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ROTEIRO – SEMINÁRIO DE NUTRIÇÃO

De início, antes de analisar o estudo em si, vamos pensar na sua metodologia. A sua organização foi pensada justamente para conferir maior
confiabilidade e credibilidade ao estudo, para que os resultados fossem críveis e, portanto, pudessem ser aplicados à realidade.

 A revisão sistemática serve para responder de maneira objetiva e imparcial a uma pergunta.
 A meta-análise consiste em um tipo de estudo que deseja ver a integração de 2 ou mais estudos variados sobre um determinado
assunto. Para isso, estudos com esse tema foram pesquisados em plataformas acadêmicas, como PubMed, Scopus, entre outros.
 E os testes controlados estudam variáveis controladas para ver se há relação entre elas, com base em grupos randomizados, ou
seja, a fim de garantir uma heterogeneidade de estudo desejada e controlada.

Quais parâmetros foram observados? Peso corporal, % de gordura, IMC, circunferência de cintura, circunferência de quadril e raio cintura-
quadril.

Quais grupos foram selecionados? Foram selecionados 30 estudos de grupo-controle, todos randomizados, contando com diferentes faixas
etárias, com homens e mulheres, mas excluindo aqueles estudos com menores de 18 anos, gestantes e mulheres lactantes, bem como os
que não tinham grupos controle ou usavam suplementação placebo.

O artigo classificou os estudos selecionados em diferentes categorias, de acordo com sua qualidade sobre os resultados: 7 deles eram de boa
qualidade, 20 de qualidade aceitável/adequada e 3 deles eram de baixa qualidade e foram excluídos; por esse motivo, de modo geral, o total
de estudos, de fato, avaliados foi de 27 estudos de grupo controle, totalizando 1438 participantes, de um total de 30 iniciais que foram
identificados como compatíveis com o objetivo do estudo.

E que pergunta é essa que a revisão sistemática deseja responder? A suplementação de zinco tem importância nos parâmetros
antropométricos? Vamos ver...

COMO O ZINCO INTERFERE NO METABOLISMO ENERGÉTICO?

O zinco é, sabidamente, um íon com importante papel regulador. Diversas enzimas dependem do zinco para serem ativadas, além de atuar
na regulação de diversas funções metabólicas e, por isso, ter, inclusive papel no funcionamento do sistema imune por estar associado à
regulação de funções oxidativas.

Slide 4: a absorção do zinco é facilitada por aminoácidos, melhoram sua solubilidade, mas existem fatores que diminuem sua absorção e,
portanto, biodisponibilidade, como o consumo de outros nutrientes, como a caseína do leite, os fitatos, oxalatos, taninos, polifenóis, etc,
além da possibilidade de reações alérgicas com compostos como a gliadina etc.

Ele é absorvido no jejuno e é distribuído nos diversos tecidos após absorção, por meio de transporte ativo. Ele é transportado por proteínas
plasmáticas como a albumina, por isso sabe-se que indivíduos que têm deficiência proteica apresentam distribuição de zinco prejudicada aos
tecidos (lembrar que ele se complexa com aminoácidos).

Em relação ao ferro, há um problema em relação à biodisponibilidade do zinco. Sabe-se que esse íon compete com o zinco disponível,
diminuindo sua absorção, por isso, a forma de ferro quelatado é a mais indicada para a suplementação, que apresenta menor toxicidade,
maior tolerabilidade nessa disposição. Normalmente, a prescrição de zinco é feita com outros aminoácidos como a glicina, histidina, cisteína,
uma vez que a formação de complexos com aminoácidos é fundamental à sua absorção.

Slide 5: COMO O ZINCO ESTÁ ASSOCIADO À OBESIDADE?

Sabe-se da função do zinco na regulação do centro da fome e na resistência insulínica.

Entende-se que baixas concentrações de zinco estão associadas ao aumento da resistência insulínica, o que impede a liberação de insulina e
a consequente redução dos níveis glicêmicos aumentados. Ele interfere com transportadores de insulina, o que dessensibiliza os tecidos à
insulina.

No centro da fome, observa-se que o zinco pode diminuir a ingestão de comida pelo estímulo à produção de leptina, um hormônio
anorexígeno, associados a liberação de fatores como interleucinas e TNF-alfa; e subsequentemente, o zinco diminui a secreção do
neuropeptídeo Y. Ele também promove aumento da ingestão de comida estimulando a produção de serotonina e galanina no intestino,
aumentando a motilidade gastrintestinal, e, portanto, o esvaziamento gástrico.

Indivíduos obesos possuem níveis séricos mais baixos de zinco, o que pode ser devido a um estado crônico de processo de estresse oxidativo,
que pode ter a ver com a secreção de glicocorticoides e aí todo o ciclo de elevação de glicemia e de hormônios hiperglicêmicos se repete, o
que mantém a obesidade e dificulta a distribuição do zinco aos tecidos.

Saber tudo isso auxilia no melhor entendimento do papel do zinco na regulação do metabolismo.

FONTES DE ZINCO

Estudos foram realizados com o zinco em diversas formas químicas pra suplementar... gluconato, sulfato, zinco elementar...

Aqui estão fontes ricas de zinco, que podem ser usadas numa dieta balanceada de um paciente que apresenta níveis reduzidos de zinco.
Nessa tabela pode-se observar que a suplementação varia de acordo com diversos fatores... faixa etária, sexo, se é uma gestante, se é
lactante...

CONSUMO DE ZINCO

Dentre os diversos benefícios do zinco, podemos citar... ler a lista

Saber da importância do consumo de zinco é fundamental pra verificar a distribuição de micronutrientes. A deficiência de zinco é analisada
com base em 3 indicadores: prevalência da desnutrição crônica em crianças menores de 5 anos, risco de inadequação do consumo de zinco
e prevalência de anemia por deficiência de ferro.

No Brasil, observa-se um quadro de desnutrição crônica em crianças de até 5 anos, o que por si só já é um fator de risco de desnutrição e
deficiência de zinco, já que pressupõe que seu consumo é inadequado, é menor que o esperado.

Observa-se, também, que há um déficit de estatura em 7% das crianças que está associado à deficiência de zinco, o que corrobora para a
ideia de deficiência nutricional do zinco na população brasileira, sobretudo em crianças.

Esses 3 indicadores, portanto, sugerem que o Brasil tem risco moderado de deficiência de zinco, já que a anemia e desnutrição crônica se
fazem presentes.

Por esse motivo, a ingestão diária de zinco recomendada (segundo a RDA) é de 8mg/dia p mulheres e 11mg/dia p homens, devendo a
suplementação ser feita de 20 e 40 mg em caso de diarreia.

OBESIDADE

Como se sabe, a obesidade também é uma problemática presente na realidade brasileira. Como o zinco desempenha papel importante na
regulação do centro da fome e saciedade, por isso falar da relação obesidade-consumo de zinco se torna muito importante. Já discutimos
acima de que maneira isso acontece.

LER SLIDE FALANDO DA OBESIDADE.

Sabemos que a obesidade é uma doença multifatorial, está associada a diversas outras comorbidades e condições fisiopatológicas e, como
toda doença, tem sinais e sintomas e pode ser classificada/categorizada para que o tratamento seja melhor orientado.

LER SLIDE OBESIDADE NO BRASIL

GRAFICO OBESIDADE NO BRASIL: como podemos ver, a obesidade se distribui de forma muito heterogênea no Brasil, com destaque para Sul
e Sudeste.

O QUE PODEMOS CONCLUIR POR PARTE DESSE ESTUDO?

A revisão sistemática concluiu que a suplementação de zinco não tem impacto significativo nas medidas antropométricas de maneira geral,
com exceção para subgrupos. Foi possível observar que, indivíduos em hemodiálise (3 grupos teste, 154 indivíduos), podem ter até 1,2kg de
ganho de peso corporal quando em suplementação de zinco, enquanto que indivíduos com sobrepeso/obesos (5 grupos controle, 245
participantes), mas saudáveis, podem apresentar redução média de 0,5kg (500g) de peso corporal. Isso porque a heterogeneidade dos
grupos, apesar de controlada e essencial para os testes, pressupõe que esse impacto depende muito do estado de saúde dos indivíduos. Por
que isso é importante? O próprio estudo ressalta que a importância clínica dessa constatação auxilia na orientação específica para grupos
de acordo com suas condições.

POR FIM, PODE-SE DIZER QUE ESSE ESTUDO É, DE FATO, CONFIÁVEL? Sim. O estudo é confiável por diversos motivos: ele é basicamente o
primeiro a analisar essa vertente de suplementação de zinco, além de ter usado uma metodologia que consistia unicamente em testes
controlados, randomizados, com qualidade de evidências e com cuidado para não ser tendencioso (o que eles chamam de bias).

Todavia, o artigo ressalta a necessidade do desenvolvimento de outras análises, de mais estudos organizados a longo prazo e com
qualidade, para que o papel da suplementação do zinco seja melhor elucidado.

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