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Universidade Tiradentes

Aluna: Desirée Ribeiro de Santa Rita


Disciplina: Técnicas Retrospectivas I
Prof: Catarina Agudo Menezes
Curso: Arquitetura Período: 9°

Fichamento: Brandi, Cesar. Teoria da Restauração. Tradução de Beatriz


Mugayar Kühl. Cotia - Ateliê Editorial, Coleção Artes & Ofícios, 2008.

“Em Geral entende-se por restauração qualquer intervenção voltada a dar


novamente eficiência a um produto da atividade humana.“ P.25

“Uma obra de arte, não importa quão antiga e clássica ,é realmente , e não apenas
de modo potencial, uma obra de arte quando vive em experiência individualizadas.”
P.28

“Como produto da atividade humana, a obra de arte coloca, com efeito, uma dúplice
instância: a instancia estética que corresponde ao fato basiliar da artisticidade pela
qual a obra de arte é obra de arte, a instância histórica que lhe compete como
produto humano realizado em um certo tempo e lugar e que em certo lugar se
encontra.” P.29

“A restauração constitui o movimento metodológico do reconhecimento da obra de


arte, na sua consistência física e na sua dúplice polaridade estética e histórica, com
vistas à sua transmissão para o futuro.“ P.30

“A consistência física da obra deve necessariamente ter a precedência, porque


representa o próprio local da manifestação da imagem, assegura a transmissão da
imagem ao futuro e garante, pois, a recepção na consciência humana. Por isso, se
do ponto de vista do reconhecimento da obra de arte como tal. Tem prevalência
absoluta o lado artístico, na medida em que o reconhecimento visa a conservar para
o futuro a possibilidade dessa revelação, a consistência física adquire primária
importância.” P.30

“Apesar de o imperativo da conservação se voltar de modo genérico á obra de arte


na sua complexa estrutura, esta relacionado, em particular, com a consistência
material em que se manifesta a imagem. Para que essa consistência material possa
durar o maior tempo possível, deverão ser feitos todos os esforços e pesquisas.”
P.31

“Restaura-se somente a matéria da obra de arte.” P. 31

“Se as condições da obra de arte forem tais a ponto de exigirem sacrifício de uma
parte consistente material, o sacrifício, ou, de qualquer modo, a intervenção, deverá
conclui-se segundo aquilo que exige a instância estética.“ P.32

“Tampouco poderá ser subestimada a instância histórica. Foi dito que a obra de arte
goza de uma duplicidade historicidade, ou seja, aquela que coincide com o ato de
formação, o ato da criação, e se refere, portanto, a um artista, a um tempo e a um
lugar, e uma segunda historicidade que provém do fato de insistir no presente de
uma consciência , e portanto , uma historicidade que se refere ao tempo e ao lugar
em que está naquele momento.“ P.32

“A restauração deve visar ao restabelecimento da unidade potencial de uma obra de


arte, desde que isso seja possível sem cometer um falso artístico ou um falso
histórico, e sem cancelar nenhum traço da passagem de obra de arte no tempo”.
P.33

“Todo caso de restauração será um caso à parte e não um elemento de uma série
paritária.” P.63

“Uma vez que, se a obra de arte é um primeiro lugar uma resultante do fazer
humano e, como tal, não deve depender para o seu reconhecimento das alternativas
de um gosto ou de uma moda, impõe-se, no entanto, uma prioridade da
consideração histórica com respeito a àquela estética.” P.64

“Ruína será, pois tudo aquilo que é testemunho da história humana, mas com um
aspecto bastante diverso e quase irreconhecível em relação àquele de que se
revestia antes (...) a obra de arte, reduzida ao estado de ruína, depende
maximamente para a sua conservação, como ruína, do juízo histórico que a
envolve.” P.65

“A restauração, quando voltada para ruína, só pode ser a consolidação e


conservação do status quo, ou a ruína não era uma ruína, mas uma obra que ainda
continha uma vitalidade implícita para promover uma reintegração da unidade
potencial originária.” P.66

“Tenaz e recorrente a ilusão de poder fazer a ruína retomar a forma”. P.66

“Limitar e aceitar na ruína o resíduo de um monumento histórico ou artístico”. P. 66

“A legitimidade da conservação da ruína está, pois, no juízo histórico que dela se


faz, como testemunho mutilado, porém ainda reconhecível, de uma obra e de um
evento humano.” P.68

“O duplo problema da conservação ou da remoção das adições e, em segundo


lugar, o da conservação ou da remoção dos refazimentos.” P.70

“Como a obra de arte se apresenta com a bipolaridade da historicidade e da


esteticidade, a conservação e a remoção não poderão ser feitas nem a despeito de
uma, nem no desconhecimento de outra.” P.71

“Do ponto de vista histórico a adição sofrida por uma obra de arte é um novo
testemunho do fazer humano e, portanto da história”. P. 71

“A conservação da adição deve ser considerada regular, excepcional, a remoção”.


P.72

“Do ponto de vista histórico, devemos reconhecer que é um modo de falsificar a


história se privam os testemunhos históricos, por assim dizer, da sua antiguidade;
se, em outras palavras, força-se a matéria a readquiri um frescor, um corte preciso,
uma evidências tal que contradiz a antiguidade que testemunha.” P.72

“Do ponto de vista histórico, portanto, a conservação da pátina, como aquele


particular ofuscamento que a novidade da matéria recebe através do tempo e é,
portanto, testemunho de tempo transcorrido, não apenas é admissível, mas é
requerida de modo taxativo.” P.73

“A explicita ou implícita pretensão do refazimento é sempre abolir um lapso de


tempo, seja porque a intervenção posterior, em que consiste o refazimento, queira
fazer-se assimilar ao mesmo tempo em que a obra nasceu, seja porque, ao
contrario, queira refundir por completo.” P.73
“Ser esteticamente uma ruína qualquer remanescente de obra de arte que não pode
ser reconduzido à nascente de obra de arte que não pode ser reconduzido á
unidade potencial, sem que a obra se torne uma copia ou um falso de si própria.”
P.78

“Ocorre que a ligação da ruína a outro complexo, sem ou com solução de


continuidade, é fato que não desloca os termos da conservação in vita, como e
aonde permanece, sem completamentos de nenhuma espécie. Quando se trata de
uma obra de arte em que a ruína foi reabsorvida, é então a segunda obra de arte
que tem direito de prevalecer.” P. 80

“Nessa sua mutilação, a obra determina uma resolução ambiental no plano pictórico,
ou seja, não no plano de rigor da obra de arte, mas naquele que se endereça a certa
proposição do objeto disposto, iluminado, artificiado segundo um particular endereço
formal.” P.82

“Do ponto de vista da estética, a importância se revira em relação à instancia


histórica, que colocava em primeiro lugar a conservação dos acréscimos. Para a
instância que nasce da artisticidade da obra de arte, o acréscimo reclama a
remoção.” P.83

“E como a essência da obra de arte deve ser vista do fato de constituir uma obra de
arte e só em uma segunda instância no fato histórico que individua, é claro que se a
adição deturpa, desnatura, ofusca, subtrai parcialmente à vista a obra de artes, essa
adição deve ser removida e se deverá ter o cuidado apenas, se possível, com a
conservação à parte, com a documentação e com a recordação da passagem
histórica que, desse modo, devem ser removida e cancelada do corpo vivo da obra.”
P.84

“É, em suma, sempre um juízo de valor que determina a prevalência de uma ou de


outra instância na observação ou na remoção das adições.” P. 85

"Historicamente, a pátina documenta a própria passagem da obra de arte no tempo


e, portanto deve ser conservada. Mas para a estética é também legítima a
conservação?" p.85
“Por isso a legitimidade da conservação da pátina deve poder ser atingida
independentemente da composição das duas instâncias no caso singular.” P. 86

"A cópia é um falso histórico e um falso estético e por isso pode ter uma justificação
puramente didática e rememorativa, mas não se pode substituir sem dano histórico
e estético ao original. " P. 88

"O adágio nostálgico “Como era, onde estava" é a negação do próprio princípio da
restauração, é uma ofensa à historia e um ultraje à Estética, colocando o tempo
como reversíveis e a obra de arte como reproduzível à vontade. " P.89

“Ao aplicar à restauração dos” monumentos arquitetônicos as normas da


restauração das obras de arte, deve-se ter presente em primeiríssimo lugar a
estrutura formal da arquitetura, que difere daquela das obras de arte, entendidas na
acepção empírica supracitada.” P.131, 132

"A condição da arquitetura, com certeza não depende de uma essência diversa entre
arquitetura e obra de arte mas do fato que na arquitetura a espacialidade própria do
monumento é coexistente no espaço ambiente em que o monumento foi construído."
P. 132

"Primeiro lugar, a inalienabilidade do monumento com exterior do sítio histórico em


que foi realizado. Em segundo lugar, deve-se examinar a problemática que nasce da
alteração de um sítio histórico no que concerne às modificações ou ao
desaparecimento, parcial ou total, de um monumento que dele fazia parte." P. 133

"A consciência de autenticidade que induz o monumento não removido deverá


sempre ser anteposta à consciência hedonística do próprio monumento." P.135

Com base nesse fichamento da restauração de Brandi, pode-se observar a


importância do respeito para com o tempo e a estética de uma obra, ressaltando que
o restaurador necessita recuperar a sua unidade potencial, sem que crie
falsificações ou que exclua a propriedade das passagens do tempo na obra. A
princípio, sua hipótese foi realizada para as obras de arte, mas Brandi compreendeu
o que significava por obra de arte, que era tudo que o homem produz ou produziu,
ampliando assim sua tese.
Desse modo, è possível compreender o como a Teoria da Restauração de Brandi é
tão aprovada e adotada, dado que, suas resoluções referem-se ao caráter da
identidade de uma obra, com suas lacunas e axiomas, guia-nos a um restauro limpo ,
a fim de que todos tenham consciência e a lembrança de uma obra e sua história.

Referência Bibliográfica

Brandi, Cesar. Teoria da Restauração. Tradução de Beatriz Mugayar Kühl.


Cotia - Ateliê Editorial, Coleção Artes & Ofícios, 2008.

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