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Book 7 Unip Pós Graduação
Book 7 Unip Pós Graduação
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PROFESSORA-AUTORA
PROFESSORA COLABORADORA/COORDENADORA
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 5
UNIDADE I .............................................................................................................................................. 7
1. ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: ORIGENS E PANORAMA ATUAL ...................................... 7
1.1 Retrospectiva histórica e panorama da educação superior ........................................................ 7
1.2 Ensino superior – Contexto histórico ......................................................................................... 14
1.3 Dados sobre a expansão do ensino superior no Brasil............................................................. 22
1.4 O avanço do ensino a distância ................................................................................................ 26
UNIDADE II ........................................................................................................................................... 34
2. ESTRUTURA DO ENSINO SUPERIOR BRASILEIRO ............................................................. 34
2.1 Organização do ensino superior no Brasil ................................................................................ 34
2.2 Modalidades de ensino superior ............................................................................................... 43
2.3 Princípios e propostas da educação superior ........................................................................... 49
UNIDADE III .......................................................................................................................................... 57
3. ESTUDO ANALÍTICO DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS NO BRASIL E SUAS TENDÊNCIAS
NO MUNDO CONTEMPORÂNEO ........................................................................................... 57
3.1 Tendências atuais na educação ................................................................................................ 76
3.2 Formação do aluno-autor .......................................................................................................... 83
3.3 Educação brasileira na contemporaneidade ............................................................................. 88
UNIDADE IV .......................................................................................................................................... 97
4. POLÍTICAS PÚBLICAS PARA O ENSINO SUPERIOR ........................................................... 97
4.1 Estratégias e projetos para a expansão do ensino superior ................................................... 104
4.2 Democratização do acesso ao ensino superior e inclusão social ........................................... 110
4.3 Legislação do ensino superior no Brasil aplicada ao EaD ...................................................... 115
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 122
APRESENTAÇÃO
Caro aluno,
todo ser humano tem direito à instrução gratuita nos graus elementares
(obrigatória) e fundamentais. Uma instrução acessível e a superior baseada
no mérito, sendo orientada para o desenvolvimento integral da personalidade
e fortalecimento do respeito e liberdade do ser humano. A instrução deve
promover a tolerância e a amizade entre os diferentes, tendo como base o
respeito e a manutenção da paz (ONU, 1948).
As grandes perguntas que permearão nossa conversa são: “por que o Brasil
demorou tanto para implantar a universidade? Quais interesses circundam essa
lacuna intelectual na população?”. Tentaremos trazer uma reflexão sobre o tema,
fazendo com que você não apenas entenda a dinâmica política da educação, mas
entre na sala de aula com um olhar transformador. Pronto para começar os estudos?
Vamos lá!
UNIDADE I
7
Figura 2 – Universidade de Oxford
8
Estudos mostram que a universidade, o espaço de pesquisa ao encontro do
saber, sempre foi interesse de poucos, de uma elite intelectual. Saber não era para
todos, mas muito valorizado pela população de posses.
No século XII, em Paris, havia escolas avançadas no conhecimento de arte,
direito e medicina, deixando para a Europa um legado histórico de pesquisa e
estudo.
As universidades, em sua origem, sempre tiveram dois vieses: o de busca e
o de preservação do saber, um espaço que guarda um espírito de pesquisa e
seriedade. Hoje, apenas algumas conservam esse aspecto.
Cabe ressaltar o poder do clero sobre o saber. Por muito tempo, a Igreja foi
a detentora do espaço da investigação.
As universidades foram espaços importantes para o avanço das ciências e
de construção de espaço para compartilhar e desenvolver ideias novas.
De acordo com Rashdall (1936), a universidade tinha uma conotação de um
amontoado de estudantes ou pessoas, mudando, no século XIII para um grupo de
estudantes e mestres. Rashdall se interessou e estudou as universidades
medievais e suas contribuições para o que temos hoje. Segundo esse autor, elas
guardam mais histórias que as igrejas que tanto se estuda e visita.
As universidades tiveram um marco importante para a burguesia e para a
ciência e seu desenvolvimento. As instituições surgem para responder a questões
de interesse da elite. Portanto, vale ressaltar que as descobertas servem para o
homem.
O texto apresentado abaixo traz uma visão sobre o interesse nas
universidades. O autor focou sua pesquisa na história da universidade de Bolonha,
considerada a primeira do mundo. Vale a pena!
Boa leitura. Aproveite esse momento de conhecer mais.
9
A Universidade Medieval: Uma Memória
Terezinha Oliveira
10
algo bastante estranho, na medida em que temos, em geral, inteira liberdade de
viajar.
Contudo, para o homem medieval isto era bem diferente, embora essa
sociedade seja a de “andarilhos”, os homens não podiam viajar sem a autorização
de seus senhores, fossem laicos ou eclesiásticos. Além disso, eram
constantemente importunados nas paragens, nos pedágios. Ao dar liberdade de
locomoção, Frederico I permite ao menos no âmbito da legislação, que os homens
dedicados ao conhecimento não passassem mais por esses aborrecimentos.
Paulo Nardi, um teórico contemporâneo, ao analisar as relações entre as
Universidades e os poderes (laico e eclesiástico, entenda-se governo), chama-nos
a atenção para a importância da lei de Frederico I, a Authentica Habita, mencionada
por Savigny.
Nardi, do mesmo modo que o jurista alemão considera que a primeira
medida real de proteção “às gentes de estudo” foi tomada por Frederico I, em fins
do século XII, por ocasião da promulgação de uma “constituição”, intitulada
Authentica Habita, na qual se colocava sob proteção o saber científico e todos
aqueles que se dedicassem a ele, fossem habitantes naturais da Itália ou
estrangeiros.
11
Em 1220, Frederico II edita uma nova lei para proteger as pessoas que se
devotavam ao saber, especialmente as do Direito de Bolonha e de Nápoles. Aliás,
há que se destacar um fato notável: o rei promulga essa lei no dia da sua coroação,
o que demonstra a importância dessa instituição para o seu governo.
Essa nova lei lembrava, em muitos aspectos, a Authentica. Todavia, ela está,
efetivamente, mais dirigida ao ensino do direito, objetivando conservar os privilégios
do clero na Universidade de Bolonha e proteger os alunos e os studi da Itália, em
virtude, inclusive, da ambição política de Frederico II de expandir o seu Império.
Nesse sentido, essa nova lei se diferencia da de 1155 uma vez que aquela estendia
a proteção e o privilégio a todos os estudantes, inclusive aos estrangeiros e aos
diferentes studia sob o governo de Frederico I.
Disponível em: Dialnet-AUniversidadeMedievalUmaMemoria-2227065.pdf.
Acesso em: 8 nov.2018.
12
Para Aquino, o conhecimento pode ser decorrente da fé ou da razão. Essa linha de
ensino perde força com a chegada de Galileu e Descartes, que defendem a ideia
de que as descobertas e pesquisas devem ser comprovadas por observação e
experiência.
5
Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/. Acesso em: 13 dez. 2019.
6
Disponível em: http://www.filosofia.com.br/historia_show.php?id=6. Acesso em: 13 dez. 2019.
13
Bom, pelo que tenho
lido, eles recebiam títulos
(título de bacharel).
14
Para eles, não justificava uma universidade ou um aprofundamento do saber
para os nativos. O ensino superior no Brasil teve seu início em 1808 com a família
Real, que necessitava de infraestrutura para estadia no Brasil e atendimento à
aristocracia, que não podia estudar fora do país pelo bloqueio napoleônico.
O rei D. João criou cursos isolados profissionalizantes de medicina,
engenharia e economia. Portugal resistia fortemente à implantação de
universidades, pois temia perder o controle da colonização.
Alguns estudiosos e historiadores consideram a Academia de Artilharia,
Fortificação e Desenho, fundada no Brasil em 1792, a primeira universidade trazida
para o Brasil, pelo vice-rei D. Luís de Castro e, no mesmo ano, o ensino superior
de engenharia. Esse feito do vice-rei de Portugal foi algo inusitado, haja vista que
não era do interesse do governo português instalar ensino superior no Brasil e sim
distribuir bolsas de estudo em Portugal àqueles que eram convenientes a eles.
As mudanças que ocorreram no Brasil foram decorrentes da necessidade de
organização política, econômica, militar e judiciária para a instalação da família de
D. João e sua comitiva.
Embora o ensino superior continuasse por muitos anos como privilégio de
poucos, ele foi sendo instituído por vários estados. Vejamos alguns, além da
Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho de 1792.
15
Figura 7 – Academia dos Guardas-Marinhas
7Disponívelem: http://mapa.an.gov.br/index.php/menu-de-categorias-2/245-academia-militar-e-de-
marinha. Acesso em: 13 dez. 2019.
16
Figura 8 – Academia Médica Cirúrgica8
8Disponível
em: http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/iah/pt/verbetes/escancimerj.html.
Acesso em: 13 dez. 2019.
17
Figura 9 – Colégio das Fábricas
Leia o texto de Sad (2011) que traz um estudo minucioso de como era a
educação nessa época.
Fonte: SAD, L. A. A Academia Militar (1810-1838). Rev. Bras. Hist. Mat., v. 11,
n. 23, p. 111-138. Disponível em: http://www.rbhm.org.br/issues/RBHM%20-
%20vol.11,no23/10%20-%20Ligia.pdf. Acesso em: 9 out. 2018.
18
O curso de Agricultura tinha o objetivo estimular os habitantes a se
apropriarem do conhecimento sobre as ciências naturais, em função do
crescimento do cultivo da terra e da necessidade de se apresentar à população
processos e máquinas de trabalho eficientes.
A Coroa acreditava que, ao conhecer a natureza, o homem dominaria os
recursos que esta oferecia e desenvolveria um método de produção eficiente.
19
Com isso, pretendemos que você, aluno, possa compreender as questões
políticas que envolvem a educação no Brasil.
Abaixo, imagem de um diploma concedido.
11Carta de Bacharel concedida a Julio Cesar Berenguer de Bittencourt pela Academia de Ciências
Sociais e Jurídicas de Olinda, 14 de outubro de 1844. Fundo Itens Documentais. QN 68, 7, cód.
995, 1. Disponível em: http://www.arquivonacional.gov.br/br/component/tags/tag/serie-
imperio.html. Acesso em: 13 dez. 2019.
20
socialmente. A relação está intimamente ligada às relações sociais nascidas da
produção.
21
1.3 Dados sobre a expansão do ensino superior no Brasil
Vejamos a diferença de
Universidade, Faculdade e
Centro Universitário.
22
Tabela 1 – Números de IES 2014-2016
13Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2018/censo_da_educ
acao_superior_2017-notas_estatisticas2.pdf. Acesso em: 13 dez. 2019.
23
O aumento das matrículas no ensino superior não garante a qualidade nem
a boa formação do cidadão brasileiro.
Essa análise deve ser feita observando-se o ensino como um todo, o
caminho a chegar na universidade, considerando-se que 74% das matrículas estão
concentrados no setor privado, contando com o apoio do Programa Universidade
para Todos (ProUni), do programa Financiamento Estudantil (Fies) e do Programa
de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais
(Reuni).
A rede privada tem crescido exponencialmente, sendo responsável pelo
acolhimento da maioria da população que busca continuar os estudos, o que leva,
cada vez mais, a seu aumento no intuito de lucro.
14
Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2018/censo_da_educ
acao_superior_2017-notas_estatisticas2.pdf. Acesso em: 13 dez. 2019.
24
atender as metas estipuladas pelo Banco Mundial e pelo Fundo Monetário
Internacional (FMI).
O Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), hoje
integra o grupo Banco Mundial, criado em 1944, junto com o Fundo Monetário
Internacional (FMI), na cidade de Breton Woods, para auxiliar os países a se
restabelecerem, tendo como objetivos financiar projetos e estabilizar o sistema
monetário internacional, diante de um quadro de instabilidade financeira.
Na década de 1980, o BM passou a exercer um papel importante na busca
de restabelecimento econômico dos países em desenvolvimento, atrelando seu
empréstimo a algumas metas que os países que recebessem o auxílio deveriam
atingir.
O Plano Nacional da Educação (PNE, 2001-2010) era a universalização do
ensino superior, trazendo-o para perto do mercado de trabalho, da produção do
capital intelectual, em apoio às universidades privadas, ao ensino a distância,
propiciando à população acesso ao ensino superior.
25
na qual, em contextos como o predominante nas últimas duas décadas, sua
posição é de estímulo à lógica privatizante.
A reestruturação capitalista ampliou a heterogeneidade estrutural da base
produtiva brasileira, alterando as formas de inserção das classes e frações de
classes locais na dinâmica do novo padrão global de acumulação de capital. Nesse
contexto, as próprias frações burguesas locais vêm patrocinando um conjunto de
políticas que busca inviabilizar a universidade como uma instituição autônoma
(LEHER, 2010, p.29). A tentativa é de inviabilizar todo um projeto histórico –
classista (burguês), mas de base nacional democrática – recolocado em pauta no
processo de democratização pós-ditadura, para o qual a universidade tinha um
papel a cumprir como centro estratégico de produção científico-tecnológica.
Esvaziada desse papel, a heteronomia vem tornando-se o modo de ser da
educação superior brasileira, num processo com dois sentidos principais: de
reestruturação das universidades “de excelência”, assoladas pelas panaceias do
eficientismo, do produtivismo e da administração gerencial, em que se valorizam
aqueles setores e atividades mais afetas aos interesses dos grandes capitais; e de
crescente mercantilização e vinculação com o capital financeiro internacional nas
instituições de ensino superior (IES) privadas, em sua maioria não universitárias ou
arremedos de universidades. […]
26
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, n.º 9.394 de 20 de
dezembro de 1996, flexibiliza a abertura do ensino a distância. Para fortalecer essa
decisão, o Decreto n.º 2.494/1998 e a Portaria n.º 301/1998 responsabilizam pela
oferta da educação a distância as instituições públicas e privadas de ensino.
A LDB n.º 9.394/1996 torna a educação a distância uma modalidade
concreta e não paliativa para a democratização do ensino. Com o incentivo
oferecido pelo governo, ela passa a ser um meio de continuidade da formação
inicial, com destaque para os cursos de licenciatura.
Esse panorama sinaliza a impotência das instituições públicas de acolherem
a população e, para que o acolhimento seja efetivado, flexibiliza-se o vestibular.
O ensino superior a distância ganha força no primeiro Plano Nacional de
Educação (PNE, 2001-2010), que tinha concentradas suas ações no ensino
superior para todos, pois a desigualdade social era muito visível e o analfabetismo
ainda assustador.
O PNE buscava a universalização do ensino, incentivando o ensino a
distância, que sanaria algumas fragilidades encontradas no Brasil. Dessa forma,
educação deveria ser desenvolvida a qualquer custo. Medidas foram tomadas na
tentativa de melhora do quadro que se apresentava.
27
Figura 14 – Perfil do profissional da educação
15Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2018/censo_da_educ
acao_superior_2017-notas_estatisticas2.pdf. Acesso em: 13 dez. 2019.
28
A EXPANSÃO DO ENSINO SUPERIOR NO BRASIL E A EAD:
DINÂMICAS E LUGARES
29
Fonte: ALONSO, K. M. A Expansão do ensino superior no Brasil e a EaD: dinâmicas
e lugares. Educ. Soc., Campinas, v. 31, n. 113,
p. 1319-1335, out. 2010. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/es/v31n113/14.pdf. Acesso em: 22 out. 2018.
Atividade de aplicação
30
legal de educação como direito de todos e de continuidade dos estudos garantida,
estipulada na Constituição Federal de 1988 e na LDB n.º 9.394/1996.
Logo, com as metas estipuladas pelo PNE, abre-se possibilidade de atender
a população dentro de sua complexidade e especificidade.
Trouxemos textos importantes para sua formação e discussão sobre a
relação entre educação, crescimento e desenvolvimento de um país.
Esperamos que tenha aproveitado e que esse livro-texto seja apenas um
começo na sua caminhada para o saber político educacional.
31
De acordo com o texto apresentado, leia as afirmativas e assinale a correta.
Correta: d.
32
2. Em relação ao plano nacional da educação, leia as assertivas abaixo:
Correta: c.
Comentário: o plano nacional de educação, vigente de 2001 a 2010, foi considerado
o primeiro plano aprovado por lei e o quadro que se apresentava nessa época era
de um país com uma considerável desigualdade social, altos índices de
analfabetismo e poucas pessoas frequentando universidades.
33
UNIDADE II
34
O Banco Mundial divulgou um documento que coloca a América Latina em
um índice de desigualdade muito alto e acrescenta que:
35
Conforme afirmado na LDB n.º 9.394/19969.394/1996:
36
Sabia que existe a faculdade integrada?
A diferença é que todo IES, ao ser
autorizado, começa como faculdade,
podendo com o tempo ser mudado seu
estatuto para faculdades integradas,
criando novos cursos.
37
Essa estagnação levou o Brasil de décimo para nono lugar na lista de países
que têm uma força na desigualdade.
38
A promoção da autonomia deve ser o principal ponto a ser desenvolvido no
futuro profissional, dando subsídio para que ele busque informações e
conhecimentos para solucionar problemas que venham a aparecer.
Newman (2001) afirma ser a missão da universidade tornar o homem o mais
independente possível. Desenvolver a autonomia para que ele saiba discernir o
certo do errado e buscar a solução. A autonomia nas dimensões social, emocional,
cultural, política e profissional é de extrema importância para que ele transite na
sociedade e busque resoluções sempre que necessário.
Educar para tornar o homem autônomo e preparado para problemas e
situações diversas. Essa deve ser a função primária da educação, em qualquer
nível. A autonomia possibilita que o indivíduo entenda a dinâmica da sociedade e
suas contradições, dentro de suas diferenças e exigências.
39
DOCÊNCIA NA UNIVERSIDADE ULTRAPASSA PREPARAÇÃO PARA
MUNDO DO TRABALHO
Docência na contemporaneidade
40
esse conto mitológico de Heidegger para entender o valor e a importância da
educação como processo contínuo de formação do homem.
Em pesquisa desenvolvida por Feltram (2003) sobre as lembranças que
diferentes profissionais tinham sobre um bom professor do tempo da universidade,
a autora buscou conhecer especialmente os aspectos reconhecidos por estes como
os mais estimuladores para o seu desenvolvimento pessoal e profissional. Feltran
(2003) concluiu que as características mais marcantes para os alunos não estavam
apenas no trato do conteúdo (inegavelmente importante), mas na condição de ter
levado o aluno à autonomia como pessoa e como profissional.
41
Ao produzir seu conhecimento, o aluno adquire autonomia intelectual, pois o
processo de aprender é composto por condições internas e externas, particulares
do aluno, nas quais a qualidade da relação professor-aluno tem grande influência
e se faz nos espaços da contradição entre os determinantes e as possibilidades. É
acreditando que esse espaço é possível que se pode dizer da construção do
pensamento autônomo do aluno. Agir e oportunizar reflexões profundas sobre a
direção que o conhecimento toma ao ser construído e ao ser utilizado é uma das
tarefas mais importantes da docência nos tempos atuais.
Atividade de aplicação
42
2.2 Modalidades de ensino superior
43
Fluxograma 1 – Organização da Educação básica
Educação Básica
Pós-graduação
Especializações
Mestrado Doutorado
44
As modalidades atendidas são:
Presenciais, em que o aluno frequenta as aulas em um espaço específico,
com hora e duração estipulados.
Educação a distância – EaD. Com flexibilidade de tempo, local e espaço,
por intermédio de aulas a distância, podendo haver alguns encontros presenciais.
Essa modalidade é marcada pela tecnologia da informação e comunicação.
Educação semipresencial. Considerada uma educação a distância com
algumas atividades obrigatórias presenciais. Ela não consta na LDB n.º 9.394/1996,
mas é citada no artigo 8º da Resolução CNE n.º 2, de 26/6/1997.
Leia o texto abaixo que elucida algumas questões importantes sobre a
educação.
45
Sistemas de ensino
46
Os sistemas estaduais apresentam características específicas, que variam
de estado para estado, e mantêm uma legislação própria em relação às instituições
de ensino superior estaduais e municipais, que a eles se subordinam. Os
municípios podem constituir o seu próprio sistema, integrar-se ao sistema estadual
ou compor, com ele, um sistema único de educação básica.
47
Você sabia que a Educação de Jovens
e Adultos é uma modalidade que se
articula com o Ensino Fundamental e o
Médio, garantindo a educação para
aqueles que não a tiveram no tempo
certo?
48
Figura 15 – Número de matrículas em Educação a Distância (período de 2006- 2016)
49
A ampliação de cursos e vagas nas universidades levando-as para o interior
desmitifica a crença de que a universidade é para poucos e para alguns lugares,
cidades, municípios e estados. Foi uma medida importante no caminho da
democratização e da universalização do ensino no Brasil, trazendo para perto da
realidade da população o desenvolvimento integral e o preparo para a cidadania
consciente e participativa de maneira efetiva.
Ao ensino superior, na Constituição de 1988, é garantida a autonomia
didática, financeira, administrativa, não se separando a pesquisa e o atendimento
à comunidade (extensão) de suas ações e princípios.
A LDB n.º 9.394/1996 ressalta a importância de uma gestão democrática na
qual funcionários e alunos deverão participar das decisões voltadas para o
desenvolvimento dos alunos, haja vista que são agentes desse processo.
A LDB salienta ainda a carga horária do professor, estipulando o mínimo de
oito horas e garantindo a aproximação entre professor e instituição. Muitos dos
dispositivos postos em lei são efetivamente cumpridos pelas escolas públicas.
Percebe-se que essas medidas caracterizam uma reforma universitária
permanente e importante, que deve ser analisada e acompanhada pela população.
50
A universidade, como espaço de formação de profissionais, não pode
discriminar ou segregar. Ela deve oferecer um ensino de qualidade e de
crescimento pessoal, de maneira que possibilite ao indivíduo transitar pelo
conhecer e aplicar seus conhecimentos em diferentes situações de sua vida social
e profissional.
O aumento do ensino superior não pode ter fins lucrativos, pois, nesse caso,
a educação não serviria para a construção de indivíduos que questionem e
busquem conhecer seus direitos enquanto cidadãos participativos e colaborativos.
Garantir acesso a um ensino superior de qualidade não implica abrir
universidade e vagas, mas olhar para todo o processo pelo qual o aluno precisa
passar para chegar à universidade e garantir um caminho de qualidade e
crescimento cognitivo, emocional e social.
Algumas perguntas precisarão ser respondidas nesse caminhar. Estamos
preparando nossa população para exercer de maneira efetiva a cidadania? Os
cursos de ensino superior estão dando conta de preparar o cidadão para uma
consciência ética, comprometida e cooperativa? Os docentes estão preparados
para essa nova fase da educação?
51
Acompanhamento de egressos: subsídios para a avaliação de
Instituições de Ensino Superior (IES)
Leonardo Araújo Lima
Wagner Bandeira Andriola
52
Desse modo, ambos os autores defendem que o Ensino Superior, por demandas
da própria sociedade, produz conhecimento e formação humana num mesmo
processo contínuo e inseparável. Destas contribuições, concordamos, portanto,
que a dimensão da qualidade, e não da produtividade do Ensino Superior deve ser
priorizada nos processos de avaliação de uma IES.
Assim como a pertinência social, uma IES que busca pela qualidade dos
seus serviços deve mobilizar os diferentes setores de suas atividades meios
(gestão, acadêmica, operacional, serviços de biblioteca etc.) para agregar padrões
de confiança técnica em relação às suas atividades finalísticas (ensino, pesquisa e
extensão). A qualidade desta interlocução entre os serviços de uma IES no pleno
cumprimento de suas atividades gerenciais e acadêmicas deve ser constantemente
monitorada para o realinhamento necessário entre a realidade observada e o que
fora efetivamente planejado. “Essa necessidade será suprida através da utilização
de procedimentos que visem ao conhecimento e julgamento da realidade a ser
aprimorada, caracterizando, assim, a implementação da avaliação educacional”
(ANDRIOLA, 2009, p. 3).
Neste sentido, compreende-se que a busca pela qualidade das IES deve ser
posta em prática mediante procedimentos regulares e sistemáticos de avaliação,
com fins de encontrar os problemas e discutir soluções para garantir o
aprimoramento contínuo. Considerando o crescente interesse em sistematizar a
avaliação educacional como meio de monitoramento e implementação de políticas
do ensino superior, as pesquisas neste campo devem ser assumidas como práticas
que possibilitam a transparência das relações institucionais tanto para comunidade
acadêmica como para a sociedade. Sobre esta prerrogativa estratégica de gestão
Andriola (1999) afirma que o objetivo mais ambicioso de um processo de avaliação
educacional consiste, primordialmente, em alcançar a qualidade, isto é, buscar a
melhora ou o aperfeiçoamento do objeto de estudo. Todavia, o mesmo autor alerta
ser “necessário reconhecer a existência de uma imensidão de proposições teóricas
sobre a qualidade educativa. A escolha de uma concepção ou modelo de qualidade
não é uma tarefa fácil, dado que supõe a adoção de uma série de decisões
metodológicas para as análises dos dados” (ANDRIOLA, 2009, p. 5).
Para o estudo aqui apresentado é importante esclarecermos que o critério
de qualidade educacional adotado para o processo de avaliação institucional
realizado está em conformidade com as diretrizes estabelecidas pelo Sistema
Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES).
53
Atividade de aplicação
54
3. Leia as assertivas abaixo e responda:
55
4. Podemos afirmar que as modalidades do ensino superior brasileiro,
estabelecidas pela LDB n.º 9.394/1996 são:
Correta: C.
As modalidades de ensino superior apresentadas são: educação presencial,
semipresencial e educação a distância.
56
UNIDADE III
Olá aluno!
57
Foi pelos movimentos de intelectuais, influenciados pelos pensadores e pelo
movimento da escola novista dos Estados Unidos, que o Brasil conquistou sua
primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em 1961.
19Fonte: https://www.ebiografia.com/anisio_teixeira/.
58
da educação, a qual seria supervisionada pelo Ministério da Educação, garantindo-
se educação para todas as classes sociais em busca de uma sociedade mais justa.
Esse documento teve grande repercussão, pois combatia uma força religiosa
que defendia ensino religioso obrigatório. Foi assinado por 26 intelectuais:
Fernando de Azevedo, Afrânio Peixoto, A. de Sampaio Dória, Anísio Spínola
Teixeira, M. Bergstrom Lourenço Filho, Roquette-Pinto, J. G. Frota Pessoa, Julio
de Mesquita Filho, Raul Briquet, Mário Casassanta, C. Delgado de Carvalho, A.
Ferreira de Almeida Jr., J. P. Fontenelle, Roldão Lopes de Barros, Noemy M. da
Silveira, Hermes Lima, Attilio Vivacqua, Francisco Venâncio Filho, Paulo Maranhão,
Cecília Meirelles, Edgar Sussekind de Mendonça, Armanda Álvaro Alberto, Garcia
de Rezende, Nóbrega da Cunha, Paschoal Lemme e Raul Gomes. Fernando de
Azevedo era o responsável pelo texto.
Esse documento pode ser considerado o ponto principal no processo de
modernização da educação no Brasil, pois traz questões importantes, como
necessidade de diretriz educacional e uma visão de educação para todos.
59
Fernando de Azevedo (1894-1974) foi um educador, professor, crítico,
ensaísta e sociólogo brasileiro. Foi um dos expoentes do movimento da Escola
Nova. Participou intensamente do processo de formação da universidade brasileira,
em busca de uma educação de qualidade.
Fernando de Azevedo (1894-1974) nasceu em São Gonçalo do Sapucaí,
Minas Gerais, no dia 2 de abril de 1894. Graduado em Direito pela Faculdade de
Direito de São Paulo, dedicou-se ao magistério. Foi professor de Sociologia no
Instituto Caetano de Campos e mais tarde no Instituto de Educação da
Universidade de São Paulo.
Em 1926, Fernando de Azevedo passou a exercer o cargo de diretor geral
da Instrução Pública do Rio de Janeiro. De 1927 a 1930 iniciou as primeiras
reformas da educação brasileira. Foi um dos redatores do Manifesto dos Pioneiros
da Educação Nova.
60
Atribui autonomia didática, financeira e disciplinar para as universidades,
desde que prevista pelos estatutos.
A lei atribui flexibilidade no acesso ao ensino superior, não colocando
empecilho para o tipo de curso realizado anteriormente pelos alunos
(profissionalizante, Mobral, ou colegial clássico), também não coloca obstáculo
para transferências de um curso para outro, podendo fazer aproveitamento de
estudos para as disciplinas cursadas e aprovadas.
A LDB n.º 4.024/1961 foi uma elaboração atrapalhada e cheia de lacunas,
mas não deve deixar de ser considerada uma conquista a ser comemorada.
Sua elaboração política aconteceu entre 1947 e 1961, porém com reflexos
do movimento escolanovista que ganhava força e defendia escola pública e
centralizada. Porém, esse movimento liberal tinha como oposição os católicos que
defendiam escola privada e sem a intervenção do Estado na educação.
O quadro apresentado foi de um momento de conflito em que a lei é
aprovada, dentro da visão liberal que perdurou com o fim da ditadura Vargas, de
1945 até 1964, com o Golpe Militar, em um princípio de direitos, deveres e família.
A base da LDB teve como princípio um desejo da sociedade da época de
tornar a educação massificada dentro de uma visão de produção em série em uma
perspectiva industrial. Dessa maneira, mantivemos uma educação excludente, mas
atendendo ao progresso e à prosperidade das fábricas.
Com várias lacunas, mas com uma visão progressista que visava preparar
para o trabalho especializado, sem muita contestação, pois era necessário manter
uma sociedade de consumo e de uma perspectiva da entrada de indústria
internacional.
As escolas sofriam as repercussões de uma crise pós-guerra, que pedia pela
divisão de trabalho. De acordo com Teixeira (1976), a ideia era de uma formação
prática, destinada a dar uma função, desenvolvendo hábitos e atitudes do cidadão
que enfrentava dificuldade em se encaixar em uma área de trabalho. Nesse sentido,
percebe-se uma desconstrução da ideia escolanovista e acentuação das ideias
sociológicas sobre a educação efetivada da década de 1970.
61
Para que você possa acompanhar com mais propriedade essa discussão, é
necessário entender a concepção de alguns autores sobre o que estava
acontecendo. Para início, sugerimos a leitura do texto abaixo.
62
João Goulart (1918-1976) foi um político brasileiro. Foi o 24º presidente do
país. Eleito em 1961, governou sob um regime populista, sendo deposto pelo Golpe
Militar de 1964.
João Belchior Marques Goulart, conhecido como Jango, nasceu em São
Borja, Rio Grande do Sul, no dia 1º de março de 1918. Filho de Vicente Rodrigues
Goulart, coronel da Guarda Nacional, e Vicentina Marques Goulart, era o mais velho
de oito irmãos. Desde pequeno, recebeu o apelido de “Jango”. Foi aluno do Colégio
Marista de Uruguaiana. Cursou Direito na Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, graduando-se em 1939. Depois de formado, voltou para São Borja e se dedicou
às atividades agropecuárias. Advogado e político brasileiro.
63
A garantia de uma população mais omissa ocorreria com reformas em torno
de três itens importantes: educação voltada à formação de profissionais, para
atender as necessidades de mão de obra especializada, formação de cidadão
consciente com disciplina sobre civismo e problemas brasileiros (“Educação Moral
e Cívica” e “Organização Social e Política do Brasil” e “Estudo de Problemas
Brasileiros”).
Em relação ao histórico do acordo, podemos ressaltar que, desde 1950, os
acordos já estavam sendo realizados e assinados entre Brasil e Estados Unidos,
como objetivo de aproximar a cooperação entre os países, culminando no acordo
realizado em 1965 e 1967.
Em 1965, um primeiro acordo entre MEC e USAID foi firmado, tratando sobre
ensino superior, e somente em 1966 foi divulgado e rejeitado, inutilmente, pela
academia. Uma equipe seria formada com dez pessoas, cinco de cada país (Brasil
e EUA), responsáveis pelo planejamento do ensino superior – Equipe de
Planejamento do Ensino Superior (EPES) e Equipe de Assessoria ao Planejamento
do Ensino Superior (EAPES), para analisar e fazer as mudanças necessárias no
ensino superior no Brasil, analisar as características ideais e necessidades, fazer
um projeto de mudança e desenvolver.
Logo em 1967, no governo Costa e Silva, assina-se um convênio para
assessorar o trabalho do ensino superior. Acreditava-se que os brasileiros não
eram capazes realizar a tarefa, precisando vir técnicos de fora para auxiliá-los. Em
1968, um relatório entregue pela equipe de assessoria deu início à reforma
universitária.
Seguem fotos dos protestos realizados pelos estudantes sobre o acordo
entre MEC e USAID.
20
“Estudantes em passeata em São Paulo contra os acordos MEC-USAID, que permaneceram por
dois anos em segredo”. Disponível em: http://memorialdademocracia.com.br/card/eua-ditam-
reforma-do-ensino-no-brasil. Acesso em: 9 out. 2018.
64
Figura 17 – Desaprovação da população como acordo MEC-USAID
65
ACORDO MEC-USAID: AÇÕES E REAÇÕES (1966-1968)
66
MEC-USAID de Assessoria do Planejamento do Ensino Superior”. O contexto
nacional no qual o acordo foi assinado pode ser considerado um momento
significativo dos problemas referentes à universidade. Problemas de ordem
quantitativa, já que a procura pelas vagas na universidade era maior do que esta
oferecia (assim como hoje) e qualitativos.
Para Romanelli (1986, p. 209),
67
Para isso acontecer, unificou-se o vestibular, colocando-se classificação e
limitando-se as vagas. Portanto, não adiantava ter obtido nota e sim estar dentro
da classificação para cada curso. Instituiu-se a concepção de curso básico,
agrupando-se disciplinas afins.
Assim, percebe-se o sistema de crédito, o fim do centro acadêmico e a
instituição do diretório sem autonomia, subordinado à reitoria, o que trazia
repressões. Democratização do ensino superior levada para o lixo.
O fato de a entrada na universidade estar condicionada a vaga e
classificação facilitou a abertura das universidades particulares e cursinhos. À
década de 1970, houve cursos de ensino superior (terceiro grau) com baixa
qualidade.
Tanto a Lei n.º 5.540/1968 quanto a Lei n.º 5.692/1971 têm proposta
desenvolvimentista, uma industrialização forçada, com base nas teorias taylorista
e fordista.
A Lei de n.º 5.692/1971 firmava-se na reforma do primeiro e segundo graus,
não saindo da visão tecnicista, tradicional e nada democrática. Essa lei foi gestada
no governo Médici. Alguns teóricos não consideram essa lei tão ampla como uma
LDBEN por acreditarem que se trata da educação de maneira fragmentada,
levando o ensino com uma visão de preparo para o trabalho e não incluindo o
terceiro (ensino superior).
Vejamos alguns pontos da lei a serem analisados por nós.
A Lei n.º 5.692 previa um núcleo curricular único para primeiro e segundo
graus, sendo Educação Física, Artes e Educação Moral e Cívica, com 180 dias de
trabalho efetivo, obrigatoriedade de matrícula de crianças entre 7 e 14 anos no
primeiro grau. Segundo grau obrigatoriamente voltado à formação
profissionalizante. Professores com formação específica para ministrar aula
(primeira a quarta séries do magistério, no segundo grau) e formação em nível
superior para as demais séries e verbas municipais voltadas para a educação.
Mesmo não sendo considerada uma nova LDBEN e sim uma reforma,
a Lei n.º 5.692/1971 trouxe grandes mudanças para atender a um projeto que dizia
elevar o Brasil a “potência”. Deparamo-nos com repressão, autoritarismo,
privatização, exclusão da população do ensino público que, embora aceitasse a
todos, não garantia sua permanência e qualidade, pois as instituições privadas
começavam a surgir para tapar essa lacuna.
A desmotivação do corpo docente passa a ser presente pela falta de
autonomia e liberdade para ensinar. A ideia era articular os diferentes níveis de
educação, com conhecimento teórico e prático, atendendo ao mercado de trabalho
e à expectativa econômica da época.
Na população, encontravam-se os que concordavam e os que tinham
grandes restrições, mas as estratégias e relação de poder da época eram algo a
ser muito questionado.
A reforma do segundo grau, imposta pela Lei n.º 5.692/1971, teve como fins
desviar o número de jovens que desejavam o ensino superior para o trabalho, com
uma formação técnica no segundo grau, e aumentar o muro que permitia à massa
populacional chegar à universidade.
68
Com a profissionalização compulsória no segundo grau visando atender ao
interesse de industrialização, a universidade se torna um espaço para poucos, para
a elite pensante, pois a lei enfatiza a formação do indivíduo para a mão de obra.
Conforme o país ia se industrializando, qualquer pessoa que se opusesse à ideia
de uma educação para o trabalho era tratada como subversiva e as repressões
eram fortes e sem limites. O objetivo era atender com rapidez e efetividade ao
capital externo desviando o olhar de quem procurava um ensino superior para a
profissionalização no segundo grau.
Entre as Leis n.º 5.692/1971 e n.º 7.044/1982, foram 11 anos de alienação
estudantil e possibilidades de crescimento na área privada. A escola não conseguia
resolver algo que era claramente rejeitado pela sociedade, passando a se dividir
para atender aos diferentes públicos e à segregação se instalava.
A Lei de n.º 7.044/1982 desobriga a profissionalização compulsória no
segundo grau, mudando o termo “qualificação para o trabalho” para “preparação
para o trabalho” e o sentido da lei.
Embora fosse apenas uma terminologia, ela muda o sentido do segundo
grau e abre espaço para a escola voltar a um ensino propedêutico ou
profissionalizante, dando espaço de escolha para o estabelecimento e para o aluno.
A década de 1980 foi de grandes discussões no campo da educação, uma
época marcada pelo desemprego, inflação e retomada do direito da população.
As discussões sobre a educação eram muito fortes, no intuito de uma escola laica,
pública, para todos, gratuita e de qualidade, o que terminará na Lei de Diretrizes e
Bases n.º 9.394/1996.
O reprodutivismo não cabia mais e a discussão na Europa era de uma
educação para a vida, para transformação pessoal, e, consequentemente, para a
sociedade. A banalização do diploma estava posta e a sociedade conseguia
garantir uma população alfabetizada.
A elaboração da LBD n.º 9.394/1996 durou dez anos de debate e embates
políticos e ideológicos, pois buscava uma sociedade mais justa e de direitos.
Lembre-se de que discutir leis educacionais no Brasil é levar em consideração as
diferenças e diversidades existentes na dimensão geográfica que o caracteriza.
Em que tipo de sociedade se deve pautar a educação? Essa era uma
questão a ser levada em consideração. Uma discussão árdua e intensa estava se
configurando e firmando, com ideário de educadores e de políticos.
Em 1987, ocorreu um movimento em torno da elaboração das novas
diretrizes e Demerval Saviani foi convidado para falar um pouco sobre o que elas
seriam. O artigo de Saviani, de acordo com o próprio autor, foi o boneco de um
projeto que busca traçar algumas metas para a educação nacional.
Em 1988, um projeto foi apresentado pelo deputado Octavio Elísio, levado a
discussão pela sociedade e coordenado por Florestan Fernandes. Em seguida, foi
aberta audiência pública em 1989, quando foram ouvidas 40 entidades e
instituições. No segundo semestre do mesmo ano, foram estabelecidos seminários
com especialistas e convidados em busca de sanar possíveis lacunas na lei.
De acordo com Saviani (2008), o texto foi levado ao Congresso em 1990,
discutido, reescrito (terceira versão) e aprovado.
69
Você pensa que acabou
por aqui? Não, caro
aluno!
70
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA CONSTRUÇÃO DA NOVA LDB DA EDUCAÇÃO
NACIONAL
71
recentemente se submeteu a pouquíssimos debates, apenas sob grande pressão
de outros parlamentares e dos segmentos organizados da sociedade civil.
O Substitutivo Cid Sabóia e o PL 101/93 guardam características
semelhantes, pois um foi originário do outro e possuem a mesma linha diretriz. O
Substitutivo Darcy Ribeiro, por sua vez, apresenta uma proposta diametralmente
oposta às demais.
A seguir apresentamos os principais pontos dos diferentes Substitutivos.
72
Substitutivo Darcy Ribeiro
73
17. Acaba com a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
18. Suprime o piso nacional unificado e faz referência a um piso salarial
profissional.
19. Faculta a cada universidade pública propor o seu próprio plano de cargos
e salários, de acordo com os recursos disponíveis.
74
Mediante a leitura do texto apresentado, vamos para uma atividade que
acreditamos será enriquecedora para sua formação.
Atividade de aplicação
Leia o texto acima selecionado para você e elabore um texto sobre o que foi
considerado inconstitucional, as modificações feitas por Cid Sabóia e Darcy Ribeiro
e coloque suas considerações.
75
Coloca-se a presença obrigatória, com exceção da educação a distância, e
a obrigatoriedade da oferta do curso noturno com a mesma qualidade que o da
manhã.
A lei estabelece algumas condições para garantir a qualidade do ensino,
como titulação dos professores, devendo a instituição ter profissionais mestres e
doutores (mínimo de um terço e com jornada integral, mínimo de um terço para que
o trabalho tenha comprometimento e ligação entre professor e instituição,
garantindo-se um corpo docente que elabore pesquisas, trabalhe com a
comunidade e entenda da realidade que compõe a instituição).
A lei assegura a autonomia da instituição, dentro da concepção da
democracia, mas sem entrar em conflito com a lei. Portanto, cabe à instituição
decidir, com seu colegiado, as mudanças e o objetivo a ser atingido em suas ações,
de maneira a se manter uma relação de participação mútua entre instituição e corpo
docente.
O maior ganho na LDB n.º 9.394/1996 foi o reconhecimento do direito de a
criança se desenvolver, independentemente da faixa etária, raça ou condições e
etnia.
76
Vejamos o que Bauman (2001, p. 8) traz como significado da liquidez social.
A modernidade, de acordo com o autor, quer tudo para agora, sem paciência,
quer resolver os problemas de imediato. O individualismo está muito forte, não se
importando com amizades que se vão ou com a estabilidade.
A facilidade de estar em vários lugares sem sair do lugar faz com que o
imediatismo seja uma característica forte desse tempo, em que tudo pode passar
e acabar. Bauman (2001) entende que a sociedade que buscava solidez, em que
os valores eram mais rígidos e inflexíveis, não está presente nesse tempo.
A sensação de liberdade e de independência gera indivíduos tão certos de
suas ações que a felicidade a longo prazo e a satisfação não fazem parte dessa
geração. Pelo prazer ser algo imediato, o indivíduo precisa de estímulo constante.
Diante de um futuro incerto, há a ausência de perspectiva que leva a uma angústia
e, por consequência, à depressão, tão presente na sociedade atual.
Essa nova sociedade que se apresenta tem mais característica de incertezas
do que de certeza e segurança.
77
Vejamos o
significado de
perspectiva.
Perspectiva,do latim
perspectius = perspecto =
olhar até o fim, examinar
atentamente.
78
transitoriedade e da fluidez. O conhecimento de hoje não servirá amanhã, não se
espera que o objeto comprado hoje tenha uma vida longa e os relacionamentos
não são considerados eternos e sim passageiros.
O texto sugerido para esse momento possibilitará que você entre em contato
com o pensamento de Bauman sobre a educação na sociedade dinâmica, rotativa,
volátil, denominada pelo autor de sociedade líquida.
79
interessam, portanto, à reflexão pedagógica e ao papel da educação
contemporânea.
Em seu livro Modernidade e Ambivalência, Bauman (1999) considera que,
apesar dos perigos que uma sociedade predominantemente competitiva e
consumidora apresenta, um desafio existente é o de conviver nesse estado de
transitoriedade de situações:
Dize-me quanto consomes e te direi quanto vales. Esta civilização não deixa
as flores dormirem, nem as galinhas, nem as pessoas. Nas estufas, as flores
estão expostas à luz contínua, para fazer com que cresçam rapidamente. Nas
fábricas de ovos, a noite também está proibida para as galinhas. E as pessoas
estão condenadas à insônia, pela ansiedade de comprar e pela angústia de
pagar, […] invisível violência do mercado: a diversidade é inimiga da
rentabilidade, e a uniformidade é que manda. Esta ditadura da uniformização
obrigatória é mais devastadora do que qualquer ditadura do partido único,
impõe, no mundo inteiro, um modo de vida que reproduz seres humanos
como fotocópias do consumidor exemplar (p. 1).
80
No entanto, Bauman (2001), em sua análise da “modernidade líquida”,
fortalece a nossa esperança. Segundo esse autor, apesar dos conflitos etnorraciais
que se alastraram na Europa, é possível vislumbrar oportunidades para se construir
uma nova lógica política.
O texto possibilita uma visão sobre o cenário que estamos vivendo. A queda
da ditadura trouxe reflexões fortes não apenas na educação, mas em todas as
áreas (economia, política, sociedade). Percebe-se que o imediatismo ficou sendo
algo necessário para se viver e os valores tornaram-se algo passageiro.
A educação, a base de todos os países que visam crescer, passou a ser
vista como comércio e o conhecimento uma mercadoria a ser comprada, tão
passageira quanto o sapato, a comida e o celular adquirido no final de semana.
O que antes era valorizado como sendo o alicerce de uma família e da
sociedade não está atendendo à necessidade imediatista da população.
A transposição de responsabilidade da transmissão da educação para o próprio
aluno, esvaziando o papel da escola, leva o estudante a assumir uma
responsabilidade que a longo prazo ele pode não dar conta. A educação deve
assumir seu papel de mediadora do conhecimento, a escola deve se organizar para
que seu espaço seja valorizado, desejado, e um local de troca e crescimento.
Independentemente de estarmos em um tempo no qual tudo é passageiro,
a escola deve ser o lugar de amparo, base e conforto, para que a sociedade não
escorregue para um vazio e falta do outro e que a depressão seja impregnada.
A relação professor-aluno, seguindo a linha do texto apresentado, não pode
ser de fornecedor e cliente, pois não há conhecimento estragado, defeituoso, ou
mesmo extravio de mercadoria.
A escola precisa parar e rever seu papel e sua posição na sociedade, pois a
crise que ela enfrenta pode desencadear um colapso educacional. Para Bauman,
o mal-estar que permeia a sociedade é resultante da liberdade de ser e fazer o que
se gosta, que trata o prazer como algo a ser buscado constantemente. Essa lacuna
entre os tempos, considerados pelo autor como sólido e o líquido, desperta
insegurança e incertezas tanto para os alunos quanto para os professores, em
relação ao lugar que eles ocupam na sociedade, na escola e na vida.
Em uma sociedade na qual a liquidez esteja presente, os padrões não se
mantêm por muito tempo, ao contrário do sólido, cuja forma é mantida por vários
anos. O que era considerado algo da espécie humana, o trabalho coletivo,
fragmentou-se e passou a ser algo individual, uma mudança forte e com
consequências a médio e longo prazos.
81
Atividade de aplicação
Entendemos que estamos em uma época na qual a liquidez é uma
característica da sociedade. Bauman, no texto de Furlan e Maio (2016, p. 282),
alega que:
82
3.2 Formação do aluno-autor
83
capacidade de os professores trabalharem com a diversidade existente em um país
no qual ser professor é algo considerado por muitos como uma segunda opção.
No Brasil, o incentivo para seguir a profissão é muito pequeno e a pouca
valorização não atrai muitos adolescentes. A desigualdade na distribuição de renda
e a imensa deficiência no sistema dificultam uma educação com qualidade para
atingir a meta de alfabetizar até os oito anos de idade.
Não se pode cobrar algo que não se oferece. Melhorar a situação de vida da
população implica estudo, escolas preparadas e professores envolvidos. A política
educacional envolve olhar com lente de aumento a realidade da população e não
soluções simplistas que não terão continuidade.
Pobreza, desigualdade e falta de educação de qualidade devem ser sanadas
com políticas públicas fortes, pontuais e de longo tempo, abrangendo todas as
camadas sociais e suas realidades.
Oferecer uma educação básica de qualidade para garantir alunos
preparados para o ensino superior é o mínimo que se espera de um país que deseja
desenvolver-se em todos os âmbitos.
Não se melhoram as condições financeiras de uma população sem mexer
diretamente na educação. Não é apenas abrir escola e sim dar condições
suficientes para que essa escola exerça sua função e transforme a população.
A educação é um bem cultural que não deve ser negligenciado, pois carrega
a força de um passado e a esperança de um futuro. A base cultural está guardada
na educação, no espaço escolar, na academia, nas paredes que acolhem o saber.
A universalização da escola deve ser prioridade de qualquer governo,
trazendo políticas que façam com que a população compreenda o valor de estar na
escola e de ser preparada para exercer a cidadania.
84
Preparar para cidadania?
Eu já não nasço cidadão?
85
Fonte: Ministério da Educação e Cultura (MEC) /
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 201622.
O quadro mostra que a escola privada ainda guarda uma diferença a ser
considerada em relação à escola pública, sendo o índice de abandono maior no
sexto ano, na entrada das disciplinas específicas, com diferentes professores, e no
primeiro ano do ensino médio, em que a relação com a escola é de preparo para a
universidade e há certo distanciamento dos professores.
A rede pública tem índices a serem estudados e analisados para se buscar
a solução e amenizar esse quadro tão desastroso.
O Inep divulgou dados alarmantes, de alunos que se evadiram no ano de
2015. De acordo com pesquisas, por ordem crescente, 12,9% de alunos
matriculados no primeiro ano do ensino médio evadiram-se, 7,7% no nono ano do
ensino fundamental e 6,8% no terceiro ano do ensino médio.
A taxa de migração para a educação de jovens e adultos (EJA) é maior no
final do ensino fundamental II.
Entender o fracasso escolar requer analisar suas dimensões dentro de um
quadro maior de educação, investigando esses dados nas diferentes regiões do
Brasil.
Entender o que leva o aluno a ingressar na escola e o que faz com que ele
desista dela.
Vejamos o quadro abaixo.
22
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/docman/fevereiro-2017-pdf/59931-app-censo-escolar-da-
educacao-basica-2016-pdf-1/file. Acesso em: 13 nov. 2018.
86
Figura 19 – Reprovação e abandono em 2015
87
3.3 Educação brasileira na contemporaneidade
88
Temos também, como visto anteriormente, um caminho precário na
educação básica que culmina em um ensino superior de qualidade duvidosa.
Assim, defrontamo-nos com a formação dos professores, como de outros
profissionais, falha, sem a interação suficiente para o crescimento profissional. Sem
discussões fortes, que garantam profissionais que levarão seus alunos a refletirem
e a construírem conceitos efetivos.
Fica difícil averiguar a situação sem fazer as relações entre escola,
sociedade e política, na tentativa de encontrar a lacuna deixada pelo caminho da
educação para todos e de qualidade.
A educação para a contemporaneidade requer dinamismo, rapidez no
conhecer e aplicabilidade do saber que se consegue com uma educação pela
colaboração, pela educação que associa tecnologia com humanidade, tolerância e
cooperatividade.
Na realidade devemos pensar em uma educação para a transformação e
liberdade do pensar, agir e pesquisar.
Leia o texto abaixo, que traz uma reflexão sobre contemporaneidade dentro
da perspectiva freireana e tente relacioná-lo com nossa discussão.
89
O PAPEL DA EDUCAÇÃO CONTEMPORÂNEA, UMA REFLEXÃO A
PARTIR DA PEDAGOGIA DA AUTONOMIA DE PAULO FREIRE
90
A educação dentro de uma sociedade não se manifesta como um fim em si
mesma, mas sim como um instrumento de manutenção ou transformação social.
Assim sendo, ela necessita de pressupostos, de conceitos que fundamentem e
orientem os seus caminhos. A sociedade dentro da qual ela está deve possuir
alguns valores norteadores de sua prática.
O texto abre discussão sobre uma educação que valorize a diferença, dentro
de uma situação de aprender e ser, rompendo com a visão elitista e classista da
escola do século passado.
Nesse texto, percebe-se que a responsabilidade pela educação não se
estabelece apenas na escola, mas a todos os autores que permeiam a educação e
o desenvolvimento do homem.
Investir na criticidade requer levar para a sala de aula temas atuais e do
cotidiano para debates, soluções, levantando possibilidades a ser analisadas e
desenvolvendo habilidades e competências necessárias para transitar em uma
sociedade dinâmica e volátil.
A formação intelectual do educando deve ser a consequência de ações
empreendedoras que desenvolvam homens éticos, sensíveis, participativos, que se
realizem socialmente, emocionalmente e profissionalmente.
Pensar em políticas e organização do ensino superior requer fazer uma
incursão pela história da educação, permeada de intenções de um grupo sobre a
sociedade. Essas intenções são denominadas “política” e, quando voltadas para a
formação do indivíduo, são caracterizadas pela política da educação.
91
Muito se discutiu, na década de 1990, sobre o tipo de educação esperado
para o século XXI. Estava chegando o novo milênio e uma nova perspectiva surgia
sobre quem seria e como seria o homem do século que surgia.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura
(Unesco) monta uma comissão internacional para discutir e elaborar um relatório
sobre a educação para o século XXI. Foram três anos de discussões, presididas
por Jacques Delors, responsável pelo relatório final, sobre uma educação
necessária para o século que iria se iniciar.
Muitos desafios a serem superados e a educação seria o espaço, o
instrumento, para se atingir um país que atendesse as expectativas e necessidades
de um novo perfil.
Adaptar-se às mudanças e incentivar a humanidade a descobrir, pesquisar
e transformar é sempre instigador.
A proposta da comissão é fazer com que todas as pessoas possam
desenvolver suas potencialidades, sem discriminação ou distinção.
Políticas educacionais seriam necessárias para a efetividade do que foi
discutido.
Delors (1998) destaca o desequilíbrio entre países desenvolvidos e
subdesenvolvidos, o desemprego e a exclusão.
Há, pois, que reinventar o ideal democrático ou, pelo menos, dar-lhe nova vida.
Deve estar na primeira linha das nossas prioridades, pois não há outro modo
de organização, quer política quer civil, que possa pretender substituir-se à
democracia, e que permita levar a bom termo uma ação comum pela liberdade,
a paz, o pluralismo vivido com autenticidade e a justiça social. As dificuldades
presentes não nos devem desanimar, nem constituir desculpa para nos
afastarmos do caminho que leva à democracia. Trata-se de uma criação
contínua, que apela à colaboração de todos (DELORS, 1998, p. 54).
92
A educação deve garantir crescimento humano e social, levando o indivíduo
não parar de descobrir, criar e inovar, em um processo de superação constante,
trazendo a ideia de educação para a vida e não para um momento. Para o autor (p.
51), “a educação tem como objetivo essencial o desenvolvimento do ser humano
na sua dimensão social”, para o convívio, trabalho, tecnologia e para
autorrealização.
Delors ressalta que a educação não deve ser voltada a um único espaço e
sim para o mundo, preparando o ser humano para exercer sua função
transformadora e de interlocutor das descobertas e saberes em todos os espaços.
Para que isso se concretize, a educação deve desenvolver a habilidade de
compartilhar, ceder, ajudar, enfim, de conviver com as diferentes pessoas e suas
especificidades.
Para a educação do século XXI, estabelecem-se quatro pilares como base
de ação e planejamento. O conhecer, o fazer, o conviver e o ser, eixo principal do
pensar educação.
Conhecer, em qualquer etapa da vida. Cabe à escola e à sociedade dar
condições a que a pessoa aprenda a conhecer a si, ao outro e as coisas que a
rodeiam. Todo aprendizado passa por essa primeira etapa, o aprender a conhecer.
A segunda etapa a ser conquistada é aprender a aplicar o que foi conhecido,
o aprender a fazer. Após conhecer a si, o que fazer com esse conhecimento? Saber
usar as habilidades que desenvolveu, saber aplicar o conhecimento adquirido, é
um desafio a ser superado.
A terceira base para a educação seria aprender a conviver com o outro, com
as diferenças, com suas frustrações, uma conquista difícil, mas necessária para
quem deseja um país melhor.
A quarta base e consequência de um bom aprendizado das três primeiras é
o aprender a ser. A ser uma pessoa íntegra, acolhedora, que busque seu
conhecimento e o aplique de maneira a servir a si e a todos que o rodeiam.
Para Delors (1998, p. 98):
93
Caro aluno, nessa unidade você teve a oportunidade de transitar na
educação de maneira mais expressiva. Entender a raiz das mudanças educacionais
por que passamos no Manifesto dos Pioneiros, composto por membros da elite que
entendiam que para o Brasil crescer eram necessários investimento na educação
e políticas educacionais assertivas.
O caminho da conquista da Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBs) e suas reformas. A LDB n.º 4.024/1961, a reforma universitária n.º
5.540/1968, a LDB de n.º 5.692/1971, que muitos não consideravam LDB e sim
reforma por não ter uma abrangência universitária, a reforma do ensino
n.º 7.044/1982 e a atual LDB n.º 9.394/1996.
Você conheceu o trâmite para se firmar o acordo entre MEC e USAID dos
EUA, que culminou no golpe de 1964 e em toda uma sequência de sofrimento e
mudanças na educação para atender às exigências de um mercado estrangeiro e
a revolta da população. A abertura do governo e a elaboração da LDBEN atual.
Nossa reflexão foi para o perfil do aluno do século XXI, trazendo Bauman
para um diálogo sereno e inovador e, por fim, deparamo-nos com Jacques Delors
e o projeto de educação para o nosso milênio.
Esperamos que tenha aproveitado a leitura, os textos propostos e as
atividades.
Obrigada pelo interesse e participação.
94
1. A década de 1960 foi marcada, dentre outras coisas, por acordos
assinados entre o Brasil e a Agency for International Development (USAID). O
acordo intitulado “Acordo MEC-USAID de Assessoria para a Modernização da
Administração Universitária” foi revisto dez meses depois e seu título substituído
por “Acordo MEC-USAID de Assessoria do Planejamento do Ensino Superior”. Leia
as afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta em relação ao acordo firmado
entre Brasil e EUA.
Resposta correta: a.
Justificativa: o convênio assinado entre MEC e USAID, em 1966, apresenta
uma síntese da situação educacional do período, chamando atenção para a
necessidade de uma reformulação do ensino. A assistência proposta pelo órgão
incluía consultoria técnica, uma série de seminários a fim de estimular outras
instituições interessadas a considerar a execução de programas semelhantes e
cursos de curta duração nos EUA, para treinamento e especialização de pessoal
brasileiro necessário a avaliação, adaptação e instituição de novos processos e
técnicas administrativas essenciais. A assistência a princípio não seria para todas
as universidades, mas somente para aquelas que estavam interessadas e
preparadas (no máximo 18 universidades brasileiras, públicas e particulares, sendo
o Brasil responsável pela última decisão e implantação do projeto).
95
2. No texto de Leão (2017), apresentado nessa unidade, Bauman
considera que a saturação de informações, a velocidade com que o pensamento
muda e o envelhecimento do conhecimento precedente, ou seja, a volatilidade do
mundo líquido, produzem a suposta percepção, nas propostas para a educação, de
que esta necessita oferecer uma quantidade excessiva de informações e de
conteúdo que, na verdade, pouco contribui para os sujeitos enfrentarem sua
situação existencial simultaneamente às exigências da vida social e do mundo do
trabalho. Para o autor:
a) I, II e III.
b) II e III.
c) I e III.
d) I e II.
e) Apenas a I.
Resposta correta: e.
Justificativa: para Bauman, a escola não é a única responsável pela
educação e produção do conhecimento. Portanto, cabe a ela mudar sua forma de
agir e trabalhar, buscando um equilíbrio na maneira de lidar com o aprendizado
para que o aluno não se sinta pressionado a assumir uma responsabilidade que o
leve à desistência de sua própria educação.
96
UNIDADE IV
97
Ser cidadão é exercer seu papel dentro de uma sociedade. Papel de vigia,
observação e tomada de decisões.
Você faz isso?
O grupo representante da população, chamado de Estado, é uma junção de
forças que lutam por interesses que, se não forem reivindicados, serão interesses
de alguns e não de todos. Política não é um espaço exclusivo do Estado e de seus
componentes, ela diz respeito a toda a comunidade da qual, teoricamente, esse
Estado deveria cuidar. Portanto, essa comunidade deve dizer do que precisa e
como deve ser cuidada.
Uma sociedade não deveria ser cuidada sem ser ouvida sobre suas reais
necessidades. Quem sabe do que precisamos? Existe alguém que sabe mais do
que nós? O Estado não deveria nos representar? Se ele nos representa, ele
representa nossa vontade e necessidade, para tanto, precisa saber do que temos
vontade e necessitamos.
É nas relações que o poder aparece e é nas relações que ele se faz presente
enquanto ações.
23Disponívelem: https://elderns.jusbrasil.com.br/noticias/535343230/orcamento-participativo-
cidadao-define-como-sera-aplicado-o-dinheiro-publico. Acesso em: 13 dez. 2019.
98
Estava aqui pensando…
Pólis (grego), “cidade-estado”, é um espaço no qual
o cidadão exerce ações públicas. Política, do grego,
politiká, o que é público. Administrar o que é de
todos.
Fonte: https://www.ebiografia.com/norberto_bobbio/.
Para o autor, o que a princípio deveria ser uma ação em prol do povo, passou
a ser uma ação a favor de poucos, de uma elite que defendia os seus interesses.
99
A política deveria agir para e pelo povo. Porém, o que se apresenta é um
Estado impondo seu controle, contrapondo-se aos desejos da população e a sua
verdadeira função.
Para a conquista de seu maior desejo, depara-se com técnicas de estímulo
e reforço, viabilizando ações que nem sempre favorecem a população como todo.
100
A política voltada para a educação deve se comunicar com as demais
esferas políticas e sociais, pois se trata da base de uma sociedade, da existência
saudável de uma população.
Trazendo para essa discussão o sentido e significado da palavra educação,
encontraremos sua raiz no latim educare, conduzir, revelar e capacitar.
Comecemos entendendo que educação não está reduzida a um direcionamento no
sentido de imposição, mas de um direcionar para o conhecer, para a libertação do
pensar e agir consciente.
Ao tratarmos da educação como algo organizado, que entre em acordo com
os interesses do educando e do grupo social, buscando a expressão plena e
comunicação do saber, temos uma relação positiva entre sociedade e escola, a
qual permite que o aluno, cidadão, conheça o mundo e a si livremente.
A política educacional deve servir para garantir, a todos, o acesso ao saber.
Em políticas públicas, temos o estudo e a organização criteriosos do saber. Temos
assim, uma ação da política educacional sobre a educação. Entretanto, essa
suposta subjugação não deveria ser de maneira a interferir no cerne do processo.
No intuito de você compreender o sentido das políticas públicas
educacionais, tentamos fazer um resgate histórico da relação do Estado e da
sociedade. Nessa caminhada, deparamo-nos com fortes tensões e contradições no
sistema político do Brasil. Percebemos que a educação de qualidade não foi uma
marca da Colônia. Tivemos modelos educacionais que variavam conforme os
interesses e baseados no poder da família patriarcal, tendo como eixo de trabalho
a mão escrava.
Com tantas misturas no Brasil, era necessário distinguir as diferenças, os
nativos dos negros, dos mestiços, e as ideias europeias foram importantes para
isso. Aos poucos, a mão de obra escrava foi substituída pela mão de obra dos
imigrantes. Tivemos, por um tempo, as duas forças de trabalho juntas e, como
discutido anteriormente, o trabalho não era valorizado e o valor pago diferenciado.
A organização escolar não era diferente, pois havia um esforço para
implantação do ensino superior e um descaso na educação elementar, pois esta
era destinada à população mais carente e, portanto, não importava o conhecer e
sim o fazer.
Com o crescimento agromineral, a população que compunha a classe
intermediária ascende e migra para a zona urbana. Com esse movimento,
a demanda escolar passa a ser diferente, não tirando o caráter classista da escola.
No século XIX, com o crescimento agroexportador no Brasil, essa sociedade passa
a ser explorada pelos proprietários internos e pelos importadores.
Temos, marcado por ações e leis, um caráter elitista na educação brasileira
até meados de 1910, com um olhar para o ensino superior voltado para a elite, já
que a grande população não tinha acesso à educação ou, quando tinha, não dava
continuidade.
Com a chegada dos imigrantes europeus na esperança de qualidade de vida,
a educação precisou fazer uma restruturação, dado que a reivindicação da
universalização do ensino passou ser uma bandeira erguida por progressistas
embalados pelo ideário político europeu e por operários que organizaram
101
movimento a favor da educação para todos e do acesso à instrução. Esse
movimento tomou tanta força que não tinha como algo não ser feito.
Com o final da Primeira Guerra Mundial, temos uma perda de poder de
influência da Inglaterra e um aparecimento dos Estados Unidos, que passam a
influenciar intelectuais brasileiros, e o movimento da Nova Escola passa a ter força
no Brasil, fundando, em 1924, a Associação Brasileira de Educação (ABE), que
trazia uma proposta de mudança educacional.
Essa associação via na escola um espaço que reproduzia a desigualdade
social e lutava por uma escola com ideias liberais. Essa proposta foi se fortalecendo
e influenciando as políticas públicas educacionais posteriores. Esse confronto entre
liberais e conservadores perdurou até 1950, quando a educação ganha uma base
nacional. As mudanças educacionais conquistadas em 1930 fazem com que, na
Constituição de 1934, aponte-se a necessidade de um plano nacional de educação
que supervisione as atividades do ensino, nos diferentes níveis, em todo o Brasil.
102
Atividade de aplicação
[…]
ESTADO E POLÍTICA EDUCACIONAL NO BRASIL: TRAJETÓRIA E
PANORAMA ATUAL
103
4.1 Estratégias e projetos para a expansão do ensino superior
104
Com tantos estudos sobre o benefício
do investimento na educação, o que
acontece no Brasil?
105
Figura 21 – Ingressos no ensino superior
24
Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2016/notas_sobre_o_
censo_da_educacao_superior_2016.pdf. Acesso em: 10 out. 2018.
106
Figura 22 – Tabela de ensino superior público e privado
25Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2016/notas_sobre_o_
censo_da_educacao_superior_2016.pdf. Acesso em: 10 out. 2018.
26Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2016/notas_sobre_o_
censo_da_educacao_superior_2016.pdf. Acesso em: 10 out. 2018.
107
público 12,30%. Recentemente, constatamos o aumento da demanda de ensino
superior a distância, estendendo-se ao mestrado e doutorado.
Esse quadro, dentre outras coisas, demonstra que a pequena expansão do
público, ao contrário do que acontece com o privado, pela facilidade dada pelo
governo, demarca um novo mercado que objetiva lucro e não necessariamente
aumento do nível intelectual da população.
Esse aumento tem sido tema de muitos congressos e discussões sobre o
real objetivo desse campo tão vasto se apresentando. A privatização deve ser vista
com muita cautela e estudo. É alarmante vermos 87,70% de instituições serem
privadas e a população, embora supostamente beneficiada pela universalização do
ensino superior, acaba tendo que pagar por sua formação. Esse fenômeno, no
Brasil, deve ser estudado e entendido. O que deve estar nas entrelinhas dessa
situação? Quem são os frequentadores das universidades pública e privada?
108
Atividade de aplicação
109
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/cp/v46n159/1980-5314-cp-46-159-
00038.pdf. Acesso em: 10 out. 2018.
110
Figura 24 – Vagas no ensino superior
27Disponível em:
http://download.inep.gov.br/educacao_superior/censo_superior/documentos/2016/notas_sobre_o_
censo_da_educacao_superior_2016.pdf. Acesso em: 10 out. 2018.
111
Temos cerca de 88% do ensino em instituições superiores privadas, sendo
conduzido por um olhar mercadológico, deixando a desejar a qualidade do ensino
oferecido, pois os interesses estão voltados para o mercado e não para a efetiva
formação.
Nos últimos anos, especificamente de 1960 para aos dias atuais, as
matrículas nas IES privadas cresceram 40 vezes, um número assustador,
merecendo ser analisado e discutido esse fato. O Brasil tem três vezes mais
matrículas que os países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), com concentração no setor privado.
Ristoff (2011) ressalta que o crescimento das IES privadas foi acelerado
após a LDBEN n.º 9.394/1996, em busca de cumprir a meta do plano nacional da
educação que estipulava o aumento das vagas do ensino superior. Como o governo
não consegue dar conta da demanda e exigência, fez parcerias com IES privadas,
como parte das estratégias para atender a uma proposta impossível sozinho.
Portanto, estabelece políticas públicas de inclusão e assistência estudantil (FIES),
acesso aos estudantes do ensino público, afrodescendentes, indígenas,
deficientes, com transtornos e com altas habilidades, atendendo a camada da
população que até o momento não havia sido vista e cuidada.
Com todas essas medidas, ainda nos deparamos com um sistema elitizado
de educação e levará alguns anos para que a distância diminua.
A reforma universitária de 1968 fez com que o ensino superior perdesse sua
qualidade e se voltasse para o mercado, afastando-o de se tornar igualitário, pois
não está garantido que as IES realmente trabalham com o tripé ensino, pesquisa e
extensão. Assim, encontraremos instituições de ensino superior preocupadas com
a pesquisa e outras com o mercado, marcando uma distância entre os estudantes.
A Lei n.º 5.540/1968 mudou de maneira significativa a estrutura
organizacional do ensino superior do Brasil, para atender a possível procura a
universidades e a necessidade de atender ao mercado de trabalho e da retirada da
cátedra.
Esse movimento dos jovens que buscavam uma vaga na universidade fez
com que houvesse um aumento de instituições isoladas privadas.
O ensino médio profissionalizante e o aumento de vagas, na década de
1970, foram abrindo lacunas para o mercado privado agir.
A constituição de 1988 acatou várias reivindicações sobre o ensino superior,
dando autonomia aos estabelecimentos e aumentando as vagas. A reforma dos
anos 1990 trouxe uma concepção neoliberalista da década de 1970, que defendia
a liberdade de mercado e o afastamento do Estado nas decisões e intervenções.
Com a democratização da educação superior, as universidades federais
aumentaram as vagas para alunos de baixa renda. Porém, enfrentaram alguns
problemas para a permanência. A situação financeira (como eles iriam se manter,
tendo que estudar em período integral, a dificuldade de compra de material e de
acompanhar a turma), abriu espaço para ações de políticas públicas, no intuito de
amenizar o quadro que se apresentava.
Dentre as medidas a serem tomadas em 2007 e assinadas pelo Presidente
à época, Luiz Inácio Lula da Silva, há a Portaria n.º 39, de 12/12/2007, aprovando
o Programa Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), que auxilia alunos de baixa
112
renda nas instituições federais, tendo critério socioeconômico e outro qualquer
estipulado pela instituição.
Esse programa acolhe o estudante na sua complexidade (alimento,
transporte, moradia, saúde, creche e apoio).
Percebe-se que o ensino superior está distante de alcançar a igualdade tão
proclamada e desejada, acreditando que apenas o oferecimento da vaga não
garanta acesso, permanência e qualidade.
Deve ser levado em consideração todo o processo do aluno até a chegada
à universidade, para entender o que significa incluir a população na universidade e
garantir permanência e qualidade.
O texto de Agapito (2016) possibilita uma visão do quadro histórico de 1960
até 1990, depois da Constituição Federal de 1988. Deve ser considerado como
leitura importante do sistema de expansão das IES no Brasil.
Boa leitura!
113
ENSINO SUPERIOR NO BRASIL: EXPANSÃO E MERCANTILIZAÇÃO
NA CONTEMPORANEIDADE
114
De acordo com Correia (2014), as reformas transformam a política de
educação em negócio rentável e dificultam o desenvolvimento de um ensino em
unidade com a pesquisa e a extensão numa perspectiva crítica e autônoma. As
políticas educacionais são permeadas por uma lógica mercantil e de desmonte da
educação pública, gratuita e de qualidade. No tocante a realidade brasileira, desde
os anos 1990, a discussão e elaboração da Política Nacional de Educação (PNE)
resultou na proposição de dois projetos antagônicos. O primeiro projeto contou com
a participação das entidades científicas, sindicais, estudantis e movimentos sociais,
representando assim, uma construção democrática que correspondia à concepção
de educação pública, gratuita e de qualidade. Já o segundo projeto representava a
proposta do mercado, incorporada pelo governo Fernando Henrique Cardoso
(FHC), que foi aprovada no final dos anos 2000.
[…]
115
E você pensando que a educação
a distância é algo recente!
Rsrsrs…
116
UMA MODALIDADE DE ENSINO NA EDUCAÇÃO: EDUCAÇÃO A
DISTÂNCIA
117
1963, Espanha, em 1968; Inglaterra, em 1969; Venezuela e Costa Rica, 49 em
1977. A experiência da Open University, na Inglaterra, iniciada em 1969, é tida
como um marco e um modelo de EAD até hoje, com alunos em mais de 50 países
e uma média de 180.000 novas matrículas a cada ano. Para Alves (1998), a difusão
da EAD no mundo se deve principalmente à França, Espanha e Inglaterra, pois os
centros educacionais desses países contribuíram bastante para que outros
pudessem adotar os modelos desenvolvidos.
Litto (2009) destaca que, ao contrário do que acontece no Brasil, onde há
um histórico de controle governamental centralizador sobre a educação superior,
em outras nações havia maiores possibilidades de inovação e, assim, o
desenvolvimento de cursos e estratégias de ensino ocorreu mais rapidamente.
[…]
A tese desenvolvida por Rubio (2011), que vale a pena você acessar e dar
uma lida com mais detalhe em alguns capítulos, leva-nos a um contato mais
detalhado sobre o caminho da EaD no mundo.
É importante entender o envolvimento do mercantilismo na implantação do
EaD. Preparar e garantir que a educação chegue em larga escala à população
desencadeou a estratégia fordista no sistema. Assim, a educação a distância
possibilitou que o governo atendesse a uma parte da exigência do Banco Mundial
e à demanda do mercado.
A educação a distância aparece no cenário político como possibilidade de
ampliar o acesso da população sem implicar espaços e contratação de muitos
professores, pois, nesse sistema, a estrutura do espaço físico não é importante
para atender à demanda por vagas.
Assim, o estudante escolhe seu espaço para estudar, sem necessidade de
um local fixo que acolha um montante de alunos.
Para você ter uma ideia do interesse do governo em que a EaD se
estabeleça, ela aparece 29 vezes na PNE de 2001-2010 como meta a ser atendida.
O texto elaborado do PNE vem traçando pontos importantes para a
permanência e extensão da educação a distância, seja na modalidade a distância
ou presencial.
118
Atividade de aplicação
Diante do texto apresentado por Rubio (2011), faça uma análise do contexto
político que envolve a educação a distância, trazendo uma discussão sobre sua
efetividade na promoção e desenvolvimento do cidadão. Não se esqueça de que
seu texto deve ser embasado.
119
1. Leia o texto abaixo.
Espera-se da escola pública que ela seja para todos e de qualidade. Para
alcançar esses objetivos, ou seja, uma escola comum, que efetivamente cumpra
com os objetivos propostos na Constituição Federal, políticas públicas são
lançadas, como forma de fazer com que o comando legal atinja seu objetivo.
Portanto,
Resposta correta: c.
Justificativa: para que uma escola atenda a todos com qualidade é necessário um
Estado que tenha ações de políticas educacionais fortes voltadas para a população
como um todo e não voltadas para o interesse de um grupo de empresários ou
políticos.
120
2. O sistema de educação superior brasileiro é recente quando comparado com
o europeu ou o da América do Norte. A primeira instituição de ensino superior data
do início do século XIX e o desenvolvimento da organização universitária data da
década de 1930 e concretiza-se a instituição de pesquisa depois da reforma de
1968 (MOROSINI, 2000). Todavia…
Resposta: d.
Justificativa: desde a primeira instituição de ensino superior, vimos que o governo
mantém as universidades dependentes por intermédio de políticas públicas. Porém,
suas ações foram voltadas para atender a população como um todo, não apenas à
elite, mas atrelando a formação em nível superior a pagamento e não pelo sistema
gratuito.
121
REFERÊNCIAS
122
BIBLIOGRAFIA
123
OLIVEIRA, T. As universidades na Idade Média (séc. XIII). São Paulo: Mandruvá,
2005.
124