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POESIAS E REFLEXÕES

ROBSON REZENDE
Prefácio
Esses escritos foram todos feitos sem nenhuma técnica, sendo formulados
ao longo do tempo de maneira esporádica e espontânea em momentos que
achei interessante em cadeiras de sala de aula, em viagens de ônibus,
observando as coisas e as pessoas, a mim mesmo e por ai vai. Quem
acompanhar esses escritos singelos vai perceber que foi escrito por um homem
comum com conhecimentos básicos e sem nenhuma erudição. Pedi opinião de
alguns amigos para editar todo o conteúdo deste livro e me disseram que não
seria bom que eu fizesse isso porque é a maneira original do texto que dá vida
a ele, em outras palavras, foi o que eu senti naquele momento em que escrevi
e não seria bom editá-lo por mãos de terceiros. Então resolvi deixá-lo assim
como foi escrito. Forte abraço a todos.

“Aos autores pertence o direito de utilização, publicação ou


reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo
tempo que a lei fixar...” Constituição Federal – art.5, inciso
XXVII
Lei Nº - 9.610, de 1988
No Espelho

Hoje me olhei no espelho


Eu não era eu
Barba, bigode, cabelos compridos,
Um sorriso no rosto, um colar no pescoço,
Eu não era eu.

Tirei a camisa e me vi
Um pouco mais gordo, cabelo nos peitos,
O rosto mais cheio,
Eu não era eu.

A conta de luz, telefone,


O talão de água chegou.
A conta do jornal,
A passagem de ônibus aumentou.
Eu não era eu.

De repente um menino me grita


Pelo nome de pai.
Está bem crescido, bonito saudável.
E com carinho me abraça e me beija
Depois de três dias se vai.

Eu era eu.
Crack

Vendi a TV, o gás, o fogão.


Dvd, 3X1, o rack e o colchão.
A geladeira, o armário, o guarda-roupas também.
O sofá, a cama e minha ilusão.
Vendi meu cordão, o anel de ouro, brinco,
Minhas roupas e as do neném.

As coisas de meu marido


Que de tudo sabia vendi.
Vendi tudo.
Só não consegui arrancar pra vender o vaso sanitário,
O chuveiro e a pia.

Vendi meus sonhos e os de minha família também


Vendi o amor do meu peito, meu respeito.
Meus amigos, minha saúde.
E a esperança de um dia ser feliz e encontrar um alguém.

Vendi tudo e não tenho nada


Hoje vivo à beira de uma estrada
Fazendo programa, levando porrada.
Fumando crack, fumando crack
Vendendo meu corpo por nada.
No escuro

No escuro tudo é puro


Tudo é belo, sincero
Na penumbra vem o sono
Descanso de um imenso labor

Não se enxerga pobres ou nobres


Classes, castas, honrarias
No escuro se julga sem ver
Como a justiça cega segurando na mão a balança
No som das palavras vem o louvor
No sentir, agir, pensar.

No escuro se ama se toca


Escutam-se palavras de amor
Os lábios se encontram no encanto
Vê-se a luz no final.

Corpos entrelaçados viajam


Vem e voltam
Conhecem-se, estremecem
Como um vulcão em erupção
Trazendo vida, prazer, sonho
E o que é real.
Paixão de aluno

Hoje eu queria fugir da escola


Matar aula sei lá.
Ir jogar bola do lado de fora
Porque se você não der aula
Tudo fica sem graça,
As letras se embaraçam no quadro-negro e traidor.

Sua ausência me deixa sem vida


Meu relógio sem horas
Porque não adianta vir outro professor.

Mas se você chega à aula e diz boa noite,


Com uma voz tão suave
Que para mim parece um açoite
No qual quero sofrer e apanhar.

Professora,
És para mim de noite e de dia
A razão de minha biografia
Com quem quero sempre compartilhar

Sei que apenas num dia somente


Falarei pra toda essa gente
Que com minha professora subirei no altar.
666 – A besta

Com o piscar de olhos


E o franzir da testa
Lá vem a besta.

Trazendo informação pra todo mundo


Do mais nobre ao simples vagabundo
Lá vem a besta.

Vem encarnado em políticos


Politicamente corretos
Mostrando atos incorretos
Lá vem a besta.

666 é o seu número


Seria um triunvirato,
Um código de barras
Ou quem sabe um cartão magnético na palma da mão?

Seria uma Matha-Hari do século vinte e um,


O Papa, Gandhi, John Lennon, sei lá.
Todo mundo diz que não, que pode ser qualquer um.
Se fosse um homem bom, não seria uma pessoa tão besta.
Ajudaria o mundo a sair da fome,
Das guerras e da destruição.
Aqui parado

A sala de aula cheia


O trânsito lotado
A noite avançando pra a madrugada,
Boêmios dormindo nas calçadas
E eu aqui parado.

Cachorro latindo, o gato miando,


Crianças pulando, o carro passando,
O jornaleiro gritando vendendo o jornal
E eu aqui parado.

Na hora do almoço é um alvoroço


Tem prato, tem garfo e copos espalhados
O feijão queimou ou está estragado
E eu aqui parado.

Lá na cidade, barulho infernal


Já é fevereiro e vem carnaval
O trio-elétrico, a mulata no samba
A cantora antiga ainda é bamba
E eu aqui parado.

Assaltaram o vizinho que mora sozinho


Levaram comida, gás, passarinho
Trabalha bastante pra ganhar um trocado
Mas mesmo assim roubaram o coitado
E eu aqui parado.
Pensamento

Às vezes fico pensando


Se penso o que penso
Ou o que penso é o mesmo
Que os outros pensam,
Pensaram, estão pensando ou irão pensar.

O pensamento é individual
Ou copiamos os pensamentos alheios
Dos que vivem a pensar.

Se só o meu pensamento é verdade,


Seria eu o dono da verdade
Ou outro pensante
Com idéias esdrúxulas, nobres ou mirabolantes
Viria num claro instante contestar
O que eu achava ser verdade absoluta
Do meu modo de pensar.

Mas eu fico pensando como as pessoas pensam


Porque pensam muito
Pensam serem os donos dos pensamentos
Então é melhor dar razão pra quem pensa
Que está com verdade
Do que pensar em entrar numa tremenda e
Pensante confusão.
Carta a uma árvore

A muito tempo que quero falar com você


Mas o vento forte vindo do norte
Balança suas frutas
E talvez você não me escute.

Diga-me se sou teu amor


Ou apenas o filho da outra
Que te cortou ao meio
Sem entender sua dor

Queimando seus lindos cabelos


Tingidos de verde
Pisando sem dó e sem pudor
Em sua linda e cheirosa flor

Me deste tanta alegria


Filhos e filhas vindos de sua linhagem
No seu ar desfrutei, percorri mil milhas
Mas agora me veio a coragem de dizer
Que sem você meu dia não é dia.

E nessa manhã inaudita, sem breu.


Digo a você minha árvore querida
Que o filho da outra sou eu.
A Barata

Estava conversando com uma professora


Assuntos triviais em frente ao portão
E na beira de um esgoto uma barata voou

O vento soprando tão forte


Era vento norte
Que a barata guiou.

Ela foi pousar no asfalto


A professora, não a barata,
Deu um grito tão alto
Que até a barata se assustou.

E num impulso repentino


Caiu no chapéu de um menino
Que percebendo a proeza da mesma
Zunindo em seus ouvidos pequeninos
Pegou-a com as mãos com carinho
Colocou-a do no chão com jeitinho
E a barata esmagou.
Ela feia, Ele bonito

Ela feia, ele bonito.


Ele não tinha nada pra dizer,
Ela um universo para revelar.
Foi um simples olhar que o despertou.
Ela feia, ele bonito.

Ela vinha com jargão diplomático,


Ele precisava de um dicionário para interpretá-la
Mal sabendo dominar sua própria linguagem natal
Dizendo de modo simples frases coloquiais.
Ela feia, ele bonito.

Ela já havia passado suas férias


Em Hong-Kong, Bahamas, EUA, Cuba.
Ele só havia ido ao parque de sua cidade
Onde todos se conhecem.
Ela feia, ele bonito.

De repente uma autoridade eclesiástica ortodoxa


Pergunta se ele a aceita como esposa e ele diz sim.
Vão morar de frente para o mar
Em uma mansão em qualquer ilha paradisíaca
Da América central.
Ela feia, ele bonito.
No fim do túnel

Existe uma luz no fim do túnel


Alguém em quem se possa confiar
Um amigo chegado, um parente querido e distante
E quem sabe uma linda mulher.

O sol vem nascendo a cada dia


Renovando a força da terra
Brotam flores na primavera
Frutos no outono e águas límpidas no calor.

Períodos sazonais onde se fartam os povos


Ventos frescos e agradáveis
Inspiram as mais lindas poesias
Melodias para celebrar o amor.

A verdadeira verdade é que na verdade


Existem diferenças em cada um
Mas a vontade de vencer, ser feliz, sorrir, amar
Construir no meio das trevas
Um mundo mais belo, com pudor,
É um sonho inerente e impregnado em cada ser.
Pôxa

Pôxa, eu queria tanto que você entendesse


Meus pensamentos, meus planos,
Meu objetivo final.

Pôxa, eu queria te amar de verdade


Mas deveria haver reciprocidade
Com quatro mãos cultivar afinal.

Eu só quero cantar.
Cantar trazendo alegria
Pra quem chora de noite e de dia
Fazê-los sonhar.

Mas como ignora meu canto


Com seus caprichos não me encanto
Me deixe quieto no meu canto
E deixe meu ideal me levar.
A Festa

Festa, churrasco, cerveja gelada,


Bolo, torta, refrigerante, salgadinhos na mesa
E muitas crianças.
Vinho com leite moça
Músicas no rádio
Gente descontraída a beber e conversar.

A dança, o copo,
Cadeiras pra sentar
Tem gelo no isopor
Asinha de frango, lingüiça de porco, picanha,

Joguem água de sal


Que o churrasco ta queimando.

Penetras, amigos, vizinhos,


Gente espiando de soslaio,
Gente que tem dinheiro e gosta de tudo pagar.

Olhares discretos, gestos sensuais,


A linguagem do silêncio está no ar.
Um beijo na namorada e os presentes.

Depois o comentário de que a festa foi legal.


O dia amanhecendo, o sono aumentando,
Os olhos vão se fechando.
Foi todo mundo embora e a bagunça ficou.

Muitos copos descartáveis espalhados no quintal,


Pratinhos com resto de feijão tropeiro,
Cadeiras espalhadas, uma desordem sem igual
Deixa tudo ai que mais tarde a gente dá uma geral.

Agora só quero dormir depois do chuveiro,


De um suco gelado, de ouvir um som maneiro,
E descansar.
Artista Nato

Entre tantos e tantos que me ovacionam,


Agradeço àqueles que não me elogiam.

Eles sabem que posso cair


Que a vida tem altos e baixos
Que entre os muitos beijos que recebo alguns são falsos
E o que vence tudo é a apenas a verdadeira amizade

Entre tantos e tantos que me procuram


Agradeço àqueles não vem me ver.

Eles sabem e conhecem o meu jeito


Que minha vida é um livro aberto
Que sou artista nato é um fato.
Que viajei por muitos desertos
E conquistei verdadeiras amizades.
Ele estudou

Ele estudou, estudou, estudou


E morreu por uma revolução:
Che Guevara

Ele estudou, estudou, estudou


E chegou a dizer que o Criador não existe:
Charles Darwin

Ele estudou, estudou, estudou


Ficou rico e depois perdeu tudo
Irineu Evangelista, o Barão de Mauá.

Ele estudou, estudou, estudou


E influenciou uma geração:
Renato Russo.

Ele estudou, estudou, estudou


E condenou um inocente:
Poncio Pilatos.

Ele estudou, estudou, estudou


E viveu escondido:
Osama Bin Laden

Ele estudou, estudou, estudou


E percebeu quer quem mais estudou
Não conseguiu convencer a maioria:
Eu, Robson Rezende.
No parque Moscoso

A natureza é bela, as flores são lindas.


Os pássaros cantam
Estou no parque Moscoso.

Um casal de namorados que ainda a pouco de beijavam


Em um simbolismo de amor e paixão
Já se retiraram.
Estou no parque Moscoso.

Pessoas caminham em duplas ou a sós


Tentando manter um peso ideal
Os jardins são imensos, a brisa é suave,
Estou no parque Moscoso.

Vejo um homem sentado no banco do parque


Não sei se é rico ou pobre, culto ou inculto
Percebo que se sente bem.
Estou no parque Moscoso.

O pipoqueiro,
O homem sozinho,
Estudantes passando,
A mulher com o bebê no carrinho,
Tenho saudade do barulho do trenzinho.
Estou no parque Moscoso.
Professor da rede pública

Ele entrou na sala de aula,


Sentou, sorriu, brincou com todos.
E os alunos a conversar.

Um grupo do lado de fora


Criava polêmica sobre algum assunto
Que era trazido para o meio da turma da sala de aula
Que ignorava a presença do professor.

E o professor pacientemente
Esperava pela atenção do corpo dicente

Passaram-se trinta minutos


E ninguém percebeu que uma autoridade didática
Estava na escola que é paga com nossos impostos.

Calmamente, o professor calmo.


Pegou a bolsa que previamente pendurara na janela
Por onde se via claramente o pôr-do-sol,
E... Em silêncio retirou-se.
A guerra

A guerra é tão inútil


Por que a guerra?
A guerra é tão fútil
Pra que a guerra?

Para mostrar divisas?


Para vender mais pólvoras?
Para explorar outras nações?
Para ferir os inocentes?
Por que a guerra?

Para eleger um político?


Para construir embaixadas?
Para pôr em prática os livros sobre a guerra?
Para que a guerra?

Pra fazer filmes


Retratando um romance em meio à guerra?
Para defender as crianças do lado mais poderoso?
Para difundir um ideal?
Pra que a guerra?

Por que a guerra?


Pra que a guerra?
Estereótipo

Aquele homem parecia ser pobre e era rico.


O outro parecia ser mau e era bom.

O de óculos de grau parecia ser culto e era inculto.


O professor parecia ser o aluno.

Só porque alguém estava de branco


Chamaram-no de médico.
Só porque alguém usava uma camisa de certo time
Em determinada ocasião, foi chamado de ladrão.

Tudo parecia óbvio,


Tudo parecia real
Até que quando cada um foi falando
Notava-se o nível individual, intelectual.

Logo, o que se vê não é o que se avista.


Até que se descubra de fato e de verdade
O que se está à vista
Nojento

Estou me sentindo tão nojento


Por dentro fedendo
Amargo e cinzento
Sem nenhum alento
Sem querer conversar.

Será que a culpa é minha


Ou de uma sociedade mesquinha
De uma cabeça tão pequena
Que pena!
Que não diz nada e não quer conversar.

Pobres embaixo das pontes


Aos montes
A minha cidade enfeitar.

Onde estão os religiosos-ortodoxos,


Sábios, políticos
Que droga que não fazem nada
Vendo minha gente a chorar.

Compram seus carros, seus cargos


Seus títulos magníficos
E se ofendem com facilidade.
Conquistam grandes nomes
Enquanto em minha cidade
O povo passa fome e morrem com facilidade.
Pseudo-Maioral

Eles fecharam os olhos


E aceitaram a instrução
Daquele que dizia ser o maioral.

Ninguém contendeu
Ninguém indagou,
Ninguém questionou a suposta autoridade
Do que se intitulava o maioral.

Até quando se dará a um simples mortal


A insígnia de um supremo
Como se e somente dele
Dependesse o futuro das castas?

Todos são iguais em oportunidades


Na lei, na fé e no direito à vida.
Ninguém pode ou deve sufocar alguém
Que quer expressar o que pensa

Até quando oh pseudo – maioral


Tentarás apagar meus pensamentos,
Calar minha voz, impedir o meu canto?
A lua

Lá vem a lua
Tão linda e charmosa
Lá vem a lua.
O dia ainda está claro
Mas ela já vem.

Os pássaros voam tão alto...


Parecem querer pousar na lua
Na lua prateada com manchas no meio
Lá vem a lua.

Lua que apaixona os namorados


Que influencia o movimento das águas
Que rege o crescimento dos cabelos
Que norteia os pescadores no mar
Autora de vários poemas
Ela já vem.

Ela nos ensina a prudência


Vindo antes da noite escura
Nos ensina a sermos mais sociais
Sempre marcando presença

O que é bonito é pra se ver


E ela vem.
Estudante brasileira

Morena, estatura mediana,


Cabelos nos ombros com um cheiro agradável
E alguns adereços.
Roupas leves por causa do calor da noite.

Sutiã de silicone, brinco em ambas as orelhas,


Relógio cor prata no pulso.
Sua bolsa trás pérolas falsas dependuradas,
Seus pés estão visíveis no calçado de coro,
Sempre simpática.

Chegou, sentou, brincou com os colegas de classe


Enquanto esperava o professor.
Nunca vi tanta calma,
Da paciência é senhora
E o professor não veio.

Em sua casa a espera diversas tarefas.


Tarefas comuns para as estudantes brasileiras
Que ela faz com amor e dedicação.
E o professor não veio.
O atrasado

As lojas da cidade estavam baixando as portas


Quando ele chegou para pechinchar.
Queria comprar um presente para um amigo
Que aniversariou no mês passado.

Quando chegou em casa


Todos já haviam jantado e preparavam-se para dormir
Foi para o banho cantando altas músicas de ópera
Sendo repreendido
Por familiares sonolentos.

Quando acordou no outro dia


Já era hora do almoço
Então pediu um lanche que foi entregue pelo moto boy

Como já á a tarde, ligou para seu patrão


Tentando se justificar.
Correndo a todo vapor, foi a um encontro
Que era para ter ocorrido no dia anterior
Com a moça mais bonita da cidade.

No dia do seu casamento


Sua noiva na igreja o espera impacientemente
Olhando para o relógio e para os convivas
Batia com o pé direito no chão.

Casamento cancelado.
O melhor seria cada um voltar para sua casa
E não demorou muito para que ela arranjasse
Um outro pretendente menos atrasado.

Porém ele era rico e ninguém sabia.


Era sábio e ninguém sabia.
Era nobre e ninguém sabia.
Só ele sabia que o casamento estava sendo orquestrado
Apenas por questões sociais.

Enfim, ninguém sabia


Que o homem sabia o porque
De sempre andar atrasado.
Publicitário Ignorante

Vejam aquele publicitário ignorante,


Impetulante, blasfemo e intrigante.
Por ser soberbo
Passou a ser intolerante.

Quem sabe um burro falante


Ensine esse publicitário- farsante
A ser mais amante
Com os que traziam riqueza
Para seu escritório como foi antes
Tratando a todos de maneira falante
Como se todos sem distinção
Fossem bêbados errantes
E a cada dia que passa
Seu estado de espírito
Fica pior do que era antes.

Tomara que um dia, num só instante.


Ninguém o convide a tomar um só refrigerante
E dirigindo bata com o carro
Quebrando seu enorme nariz no volante.
A mulher sorrindo

Eu vi uma mulher sorrindo


Que belo! Que lindo!
Aquela mulher estava sorrindo.

Faz tanto tempo


Que não dou um sorriso
E agora vejo aquela mulher sorrindo

Como ela conseguiu não sei.


Em um mundo em constantes revoluções
Por dentro e por fora
E ela estava sorrindo.

O que viu?
O que pensou?
Com quem conversou?
Só sei que vi a mulher sorrindo.

O meu dia ficou mais lindo


E acabei sorrindo
Ao ver aquela mulher sorrindo.
Jesus de Nazareth

Lá em Belém na cidade de Judá


Hoje vos nasceu Cristo o grande Salvador
Envolto em panos numa humilde manjedoura
Nasceu Jesus! Nasceu Jesus!

Então o rei Herodes irritado proclamou


Matança a todos os meninos de Judá
Houve choro e grande pranto de Raquel em Rama
Não há mais consolo, pois seus filhos já morreram

Quando ainda pequeno foi à festa em Jerusalém


E no meio dos doutores discutia sobre a lei
Porém Ele sabia quer iria morrer
Morrer por mim e morrer por você

Oh Jesus
Jesus de Nazareth
Morreu por mim, morreu por ti.
O Avião

Saiu no jornal esta manhã


Caiu um avião no Brasil
Caracas!
Caiu mais um avião no Brasil.

O ônibus lotado
O tráfego do trem
No metrô me sinto tão bem...
Ando de carroça, carona, ou o que vem
Só não tiro o pé do chão
E não quero andar de avião.

Santos Dumont bem que podia


Ter criado alguma coisa que voasse em um vão
Com cama, mesa, sala e fogão.
Ou o mundo inteiro poderia ter um trem-bala
Correndo a dois metros do chão

Mas enquanto não aparece


O veículo do século vinte e dois
E nem alguma outra invenção
Vou andar de camelo, Cavalo, bois,
Bicicleta, triciclo, navio.
Não ponho minha vida por um fio
Tenho ojeriza só de pensar em avião.
Sonhei com você

Essa noite eu dormi


E sonhei com você.

Você estava tão bonita


Usando um blue-jeans
Com sapatos cinza e lábio carmesim

Diante do espelho
Retoca a maquiagem,
Cabelos nos ombros, um colar de diamantes
E no peito uma coragem.

Num instante ligeiro senti o teu cheiro


Vindo ao encontro meu.

Mas acordei e agora


Sozinho no meu quarto
Só me resta um travesseiro
E na parede seu retrato.

Porque essa noite acordei


Sonhando com você.
A rainha de Sabá

A rainha de Sabá ouviu falar de Salomão


Quem é esse Salomão que o mundo inteiro diz
Dos confins da terra a rainha veio ver
Se era verdade o que estava a acontecer
Um homem com sabedoria, muita glória e poder.

Fala Salomão, fala que a rainha quer ouvir


Fala Salomão, fala que a rainha quer saber
O que nos confins da terra se comenta de você

A rainha ouviu o rei e ficou como fora de si


Foi verdade o que ouvi em minha terra acerca de ti
Bendito seja o seu Deus que agradou de ti!
Bendito seja o seu Deus que agradou de ti.
Juízo

Que pena que algumas pessoas


Julgam os outros pelo que aparentam ser
E não pelo que realmente são na essência.

Um dia desses conversei com um homem maltrapilho


E ele me passou muitas informações
Que um doutor em humanidades
Jamais me passaria.

Conversei com uma prostituta


E vi nela a sinceridade
Que não vejo na hipocrisia dos rostos
De algumas mulheres que se dizem castas.

Mas ainda existem pessoas puras


Neste mundo de meu Deus.
Em todos os níveis da civilização.

O cachorro nunca me xingou,


Os passarinhos nunca me ofenderam,
As minhocas nunca falaram de mim

Ao invés de alguns que querem


Ter honra sem merecer
E somos obrigados a baixar a cabeça
E observá-los de longe.
O bêbado

Estava conversando com um bêbado


Que disse ser professor
E que perdeu seu amor
Na faculdade Estácio de Sá.

Mas isso não é pra qualquer um


Que ao lecionar leva uma flor
Pra dar a alguém que sem pudor
Vai sua vida um dia arrasar.

Um cigarro, um trago, um copo de cerveja,


Um queijo no prato em cima da mesa
E o bêbado se abria
Dizendo que nunca mais iria amar.

Saiu cambaleando de olhos vermelhos


Chorando baixinho na rua de frente pro bar
Encontrou uma morena sentada na praça
Que vendo seu jeito sem graça foi lhe consolar.

E lhe disse pra deixar de tolice


E para de chorar.
Que também já amou num tempo distante
Mas o amor que ela tinha também teve uma amante
E não mereceu o amor que ela tinha
E assim parou de chorar.

E foi nesse instante que de mãos dadas vão pela praça a passear
Num momento de desejo ela o envolve com um beijo profundo
Que nem o amanhã e nem o porvir deste mundo
Vão suas vidas separar.

A moral dessa história


Vou lhes contar nessa hora que o amor verdadeiro
Não só aqui, mas no mundo inteiro,
Qualquer um pode encontrar.
Tapa de luva

Você era pequeno


Pequeno e apertado como o fundo de uma agulha
Até que te ergui
Por causa de constantes apelos sôfregos seus.

Te ergui ao tamanho de um arranha-céu


E esqueci-me dos riscos de deixando tão grande
Pensando que iria participar de sua alegria.
Mas um dia acordei e percebi
Que te dei mais força do que deveria.

Tão humilde, tão triste a chorar...


Na sacada da varanda, no banco da praça
Reclamando da vida pondo a culpa nos outros
Por conta de sua lida me sensibilizei
E quis ajudar.

Então de repente, num abrir e fechar de olhos


Vi o fundo de uma agulha transformada em arranha-céu
Querendo me afrontar.

Mas não me preocupo


Eu durmo num banco, num canto e vou esperar
Até você perceber que esse mundo gigante, tão grande
Não consegue governar

Então virei com simplicidade


E na verdade
Uma tapa de luva vou te dar

Dar-te um cantinho modesto, honesto


Limpo, discreto, bem certo
Aonde suas mãos possam alcançar

Porque não preciso provar pra ninguém


Que sou maior que um prédio, que tédio!
Que sou protegido e que ando nas nuvens
Onde mal nenhum pode me tocar.
Amanhã

Quando o amanhã chegar


Estarei mais feliz do que hoje
Tentarei sorrir em meio a tristeza
Mas não zombarei dos meus inimigos.

Quando o amanhã chegar


Conquistarei o amor de uma mulher
E nesse amor me deleitarei.

Quando o amanhã chegar


Realizarei meus planos mais especiais
Que estavam guardados a tanto tempo.

Quando o amanhã chegar


Pedirei desculpas por não ter conseguido
Agradar a gregos e troianos
E farei o possível
Tentando alcançar a perfeição.

Quando o amanhã chegar


Estarei em pé diante do meu Deus
E cantarei louvores ao meu Criador.
Lidar com bois, lidar com gente

É mais fácil lidar com bois


Do que com gente.

Se você diz: “Façam isso.”


Eles fazem aquilo.
E nem sempre dá tudo certo
Por forças de circunstâncias,
Existe o tempo, fatores críticos, distância.

Cada um crê de um jeito


Outros nem crêem.
Um fala a verdade, outro mente e mente tanto
Que passa ser verdade.

Você cria um propósito


Uns vem e outros não.

Não importa o nível de cultura,


É verdade pura,
É mais fácil lidar com bois do que com gente.
O computador

Dizem que ele não erra


Que é perfeito em tudo o que faz.
Que já deixou muitos pais de família desempregados
É um chato.

Dizem que ele escreve


na mais perfeita ortografia
Que fala, sabe das coisas
Que ninguém imaginaria

Mas para mim ele não passa


De um tremendo bobalhão
Que funciona apenas se um homem
Encostar-lhe as mãos

Dizem que ele foi à Marte


Mas continuei olhando as favelas
Embaixo da ponte Rio-Niteroi,
Cartão postal do meu país
E ele não passou por lá

Se tivesse passado
Veria crianças que nunca souberam
O que é um computador, nem e-mail
Nem internet, nem www.com.br.
Te perdi

Por que te perdi


Como águas escorrendo nas palmas de minhas mãos.

Te perdi porque não sabia


Que seria importante ser feliz um dia
Por um momento de asneira
Fui cair na besteira de brincar com a emoção.

Estás tão perto e tão longe


Te vejo em outros braços
Com um sorriso constante
Parece tão feliz sem mim...

Acordei pra verdade, é tarde


Nessa vida jamais serás minha
Porque te conheço por dentro
Entendo seus pensamentos
Não és de criar alarde.

Então te amarei em silêncio


Na calmaria do vento
Nas águas tranqüilas do mar
No pôr sol, no frescor das montanhas
Na beleza da rosa a brochar.

E gritarei:
Que merda!
Amor platônico

Se te amar por tanto tempo foi errado


Se fiquei preso ao passado
É porque ainda não cresci.

Se insisto em dizer que te amo


E todos sabem do meu ledo engano
Só pra lembrar que não te esqueci.

Num virado ao contrário


Às vezes me acho um otário
Com um coração ordinário
Que vive pensando em ti.

Alimentando meu ego


Faço poesias, me pego falando coisas sem nexo
Enxergo o côncavo e o convexo
Meus versos são para ti.

E quando eu ficar bem velhinho


Com os olhos enrrugadinhos
Saiba que te respeitei
Respeitei o que se sonhou
Tudo o que a vida doou
Porque o amor não anda, não pula
Ele sempre voou

Mesmo não estando com a pessoa amada


Mas sabendo que ela está amando e sendo amada
Me vem a satisfação.
Se isso é amor ou amizade
No fundo existe uma verdade
O amor é amor e não obsessão.
Líder ausente

Dizem que ele é líder, que está sempre presente


Mas não o vejo “in lócuo”
Que é mentor intelectual de vários projetos
Mas nenhum deles chegaram aos meus ouvidos

Dizem que a verdade está com ele


Que a retidão está em seus lábios,
Mas o máximo que ouvi de seus representantes
Foi algumas palavras balbuciadas.

É simbólico, metafórico, místico, quase espiritual


Invisível e representativo
Líder ausente.
É a ele que estás seguindo?

Quanto recebe, não sei.


Se declara imposto de renda, não sei
Seus filhos frequentam boas faculdades,
Vestem-se com roupas de grifes famosas,
São versados em diversos assuntos.
Líder ausente.

A poucos dias chegou da áfrica,


Depois voou para a Europa, Passou pelas Américas
Fez alguns contatos no Paraguai
Agora vai a Cuba.

Será que gosta de crianças?


Que come bananas?
Que seus filhos o chamam de pai?
Que sua esposa o ama?
Que a leva aonde vai?
Líder ausente.
O homem da praça

Ontem vi um homem sentado na praça


Estaria ele descansando
Depois de uma festiva alegria
Ou lamentando uma enorme desgraça?

Não sei ao certo porque estava longe


E aquele homem continuei a observar.

Poderia ser um mendigo se estivesse


Com roupas simples e humildade no olhar
Poderia ser um milionário excêntrico
Que de seu luxo não quer desfrutar

Não sei ao certo porque estava longe


E aquele homem continuei a observar

Estaria ele contemplando a natureza


Para depois descrevê-la em prosas e versos?
Estaria observando pessoas
Para entendê-las pelos seus biotipos?

Não sei ao certo porque estava longe


E aquele homem parei de observar
E me perguntei: O que é o homem?

Uma voz sussurrou em meus ouvidos:


“É a coroa da criação.”
Teofania

O Ser sempre foi


E sempre será.
Nunca precisou
De que alguém acreditasse que Ele é
Para que fosse.

Pelo contrário,
É sempre alguém que questiona o Ser
Procurando com isso
Se encontrar no tempo e no espaço.

Como Ele surgiu ninguém sabe.


Às vezes se manifesta como ícone
Em meio à multidão gerando polêmica
E formando opiniões.

É místico, exótico, invisível,


Porém tangível.
Faz-se perceber através de sinais
Facilmente identificados
Pela percepção humana.

Já disseram que Ele não é


Mas os que disseram já se foram
E Ele continua e continuará sendo o Ser.
As palavras

Cuidado com suas palavras


As palavras governam o mundo
Erguem-te ao trono de um príncipe
Ou te levam a um abismo profundo.

Palavras bem pronunciadas


São como a correnteza do mar
Que transportam imensos navios
E faz o mais humilde dos homens sonhar.

Palavras quando são doces


Alegram a alma e trás esperança.
Não há quem resista à sinceridade
De palavras ditas por uma criança.

Quando somos sabatinados


Em uma matéria ou qualquer questão,
São as palavras que justificam
Se somo rabinos ou não.

Pela palavra foram criados os universos


Desde então ela reina.
A palavra tem sentido real
Para que os sinais sejam interpretados.
A palavra é magistral.
Lunático

Passei a noite inteira acordado


Esperando por ninguém

De manhã corri depressa


Para chegar a lugar nenhum

Até que encontrei aquela mulher


Mulher que nunca amei

Então a oportunidade de minha vida


Passou por mim
Quando já estava cansado
De tentar encontrá-la

Foi quando telefonei dez vezes


Para um grande amigo que nunca me liga
Será que ele se encontrou a felicidade?

Parei o carro na contramão


Tomei um trago pra esquentar o corpo
Imaginei-me em outra cidade
Esqueci a chave do carro na inguinição

Fiquei a pé,
Comi uma banana, estava sem grana.
E fui não sei pra onde.
O homem do madeiro

Vejo pendurado um homem na cruz


Vejo escrito sobre ele: “Seu nome é Jesus”.
Vejo os seus olhos que demonstram muita dor
Vejo o seu sangue derramando por amor
Vejo em sua cabeça uma cora de espinhos
Vejo um rei rejeitado em seus próprios domínios
Vejo a intenção de salvar o mundo inteiro
Vejo suas mãos e seus pés cravados num madeiro

Vejo sepultado o homem da cruz


Vejo Deus ressuscitando o seu filho Jesus
Vejo multidões saindo do cativeiro
Vejo ressuscitado o homem do madeiro
Vejo a árvore da vida
Vejo o mar de cristal
Vejo as ruas de ouro do meu lar celestial
Vejo o homem a quem rejeitaram e o pregaram na cruz
Reinando pra sempre no céu de luz
Triângulo

Você é o cateto
Da minha hipotenusa
Minha Monalisa, Cleópatra, Medusa.

É o comprimento
Do cateto na vertical
Você é o 2 PI radianos
Que equivale a 180 graus.

123...
321...
Divide tudo por dois
Coloca na raiz onde não é 1.
Você é meu seno
Comprimento do cateto na vertical
Você é meu coseno
Comprimento do cateto na horizontal

Você é tudo
Etc. e tal.
Atlântida

Quanto tempo temos ainda pra respirar


Se o tempo voa e leva
Quem o buscar

E em nossa pátria amada


A morte está se alastrando
Está nos olhos e ninguém vê
Passam fome as cidades
Saúdam a imoralidade
E a sede de poder.

Quanto mais o tempo passa


Mais sujas ficam as vidraças
Com fábricas a fumaçar

Explodiram Hiroshima
E constroem mais
Para um confronto nuclear

Atlântida...
Atlântida...
Oh... Oh... Oh...
Maria

Eu conheço tanta gente


Nessa terra onde nasci
Mas você é diferente de todas que conheci
Maria.

No portão de sua casa


Minha casa construí
Enfrentei o mundo inteiro
Para ao lado estar de ti
Maria.

Na janela do seu quarto


Fiz meu quarto e conclui
Que seus braços são descanso
Travesseiros de dormir
Maria.

Eu não quero e não posso nunca


Esquecer de ti
Maria.
O ontem

Ah se pudesse voltar no ontem...


Teria feito as coisas mais corretas
Erraria menos falando com brandura
Aos que a mim chegaram
Querendo ouvir uma palavra amiga e pura.

Ah se pudesse voltar no ontem...


Enfrentaria meus problemas
Com mais tranqüilidade
Sonharia menos materializando com meus braços
Os bons pensamentos, projetos e ansiedades.

Ah se pudesse voltar no ontem...


Conquistaria o coração da mulher amada
Deitar-me-ia no colo da namorada
Falando baixinho palavras de amor
Calando seus lábios com um beijo e uma flor.
Contando diversos segredos na madrugada.

Ah se pudesse voltar no ontem...


Escutaria mais os conselhos do meu pai
Sentaria mais tempo ao lado de minha mãe
Escutaria os desejos dos meus filhos
Daria mais atenção para meus amigos
Ficaria quieto naquele emprego
Não venderia aquela casa
Não diria tal palavra que modificou totalmente a minha vida.
Ficaria calado no momento certo.

Ah se eu pudesse voltar no ontem...


Vida de trabalhador

Durma um pouco
Mas acorde bem depressa
Se vista num instante
Se apresse porque o ônibus vai passar.

Se chegar atrasado
Fica ruim pro seu lado
Com o patrão emburrado
Você vai se esbarrar.

No dia do pagamento
Peça um aumento
Que com o passar do tempo
Você chega lá.

Com o seu décimo - terceiro


Será o primeiro
Que na mão do banqueiro
Vai suas contas pagar

E na chegada do natal, nada mal.


Que tal, bem legal.
Na casa de parentes
Beber e comemorar.
Auto – Crítica

Já falei tudo o que pensei.


Critiquei fulano e cicrano
Elogiei beltrano
De que e de quem mais falarei?

Se quem não presta me sensibilizou


E quem presta também,
Então sou igual aos dois.

Faço pipi e cocô, coisa natural.


Sou livre e normal.
Sinto frio, calor e odores
Sinto ódio, amor,
Aprecio a beleza das flores.
Sou simples e ortodoxal.

Dizem que sou paroleiro


Que falo sandices o dia inteiro
Que não tenho essência alguma pra dar
Mas em vez de ficar olhando tudo acontecer,
Prefiro criticar, elogiar, fingir ignorar
Fazer o pensamento materializar
Minhas idiosincrasias.
Maria de amores

De dia e de noite
De noite e de dia
No meu coração é só alegria
Porque já tenho o amor de Maria.

Maria da noite, Maria do bairro


Maria de amores, Maria de flores
Maria que canta Maria que vive a bailar.
Maria que corre no meio da chuva
Maria que sorri com a blusa molhada
Que os bicos do peito parecem furar.

Cobre-me de noite
Trata-me de dia
Cuida de mim com muita alegria
Trata com respeito todos meus amigos
Maria que nunca me deixa sozinho.
Se quero passear me leva na praça
Quando diz que me ama fico sem graça.

Quem está muito triste e quer alegria


Procure encontrar a sua Maria
Uma Maria que te cuide na bonança e na dor.
Uma Maria que te beije e te chame de amor.
O que é o amor?

Procurei saber o que é o amor


Rodei o mundo inteiro
Querendo saber o que é o amor.

Perguntei ao mendigo o que é o amor;


Ele me disse sem medo que o amor é a esmola
Que ele recebe bem cedo.

O rico me disse que é comer caviar,


Tomar uísque e champanhe em seu iate
No alto-mar.

A mulher de programa de tão insana


Disse-me que o amor
É o dinheiro que ela recebe na cama.

Um contente velhinho
Disse-me baixinho que o amor
São seus lindos netinhos
Que quando está sozinho vem com ele brincar.

Nessa longa procura de pura grandeza


Encontrei o amor numa linda princesa
De curvas salientes e beijos ardentes,
Coração dilatado, na maciez dos seus braços.
Com as pupilas de meus olhos dilatados
Vim o amor encontrar.
Vida noturna

O show já terminou
Instrumentos guardados,
Gente conversando alto,
Recebo alguns trocados
Que o público pagou.

Copos sujos nas mesas,


Guardanapos no chão,
Amores nascendo, outros morrendo
Numa conversa no salão.

Amigos se abraçam sorrindo


Contando novidades da vida de cada um,
De amores e paixão

As luzes se apagam,
Todo mundo sai.
Alguns vão embora, porém outros não.

Prefiro ficar num canto


Ou outro lugar qualquer
Contemplar a lua cheia
E ver o sol nascendo
Nos braços de minha mulher.
Bairro Santo Antônio

Bairro Santo Antônio


Que saudade que me dá
Os seus tempos de outrora
Quando é que irão voltar?

As mocinhas tão bonitas


Das janelas a observar
Os cavalos de Maneco
Seu cenário a enfeitar.

De sua praça eu me lembro


Ouvia a pedreira estourar
E os aviões que te encantavam e pousavam em seu braço de mar
No cais do hidro-avião

Mas o que mais tenho saudade


E me dá vontade de sonhar
É de uma linda princesa que conheci
Neste lugar
Seus cabelos como os de uma índia
Balançando ao sopro do ar
Seu sorriso era o melhor remédio
E tirava a tristeza do meu olhar
Meu pai ( in memorian)

Meu pai está deitado no sofá da sala


Cabelos grisalhos, a voz meio rouca
A pele enrugada pelo passar do tempo
As mãos calejadas de tanto labor.

Só quer descansar, tomar um cafezinho


Receber os amigos, assistir o jornal
Ouvir melodias antigas no pequeno radinho
Enquanto mamãe prepara o jantar.

Ele tenta ser forte no correr da história


Onde tudo é difícil pra se chegar à glória
Mas o fiel vencedor não fica parado
Com sábios conselhos e voz sóbria do meu lado
Me critica, mas sabe que vou chegar lá.
O rico e o pobre

O rico jaz em sua suíte no hotel mais luxuoso da cidade


O pobre despreocupado com a bolsa de valores
Escuta músicas regionais num rádio de pilha
No alto do morro que circunda a cidade

O rico desesperado não conseguiu dormir à noite


Com medo de que um de seus criados
Tenha dado dicas a qualquer ladrão
A respeito de sua fortuna

O pobre da janela de seu barraco no alto do morro


Acorda com suas forças refeitas
Contemplando toda beleza panorâmica da cidade.

O rico com sua quinta esposa


Paga pensão alimentícia
E terá que dar boa parte de suas propriedades para ex-mulheres.

O pobre feliz comemora


Trinta anos de casamento com aquela mulher simples
Que conheceu no interior
E com a qual vai à igreja todos os domingos.

Assim, o rico é pobre


E o pobre é rico.
Visita indesejada

Depois de longos anos ele aparece


Casou-se e não me chamou,
Fez festa e eu não estava lá,
Nunca me telefona.

Estive doente e internado


E ele não me visitou.
Do meu aniversário não se lembra.

Passei por muitos problemas


E nunca esteve por perto.
Jamais brincou com meus filhos.

O piscar dos olhos e franzir da testa é o mesmo.


Um juízo silencioso e contraditório a meu respeito paira no ar
E ele continua me olhando e meneando a cabeça
Mal sabe que conquistas mil me acompanham.
Mas ele não quer saber disso
Parece que veio ao meu encontro
Para se encontrar no tempo e no espaço.
Afinal, todos querem uma referência nessa vida...

Engraçado...
Aquele amigo né...
Que talvez não devesse nem ter aparecido...
Cada um na sua

Se o cara é pedreiro
Deixa o cara trabalhar

Se o cara é padeiro
Deixa o cara confeitar

Se o cara é filósofo
Deixa o cara pensar

Se o cara não gosta


Deixa o cara deixar de gostar

Se o cara é turista
Deixa o cara viajar

Mas se está ocioso


E não quer fazer nada...

Não quer trabalhar,


Não quer confeitar,
Não quer pensar, Não quer aprender a gostar
Não quer viajar,

Deixa o cara pra lá.


Movimentos

Veja com atenção todos os movimentos


Os reinos se passam e vêm outros reinos
Os amores que marcam e se vão
Ficando somente pensamentos.

A realização que espera


O desejo que se alcança
Há um brilho, uma vida, um futuro
No sorriso de uma criança
Como o sol de primavera
No seu intenso fulgor
Como o primeiro encontro
Com o primeiro amor.

Correr de um lado para outro não adianta


Levanta e alcança
Pense num jeito
Invente de um modo discreto
Ser criativo, suas idéias brotar.

Em vez de lágrimas, sorriso.


Em vez de ira, paciência.
È só acreditar e avançar.
O Simples

Ele era tão simples,


Mas tão simples
Que simplesmente
Não consegui entende-lo

Todos os seus amigos enriqueceram


Usando sua simplicidade como escada
Em todas as hierarquias da vida.

Foi tão simples para ele


Passar na faculdade
Que simplesmente fez várias.

Simplificou o que era complexo


Fazendo ser racional
O que era sem nexo.

Fez com que todos entendessem os enigmas


Parábolas, metáforas
Deixando boquiabertos
Quem simplesmente não fazia caso de coisas simples

Continuou simplificando tudo


Até que simplesmente foi-se embora
Para sua mansão que não era nada simples
Volta às aulas

Como se chama aquela professora


Que dava aulas de biologia,
Onde mora
E como é sua biografia...

Onde está aquele aluno


Que soltava bombas na escola?
Será que foi preso
No momento em que cheirava cola?

E o novo diretor da escola


Era bibliotecário, formado em direito.
Sabe o nome dele?
Já foi candidato pra auxiliar o prefeito.

O nome do vigia, o senhor da cantina sumiu.


A mulher da secretaria..
Eles gostavam de serem chamados pelos seus nomes
Ou intimamente pelos seus apelidos?

Você sabe se por causa do futebol na TV vai haver aula?

Lembra da professora mais bela,


Mais tranqüila, mais didática,
Mais extrovertida, mais carismática?
Foi embora, era contratada.

O Secretário de educação
Não quis saber se a gente gostava dela ou não.
Campanha Política

Vamos distribuir santinho


Para nosso candidato que com certeza vai ganhar
Ele paga bem, ele paga bem.

Já foi eleito um monte de vezes


E só arruma trabalho pra você de quatro em quatro anos
Batendo no seu ombro com um sorriso aberto
Mas fique bem esperto.
Na próxima eleição ele vai te chamar para entregar santinho
Que ele vai te pagar

A saúde, segurança, salário, educação, mendigos na cidade,


Para os índios não há solução.
Mas fique bem esperto que com um sorriso aberto
Ele vai culpar outra gestão.

Entrega o santinho pro candidato


Que sofre com as calúnias da oposição
Entrega santinho pro candidato
Porque quem sabe, ele te chama na próxima eleição.

Ônibus lotados, artistas desempregados tocando por uns míseros trocados


Fugindo do advogado que vem cobrar de seus filhos a pensão
Mas fique preocupado porque o político aloprado
Vai te dar uns trocados na próxima eleição

Você vai ter o leite dos meninos, pagar a hospedagem,


A passagem, um trago pra rebater a friagem
E quem sabe um passeio na praia depois da apuração.

Até o próximo pleito sujeito!


Mundo Paralelo

Ao lado de mundo luxuoso e tão belo


Existe um imenso mundo paralelo.

Um mundo onde leis são ditadas


Por falsos reis que reinam
No onírico mundo paralelo.

Não importa a qualidade


O que importa é a quantidade de ignorantes
No ignorante mundo paralelo.

Só é aceito quem pensa igual ou parecido


Não importando se for um pé de chinelo
Nesse grotesco mundo paralelo.

É melhor pensar antes de entrar


E seguir ditadores e tiranos
Doutrinadores de homens tolos
Do que depois dizer: “Não quero.”
Participar desse opressor mundo paralelo.
O Tempo passou

O tempo passou
E parei para olhar o tempo.

Fiquei feliz
Ao ver aquela mulher tão feia
Que outrora era tão linda
E não quis comigo se enamorar.

Aquele menino
Que brincava na rua
È homem feito e ajuda seus pais.

A mulher adúltera
Não consegue mais trair seu marido
Porque de tão idosa ninguém a quer mais.

O vizinho ateu continua desnorteado


O viciado está preso
O pródigo comprando fiado

Só não vi um japonês mendigo nas ruas


Um enterro de um anão
Uma cabeleireira com o primeiro marido
Um líder religioso completamente na miséria

Quem sempre lutou está vencendo


E quem ficou parado continua.
Carta a uma árvore

A muito tempo que quero falar com você


Mas o vento forte vindo do norte
Balança suas frutas
E talvez você não me escute.

Diga-me se sou teu amor


Ou apenas o filho da outra
Que te cortou ao meio
Sem entender sua dor

Queimando seus lindos cabelos


Tingidos de verde
Pisando sem dó e sem pudor
Em sua linda e cheirosa flor

Me deste tanta alegria


Filhos e filhas vindos de sua linhagem
No seu ar desfrutei, percorri mil milhas
Mas agora me veio a coragem de dizer
Que sem você meu dia não é dia.

E nessa manhã inaudita, sem breu.


Digo a você minha árvore querida
Que o filho da outra sou eu.
Na praia

Caminhando um dia na praia


Percebi uma ostra emborcada,
Um menino pulando na areia
E o canto de uma linda sereia
No barulho das ondas do mar.

O coqueiro balançando suas folhas


O espumar das águas fazendo bolhas,
O camelô gritando bem alto
Quer era arrastão ou assalto
Mas eu só queria pensar.

Pensei que era um golfinho


Às vezes um passarinho voando bem alto
Com medo de pousar no asfalto
E na agitação da cidade chegar.

Pensei que era um gatinho


Que o dono abandonou sozinho
Nas areias da praia a miar.

Que nada
Eu era apenas alguém que olhava o horizonte além
Pensando que sabe nadar
Nadar tão longe, distante
Fugindo de um amor constante
Dentro do peito a machucar.
O Transeunte

Ele passou com um cigarro na mão


E o maço no bolso
Olhar sem perspectiva
Camisa desabotoada
Cabelos por cortar
Certamente era solteiro.

Ele passou
Veio não sei de onde
Quem sou, ele não sabe.
Nem sei nem quero saber quem era
Apenas um transeunte naquele momento

De suas convicções religiosas não sei


Seus ideais se tiverem,
Suas metas, seus desejos,
Sonhos de consumo, não sei.
O transeunte.

Se não significou nada para mim


E nem eu para ele.
Se não sei seu nome
Se o que faz não me importa no momento,
Então porque filosofar a seu respeito?
O transeunte.

Depois passaram muitos outros


Mas foi aquele que considerei
E nem o vejo mais.
O transeunte.
A Cor do Amor

Qual a cor do amor?


Quem inventou o amor
De quem vive pelos cantos resmungando o passado?

Como se a felicidade dependesse de outra pessoa


Porque esperar que o outro de faça sorrir?

Nas esquinas das ruas o amor se esconde


De maneira frenética vem nos envolver

Como se a razão não valesse


Ele vem nos fazer sonhar, chorar, sorrir, sofrer...

O amor nos faz ver a beleza da vida


O sentindo das coisas e chatice dos pessimistas.
Chorei

Chorei porque alguém tentou me magoar


Mas não foi por causa da afronta que sofri
É que um amigo estava comigo e chorou primeiro
Pois quem me afrontou não merecia minhas lágrimas

Chorei por causa do amigo que ficou emocionado


Tinha ido comigo para apaziguar...
Assim pedi desculpas sem dever qualquer coisa
Mas o grau de amizade que tinha
Com quem me afrontou ficou abalado.

O mais engraçado é que saindo do local


Com os olhos já secos tive de sorrir
Para outros que não tinham nada a ver com o episódio
Sendo elogiado por uns e criticado por outros
Vou seguindo por ai
A não ser que veja um verdadeiro amigo chorar.
Como ví
Meus versos

Ah meu povo!
Deixa eu escrever o que quiser
Deixa eu falar o que pensar...
Deixa eu fazer poesias sem rimar errando meu brasilês
Não deixem minha canção calar
Mas deixem meus versos florescer a cada novo dia

Um novo dia cheio de coisas boas


Onde as pessoas não cultivem o rancor

Um novo dia onde o sol mais brilha


Onde desejos e fantasias fazem do coração fruir o verdadeiro amor
Durante a vida inteira e mais um dia.
Natureza

No mundo tem muitas flores


Mas há quem não veja isso
Um céu cheio de estrelas,
Um mar azulado, às vezes calmo.
Mas há quem não veja isso.

Crianças brincando despreocupadamente,


Os velhos conversam coisas do passado
Enquanto um vento fresco e um sol dourado
Bronzeia a pele da morena.
As pessoas correm pra lá e pra cá
Trabalho, trabalho e mais trabalho
De maneira que só com ócio pra natureza observar.

Os homens ficam velhos, constroem prédios, que tédio.


Em um shopping tentam imitar a natureza com chafariz e afins
Mas verdadeira beleza está na própria natureza.
Para Elvis

Ele queria ficar, não queria partir


Ele queria se sentir dono do chão que estava pisando
Mas teve que ir

Argumentou, chorou, criou caso,


Bateu o pé no chão, mas sem solução
Teve que ir sem entender o porquê.

Amanhã talvez ele entenda que a vida nos proporciona


Destinos felizes e às vezes não entendemos as mudanças.
Vai meu filho, vai ser feliz
Estudar e entender as coisas porque você é vencedor
Volta com troféus visíveis e espirituais.
Dias Melhores

É preciso sonhar com dias melhores


E fazer o possível e o impossível para promover o bem

Mas então, o que é o mal?


O mal é ver pessoas sofrendo,
Crianças passando por privações,
Homens ficando velhos sem dar um único sorriso.

Meninos de rua sem nenhum projeto de vida


Índios sem suas terras, negros discriminados,
Pessoas abandonadas ao Deus-dará.

Ser então amigos dos pobres?


O que é um pobre senão um ser humano
Com mesmos desejos e aspirações de um milionário
Ou de qualquer outro ser humano que é ser feliz nessa vida...

Então vamos abrir as portas para que todos entrem


E se banqueteiam com nossas iguarias
Das quais nossas dispensas estão cheias
E nos sobram ao extremo.
Solteiro

Todo mundo já casou e estou solteiro


Todo mundo se mudou e estou solteiro
Todo mundo já é pai e estou solteiro

Será que todo mundo se esqueceu de mim?


Eu sou aquele cara que fez assim e assim...

A menina que vi ontem,


Encontrei hoje com uma criança no colo.
O pai da moça bonita escolheu e orquestrou
Seu relacionamento do namoro ao casamento
Com o homem mais rico da cidade prestando-lhe juramento
Ela dizia que me amava, mas seu pai foi um canalha
E estou solteiro.
Jesus se Importa

Tem muita gente por ai querendo saber


Porque choram enquanto outros vivem a sorrir
Os hospitais estão lotados
Nas cadeias não cabem mais
Tanta gente desesperada procurando achar alguma paz
Vai dizer a eles
Vai mostrar pra eles
Que Jesus se importa
Vai dizer a eles
Vai mostrar pra eles
Que Jesus é a resposta
Perdão

Te tranquei numa prisão


Na prisão do meu coração
E de lá nunca mais sairá
No lugar onde pessoas que me magoaram ficam
E talvez nem percebam que as prendi

Desta prisão não sairão


Nuca mais verá meu semblante alegre
E o sorriso espontâneo do meu rosto
Mas serei sério, sóbrio e atento a todos os movimentos
Só não consigo ser beligerante a vida inteira.

Nunca saberá mais os meus segredos


Antes terá de ficar perguntando
E recebendo noticias vagas que deixarei escapar propositadamente
Não condizendo com a verdade da atual conjuntura.

Adeus
E fique tranqüilo nesta prisão que você me obrigou a criar
Pra você mesmo
Um lugar de silêncio e profunda ignorância a meu respeito
Blindado e fechado a 14 chaves no meu coração

Mas como quem não perdoa é quem vive trancado


Depois de algum tempo perdoarei
Entendendo que o perdão é divino
E esquecer é amnésia.
Dez Razões pra orar sempre

Porque Jesus disse que é um dever;

Porque realmente precisamos conversar com Deus;

Porque a oração muda o cenário de uma nação;

Porque através da oração conseguimos realizar coisas grandiosas em nome de


Jesus;

Porque ajudamos os mais necessitados através da oração;

Porque a oração solta os encarcerados;

Porque a oração abre portas de emprego;

Porque a oração curas os enfermos;

Porque Deus escuta nossa oração;

Porque através da oração vencemos todos os obstáculos.

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