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O que acontece a uma mãe que é levada ao limite, ao ser mãe pela primeira vez, de uma criança que parece ser
malévola? Neste romance thriller, a autora Ashley Audrain explora o lado obscuro da maternidade.

Foto: Alex Moskalyk

ONTEM ÀS 07:00 | Rita Silva Avelar

A shley Audrain podia ser a mulher, numa sala, que diz


aquilo que ninguém quer dizer e está (ou poderá estar)
a pensar. A aluna que desafia a forma como o
professor diz a matéria. A "ovelha negra" do grupo. A
mulher que ousa falar sobre a maternidade de uma perspetiva
menos romanceada, com um travo amargo, que ousa associar
sentimentos negativos ao instinto maternal: mais, que ousa dizer
que ele pode nunca existir para algumas mulheres. E ainda bem.
Porque é cada vez melhor saber que não existem verdades
absolutas sobre a maternidade, e que nem todas as mulheres a
vivem de maneira igual. É sobre isso que trata o romance em jeito
de thriller da autora, Instinto, editado pela Suma de Letras: o lado
obscuro da maternidade.

É a história de uma mãe que não pode confiar no seu próprio


instinto, e que não consegue estabelecer uma relação com a
primeira filha, que parece ser uma criança malévola. Estará tudo
na cabeça desta mãe, ou há um lado da maternidade que também
desconhecemos? O que acontece quando uma mãe é levada ao
limite? E às mulheres, quando ninguém ouve as suas angústias? As
respostas chegam neste romance para ler de um fôlego só, e que
promete gerar controvérsia até à última linha.

Maternidade e thriller psicológico parecem termos


totalmente opostos, mas neste livro eles funcionam
perfeitamente. Houve alguma história de vida que a tenha
inspirado?

Penso que a inspiração para a história chegou quando me tornei


mãe, pensei muito no primeiro ano da maternidade, especialmente
sobre as expectativas sociais que as mulheres têm acerca de como
se devem sentir ao tornar-se mães, e até de falarem de uma certa
forma sobre o assunto. A realidade é, evidentemente, que muitas
mulheres têm uma experiência de maternidade que não se
enquadra nestas narrativas comuns. E, no entanto, não é frequente
falarmos sobre isto - não somos muitas vezes convidadas a fazê-lo.
O romance começou com uma coleção de cenas que exploravam
estes sentimentos através da personagem de Blythe, que tem uma
filha com quem não com não consegue estabelecer uma conexão, e
um casamento que começa a ceder sob o peso disso. No início não
pensei que isto fosse um thriller psicológico, mas acho que
começou a tomar essa forma porque estava a explorar alguns dos
medos que as mulheres têm sobre o que a maternidade pode ser
para elas. Esse foco no medo associa-se com naturalidade ao
suspense.

Quais continuam a ser os tabus da maternidade? As


verdades não ditas?

LEIA TAMBÉM

CECÍLIA HENRIQUES: "TEMOS DE PROTEGER AS MÃES, DIZER QUE É OKAY


CHORAR OU RIR. NÃO GOSTAR DO PARTO TAMBÉM É NORMAL."

Penso que é muito difícil para as mulheres falarem sobre o


arrependimento de ter filhos, de não gostarem das suas vidas como
mães, de não gostarem dos filhos. Esses sentimentos são a
realidade para algumas mulheres, mas existe um enorme
sentimento de vergonha associado a esse tipo de pensamento. É
muito difícil para uma mulher admitir isto a qualquer pessoa. No
romance, Blythe sente-se escrutinada pelo seu marido que quer
que ela goste mais da maternidade. Ele quer que ela vingue como
mãe e encontre alegria nas coisas que as mães devem fazer, mas
ela luta para encontrar isso com a Violet [a filha]. Não há espaço
para ela expressar isto - ela sabe que não é uma opção dizer como
realmente se sente, ou o que realmente pensa sobre a sua filha, e
isto contribui para um perigoso sentimento de isolamento.

O que é para si o instinto materno? Será este um dos


sentimentos mais fortes que uma mulher pode
experienciar na maternidade?

Penso que pode ser um dos sentimentos mais fortes que uma
mulher pode experimentar, mas também penso que não é um
instinto que devemos assumir que todas as mulheres têm. Fizemos
uma ligação tão forte na sociedade entre ser mulher e ser mãe, que
penso que algumas mulheres podem ser levadas a sentir-se
inferiores - se a parte instintiva não lhes for tão fácil, ou se não a
desejarem, como no caso de algumas personagens femininas deste
romance. A própria Blythe quer ter esse instinto, mas não o
encontra com a sua primeira filha, Violet. Ela tem um segundo
filho, com a esperança de poder provar a si própria - e à sua família
- que o "problema" não era ela, era a sua filha. E sim, ela encontra a
ligação que procurava no seu segundo filho, o seu filho, embora
isso não acabe bem para ela (sem dar nenhum spoiler).

Será urgente ter uma conversa sem rodeios sobre este lado
menos romântico da maternidade, especialmente para
aliviar a consciência das mães que sentem que não estão à
altura do papel porque a sociedade está sempre a julgar?

Penso que é urgente. Ou pelo menos para mim, como escritora,


pareceu-me urgente. É surpreendente que não tenhamos
estabelecido mais espaço ou oportunidade para reconhecer e
validar o lado mais obscuro da maternidade de uma forma
significativa. Estamos a ser pais numa altura em que partilhamos
tanto de nós próprios nas redes sociais, incluindo como mães, e
embora possamos estar a abrir-nos mais num sentido, estamos
também a tornar-nos mais vulneráveis ao julgamento e à vergonha
do que nunca. Penso que isso coloca as mulheres numa situação
difícil quando se trata da maternidade, em comparação com o que
realmente sentem.

Quanto tempo demorou a escrever o livro? Tem um lugar


especial onde escreve? Teve momentos de dúvida durante
o processo de escrita?

Demorei cerca de três anos a trabalhar no romance até sentir que


estava pronto para ser enviado aos editores. Comecei a escrever
quando o meu filho tinha seis meses, e tive a minha filha cerca de
dois anos mais tarde, pelo que houve períodos de tempo em que
não consegui escrever muito. Mas estava sempre a pensar no
romance, a ponderar as personagens, a pensar no enredo, a anotar
ideias para cenas. Penso que isso ajudou a manter viva a energia
criativa ao longo de alguns meses muito esgotantes. Antes da
pandemia, gostava de escrever em cafés do meu bairro, mas este
último ano mal saí da minha mesa de cozinha (embora me sinta
afortunada pelo privilégio de poder trabalhar em segurança a
partir de casa). Quando estava a escrever O Instinto, porque foi a
minha primeira tentativa de um romance, não me deixei muitas
vezes sonhar que um dia poderia haver leitores. Tentei concentrar-
me apenas em escrever a história que queria escrever.

Instinto, de Ashley Audrain, Suma de Letras

Este romance mostra a forma como o nascimento de uma


criança pode ser interceptado com a forma como as
memórias da infância, esquecidas ou enterradas,
regressam no momento da própria crise maternal. Era isto
que pretendia com ele?

Interessante. Penso que é uma forma precisa de se ver o romance,


sim, embora não tenha sido o que me propus inicialmente fazer. A
ideia das multigerações e do passado matrilinear chegou um pouco
mais tarde no processo de escrita deste livro. Eu estava a tentar
compreender melhor Blythe, como mãe, e percebi que tinha de
compreender primeiro a sua própria mãe. Como é que ela era?
Como era a sua relação? Como é que Blythe teria aprendido a ser
mãe, ou não? Foi assim que nasceu o carácter de Cecília [avó de
Violet], e o passado tornou-se mais uma parte da vida atual de
Blythe. Mas penso que a sua observação é correta, na medida em
que as nossas experiências passadas e as nossas memórias -
especialmente as traumáticas - por vezes regressam a nós num
momento de crise.

Escrever um thriller foi desafiante?

Porque não me propus realmente a escrever um thriller, muitos


dos elementos do thriller foram mais desenvolvidos durante as
muitas revisões do romance. Passei muito tempo a colocar-me no
enredo e a pensar na estrutura, uma vez que já tinha escrito cena
após cena, explorando quem eram estas personagens e com o que
estavam a debater-se. Não tenho a certeza se recomendaria essa
abordagem, pois era bastante confusa, e exigia muita reescrita. Mas
poderá haver algo a dizer sobre [como foi difícil] manter a
personagem no centro da história, sempre, em vez de ela ser
"arrastada" por todas as reviravoltas.

SAIBA MAIS
Suma de Letras, Blythe, Ashley Audrain, Instinto, Violet, maternidade, não
gostar dos filhos, Mães, livros, literatura

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