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Campanha Nacional “Hospitais Seguros Frente aos Desastres”

Reduzir riscos, Proteger instalações de saúde, Salvar vidas


Campanha Mundial 2008-2009 para a Redução de Desastres

Marcos de Oliveira | CEPED UFSC | 2009

INTRODUÇÃO

Os países do mundo se reuniram na segunda Conferência Mundial


sobre Redução de Desastres (WCDR II), em Kobe, Japão, para propor um
plano de ação para o período de 2005-20151.

Este plano apontou, entre outras coisas, para a necessidade da


integração de uma planificação para a redução de riscos de desastres no
setor da saúde, mediante a promoção da meta de hospitais seguros frente
aos desastres, de forma a assegurar que todos os novos hospitais sejam
construídos dentro de padrões confiáveis de segurança e também que os já
instalados sejam contemplados com medidas de prevenção para reforçar a
segurança dos estabelecimentos de saúde já existentes.

No Brasil, o Sistema Nacional de Defesa Civil trabalha na prevenção


de desastres, razão pela qual considera cada um dos brasileiros,
responsável pela segurança de sua comunidade e de si mesmo. Assim, o
Ministério da Integração Nacional, por meio de sua Secretaria Nacional de
Defesa Civil (SEDEC), cumprindo sua função como parte do Poder Público,
desenvolverá ações objetivando implementar nacionalmente a campanha
nacional “hospitais seguros frente aos desastres”.

1
A Segunda Conferência Mundial sobre a Redução de Desastres teve lugar em Kobe,
Hyogo, Japão, de 18 a 22 de janeiro de 2005. Dela, participaram mais de 4.000
participantes representando 168 países, 78 organizações na qualidade de observadores,
161 organizações não governamentais e, aproximadamente, 154 organizações dos meios
de comunicação. O primeiro evento mundial realizado sobre a redução de risco de
desastres também ocorreu no Japão (Yokohama), em 1994. Saiba mais sobre as
Conferências e seus resultados no seguinte endereço: <http://www.unisdr.org/africa/af-
informs/issue5/Issue5-2005-portuguese-ISDR-informs-part4.pdf>
2

Você está sendo convidado para empenhar-se conosco nesta


importante campanha, que objetiva analisar como situações emergenciais de
risco elevado podem afetar ou comprometer a continuidade operacional dos
serviços de saúde e colocar em risco a segurança das instalações, dos
profissionais de saúde e dos próprios pacientes.

Vamos analisar tais situações a partir de eventos adversos tais como


acidentes naturais de grande magnitude (terremotos, enchentes, inundações
e furacões) ou ocorrências de origem tecnológica (vazamentos de produtos
químicos e incêndios, entre outros).

Este trabalho é fruto de uma parceria celebrada pelo Ministério da


Integração Nacional, através da Secretaria Nacional de Defesa Civil
(SEDEC) e pela Universidade Federal de Santa Catarina, através do Centro
de Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED) e foi concebido a partir
das diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPS), que nos últimos anos vem desenvolvendo
um Programa de Preparativos para Desastres, razão pela qual diversas
outras iniciativas têm sido desenvolvidas no sentido de garantir níveis de
segurança adequados aos hospitais e estabelecimentos de saúde.

Vamos tornar nossas comunidades mais seguras e,


consequentemente, menos susceptíveis aos desastres, afinal essa
campanha nacional é uma responsabilidade coletiva e servirá como
importante indicador mundial para a redução de desastres.
3

CAPÍTULO 1
GENERALIDADES

Segundo estudos realizados pela Organização Pan-Americana de


Saúde2 (OPS, 2006, p.55), “cerca da metade dos 15.000 hospitais existentes
na América Latina e Caribe estão localizados em zonas de alto risco. Em
alguns casos devido à própria susceptibilidade da região em ser afetada por
fenômenos naturais, mas em outros, porque a seleção da localização da
obra foi inadequada em função da falta de um estudo de alternativas
apropriadas”.

Vários eventos adversos confirmam esses dados e acabam


ocasionando a interrupção da prestação de serviços de saúde e deixando a
população sem acesso ao socorro médico hospitalar.

Só para recordar, em setembro de 1998, o furacão Gilbert golpeou


fortemente a Jamaica. Além das grandes perdas econômicas produzidas no
setor da saúde, o desastre acabou influenciando também uma redução de
profissionais de saúde nas ilhas do mar do Caribe.

Em janeiro e fevereiro de 2001, terremotos afetaram quase que a


totalidade de El Salvador, um pequeno país da América Central. Mais de
cem (100) estabelecimentos de saúde sofreram algum tipo de dano,
especialmente aqueles localizados nas áreas de maior impacto, onde mais
se necessitava deles.

2
A Organização Pan-Americana da Saúde (OPS) é um organismo internacional de saúde
pública com um século de experiência, dedicado a melhorar as condições de saúde dos
países das Américas. Ela também atua como Escritório Regional da Organização Mundial
da Saúde para as Américas e faz parte dos sistemas da Organização dos Estados
Americanos (OEA) e da Organização das Nações Unidas (ONU). Saiba mais no seguinte
endereço: http://www.opas.org.br/
4

Em abril de 2003, o hospital infantil Dr. Orlando Alassia, localizado em


Santa Fé, uma província da Argentina, no centro-leste do país, sofreu a
perda de equipamentos médicos valiosos durante as inundações daquele
ano. Ainda que se tenha realizado um estudo de impacto ambiental antes da
construção do hospital, este não levou em conta a vulnerabilidade do
estabelecimento em relação às cheias do rio Salado, existente na região.

Foto do hospital infantil Dr. Orlando Alassia, em Santa Fé, Argentina, durante inundação
ocasionada pelas cheias do rio Salado em abril de 2003.

Em setembro de 2007, a cidade de Pisco, no Peru, perdeu cerca de


97% de seus leitos hospitalares durante um terremoto. Entretanto, uma ala
do hospital São João de Deus que havia sido reforçada recentemente
permaneceu de pé depois do terremoto, confirmando a efetividade dessa
estratégia.

Foto da ala reforçada do hospital São João de Deus após o terremoto ocorrido no Peru.
5

Uma reportagem da Organização Mundial da Saúde (OMS)3 intitulada


“Hospitais seguros salvam vidas”, afirma que em maio de 2008, o ciclone
Nargis de Mianmar e um terremoto de 8,0 graus na China causaram grande
número de vítimas e a destruição de numerosos centros de saúde,
dificultando a atenção de saúde posterior.

Estas tragédias nos fazem reavaliar a necessidade dos


estabelecimentos de saúde serem desenhados e construídos para resistir
aos desastres.

Aqui no Brasil, quem de nós ainda não recorda dos incêndios que
atingiram o Hospital das Clínicas de São Paulo, localizado na zona oeste da
cidade, nos dias 24 de dezembro de 2007 e 23 de janeiro de 2008. Durante
estes eventos, vários pacientes da Unidade de Terapia Intensiva e do Centro
Cirúrgico tiveram de ser remanejados para a Santa Casa de Misericórdia e
para o Instituto do Coração (Incor).

Mais recentemente, em novembro de 2008, os catarinenses


vivenciaram uma calamidade pública (resultado de uma combinação
catastrófica de dois fatores - um meteorológico e outro geológico) que
produziu enchentes, inundações, deslizamentos de cortes de terrenos,
morros, barrancas de rios, mortes e muita destruição de propriedades. Tal
situação exigiu por parte da Secretaria Estadual de Saúde, a intensificação
de ações de vigilância (epidemiológica, sanitária e de assistência
farmacêutica); ações de atenção básica mediante a construção, reforma e
reequipamento de unidades básicas de saúde atingidas; ações de atenção
especializada através da aquisição de mobiliários e banheiros químicos para
hospitais de campanha e reposição de estoques de equipamentos e
materiais de consumo nos hospitais atingidos; abertura de leitos de UTI em

3
A reportagem completa da OMS publicada em 16 de julho de 2008 pode ser acessada no
seguinte endereço: http://www.who.int/features/2008/safe_hospitals/en/index.html
6

hospitais afastados das áreas atingidas para atendimento de pacientes


acometidos por leptospirose grave e outras doenças típicas. Em decorrência
dos principais hospitais da região do Vale do Itajaí (principal área atingida
pelas chuvas e deslizamentos) estarem posicionados em áreas de risco, um
Hospital de Campanha foi instalado pela Força Aérea Brasileira, no pátio do
Posto Santa Rosa, no cruzamento entre a BR-101 e a Rodovia Jorge
Lacerda, no trevo de acesso à cidade de Itajaí, SC, para atendimento das
pessoas encaminhadas pelos centros de triagem dos principais municípios
atingidos.

Vista parcial de parte do Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira (50 tendas no
total) montado para socorrer a população do Vale do Itajaí, SC (Foto: Wilson Dias/ABr).
.
Em 17 dias de funcionamento, o Hospital de Campanha Militar
realizou 2.916 atendimentos e distribuiu mais de 63 mil medicamentos.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o


Desenvolvimento (2004, p.1), “ao redor de 196 milhões de pessoas em mais
de 90 países se encontram expostas a inundações de diferentes origens e
conseqüências variadas que vão desde inundações menores e recorrentes
até eventos catastróficos”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou que, de 1981 a


2001, mais de 100 hospitais e 650 unidades de saúde sofreram grandes
7

prejuízos como conseqüência de desastres naturais, com perdas


econômicas diretas na ordem de US$ 3.120 milhões de dólares, segundo a
Comissão Econômica para a América Latina (OPS, 2004, p.5).

Este documento pretende ser uma ferramenta de auxílio, um guia


para o pessoal de saúde que trabalha em instalações de média ou alta
complexidade para identificar possíveis vulnerabilidades de sua edificação,
assim como, para propor medidas de prevenção para melhorar sua resposta
diante de emergências ou desastres de múltiplas origens.

O texto facilita a identificação das fragilidades do estabelecimento de


saúde, recomenda estratégias de intervenção, a partir de ações práticas, de
acordo com sua importância, tempo e recursos disponíveis. Este processo
facilitará a solução de problemas previamente identificados e a
implementação de ações de curto prazo, que exigem muito mais boa
vontade e criatividade do que grandes orçamentos.

Este guia não pretende solucionar todos os problemas de


vulnerabilidade que podem surgir num estabelecimento de saúde, no
entanto, prioriza aqueles que representam os problemas mais comuns e que
exigem ações preventivas por suas características de risco.

Os estabelecimentos de saúde são instalações essenciais destinadas


a proporcionar atenção de saúde com garantia de eficiência, eficácia e
qualidade. A obrigatoriedade de prestar adequadamente a atenção aos
enfermos tem conotações técnicas, administrativas, éticas e penais,
exigências que se mantém em todos os momentos e circunstâncias.

Para que um estabelecimento de saúde seja seguro e siga


funcionando após um desastre, devemos analisar certas características que
fazem estas edificações especialmente vulneráveis, a saber:
 De forma geral, funcionam 24 horas do dia, de forma ininterrupta;
8

 Abrigam um público diverso, que inclui pacientes com necessidades


especiais;
 Contém produtos perigosos;
 Dependem de serviços básicos para poder funcionar;
 Possuem equipamentos – médicos e industriais – e outros
investimentos de alto custo que são fundamentais para salvar as
vidas das pessoas.

Assim, um estabelecimento de saúde requer uma ampla gama de


recursos humanos, materiais, econômicos e tecnológicos. Esses elementos
se congregam em conjuntos integrados de onde a estrutura suporta uma
série de processos e estes resultados. Este conjunto todo está ligado e,
numa visão sistêmica, o que afeta a um elemento tem repercussão no
conjunto e no produto final.

Neste contexto, os aspectos de vulnerabilidade funcional e


organizacional se referem à distribuição e as relações entre os espaços
arquitetônicos, os serviços médicos e os serviços de apoio no interior dos
hospitais, assim como aos processos administrativos – contratações,
aquisições, rotinas de manutenção, limpeza, segurança, etc. – e as relações
de dependência física e funcional entre as diferentes áreas de um hospital.

Uma adequada disposição das áreas que compõem o


estabelecimento pode garantir não só um adequado funcionamento em
condições normais, como também, auxiliar no caso de emergências e
desastres.

Os níveis de coordenação entre um estabelecimento de saúde e as


demais instituições da rede a que pertencem é fundamental para garantir a
prestação de serviços para a população afetada em situações de
emergência – não só em eventos adversos – mas também em várias outras
9

situações críticas que vão desde a saturação dos serviços até a falta de
preparativos para atender emergências e desastres.

Ainda, de acordo com uma recente publicação da Organização Pan-


Americana de Saúde (OPS, 2008, p.28), existem razões imperiosas para
que todos os setores prestem atenção à redução das vulnerabilidades físicas
de todos os estabelecimentos de saúde, dentre as quais destacam-se:

Valor social Os hospitais, assim como as escolas, têm


um valor simbólico único nas comunidades.
Vulnerabilidade Os hospitais estão ocupados 24 horas por
dia, 7 dias por semana, por uma população
igualmente vulnerável, que não pode ser
evacuada e transferida facilmente.
Repercussão econômica Além das instalações e equipamentos de
alto custo que devem ser capazes de
suportar os impactos dos desastres de tal
forma a sofrer danos mínimos, os hospitais
devem continuar operativos para estimular
uma reação frente a fenômenos destrutivos
de grande intensidade.
Saúde pública Os hospitais e, em particular, os serviços de
diagnóstico são essenciais para a vigilância
e controle de possíveis novas enfermidades.
Atenção médica Os hospitais devem seguir funcionando para
tratar os feridos em massa que os desastres
ocasionam.

Fonte: Adaptado pelo autor a partir da Campanha mundial 2008-2009 para a redução de
desastres – Hospitais seguros frente aos desastres – Uma responsabilidade coletiva, OPS,
2008.
10

CAPÍTULO 2
ENTENDENDO OS DESASTRES
O conceito de desastre é frequentemente associado a fenômenos
naturais de grande magnitude, com evolução muito rápida, que terminam
provocando grandes danos a pessoas, propriedades e ao meio ambiente,
tais como furacões, terremotos, acidentes com produtos perigosos
(derramamentos de óleo no mar), erupções vulcânicas, inundações,
incêndios, entre outros.

Entretanto, o conceito de desastre envolve muito mais do que a


simples ocorrência destes eventos. Na verdade, segundo a terminologia
adotada pela Política Nacional de Defesa Civil (2000), os desastres podem
ser conceituados como o resultado de eventos adversos (fenômenos
causadores de desastres), naturais ou provocados pelo homem, sobre um
ecossistema vulnerável, causando danos humanos, materiais e/ou
ambientais e conseqüentes prejuízos econômicos e sociais.

Dessa forma, segundo a doutrina brasileira, o desastre é o resultado


de um fenômeno, seja ele natural, causado pelo homem ou decorrente da
relação entre ambos, e não o fenômeno em si, que é chamado de evento
adverso.

Assim um determinado acontecimento, como por exemplo, uma


enchente, uma explosão ou um incêndio, é chamado de evento. Já os
efeitos destes eventos podem ou não se tornar um desastre, dependendo de
suas conseqüências, isto é, da intensidade das perdas humanas, materiais
ou ambientais ocorridas e conseqüentes perdas econômicas. Quando isto
ocorre denominamos o evento de evento adverso e as suas conseqüências
de desastre.

É também, importante lembrar, que não é a intensidade do evento


que determina um desastre, mas sim as suas conseqüências em termos de
11

danos (humanos, materiais e ambientais) e prejuízos (econômicos, sociais e


patrimoniais).

A diferença entre dano e prejuízo em desastres é a seguinte:


enquanto os danos representam a intensidade das perdas humanas,
materiais ou ambientais ocorridas, os prejuízos são a medida de perda
relacionada com o valor econômico, social e patrimonial de um determinado
bem, em função da emergência ou desastre.

Para que você possa colaborar nas ações de Defesa Civil visando à
minimização dos desastres, isto é, a redução da ocorrência e da magnitude
dos eventos causadores de desastres, bem como dos efeitos negativos
destes eventos sobre uma comunidade, é preciso que você conheça os
principais tipos de desastres que existem e entenda os danos e prejuízos
que eles podem provocar.

2.1 Reduzindo Os Desastres


Nos últimos anos presenciamos uma sucessão interminável de
desastres. Terremotos, tempestades, furacões, enchentes, inundações,
deslizamentos, secas e incêndios, cobraram um preço extremamente alto
em vidas, provocaram danos muitas vezes irreparáveis e custos de muitos
bilhões de dólares.

Na teoria, os eventos naturais, acima descritos, podem afetar


qualquer pessoa. Entretanto, na prática, estes eventos acabam afetando as
pessoas mais pobres. Isto porque as populações pobres são mais
numerosas, vivendo com maior densidade em áreas de maior risco, onde
ocupam estruturas residenciais mais frágeis.

Em consequência, os desastres prejudicam tremendamente os países


onde ocorrem (em particular os países em desenvolvimento, pois acabam
12

desviando esforços e recursos necessários para um desenvolvimento


sustentável e a minimização da pobreza), pois os desastres obrigam esses
países a gastarem os recursos que já são poucos em ações de socorro e
reconstrução de comunidades diminuindo os gastos destinados à educação,
saúde e produção de riquezas.

Imagem da destruição causada num hospital Jamaicano,


após a passagem do furacão Gilbert, em setembro de 1988.

Mas, o que podemos fazer para reduzir os desastres? Os estudos


acerca da redução de desastres têm evoluído muito, sobretudo após o
surgimento das primeiras contribuições na área de Administração de
Desastres, quando se passou a dar maior atenção às formas de impedir ou
atenuar possíveis desastres, ao invés de apenas arcar com os grandes
prejuízos (alguns irreparáveis) depois que estes ocorriam.

Na verdade, não se trata necessariamente de diminuir a frequência e


a magnitude dos eventos, pois nem sempre isto é possível, principalmente
nos desastres de origem natural, onde, de maneira geral, é muito difícil para
o homem influenciar na quantidade de chuva, na temperatura ambiente, na
velocidade do vento ou na intensidade de um abalo sísmico.
13

As experiências bem sucedidas ao redor do mundo, e também no


Brasil, indicam que o caminho mais adequado a ser seguido é o da
prevenção baseada na redução dos riscos de desastres.

Para isto, você precisa entender o conceito de risco aplicado aos


desastres e, assim, perceber que é possível fazermos uma gestão do risco
para obter a redução de emergências e desastres.

2.2 Riscos em Desastres


Quando falamos do risco de desastres, estamos nos referindo à
estimativa da probabilidade e magnitude de danos e prejuízos em um
cenário, resultantes da interação entre uma ameaça (perigo) ou evento, e as
características de vulnerabilidade ou capacidade que este cenário possui
(Construindo comunidades mais seguras, 2005).

Logo, quanto maior a probabilidade do evento ocorrer com grande


intensidade, e quanto mais significativos os danos e prejuízos previsíveis
nestes casos, maior o seu risco.

Um bom exemplo disso é o risco de enchentes. Imagine-se avaliando


o risco de enchente de um determinado estabelecimento de saúde existente
em sua comunidade. Qual a probabilidade de que em uma determinada
estação do ano ocorram chuvas capazes de elevar rapidamente o nível dos
rios que estão próximos ao estabelecimento de saúde de maneira
significativa? E, se estas chuvas ocorrerem e o nível destes rios subirem,
quais os danos e prejuízos esperados se levarmos em consideração a
estrutura viária que dá acesso ao hospital, o seu sistema de drenagem, a
forma como o edifício foi construído e a preparação dos profissionais de
saúde e dos próprios moradores vizinhos ao local em relação a enchentes e
inundações?
14

Dessa forma, para entender o risco do desastre, precisamos sempre


lembrar que ele é determinado, pelo que chamamos de ameaça ou perigo.
Assim, a ameaça é um fato ou situação que tem a possibilidade de causar
danos e prejuízos caso venha a ocorrer. Pode ser uma chuva forte, um
deslizamento de terra em uma encosta, um incêndio ou qualquer outra
situação de perigo.

Entretanto, às vezes, um evento de grande intensidade, que provoca


danos e prejuízos importantes em um lugar, não provoca tantos estragos em
outro. Isto ocorre porque a intensidade dos danos e prejuízos vai depender
do lugar onde os desastres ocorrerem. Cada lugar tem aspectos que fazem
com que eles sofram mais ou menos destruição quando são afetados pelo
evento, além de determinar a sua capacidade de recuperação (resiliência).

Estas características são chamadas de vulnerabilidade e capacidade,


dependendo se a influência é negativa, aumentando os danos; ou positivas,
reduzindo os danos e facilitando a recuperação.

Vulnerabilidade é, portanto, um conjunto de características de um


cenário, resultantes de fatores físicos, sociais, econômicos e ambientais, que
aumentam a sua possibilidade de sofrer danos e prejuízos em conseqüência
de um evento.

Por outro lado, a capacidade é a maneira como pessoas e


organizações de uma comunidade utilizam os recursos existentes para
reduzir os danos ou tornar a recuperação mais rápida e eficiente quando é
afetada por um evento adverso.

Um bom exemplo, para facilitar nossa compreensão deste fenômeno,


é pensar num estabelecimento hospitalar que possui uma brigada de
incêndio bem treinada e atuante e um sistema de proteção contra incêndio
que identifica princípios de incêndio rapidamente, quando eles ainda estão
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bem pequenos e fáceis de serem debelados. Tudo isto reduz os danos,


facilita a recuperação da área em caso de incêndio e nos faz pensar, este
hospital apresenta baixa vulnerabilidade e alta capacidade de resiliência no
aspecto da proteção contra incêndio.

2.3 Contextualizando
Segundo doutrina da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da
Organização Pan-Americana da Saúde (OPS), entende-se por hospital
seguro, “um estabelecimento de saúde cujos serviços permanecem
acessíveis e funcionando na sua capacidade máxima instalada em sua
própria infra-estrutura, imediatamente após a ocorrência de um desastre
natural de grande intensidade”.

Esse conceito implica na estabilidade da estrutura edificada do


hospital (para evitar danos estruturais diante de um desastre), na
disponibilidade permanente de serviços básicos de saúde e na organização
interior do próprio estabelecimento.

Aqui no Brasil, por certo, a situação de infra-estrutura de saúde ainda


é bastante crítica, entre outros aspectos, em função de que:
 Algumas edificações já cumpriram sua vida útil, mas não podem ser
reposicionadas e requerem seguir em funcionamento para satisfazer
a necessidade da população que vive em seu entorno;
 Outras não foram projetadas especificamente para este serviço, o que
motivou uma série de instalações improvisadas e adaptadas;
 Em muitos casos, estes estabelecimentos estão localizados em áreas
bastante vulneráveis, quer seja pela má qualidade do terreno onde
foram construídas, quer seja por problemas de acessibilidade ou por
estarem expostas a ameaças externas ligadas à problemas de
segurança pública;
16

 Existem casos em que o desenho original do prédio foi alterado,


afetando sua estabilidade estrutural;
 Vários estabelecimentos de saúde cresceram conforme se
incrementou suas demandas, em desacordo com sua estrutura,
aspectos arquitetônicos e serviços básicos requeridos;
 Os recursos destinados à manutenção preventiva são mínimos e as
ações corretivas acabam não sendo implementadas, o que acelera a
deteriorização das edificações, e finalmente;
 A qualidade das obras executadas frequentemente se encontram
abaixo dos parâmetros considerados adequados (seguros), devido
especialmente a cortes orçamentários, que acabam produzindo
plantas não especializadas, contratação de mão de obra não
qualificada, emprego de materiais de baixa qualidade, supervisão
mínima, etc.

Tudo isto contribui para ampliar a vulnerabilidade dos elementos


estruturais, não estruturais e/ou funcionais do estabelecimento que diante de
um evento adverso podem originar a interrupção na prestação de serviços.

No local e momento em que as ameaças (enchentes, incêndios,


ventos fortes, por exemplo) se combinam com as vulnerabilidades (hospitais
em locais de risco, construções fragilizadas, falta de planos de contingência)
e capacidades (estrutura de alerta e resposta a desastres, treinamento dos
profissionais de saúde, percepção de risco desenvolvida) seremos capazes
de melhor avaliar o que chamaremos de cenário de risco.

Neste cenário, os profissionais de saúde têm um fator fundamental,


pois suas ações podem contribuir para aumentar ou reduzir riscos no seu
local de trabalho. Dessa forma, reconhecer os cenários de risco é imaginar
qual será o impacto de uma ameaça e estimar suas possíveis
conseqüências.
17

Na verdade, mais que isso, reconhecer riscos é preparar as ações de


prevenção, fazer a gestão desses riscos e conseguir um desenvolvimento
sustentável.

Só quando nos comprometemos com um processo local voltado ao


desenvolvimento sustentável, estamos nos comprometendo
verdadeiramente com a utilização de ferramentas de gestão de risco.

2.4 Recomendações Práticas


De acordo com as diretrizes da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPS), um hospital
seguro deve reunir três importantes critérios de proteção:

A estrutura (prédio) do estabelecimento de saúde deve ser capaz de


manter-se de pé e resistir com um mínimo de danos aos fenômenos
destrutivos de grande intensidade que venham a ocorrer na área onde está
localizado (Critério de proteção à vida).

As instalações e equipamentos do estabelecimento de saúde devem


ser capazes de comportar-se de tal forma a sofrer danos mínimos e
continuar operativo frente a fenômenos destrutivos de grande intensidade
(Critério de proteção aos investimentos).

O estabelecimento de saúde deve ser capaz de manter ou melhorar


sua produção de serviços de saúde como parte da rede de apoio a que
pertence (Critério de proteção da função).
18

CAPÍTULO 3
ASPECTOS FUNCIONAIS

A finalidade deste guia é a de orientar aqueles que planejam e


executam ações de infra-estrutura de saúde (administradores, médicos,
enfermeiros, engenheiros, arquitetos, técnicos de segurança, etc.). Este
material trata em particular de aspectos relacionados com a redução de
vulnerabilidades em aspectos funcionais, nos elementos estruturais e não
estruturais de estabelecimentos de saúde.

O termo elemento estrutural ou componente estrutural se refere


aquelas partes de uma edificação que a mantém de pé, incluindo toda a
alvenaria estrutural, colunas, vigas, paredes, aço, projetados para suportar e
distribuir forças adicionais (no caso de sismos ou ventos fortes). A falha de
qualquer destes elementos pode gerar sérios problemas na edificação,
inclusive sua destruição total.

As edificações de saúde podem ter diferentes características físicas


(infra-estrutura), de acordo com o tipo de material com que se encontram
construídos – madeira, tijolos, aço, concreto ou esses elementos em
conjunto.

Qualquer sistema construtivo pode ser bom, tudo depende se foi


projetado para atender as diversas exigências construtivas e,
edificado/construído, de acordo com as normativas técnicas, além de
adequada manutenção.

Infelizmente, muitas deficiências estruturais não são detectáveis ao


simples olhar humano. Por isso, um sistema de inspeção e de manutenção
permanente desses elementos, inclusive com a participação direta de
especialistas, torna-se fundamental.
19

Já o termo, elemento não estrutural se refere aos componentes da


edificação que estão presentes dentro da estrutura física, com a finalidade
de cumprir funções essenciais no edifício (ar condicionado, encanamentos,
tanques d’água, instalações elétricas e de comunicações, além das próprias
equipes médicas, equipes de manutenção, móveis, etc.).

Por questões didáticas os componentes não estruturais, de forma


geral, podem ser sub-divididos em:
 Serviços básicos: Referem-se aos sistemas de distribuição de água,
saneamento, drenagem pluvial, tratamento de esgotos, instalações e
sistemas elétricos, ar condicionado, comunicações, gases clínicos e
sistemas de proteção contra incêndio, os quais são imprescindíveis
para o bom funcionamento de um estabelecimento de saúde, pois sua
interrupção em situações de desastre podem causar a paralisação
total ou parcial dos serviços de saúde.
 Equipamentos: Incluem todos os equipamentos médicos,
computadores e materiais de comunicação que são necessários ao
diagnóstico e tratamento de pacientes. No contexto dos desastres,
esses equipamentos são necessários para a prestação dos serviços
de saúde e resposta coordenada da rede de saúde.
 Elementos arquitetônicos: Incluem portas e janelas, divisórias,
mobiliários, tetos rebaixados, forros e pisos falsos, que facilitam a
funcionalidade do estabelecimento e que podem ser afetados por
diversos eventos adversos e colocar em risco a segurança dos
usuários.

É importante destacar ainda que as ações de manutenção preventiva


e corretiva incidem diretamente na vulnerabilidade ou capacidade da
edificação, e podem tornar-se críticas numa situação de desastre e, às
vezes, podem inclusive ocasioná-las ou ampliá-las.
20

Vamos agora estudar alguns tópicos que ajudarão a diagnosticar os


aspectos mais comuns ligados a vulnerabilidade funcional de
estabelecimentos de saúde e enfatizar detalhes organizacionais
relacionados aos preparativos necessários para prevenir emergências e
desastres.

1. A primeira pergunta que você deve se fazer é: Seu estabelecimento


hospitalar possui um plano de emergências para desastres?
É fundamental que toda entidade de saúde disponha de um plano que
lhe permita agir diante de uma situação de emergência ou desastre.
Um plano de emergência nada mais é do que a ação de visualizar
uma situação final desejada e determinar meios efetivos para concretizar
esta situação, auxiliando o tomador de decisão em ambientes incertos e
limitados pelo tempo.
De forma geral, é comum que as instituições possuam planos, mas
não basta que eles simplesmente existam, eles precisam estar atualizados e
serem difundidos entre todos os trabalhadores do hospital.
Além disso, o plano deve ser constantemente testado na prática,
mediante a realização de exercícios simulados, devidamente programados,
entre todos os funcionários e colaboradores e também entre os demais
organismos de saúde e segurança pública do local.
De acordo com a estrutura do plano, recomenda-se a indicação de um
grupo de trabalho específico para planejar e implementar as ações
relacionadas com a gestão de riscos relacionados aos desastres (prevenção,
preparação, resposta e reconstrução).
Esta comissão deve funcionar sob a coordenação do diretor do
hospital, com integrantes dos principais serviços críticos e áreas
administrativas.
As principais funções desempenhadas por esse grupo de trabalho
incluem, além da elaboração do plano de emergências, realizar exercícios
simulados, decretar alertas diante da iminência da ocorrência de eventos
21

adversos, convocar funcionários em função de necessidades específicas,


realizar treinamentos de capacitação, entre outras.

2. Seu estabelecimento hospitalar possui planos de contingência


específicos?
Os planos de contingência4 são documentos que registram o
planejamento elaborado a partir do estudo de uma determinada hipótese de
desastre que poderá afetar o seu hospital. Por exemplo, um plano de
contingência para orientar ações num caso de inundação, num caso de
greve no setor da saúde, num caso de racionamento de água ou energia
elétrica, etc.
Em verdade, existem diversos metodologias para auxiliar na
construção desta ferramenta fundamental para a resposta a eventos
potencialmente danosos, sobressaindo-se duas vertentes mais utilizadas.
A primeira, e mais tradicional, é a que estabelece o planejamento
baseado em hipóteses de emergência específicas, e que determina
procedimentos para cada um dos cenários acidentais identificados como
relevantes em uma análise preliminar de risco.
A segunda, que vem sendo progressivamente adotada, utiliza o
planejamento baseado nas funcionalidades gerais de uma situação de
emergência. Assim, o corpo principal do documento estabelece as
responsabilidades das agências públicas, privadas e não governamentais
envolvidas na resposta às emergências (GOMES JÚNIOR, 2006).

4
Quando falamos de plano, estamos falando de futuro. E, não há como discutir o futuro sem
falar de objetivos, pois são os objetivos que constituem a mola mestra do planejamento, o
foco para onde devem convergir todos os esforços do grupo de trabalho. Já contingência,
pode ser conceituada como a incerteza sobre se uma coisa acontecerá ou não. Logo, um
plano de contingência serve para a preparação de uma determinada organização sobre as
medidas a serem tomadas se algo vier a acontecer, incluindo a ativação de medidas para
fazer com que certos processos vitais voltem a funcionar plenamente, ou num estado
minimamente aceitável, o mais rápido possível, evitando assim uma paralisação prolongada
de uma atividade ou serviço.
22

De qualquer forma, independente do modelo adotado, são esses


planos que permitem determinar objetivos, responsabilidades e tarefas
necessárias para garantir que os serviços continuem funcionando de
maneira adequada e permanente.
A escolha do modelo e a elaboração dos planos de contingência
representam uma atividade primordial dos gestores de entidades de saúde.
O plano deverá sempre levar em conta a avaliação do risco de
desastres da área onde o hospital está localizado e, o responsável, deverá
planejar de forma integrada, ações de prevenção (com base no
conhecimento das ameaças e vulnerabilidades), ações de preparação (com
base no conhecimento dos recursos e habilidades necessárias para a
resposta e a situação existente identificada na avaliação de risco) e ações
de resposta (com base no cenário de risco que indica as possíveis
conseqüências de um determinado evento na sua comunidade).
Obviamente, o planejamento para emergências é complexo por suas
próprias características, mas não se pode perder de vista a idéia de que
esse planejamento é, simplesmente, a ação de antever uma situação final
desejada e estipular meios efetivos para alcançar tal situação.
Segundo Kahane (2008, p.24), “Emergências são difíceis de serem
resolvidas por serem complexas de três maneiras diferentes.” São
dinamicamente complexas, ou seja, sua causa e seu efeito estão afastados
no tempo e no espaço e, dessa forma, acabam difíceis de serem
compreendidas apenas com base na experiência direta. São
generativamente complexas, o que significa que estão se desdobrando, em
formas imprevisíveis. E são socialmente complexas, o que significa que as
pessoas envolvidas vêem as coisas de forma muito diferente e, assim, os
problemas acabam emperrados e polarizados.
É, portanto, exatamente este planejamento que auxiliará os
responsáveis das organizações a tomarem suas decisões mais rápida e
corretamente, já que em situações de emergência trabalhamos em
ambientes complexos, incertos e, normalmente, limitados pelo tempo.
23

Você poderá consultar no final deste guia (Anexo ”A”), os princípios


que regem a elaboração de planos de contingência.

3. Seu estabelecimento hospitalar realizou algum exercício simulado no


último ano?
É conveniente, como parte do trabalho de capacitação dos
funcionários e colaboradores do hospital, planejar e realizar exercícios
simulados regulares, que permitam uma adequada preparação das equipes
internas para responder situações de emergência e desastre.
Esses exercícios devem ser realizados a partir de um guia específico,
comprometer a todos e relacionar além das ações específicas, um processo
de avaliação e análise dos aspectos por melhorar no plano e nas ações de
cada setor envolvido.
Uma vez consolidados os planos de emergência e os planos de
contingência nos seus diferentes níveis (setorial, local, regional), os
exercícios simulados são fundamentais para validá-los e para o treinamento
e preparação dos elementos participantes. Por isso mesmo, os simulados
são itens obrigatórios nos capítulos referentes a treinamento e preparação
dos planos de emergência/contingência.
Um programa de exercícios simulados precisa preparar
progressivamente as equipes de resposta para que desempenhem
efetivamente suas funções de acordo com todas as situações preconizadas
no plano de contingência. Logicamente, o principal teste da eficiência destes
planos é a sua aplicação em situação real.

4. Seu estabelecimento hospitalar possui programas de prevenção de


acidentes e desastres?
Recomenda-se, também, aos estabelecimentos de saúde, a criação
de programas de prevenção de acidentes e desastres.
24

Na prática, todo programa de prevenção de acidentes internos


focaliza suas ações em duas atividades básicas: eliminar condições
inseguras e reduzir atos inseguros.
A eliminação das condições inseguras é um papel que geralmente
cabe a engenheiros e técnicos de segurança e baseia-se no mapeamento de
áreas de risco (avaliação constante e permanente das condições ambientais
que podem provocar acidentes dentro do hospital) e na análise dos
acidentes ocorridos (todos os acidentes, com ou sem afastamento do
trabalho, devem ser analisados para descobrir suas causas e gerar
providências para eliminá-las e prevenir futuros acidentes).
A redução de atos inseguros envolve processos adequados de
seleção de pessoal (existe uma clara relação entre predisposição a
acidentes e proficiência no cargo), propaganda específica para alerta sobre
perigos (cartazes sobre segurança no trabalho podem ajudar a reduzir atos
inseguros), treinamento de segurança (o treinamento, especialmente para
novos empregados, reduz acidentes) e reforços positivos (reuniões
periódicas com funcionários para discussão de casos de acidentes e
identificação de comportamentos certos e errados).
A vida e a integridade física de uma pessoa são coisas que não se
pagam. Além das perdas humanas, os acidentes também provocam perdas
financeiras para os acidentados, para a sua família, a empresa e a própria
sociedade. (CHIAVENATO, 2004).
Mas, é preciso lembrar que, o sucesso de um programa de
prevenção, está diretamente ligado ao apoio irrestrito da alta administração.
Você sabe o que é CIPA? A CIPA - Comissão Interna de Prevenção
de Acidentes - é uma imposição legal da CLT - Consolidação das Leis do
Trabalho. Metade dos componentes da CIPA é indicada pela empresa (ou
seja, pelo hospital) e a outra metade é escolhida pelo voto dos funcionários,
periodicamente.
25

Logo da CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes.

Cabe à CIPA apontar os atos inseguros dos trabalhadores e as


condições de segurança existentes na organização. Ela deve fiscalizar o que
já existe, enquanto os especialistas apontam soluções. A CIPA tem grande
importância nos programas de segurança interna das entidades hospitalares.

5. Seu estabelecimento hospitalar possui ações coordenadas com as


demais organizações da rede de saúde e segurança e com os
organismos que oferecem socorro pré-hospitalar?
Para uma boa atuação do setor de saúde diante de desastres, os
planos hospitalares devem ser complementados com ações de coordenação
entre órgãos governamentais que atuam em emergência (Polícia Civil e
Militar, Corpos de Bombeiros, Defesa Civil, SAMU), órgão governamentais
que não atuam em emergências (Secretaria de Obras, de Educação, de
Transportes, Sociais) e organizações não-governamentais (Igrejas, Lions,
Rotary, Jeep Clube, PX Clube, Associações e voluntários), todos sob
supervisão dos órgãos públicos oficiais, para funcionar de forma articulada
como uma grande rede de serviços.
Nenhuma instituição de saúde, por maior e mais bem desenvolvida
que seja, poderá oferecer todos os serviços de saúde frente a uma
emergência ou desastre de maior magnitude.
Por isso, articular uma rede de serviços, junto com uma adequada
classificação e distribuição de pacientes, permitirá otimizar ao máximo a
rede de saúde existente na região, assim como dispor de recursos adicionais
em caso de necessidade.
26

6. Seu estabelecimento hospitalar possui um programa de capacitação


para os profissionais de saúde direcionado à preparação para
desastres?
Seu estabelecimento hospitalar certamente tem programas de
capacitação técnico-profissional. No entanto, é igualmente fundamental, que
sejam desenvolvidos programas de capacitação (treinamento) para os
profissionais de saúde e demais funcionários e colaboradores que
contemplem: conhecimento do plano diante dos desastres, formas de
atenção a múltiplas vítimas, vulnerabilidades do estabelecimento hospitalar,
saúde mental, administração de informações, avaliação de danos,
prevenção de incêndios, etc.
Diante de um desastre, equipes médicas, devidamente capacitadas
em atenção a múltiplas vítimas, deverão estabelecer uma rápida e adequada
organização do atendimento aos feridos e doentes.
Simultaneamente, equipes administrativas, preparadas e organizadas,
deverão suprir as necessidades imediatas e, em expansão, nas áreas de
atenção, abastecimento, aquisições, etc.
Nada disso será possível sem um prévio programa de capacitação
para os diferentes passos que se sucedem durante uma emergência ou
desastre de maior magnitude.

7. Seu estabelecimento hospitalar possui sistemas de proteção contra


incêndios?
De forma geral, a segurança contra incêndio (SCI) trata da proteção
de pessoas, propriedades e do meio ambiente da ação destrutiva do fogo e,
essa proteção, é buscada por meio da aplicação de princípios científicos e
tecnológicos e de normas técnicas, associados ao conhecimento do
comportamento humano face ao incêndio.
De acordo com Vargas e Silva (2003, p.8) “Os objetivos fundamentais
da segurança contra incêndio são minimizar o risco à vida e reduzir a perda
patrimonial”.
27

Neste contexto entende-se como risco à vida, a exposição severa


aos produtos da combustão (gases da combustão, chamas, calor e fumaças
visíveis) por parte dos usuários da edificação (funcionários e clientes) e
membros das equipes de combate a incêndio e o eventual desabamento de
elementos construtivos sobre estes.
Como perda patrimonial, entende-se a destruição parcial ou total da
própria edificação, seus estoques, documentos, equipamentos, materiais, ou
ainda, dos acabamentos do edifício sinistrado ou de outros edifícios vizinhos
e o próprio meio ambiente.
Um sistema de segurança contra incêndio consiste em um conjunto
de meios ativos (detecção de fumaça ou fogo, chuveiros automáticos,
brigada contra incêndio, etc.) e passivos (resistência ao fogo das estruturas,
compartimentação, saídas de emergência, etc.) que possam garantir a fuga
segura dos ocupantes da edificação, a minimização de danos na edificação,
assim como nas edificações adjacentes e na infra-estrutura pública e a
segurança das operações de combate ao incêndio, quando estas forem
necessárias.
Em outras palavras, situações de incêndio exigem medidas de
proteção passiva (ou preventiva) e medidas de proteção ativa (ou de
combate/enfrentamento ao fogo).
A seleção dos sistemas mais adequados para a segurança contra
incêndio em uma edificação deve ser feita com base na legislação vigente
local (Normas de Segurança Contra Incêndio e Controle de Pânico), bem
como nos riscos de início de um incêndio, de sua propagação e de suas
conseqüências.
Carson (2006, p.33) nos ensina que: “A supervisão dos sistemas de
proteção contra incêndio representa um aspecto importante que ajuda a
garantir a sua boa operação, quando necessário. É importante recordar que
um sistema de proteção contra incêndios deve funcionar de primeira... todas
às vezes!”.
Logo, além da instalação, também a supervisão dos sistemas de
proteção, representa papel crítico que garante que o sistema opere quando
28

pretendido. No entanto, ela não substitui a inspeção, os ensaios e a


manutenção constante do sistema de proteção contra incêndio.

8. Seu estabelecimento hospitalar está adequadamente sinalizado para


evacuação em caso de emergência?
Certas situações emergenciais exigem a evacuação de áreas
hospitalares e o deslocamento de pacientes e funcionários de um local para
outro, inclusive para fora do hospital. Incêndios, vazamentos de produtos
perigosos, colapsos estruturais e outras situações de emergência podem
exigir uma rápida e ordenada evacuação ou deslocamento de pessoal.
As rotas de fuga devem conduzir a saídas de emergência adequadas
para a população prevista para o local. As saídas de emergência também
devem atender a demanda da população, seja por compartimentação, rotas
de fuga, escadas de emergência, áreas de refúgio, seja por elevadores de
emergência totalmente protegidos da ação da fumaça e fogo, com sistema
de alimentação de energia independente do geral da edificação.

Imagem de uma placa de sinalização indicando a rota de fuga em caso de sinistro.

A edificação deverá possuir um sistema de alarme para alertar o


público interno sobre a emergência. Em cada andar do prédio deve existir,
pelo menos, um acionador/sonorizador de alarme. Após o acionamento do
mesmo, toda a edificação deve ser evacuada. As pessoas devem ser
orientadas para descerem pelas escadas de forma ordenada e sem correrias
para evitar acidentes.
29

A edificação deverá possuir também uma adequada sinalização para


abandono de local através do posicionamento de placas que indicam a saída
de emergência.
Em um incêndio, o comportamento mais freqüente é a tensão nervosa
ou estresse, e não a reação de medo e que foge ao controle emocional, ou
seja, o pânico5. Normalmente, as pessoas demoram a reagir diante de uma
situação de incêndio, como se estivessem paralisadas nos primeiros
minutos, não acreditando que estejam envolvidas numa situação de grave
risco (MONCADA, 2004).
A fumaça, que dificulta a visibilidade durante um incêndio, contém
monóxido de carbono (CO) entre outros gases, que possui mais afinidade
com a hemoglobina do sangue que o oxigênio. Isso afeta o sistema nervoso
central provocando mal-estar, dirtúrbios de funções motoras, perda de
movimento e perturbações de comportamento (fobia, agressividade, pânico).
A diminuição dos níveis do oxigênio podem também ocasionar a
morte de células do cérebro e levar a uma parada respiratória e morte.
Projetos de arquitetura das edificações precisam considerar a
movimentação da fumaça dentro dos ambientes em caso de incêndio e,
promover barreiras arquitetônicas e sistemas de extração de gases.
Por isso, é tão importante sinalizar o interior do estabelecimento
hospitalar e aparelhá-lo com sistemas de segurança contra incêndio,
obedecendo às normativas de segurança e proteção contra incêndio.

9. Seu estabelecimento hospitalar dispõe de uma reserva de insumos


médicos para a atenção de emergências?
Dependendo da função do estabelecimento na rede de saúde local,
se deve dispor de uma reserva de insumos médicos para a atenção de
múltiplas vítimas.

5
O pânico pode ser conceituado como um sentimento súbito e intenso de alarme e medo,
originado por um perigo real ou suposto, que normalmente afeta a integridade física e que
conduz a esforços exagerados e irracionais para garantir a vida.
30

É importante destacar que estes insumos devem ser armazenados


em um lugar seguro e serem periodicamente atualizados.
Se esta medida não é possível, recomenda-se o estabelecimento de
coordenações com outros provedores para dispor destes insumos quando se
necessite.

10. Seu estabelecimento hospitalar dispõe de um adequado controle de


informações sobre seus recursos disponíveis?
Um dos insumos mais importantes para a definição de políticas de
saúde pública são as informações geradas nos centros assistenciais de
saúde.
Os desastres são eventos de grande impacto na população e exigem
um adequado controle de informações. De um modo ou de outro, a
administração de desastres realiza-se essencialmente sobre informação: sua
obtenção, seu julgamento, seu processamento útil e seu compartilhamento
com outros.
Bancos de dados com informações confiáveis são sempre de grande
ajuda para as autoridades locais e nacionais em situações de emergência
presentes e futuras.

11. Seu estabelecimento hospitalar dispõe de uma adequada gestão de


segurança patrimonial?
Uma preocupação básica de proprietários e gestores de
estabelecimentos de atendimento à saúde, sejam eles complexos
hospitalares com várias edificações ou pequenos hospitais, é garantir um
ambiente seguro para seus pacientes, funcionários e visitantes.
Diferentemente da parte de proteção contra incêndio que é regida por
uma série de códigos e normas, além de leis municipais e estaduais, a parte
referente à segurança patrimonial é menos regulamentada e, portanto, mais
subjetiva.
A decisão de se realizar uma análise detalhada de segurança
patrimonial é tipicamente causada por eventos específicos, tais como, uma
31

falha na segurança, uma ampliação ou reforma no imóvel que requer uma


avaliação dos procedimentos e tecnologias de segurança patrimonial
existentes, etc.
Uma análise de segurança patrimonial deve considerar, segundo
Mahnke (2006, p.21), “o tamanho do estabelecimento de saúde e seu layout
físico, a quantidade de pacientes e funcionários e dados demográficos e
criminais da região”.
Um programa eficiente de gestão de segurança patrimonial deve
considerar três elementos principais, a saber:
O elemento arquitetônico que inclui barreiras físicas, iluminação
artificial, o edifício e seus arredores, acessos e rotas de fuga, sinalizações,
proteção da infra-estrutura e disposição de áreas sensíveis de segurança
patrimonial. De forma geral, a segurança arquitetônica requer planejamento
e investimentos, mas seus custos de instalação e manutenção são
relativamente baixos (MAHNKE, 2006).
O elemento técnico que inclui todos os sistemas e tecnologias das
quais dependem o bom funcionamento do programa de gestão de segurança
patrimonial (controle de acessos, monitoramento por vídeo, comunicações,
informações sobre segurança patrimonial, etc.). Estes elementos têm um
custo inicial elevado, mas um custo de manutenção e operação
normalmente baixo e estável (MAHNKE, 2006).
O elemento operacional que inclui o desenvolvimento e a implantação da
política de segurança patrimonial, dos programas de treinamento e dos
planos de ação de emergência. Deve considerar-se também que a parte
operacional envolve recursos humanos, que tendem a ser cada vez mais
caros, com graus variáveis de confiabilidade e performance (MAHNKE,
2006).
32

CAPÍTULO 4
CONCLUSÕES

A Secretaria da Estratégia Internacional das Nações Unidas para a


Redução de Desastres (ONU/EIRD) e a Organização Mundial da Saúde
(OMS), em colaboração com o Fundo Global do Banco Mundial, estão
dedicando a Campanha Mundial 2008-2009 para a Redução de Desastres
ao tema “Hospitais Seguros Frente aos Desastres”.
Entre os principais objetivos desta campanha mundial destacam-se os
esforços para:
1) Proteger a vida dos pacientes e dos profissionais de saúde reforçando
a firmeza estrutural das instalações de saúde;
2) Zelar para que as instalações e os serviços de saúde possam
continuar funcionando depois de uma situação de emergência ou
desastre, que é quando são mais necessárias;
3) Melhorar a capacidade dos trabalhadores e das instituições de saúde
para reduzir riscos, o que inclui a gestão de emergências.

Sálvano Briceño, Diretor da Estratégia Internacional para a Redução


de Desastres (EIRD), afirmou:
Quando ocorre um desastre, os órgãos governamentais e não
governamentais que atuam em emergências, as comunidades, os
meios de comunicação e os governos se concentram
imediatamente nas vítimas. Mas, se desejamos que esta atenção
as vítimas realmente tenha sentido, devemos compreender e
apoiar os serviços médicos como prioridade.
Feridos necessitam receber atenção médica com urgência, mas
também os que saem ilesos de um desastre não podem
desconsiderar a necessidade de contar com serviços médicos e
de saúde pública a longo prazo.
Quando os serviços de saúde e os hospitais sofrem danos devido
a um desastre, pessoas morrem e sofrem sem necessidade, tanto
durante a situação de emergência, como também muito tempo
depois. Os danos e prejuízos no setor de saúde podem ocasionar
devastadores desastres secundários.
Numa perspectiva humanística, todos os desastres representam
um problema de saúde e qualquer dano em seus sistemas afeta
diretamente a todos os setores da sociedade e as nações em
conjunto. Por isso, todos devem ter em mente a importância deste
tema e comprometer-se a zelar para que as instalações de saúde
33

e os hospitais sejam resistentes frente às ameaças e perigos


naturais.
A diferença em termos de custo entre um hospital seguro e um
que não o é pode ser insignificante, mas este investimento mínimo
pode representar a diferença entre vida e morte, ou entre o
empobrecimento de uma comunidade e seu desenvolvimento
sustentável. (OPS, 2008).

Nesta mesma linha de pensamento, no Brasil, o Ministério da


Integração Nacional, por meio de sua Secretaria Nacional de Defesa Civil
(SEDEC), desenvolverá ações objetivando implementar nacionalmente a
campanha “hospitais seguros frente aos desastres”.

Como você deve ter percebido ao concluir a leitura deste material,


reduzir os danos e prejuízos de um desastre é um desafio bem próximo do
nosso cotidiano. E mais, é exatamente, no nível comunitário que a gestão do
risco de desastres e a implementação de medidas preventivas poderá
ocorrer de forma mais efetiva, principalmente, se ocorrer como o fruto da
aliança entre o conhecimento científico e a participação comunitária.

Assim, os principais objetivos da campanha nacional são:


1) Desenvolver políticas públicas e recomendações nacionais para o
estabelecimento da campanha nacional de Hospitais Seguros;
2) Proteger a vida dos ocupantes, os recursos investidos e a
capacidade funcional dos novos estabelecimentos de saúde e também
daqueles considerados prioritários na rede nacional de serviços de saúde;
3) Sistematizar e dar prosseguimento a implantação de políticas
públicas e recomendações nacionais e internacionais sobre hospitais
seguros.

Com o desenvolvimento da campanha, a Secretaria Nacional de


Defesa Civil (SEDEC), espera definir critérios, objetivos e indicadores de
hospitais seguros; motivar a identificação de hospitais de referência no país
como mecanismo de promoção e incentivo para o desenvolvimento e
continuidade do programa; promover melhorias contínuas através da
34

documentação e divulgação de experiências bem sucedidas; e,


especialmente, trocar experiências de sucesso e lições aprendidas entre os
municípios participantes da campanha.

E como você pode ajudar nessa campanha? De que forma seu


estabelecimento hospitalar poderá colaborar e aproveitar os ensinamentos
dessa importante estratégia internacional das Nações Unidas para a redução
de desastres? Bem, basicamente, reduzindo as vulnerabilidades dos
estabelecimentos de saúde já existentes e fortalecendo a prevenção e
preparação para emergências e desastres.

Leia abaixo, algumas dicas importantes sobre como você, seus


colegas e colaboradores e seu estabelecimento hospitalar poderão fazer
isso na prática:

Como reduzir a vulnerabilidade dos estabelecimentos de saúde


existentes?
 Realizando o diagnóstico funcional das redes de serviços públicos;
 Identificando os estabelecimentos de saúde prioritários na rede de
serviços públicos;
 Analisando e implementando medidas de prevenção e redução de
vulnerabilidades em função dos recursos disponíveis, inicialmente
pelos estabelecimentos priorizados;
 Incluindo aspectos de redução de vulnerabilidades nos processos de
certificação/licenciamento dos estabelecimentos de saúde;
 Elaborando estudos de custo-benefício da redução de
vulnerabilidades.

Como fortalecer a prevenção e preparação para emergências e


desastres?
 Elaborando e atualizando planos de emergência e planos de
contingência para emergências hospitalares;
35

 Capacitando profissionais de saúde e de outros setores afins para


fortalecer a capacidade de resposta dos estabelecimentos de saúde;
 Assegurando a disposição de recursos orçamentários essenciais para
a resposta hospitalar em caso de desastres.

Esperamos ter contribuído para ampliar seus conhecimentos sobre


este assunto. Faça bom uso deste aprendizado.
36

REFERÊNCIAS

BRENTANO, Telmo. A proteção contra incêndios no projeto de


edificações. Porto Alegre: Calábria, 2007. 620p.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa


Civil. Política Nacional de Defesa Civil. Brasília: Secretaria de Defesa Civil,
2000.

BRASIL. Ministério da Integração Nacional. Secretaria Nacional de Defesa


Civil. Manual do curso de formação em defesa civil: Construindo
comunidades mais seguras. 2. ed. Brasília: MI, 2005.

CARSON, Chip. Primeira vez... cada vez! Supervisão dos sistemas de


proteção contra incêndio. NFPA Journal latinoamericano, dez. 2006. p.33

CHIAVENATO, Idalberto. Gestão de pessoas. Rio de Janeio: Elsevier,


2004.

G1. Globo.com. Incêndios no HC foram criminosos, diz laudo. Disponível


em: <http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL351167-5605,00-
INCENDIOS+NO+HC+FORAM+CRIMINOSOS+DIZ+LAUDO.html>.
Acessado em 14 de junho de 2008.

GOMES JÚNIOR, Carlos Aberto de Araújo. Planos de contingência.


Apresentação em power point do Curso de Líderes 2006. Disponível em:
http://www.disaster-
info.net/lideres/portugues/brasil%2006/Apresenta%E7%F5es/CapAraujo03.p
df. Acessado em 10 de junho de 2008.
37

KAHANE, Adam. Como resolver problemas complexos. Uma forma


aberta de falar, escutar e criar novas realidades. São Paulo: Editora Senac
São Paulo, 2008.

MAHNKE, Richard. Gestão de segurança patrimonial em estabelecimentos


de atendimento à saúde. Journal Latinoamericano NFPA. Grupo
3Americas, mar. 2006. p.21-23.

MONCADA. Jaime A. Caos o pânico... Qué pasa durante el processo de


evaluación em um incêndio? NFPA Journal latinoamericano, jun. 2005. p.4

OLIVEIRA, Marcos de. Manual de Estratégias, táticas e técnicas de


combate a icêndios estruturais. Florianópolis: Editograf, 2005, 136 p.

Organización Panamericana de la Salud. Fundamentos para la mitigación


de desastres en establecimientos de salud. Guía para la promoción de la
mitigación de desastres. Washington, D.C.: OPS, 2004. 153 p.

Organización Panamericana de la Salud. Protección de las nuevas


instalaciones de salud frente a desastres naturales: Guía para la
promoción de la mitigación de desastres. Washington, D.C.: OPS, 2003. 52p.

Organización Panamericana de la Salud. Hospitales seguros ante


inundaciones. Washington, D.C.: OPS/OMS, 2006. Disponível em:
<http://www.helid.desastres.net/gsdl2/collect/who/pdf/s13490s/s13490s.pdf>.
Acessado em 21 de junho de 2008.

Organización Panamericana de la Salud. Campana mundial 2008-2009


para la reducción de desastres. Hospitales seguros frente a los
desastres. Disponível em <http://www.unisdr.org/wdrc-2008-2009>.
Acessado em 16 de junho de 2008.
38

Organización Panamericana de la Salud. Campana Su hospital es seguro?


Preguntas e respuestas para el personal de salud. Ecuador: OPS, 2007.
61p.

Programa de las Naciones Unidas para el Desarrollo. La reducción de


riesgos de desastres: un desafío para el desarrollo. PNUD. 2004.

SEITO, Alexandre Itiu et al. A segurança contra incêndio no Brasil. São


paulo: Projeto Editora, 2008.

VARGAS, Mauri Resende; SILVA, Valdir Pignatta. Bibliografia técnica


para o desenvolvimento da construção em aço. Resistência ao fogo
das estruturas de aço. Instituto Brasileiro de Siderurgia – IBS / Centro
Brasileiro da Construção em Aço – CBCA, Rio de Janeiro, 2003. 76 p.
39

Anexo “A”
PRINCÍPIOS PARA ELABORAÇÃO DE PLANOS DE CONTINGÊNCIA

Falar de plano é falar de futuro. E, não há como discutir o futuro sem


falar de objetivos, pois são os objetivos que constituem a mola mestra do
planejamento, o foco para onde devem convergir todos os esforços do grupo
de trabalho. Já contingência, pode ser conceituada como a incerteza sobre
se uma coisa acontecerá ou não.

Logo, um plano de contingência serve para a preparação de uma


determinada organização sobre as medidas a serem tomadas se algo vier a
acontecer, incluindo a ativação de medidas para fazer com que certos
processos vitais voltem a funcionar plenamente, ou num estado
minimamente aceitável, o mais rápido possível, evitando assim uma
paralisação prolongada de uma atividade ou serviço.

Veja abaixo, os princípios que devem nortear a elaboração dos planos


de contingência de sua unidade hospitalar:

1. Identificar a responsabilidade da organização e de seus indivíduos no


desenvolvimento das ações específicas em emergências;

2. Descrever as linhas de autoridade e o relacionamento entre as estruturas


funcionais envolvidas, mostrando como as ações serão coordenadas;

3. Descrever como as pessoas, a propriedade e o meio ambiente serão


protegidas durante emergências;

4. Identificar pessoal, equipamento, instalações, suprimentos e outros


recursos disponíveis para a resposta às emergências, e como eles serão
mobilizados;

5. Identificar ações que devem ser implementadas antes, durante e após a


resposta a emergências.
40

Um Plano Básico de Contingência precisa estabelecer um


planejamento baseado em uma ou mais hipóteses de emergência
específicas, e determinar quais os procedimentos para cada um dos
cenários acidentais identificados como relevantes em uma análise preliminar
de risco.

Para isso, é preciso pesquisar, ou seja, revisar os planos já


existentes, buscar informações sobre legislações, normas, mecanismos de
cooperação, criar hipóteses de emergência, realizar análises preliminares de
risco, criar base de dados, caracterizar aspectos relevantes que possam
afetar as emergências.

Uma adequada análise de risco é fundamental para a identificação de


medidas de prevenção e preparação, com consequências importantes para
a resposta às emergências. Sob o ponto de vista do planejamento, a análise
de risco auxilia a equipe na definição dos riscos que devem ser priorizados,
quais ações devem ser planejadas e que recursos provavelmente serão
necessários para isso.

Uma vez concluída esta parte inicial, a equipe de planejamento


construirá o plano por meio da seguinte sequência: validação e aprovação
do plano (mediante assinatura dos responsáveis); teste do plano através de
exercícios simulados e processos de manutenção, melhoria, revisão e
complementação.

Normalmente, um plano básico é descrito com base na seguinte


estrutura:

 Introdução (Finalidade e objetivos do plano);

 Situação e pressupostos;

 Estrutura disponível (pessoal, equipamento, instalações,


suprimentos e outros recursos disponíveis para a resposta às
emergências);
41

 Atribuição de responsabilidades (quem faz o quê, quando,


como e onde);

 Instruções para uso do plano;

 Instruções para manutenção do plano;

 Distribuição do plano.

É possível que os planos incluam níveis de coordenação entre o


estabelecimento de saúde e outras instituições da rede ou mesmo outros
organismos de segurança pública (bombeiros, polícia, defesa civil) que
poderão auxiliar na resposta da emergência.

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