será estabelecido. Apreciar a volta do Senhor nos ajuda
a
vencer os dias mais difíceis da nossa existência, superar o pavor da morte e a sorrir
para o
futuro.

O Espírito Santo, claro, não só merece a nossa consideração, mas é fundamental para o
Cristão apreciar a Terceira Bendita Pessoa da Trindade, sua atuação e presença na
criação, na
revelação da mente de Deus, em distribuir dons, talentos e habilidades aos homens,
por
inspirar, preservar e tradicionar as Escrituras, por preparar o mundo para a vinda de
Cristo, por
atuar na vida do Messias da concepção à Ascensão e por formar um povo aprazível
para o
Senhor. Pensar reverentemente no Espírito é considerar a sua obra em nossa salvação
pessoal,
da Eleição à glorificação e em sua habitação permanente em nós, conduzindo,
repreendendo,
iluminando e preservando. Meditar na pessoa do Espírito Santo nos enche de
segurança,
conforto, convicção e orientação para viver em verdade, amor e santidade. Numa
palavra,
meditar é considerar nos aspectos mais essenciais à nossa salvação e buscar gozo,
segurança
e mais anelo.

Podemos ainda e devemos meditar nas Escrituras, como faz o Salmo 119, por
exemplo. Meditar no que é a igreja e a sua missão, meditar nos sacramentos e o que
eles
significam. O importante é que de alguma maneira, meditar é observar o que segue:
“Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo o que for nobre, tudo o que for
correto,
tudo o que for puro, tudo o que for amável, tudo o que for de boa fama, se houver
algo de
excelente ou digno de louvor, pensem nessas coisas” (Filipenses 4.8).
A disciplina da meditação
Josué 1:6-8    Esforça-te, e tem bom ânimo; porque tu farás a este povo herdar a terra
que jurei a seus pais lhes daria.Tão-somente esforça-te e tem mui bom ânimo, para
teres o cuidado de fazer conforme a toda a lei que meu servo Moisés te ordenou; dela
não te desvies, nem para a direita nem para a esquerda, para que prudentemente te
conduzas por onde quer que andares.Não se aparte da tua boca o livro desta lei; antes
medita nele dia e noite, para que tenhas cuidado de fazer conforme a tudo quanto
nele está escrito; porque então farás prosperar o teu caminho, e serás bem sucedido.
Deus instruiu Josué sobre como os israelitas deveriam tomar posse da Terra
Prometida. Ele incluiu uma instrução fundamental:  meditar sobre sua lei de dia e de
noite, para obedecer a tudo o que ela diz. Isso garantiria o sucesso.
A meditação é ainda crucial para os cristãos de hoje. Em nossa cultura, somos
inundados por valores mundanos e prioridades que nos prendem. A menos que
guardemos o nosso coração,  começaremos lentamente a aceitar coisas que são
completamente fora do que agrada ao coração de Deus..
Portanto, devemos nos disciplinar para meditarmos diariamente na Palavra, na oração,
concentrando nossa atenção no  caráter de Deus e Seus caminhos. Trata-se de oração,
leitura da Bíblia, ficar em silêncio diante do Senhor, para que possamos ouvi-Lo, e
aplicar a verdade bíblica à nossa vida.
Claro, estas coisas não acontecem por acaso. Distrações tiram a nossa capacidade de
foco, por isso, é preciso reservar um tempo para poder ficar quieto e ouvir. Considere
os benefícios de fazê-lo.
A Meditação. . .
• Atenua o nosso espírito e fornece um caminho para Deus para purificar os nossos
corações.
• Desenvolve uma fome da Palavra, para que possamos obter uma compreensão mais
profunda de Jesus e maior sentido do seu poder.
• Melhora o nosso discernimento sobre o sentido de nossas vidas.
• Aguça a nossa consciência da Sua presença.
A Meditação pode envolver um pequeno sacrifício de levantar mais cedo ou desistir do
tempo livre durante o dia. Mas viver uma vida centrada em Cristo cheia de alegria e
paz depende de nosso compromisso de concentrar nossas mentes e corações Nele
regularmente. Você está disposto a disciplinar-se a reservar um tempo cada dia?

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