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POLÍTICA EXTERNA PRIMEIRO REINADO:

-Sobre Política Externa do Império: Primeiro Reinado, Regência e Segundo Reinado, a Banca
cobra a parte factual do Amado Cervo. Mas, tem que contrapor com os argumentos que o
Doratioto entende como mais relevantes. Para responder as perguntas da terceira fase é
necessário citar os dois, contrapor os argumentos, mas não pode concordar com o Amado
Cervo.
***Reconhecimento da Independência:
-Amado Cervo interpreta que, a Diplomacia do Império Brasileiro negociou o
Reconhecimento da Independência sem consultar os interesses nacionais. Não consultou o
Parlamento que estava fechado e, assim, agiu de acordo com a lógica da Diplomacia
Portuguesa, pensada para a Europa, descolada da conjuntura Pós-guerras napoleônicas, em
que a Coroa Portuguesa estava na América, tentando aumentar sua margem de manobra em
relação à Inglaterra e implementar o Império Luso-Brasileiro. Para Amado Cervo, na
negociação para Reconhecimento da Independência, o Brasil fez um “debut” na Diplomacia
Internacional, totalmente fracassado. Na visão do Cervo, o Brasil tinha força militar para
barganhar no sistema de Estados da época, no Concerto Europeu, com a divergência entre a
“Santa Aliança” e a “Quádrupla Aliança”, entre a Inglaterra e a Rússia, o Brasil poderia ter
barganhado com o seu mercado consumidor muito cobiçado, enfim, para este historiador, o
Brasil tinha plenas condições de barganhar e conseguir negociações com resultados menos
desfavoráveis. Quando Cervo fala que “não consultou os interesses nacionais” ele quer dizer
“não consultou as elites do Partido Brasileiro”. Para Cervo, quando o Parlamento é reaberto
em 1826, já existia um conflito aberto entre o executivo e o legislativo, enraizado, sobretudo,
na política adotada pelo Imperador para negociar o Reconhecimento da Independência. O
legislativo não concordava com a maneira que havia sido negociado o Reconhecimento da
Independência. Na visão de Amado Cervo, quando o Parlamento reabre, na condição de porta
voz dos interesses nacionais, ele contesta e rejeita os termos em que a Diplomacia do
Imperador havia negociado o Reconhecimento da Independência e a renovação dos tratados
desiguais. Neste raciocínio, a tarifa Bernardo Pereira de Vascocelos, de 1828, é a reação
liberal do parlamento contra o Imperador.
-Na interpretação de Doratioto, entretanto, quando o Brasil negociou o Reconhecimento da
Independência, a chancelaria brasileira era presidida por José Bonifácio que, por sua vez,
encabeçava um projeto de modernização econômica, que implicava em reformas estruturais
nas bases sócio-econômicas da sociedade da época (trabalho escravo, monocultura,
latifúndio), dentre as medidas propostas, estava a redistribuição de terras e a abolição
gradativa da escravidão. Ocorre que, a elite do Partido Brasileiro, formado majoritariamente
por proprietários de terras e escravos, não estava disposta a renunciar seus privilégios
aristocráticos. José Bonifácio, enquanto negociava os termos do Reconhecimento da
Independência, ambicionava inserir o Brasil no Sistema Internacional de maneira mais
autônoma, assertiva e com uma margem maior de manobra. Por outro lado, quando o
Imperador fecha o Parlamento e a Constituinte em 1823, destitui José Bonifácio do Cargo,
“condena” o Andradas ao exílio, OUTORGA/IMPÕE a Constituição e nomeia a Nova
Chancelaria que representa o Projeto do Partido Português, ele está optando por não dar
sequência aos projetos de Bonifácio. A Nova Chancelaria, por sua vez, tinha outra forma de
pensar a inserção do Brasil no Sistema Internacional, de forma dependente, subordinada e
associada à Inglaterra. Os diplomatas do Partido Português olharam para a negociação do
Reconhecimento da Independência sob o ponto de vista típico de uma diplomata europeu, que
pensava nos interesses da sua dinastia, no caso, a “Casados Bragança”. D. Pedro estava
preocupado em preservar seus interesses pessoais, que era a legitimidade do seu poder aqui no
Brasil. Para isso, ele precisava que Portugal reconhecesse que ele era o legítimo herdeiro do
trono. Para obter este reconhecimento, ele optou por sacramentar os interesses da dinastia,
renovando os acordos coloniais firmados enquanto D. João estava na América, obtendo,
assim, o reconhecimento de Portugal e das demais Nações, principalmente, da Inglaterra que
atuou como mediador, quando a negociação bilateral entre Brasil e Portugal restou inexitosa.
Enquanto a Inglaterra mediava as negociações da Independência e nenhuma Nação havia
reconhecido FORMALMENTE a Independência Brasileira, na PRÁTICA, houve o
reconhecimento por Reinos Africanos de “Onim” e “Benim”, com quem a América
Portuguesa, o Rio de Janeiro, tinha ralações históricas (estes reinos eram fornecedores
tradicionais de escravos – eram mais próximos do RJ do que de Lisboa). Em 1824, houve o
reconhecimento FORMAL pelos Estados Unidos, pela Doutrina Monroe. Quando os Reinos
Africanos reconhecem a Independência Brasileira, Portugal fica absolutamente temerário às
possíveis intenções destes reinos em se associar ao Império Brasileiro, ficando independentes
de Portugal. Em razão disso, quando Portugal, em 1825, reconhece a Independência
Brasileira, são impostas duas condições principais: a) compromisso brasileiro de não anexar
ao Império qualquer colônia portuguesas, pensando principalmente, na África; b) pagamento
de indenização de 2 milhões de réis, pelos gastos que Portugal teve com a Guerra de
Independência e pelos bens e benfeitorias que Portugal deixou para o Brasil quando D. João
regressou à Europa. A Diplomacia “brasileira”, formada por diplomatas portugueses, aceita as
condições portuguesas, sobretudo, porque está preocupada em manter os interesses dinásticos
do Imperador em ser reconhecido com herdeiro legítimo do trono por Portugal para poder ser
reconhecido pelas potências do Concerto Europeu. Na época, o reconhecimento dos Estados
Unidos não tinha relevância. A manutenção da legitimidade do Imperador demandava
legitimação externa. Houve três rodadas de negociações do reconhecimento da independência,
duas, bilaterais e inexitosas, entre Brasil e Portugal e a terceira, mediada pela Inglaterra,
quando, enfim chegam a um acordo. D. João fez questão que fosse declarado que foi ele quem
concedeu a Independência para o Brasil ao seu filho D. Pedro. Como se ele estivesse fazendo
um favor. Na sequência imediata do reconhecimento português, o Brasil conseguiu o tão
esperado reconhecimento dos britânicos. Em 1825, foram fechados Tratados para o
“reconhecimento inglês” e financiamentos para possibilitar o reconhecimento das demais
potências europeias da época. Todavia, na hora do “foreign officer” estes tratados não são
ratificados, por que para a diplomacia britânica faltava condições elementares a assinatura dos
Tratados, uma, o direito de visita, vistoria dos navios suspeitos de serem negreiros, em tempo
de paz (Portugal tinha aceitado esta condição para complementar a política de abolição
gradual da escravidão o norte do Equador, certado no Congresso de Viena de 1815. Em 1817,
D. João tinha concordado com o direito de visita, nos tratados de 1825, “por equívoco” esta
questão de ficou de fora, não foi prevista), duas, não houve previsão da figura do “Juiz
Conservador”, para garantir o direito de extraterritorialidade à Nação britânica. Não
oficializados, portanto, os Tratados de 1825, iniciou-se uma nova negociação, para fechar
Novos Tratados que garantissem o direito de visita e do Juiz Conservador, acrescentando,
ainda, duas coisas muito importantes: primeiro, em 1826, foram renovados o direito de visita
e os Tribunais Mistos (Tribunais Mistos: no Rio de Janeiro, Colônia Portuguesa, e, em Serra
Leoa, Colônia Britânica, tinha que ter um juiz português e um juiz britânico para julgar
questões acerca de Navios negreiros apresados no Oceano Atlântico); segundo, a Inglaterra
exigiu o compromisso brasileiro, o Imperador devia abolir o tráfico, chamado de pirataria, no
prazo de 3 (três) anos, a contar da ratificação. A Convenção ocorreu em 1826 e ratificação é
de 1827. Com efeito, pela força destes Tratados, D. Pedro tinha até março de 1830, para
abolir o tráfico de escravos vindos da África para o Brasil. A Lei Feijó, também conhecida
como Lei de 7 de novembro de 1831 (data de sua promulgação), foi a primeira lei brasileira
a proibir a importação de escravos no Brasil, além de declarar livres todos os escravos
trazidos para terras brasileiras a partir daquela data. Inobstante ter sido criada no Período da
Regência a Lei Feijó está regulamentando esta proibição do tráfico, aceita por D. Pedro,
válida desde 1830. Em termos de análise, é possível pensar que, neste momento, D. Pedro
percebeu que a briga com José Bonifácio foi um grande tiro no pé, uma vez que, o ex-
chanceler estava propondo esta mesma política de abolição gradual da escravidão desde o
processo de negociação da Independência e do início do Primeiro Reinado. Agora, mesmo
que esta política fosse vista com maus olhos pela elite aristocrática brasileira, ele não tinha
para onde correr, considerando que estava preso às condições impostas pela Inglaterra.
***Em 1825, foram renovados os Tratados Desiguais, negociados por D. João, em 1810,
principalmente, no que se refere à tarifa de 15%, por mais 15 anos. Apesar da conjuntura do
Sistema Internacional ser diferente de 1810, quando ainda existiam as Guerras Napoleônicas,
o Brasil renovou as cláusulas destes acordos, em condições herdadas de um histórico de
dependência do Brasil em relação a Inglaterra, num momento que o Brasil não era obrigado a
aceitar, não fosse a ânsia do Imperador pelo reconhecimento britânico da sua legitimidade
para assumir o trono. Nestes termos, em um país baseado que a economia é baseada na
Plantation e na agroexportação, que depende das rendas da alfândega para manter a
engrenagem pública funcionando, a diplomacia do primeiro reinado engessou/congelou a
arrecadação brasileira em 15%, até 1842. Lembrando que esta é uma herança na diplomacia
Joanina, que D. Pedro OPTOU por seguir para conseguir a legitimação externa do seu direito
ao trono e, assim, atender ao interesse dinástico e pessoal do Imperador.
***O principal argumento de Doratioto, que contrapõe frontalmente a interpretação do Cervo,
acerca do processo de independência, é que a estratégia adotada pela diplomacia brasileira
não foi um erro de percepção, como afirmado por Cervo, “que os diplomatas brasileiros
avaliaram mal a correlação de forças, subestimaram o grau de autonomia que o Brasil gozava
naquele momento, a capacidade de barganha que o Brasil possuía...”, na verdade, Doratioto
avalia a política adotada pela diplomacia brasileira de acordo com a perspectiva internalista,
ou seja, que D. Pedro agiu de maneira absolutamente coerente com a maneira que ocorreu o
processo de independência, ou seja, para manter a estrutura econômica agroexportadora,
baseada na plantation, da unidade territorial, da escravidão. Lembrando que, no decorrer do
processo de reconhecimento da independência, as elites brasileiras concordavam que se o
liberalismo chegasse ao “povão”, às massa populares, haveria uma mudança radical na
estrutura econômico-social da época, culminando na abolição da escravidão, por exemplo.
Destarte, o projeto político devia ser coeso para impedir uma Revolução Social, impedir o
Haitianismo. Sob esta lógica, quando José Bonifácio apresenta projetos políticos que não
estão de acordo com os pilares da Independência, com a vontade das elites, nada mais
coerente do que D. Pedro afastá-lo das negociações. Para Maria Odila, o que está acontecendo
em 1822 representa muito mais continuidade do que ruptura. Ela entende que, a metrópole
interiorizada, o Rio de Janeiro, estava impondo para as outras regiões o nascimento de um
Estado, que se estrutura antes de existir uma Nação Brasileira, antes de existir um sentimento
de pátria que garante a unidade territorial. Assim, para garantir a unidade territorial foi
necessário impor a manutenção da Casa dos Bragança, na pessoa de D. Pedro, que age no
sentido de garantir que quando for legitimado internacionalmente, não seja ameaçado
internamente, por movimentos separatistas. Para Doratioto, “não houve erro de percepção,
houve uma escolha para manter o poder pessoal do Imperador em nome do projeto que a elite
brasileira escolheu”, quando concordou que o Príncipe Português fizesse a independência
contra seu pai, o rei português. Há uma continuidade na política do Primeiro Reinado, da
política adotada por D. João, no que tange à defesa e garantia da Dinastia dos Bragança. A
política adotada por ambos é totalmente descolada dos interesses nacionais. A Independência
Brasileira é conservadora, para manter a inserção internacional do Brasil de maneira
dependente e subordinada.
Cervo e Doratioto se aproximam quando interpretam e concordam que a política externa
adotada pelo Imperador foi o fator elementar à crise do Primeiro Reinado, porém, por
perspectivas diferentes, ambos consideram que a renovação dos tratados desiguais e a baixa
arrecadação, decorrente do congelamento da tarifa de 15%, foram essenciais para o
surgimento do confronto entre os interesses da elites brasileiras e o Imperador, a diferença é
que servo crê que a política externa adotada pela diplomacia brasileira foi um engano, um erro
de cálculo, já Doratioto, acredita que foi uma escolha, em total conformidade com os anseios
das elites do Partido Brasileiro, em termos de projeto de país, não projeto político,
conservador ou liberal, mas, sim, em termos de estrutura econômica, tipo de monarquia,
unidade territorial, neste sentido, a política externa adotada por D. Pedro corresponde
totalmente à vontade das elites. Com efeito, quando o parlamento reabre em conflito com o
Imperador, a origem deste embate não está relacionado a forma como a Independência foi
negociada, a elite brasileira não estava interessada em privilegiar as manufaturas, como o
Cervo afirmava, na verdade, eles queriam manter seus privilégios aristocráticos enraizados na
propriedade de terras, escravos e na economia agroexportadora, o tropo que permeia o
conflito entre o Imperador e as elites é a aceitação da extinção do tráfico de escravos e a baixa
arrecadação. As elites brasileiras não tinham interesse em investir em manufaturas e diminuir
a dependências em relação à Inglaterra.
***Guerra da Cisplatina: Este evento é fundamental para contribuir com a crise do Primeiro
Reinado, em 1825, no Congresso Argentino das Províncias Unidas, os 33 Orientales,
liderados por Juan Antonio Lavalleja, seguidor do Artigas, acordaram a possibilidade de
incorporação da Banda Oriental à esfera de influência de Buenos Aires. D. Pedro I não
aceitou a incorporação da Banda Oriental à esfera de influência de Buenos Aires e declarou
guerra às Províncias Unidas do Rio da Prata, a fim de garantir a manutenção da província da
Cisplatina para os brasileiros. Lavalleja vai partir de Buenos Aires e desembarcar em
Montevideo, liderando os 33 Orientales para iniciar a luta contra o Brasil, o Rio de Janeiro, a
Nova Lisboa, a fim de declarar a Independência da Banda Oriental do Rio Uruguai em relação
ao Brasil e sua anexação à Buenos Aires. Essa luta pela Independência da Banda Oriental em
relação ao Brasil esta diretamente ligada ao autoritarismo do Imperador brasileiro. Num
primeiro momento, o governo de Buenos Aires negou oficialmente apoio ao Lavalleja e não
aceitou a anexação do território à Buenos Aires. A Argentina estava preocupada com o
processo de formação do seu Estado e não queria iniciar uma guerra externa, estava focada
em resolver questões internas importantes. De outro vértice, o Congresso Nacional Argentino
e a população aderiram à anexação da banda Oriental ao território Argentino. O governo foi
forçado a aceitar a incorporação e isso desencadeou uma guerra em face do Império
Brasileiro. Eclode, então, a Guerra da Cisplatina, entre Rio de Janeiro e Buenos Aires. A
reação do Rio de Janeiro vai ocorrer em um momento em que as finanças do Império
Brasileiro estão muito prejudicadas, mais ainda, que há uma superioridade teórica da Marinha
Brasileira em relação à marinha de Buenos Aires, mas está equipada com Navios de Guerra.
Que haviam sido utilizados principalmente no Oceano Atlântico contra a Marinha portuguesa,
nas Guerras de Independência. Como estes navios eram muito grandes, eles bloquearam o
Porto de Buenos Aires, o ponto negativo quanto ao tamanho dos navios repousa no fato de
que eles não conseguiam navegar em qualquer Rio do Prata. O resultado é um conflito com
lutas em dimensões terrestres e navais. Na dimensão terrestre há uma superioridade militar
das Províncias Unidas do Rio da Prata/Argentina. As forças dos adversários se equilibravam e
a prolongação indefinida do conflito levou à intervenção da Inglaterra. Como os navios
brasileiros eram muito grandes e lentos, eles não conseguiam impor sua superioridade em face
dos navios argentinos que eram menores e mais rápidos. Isso faz com que o Império
Brasileiro comece a amargar algumas derrotas na Batalha Naval estabelecida. Na Guerra da
Cisplantina, o Brasil bloqueou o acesso à Bacia do Prata. Assim, qualquer Navio que quisesse
passar tinha que atravessar este Bloqueio. A Marinha Argentina não tinha poder de força para
combater os navios brasileiros no Porto, porque havia espaço para manobrar. Assim, para
reagir as Províncias Unidas do Rio da Prata concedem “Cartas de Corso”, para que corsários
que estejam a serviço dos países interessados em negociar com Buenos Aires possam atacar
os navios da Marinha Brasileira. Quando estes navios de corsários furavam o bloqueio, a
Marinha Brasileira apresava estes Navios estrangeiros, Inclusive, na Regência, o Brasil vai ter
que pagar indenização aos países que tiveram seus navios apresados. No Primeiro Reinado,
em 1827 há um episódio importante que é o apresamento de um navio de bandeira americana,
que a Marinha confundiu e achou que estava apoiando os inimigos argentinos. Isso faz com
que os Estados Unidos rompam relações diplomáticas com o Brasil em 1827. Os EUA são é
primeiro país a reconhecer formalmente a Independência. As relações diplomáticas somente
serão reestabelecidas em 1828, aprofundando estas relações, com a assinatura de um Tratado
de Aliança, Comércio e Amizade, com validade de 12 anos. Doratioto cita a “Batalha
Ituzaingó” para os Argentinos, no lado brasileiro chamada de “Passo do Rosário”. Nessa
Batalha ficou demonstrado que o Brasil apesar da superioridade naval não tinha condições
militares para derrotar a argentina. O Impasse militar com o Bloqueio do Porto, as derrotas
terrestres e algumas navais brasileiras, a Argentina estava ganhando a maioria das batalhas,
porém não conseguia romper o Bloqueio do Porto, este impasse cria uma situação que
nenhum dos lados consegue transpor/vencer o outro. A Inglaterra, irritada porque a Guerra
estava atrapalhando seus interesses de comércio, interveio na Guerra da Cisplatina porque ela
tinha interesse em realizar transações comerciais no Prata e o bloqueio/fechamento realizado
pelo Brasil atrapalhava seus interesses. Neste momento as Guerras Napoleônicas já haviam
acabado e a Inglaterra, apesar perder espaço relativo no Comércio mundial, continuava com a
hegemonia da atividade. O resultado é que o Cônsul Britânico que intermediou as
negociações do acordo afirma “Eu consegui botar um algodão entre dois cristais”, já que
nenhum dos dois lados conseguia vencer, a solução que se mostrou mais viável, que já estava
na pauta dos habitantes do território que compreendia a Banda Oriental, foi declarar a
Independência Uruguaia. O resultado da Guerra da Cisplatina é a criação da República
Oriental do Uruguai. Para o Brasil, o resultado foi catastrófico, pois não foi digerido pelo
oficialato/Exército, que sai totalmente insatisfeito, pois não concorda com a perda da banda
Oriental. A violência do recrutamento forçado para a guerra, os altos custos financeiros e a
desmoralização do império frente a um adversário supostamente mais fraco acirraram a
oposição interna ao monarca brasileiro. Pela última vez, houve um conflito militar a fronteira
mais conflagrada entre a América Portuguesa e Espanhola, que ocorre em um momento de
independência, de acordo com a lógica geopolítica das metrópoles. Para Doratioto, é a última
guerra no Prata que obedeceu a lógica geopolítica Ibérica! Não é a lógica de um subsistema
próprio, Platino, que defende interesses nacionais no Prata. As metrópoles brigavam por
interesses herdados do Período Colonial.
***Um notável pesquisador do nosso passado traçou uma síntese feliz da atuação de D. João
naquela parte do Hemisfério: “Não obstante a independência da Banda Oriental (1828) um
mérito ficou para justificar o seu ato, e esse incontestável: o ter evitado a restauração do
antigo vice-reino do rio da Prata”. Cassiano Ricardo. Marcha para oeste, vol. II, p. 141.
Resultado aparentemente negativo, mas que tornou possível a grandeza territorial do Brasil.
Synésio

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