Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo Abstract
Este artigo, tendo como base um estudo de caso, This article, having as base a case study, intends to argue
pretende discutir a importância da certificação do the importance of the quality system certification for the
sistema de qualidade para as empresas e a importância companies and the importance of the envolvement of
do envolvimento dos recursos humanos no processo de human resources in the process.
certificação do sistema de qualidade.
INTRODUÇÃO
Num mercado global cada vez mais competitivo as exigências dos clientes estão a aumentar continuamente, quer
devido à quantidade e à variedade da oferta, quer devido ao maior nível de informação técnica e cultural.
Para satisfazerem estes requisitos as organizações têm de apostar no melhoramento contínuo em todas as suas
actividades, tendo como foco o cliente.
É por esta razão que a qualidade e a sua gestão são encaradas, pela generalidade das organizações, como o meio
através do qual podem ganhar e manter vantagem competitiva sobre os seus concorrentes.
Embora não seja o fim mas o ponto de partida, as organizações necessitam, assim, de desenvolver sistemas de
qualidade padronizados, certificados pelas normas internacionais, para demonstrar ao cliente a adequabilidade e o
controlo dos seus processos, procedimentos e sistemas. A existência de um sistema de gestão da qualidade é um dos
pilares estruturais da gestão pela qualidade total que, embora contingente a cada organização deve estar
fundamentado em normas internacionalmente reconhecidas já que o facto reforçará a sua capacidade competitiva.
Neste contexto, os recursos humanos tornam-se uma (a)? das peça(s) fundamentais(l) para o sucesso ou fracasso,
tendo em conta que depende da forma como estes o desenvolvem, implementam e controlam.
Nesta perspectiva, tendo como base um estudo de caso, o presente artigo tem os seguintes objectivos: 1) discutir a
importância da certificação do sistema de qualidade para as empresas; 2) discutir a importância do envolvimento dos
recursos humanos no processo de certificação do sistema da qualidade
Assim, começamos por definir os conceitos centrais para a compreensão do estudo em questão, bem como a descrição
de todo o processo de certificação como objecto central deste estudo.
Por último, é apresentada a descrição do estudo de caso, onde são discutidos os objectivos propostos para este artigo.
Em termos genéricos, a qualidade pode ser definida como “grau de satisfação de requisitos dados por um conjunto de
características intrínsecas” (NP EN ISO 9000:2000).
Mais objectivamente, segundo Pires (2000), podemos considerar as seguintes vertentes da qualidade:
• Qualidade da concepção: requer que se incorpore no projecto as necessidades e expectativas dos clientes.
• Qualidade do fabrico/prestação do serviço: é definida como o grau de conformidade com determinadas
especificações.
• Qualidade na utilização: adequação ao uso fundamentada nas características da qualidade (atributos ou
revista portuguesa de marketing 15 | rpm1507 | 1 de 6
propriedades dos produtos, materiais ou processos)
• Qualidade relacional: respeita às interacções pessoais ao nível dos clientes internos e externos.
• Segundo Neves (2002), quando analisamos a evolução do conceito de qualidade podemos distinguir dois
períodos principais:
1º - Dos anos 50 ao sec..XX : o produto com enfoque da qualidade, quer em termos de efeitos (qualidade como o
equivalente da inspecção da produção), quer em termos de causas (qualidade como o equivalente da conformidade
com as especificações.
2º - Inicia-se na década de 60 : o que mais influência a qualidade é o todo organizacional e a influência do exterior: “
(...) qualidade como o equivalente da adequação ao uso ou satisfação do cliente (década de 60); qualidade como o
equivalente da redução do custo ou competitividade (década de 70) e qualidade como equivalente da gestão pela
qualidade total (GQT), assente numa cultura de participação, de melhoria contínua e da satisfação de necessidades de
constituintes múltiplos (desde a década de 80 ...)” (Neves, 2002, p.34)
Apesar das diferentes abordagens existentes, que se complementam entre si, é unânime que a qualidade não é um
conceito absoluto. Qualquer definição adaptada “tem que ser enquadrada no segmento de mercado em que o
produto/serviço se insere, no mercado em causa, num momento preciso e em função da oferta concorrente” (Valente,
2001, p.20)
A certificação de sistemas de gestão da qualidade consiste na avaliação de um sistema da qualidade de acordo com as
exigências das normas da série ISO 9000, sendo entregue um certificado de conformidade que confirma o
cumprimento das exigências da norma aplicada e posterior acompanhamento, tendo objectivo criar e garantir a
qualidade a partir da existência de uma cultura e da motivação na própria empresa.
A certificação nos diferentes domínios, sendo o primeiro passo para a Qualidade Total, testa a mudança de atitudes,
de comportamentos e de estilo de gestão e conduz à implementação de ciclos sistemáticos e integrados de melhoria.
As normas ISO 9000, normas para a gestão e certificação de qualidade, surgiram em resultado das normas de
qualidade de 111 países, sendo a International Organization for Standardization (ISO), criada em 1947, a organização
não governamental responsável pela elaboração e aplicação das normas internacionais de qualidade.
Representam um conjunto de exigências gerais relativas aos sistemas de qualidade, destinadas a servir de modelo de
garantia de qualidade aplicável por qualquer indústria.
Em Portugal, o Instituto Português da Qualidade (IPQ) delega a função de certificação nas seguintes entidades
acreditadas para o efeito:
• Associação Portuguesa de Certificação (APCER);
• Det Norske Veritas (DNV);
• Empresa Internacional de Certificação, S.A. (EIC);
• Lloyd’s Register Quality Assurance (LRQA);
• International Certification Services Ibérica em Portugal (SGS ICS);
• Instituto de Auditoria e Certificação, S.A. (IACER);
• Bureau Véritas Quality Internacional (BVQI).
É o Instituto Português da Qualidade (IPQ) que acredita a actividade exercida pelas diferentes certificadoras e procede
à divulgação da informação sobre qualidade, em particular, de informação técnica (Valente, 2001).
2. O ENVOLVIMENTO NO TRABALHO
Nos discursos proferidos pelos grandes autores da Qualidade encontramos a evidência ao desenvolvimento das pessoas
e ao seu envolvimento nas actividades de melhoria, quer individualmente quer em grupo, principalmente na tomada de
decisão (Deming, 1982; Feigenbaum, 1991; Ishikawa, 1985).
No que diz respeito ao envolvimento total, Oakland afirma que na organização todos, “from top to bottom”, devem ser
envolvidos. As pessoas são a fonte das ideias e da inovação e a sua sabedoria, conhecimento e cooperação devem
ser utilizados para implementar essas ideias. (Oakland, 1989 cit in Dale et al.1997, p.188).
O envolvimento no trabalho torna-se uma chave para a qualidade, na medida em que cada trabalhador tem o
conhecimento e a experiência para contribuir para a eficácia da organização; a abordagem tradicional da gestão
baseada no Taylorismo dá pouca oportunidade de envolvimento e, o se as pessoas participarem sentir-se-ão mais
envolvidas e mais comprometidas com a qualidade (Hill, 1992, cit in Dale et al. 1997, p.188)
A Filosofia TQM (Total Quality Management) enfatiza a responsabilização do indivíduo, ou seja, quem executa deve ter
as ferramentas e os recursos para melhorar o processo. Desta forma, é enfatizado o “empowerment” dos
trabalhadores. (Dale et al., 1997, p.189).
No entanto, em determinados casos os trabalhadores não decidem, apenas sugerem, o que demonstra, por vezes, um
certo distanciamento entre o que se diz e o que se faz..
A estratégia seguida na empresa estudada para a certificação é composta por três ciclos:
CONCLUSÕES
Neste artigo existem vários aspectos a reter:
As novas mutações económicas provocam a procura de novas estratégias que respondam às novas exigências
da competitividade: qualidade, prazos de entrega, satisfação das especificações do cliente, inovação e
diversificação dos produtos.
A certificação do sistema de qualidade pelas normas ISO 9000 desempenha um papel fundamental para a
competitividade das organizações, permitindo: o aumento do valor devido ao reconhecimento e satisfação dos
clientes; a melhoria da imagem da empresa; acesso a novos mercados; redução de custos pela melhoria do
desempenho organizacional; existência de uma nova cultura que reforça a motivação e sensibilização dos
colaboradores em favor da satisfação dos clientes e da melhoria contínua.
A componente humana adquire um papel cada vez mais importante na organização, sendo o envolvimento de
todos os trabalhadores, desde a gestão de topo aos operacionais, imprescindível ao sucesso de um processo
de certificação, tendo em conta que são o veículo de todo o projecto. Todo o processo depende da forma como
estes o desenvolvem, implementam e controlam.
Como controvérsia, em determinados casos os trabalhadores não decidem, apenas sugerem, o que demonstra,
por vezes, um certo distanciamento entre o que se diz e o que se faz.
Outro aspecto também questionável será que, se por um lado encontramos a tentativa de envolver as pessoas
no trabalho, por outro, assistimos ao reforço do controlo da gestão através de sistemas e de procedimentos.