Você está na página 1de 16

FILOSOFIA

Racionalidade argumentativa da Filosofia e a dimensão discursiva do trabalho filosófico

Principais competências do trabalho filosófico

Ponto de partida para a discussão filosófica PROBLEMAS

Competência filosófica: Problematização

Capacidade de formular problemas


adequadamente

1. A melhor forma de formular um problema é apresentá-lo sobre a forma de uma


questão (atendendo à especifidade das questões filosóficas)
2. Esclarecer o problema, ou seja, explicitar o seu conteúdo e a sua
relevância/importância

Ex: Problema do livre-arbítrio (liberdade)

Formular uma questão: - “Temos livre-arbítrio?”

- “Somos livres?” ou “A nossa liberdade é pura ilusão?”

Explicita o conteúdo: “o problema do livre-arbítrio consiste em perceber se a nossa vontade é livre quando agimos
de forma intencional …”
Este é um problema importante porque ….

Uma outra parte também importante no trabalho filosófico

Elaborar, definir e analisar CONCEITOS

Competência filosófica: Conceptualização elaborar, definir e analisar um conceito


(explicitar o seu significado/as suas
propriedades)

Para responder aos problemas que colocam, os filósofos apresentam TESES e TEORIAS

Tese proposição que exprime uma ideia/posição que se quer afirmar/defender a propósito
de um dado problema/questão em aberto. Sujeita a discussão.

Uma tese opõe-se a outra tese, na medida em que sejam invocados argumentos de valor
comparável para a justificar. O oposto da tese é a antítese.

Proposição - afirmação declarativa


ARGUMENTOS: motivos/razões que provam refutam uma tese

Competência filosófica: Argumentação construção de argumentos bons/ válidos/ sólidos

Argumentar bem Raciocinar bem (fazer inferências válidas)

são necessários, de um ponto de vista lógico, os seguintes


instrumentos:

- Conceitos

- Juízos

- Raciocínios

Conceito: - instrumento mental que serve para pensar e através do qual representamos
diversas realidades na nossa mente

- elemento básico (mínimo) do pensamento

*Sem conceitos não há pensamento. Pensar não é mais do que produzir e lidar mentalmente
com conceitos. Formam redes conceptuais (não existem isolados).

DEF: representação mental, abstrata e geral que reúne as características comuns a uma classe
de seres e que os distingue dos seres de uma classe diferente.

 Porque torna extensível a todos os indivíduos de uma dada classe as propriedades


revelados por alguns
Ex: conceito de “cão”; “mesa”
 Porque o seu significado expressa as propriedades essenciais comuns a uma classe,
ignorando o que é próprio e exclusivo de cada um

Nota: a definição de conceito como uma representação geral/universal não é aplicável aos
conceitos singulares (dos quais temos uma representação singular, aplica-se a um só
indivíduo). Ex: Mosteiro da batalha; Tiago; Margarida; Torres dos Clérigos

Se o conceito é uma representação mental como o podemos conhecer?

Através das expressões (palavras) que o traduzem

TERMO expressão verbal (linguística) do conceito

 O mesmo conceito pode ser expresso por termos diferentes.


Ex: Rei (português) – King (inglês)
 O mesmo termo pode traduzir diferentes conceitos.
Ex: compasso – instrumento de desenho; visita pascal; divisão do tempo em música
 O conceito exprime-se verbalmente mediante uma ou mais palavras, mas não
podemos identificar termo e palavra.

Do ponto de vista lógico, devemos distinguir termo de palavra, uma vez que um termo pode
ser constituído por mais do que uma palavra.
4 termos que
Ex: “Livro de ponto”; “Meio de transporte”; “Número primo”; “Ser humana”
exprimem 4 conceitos
Aos termos constituídos por mais do que uma palavra designamos por expressões concetuais.

Há termos gerais que correspondem a classes vazias

 “fada”
 “cavalo alado” Termos vazios
 “duende”

*Não designam o que quer que seja – não existem indivíduos para constituir uma classe

Os conceitos podem ser analisados quanto à sua extensão e quanto à sua compreensão.

Extensão do conceito – conjunto de seres que são abrangidos por este conceito e aos quais ele
se aplica;

Compreensão do conceito – conjunto de qualidades ou características que os seres que fazem


parte de um conceito apresentam em comum.

Exemplo: “Homem”:

Animal Vertebrado Maria

Racional Mamífero social Tomás

Bípede Linguagem artificial José …

Compreensão Extensão

Em relação aos conceitos que mantêm relações de inclusão é possível ordená-los de modo
crescente ou decrescente a partir da extensão e da compreensão:

Ordem crescente de João Ordem crescente de


compreensão extensão
Homem
ou ou
Mamífero
Ordem decrescente de Ordem decrescente de
Vertebrado
extensão compreensão
Animal

Ser vivo
Extensão e compreensão de um conceito variam na razão inversa: quanto maior a extensão,
ou seja, quanto maior o número de elementos/seres abrangidos por um conceito menor será a
sua compreensão, isto é, o número de características que esses seres apresentam em comum.

Juízo: ao relacionarmos conceitos formamos juízos

- Instrumento de que nos servimos para pensar

- Operação intelectual mediante a qual se estabelece uma relação de conveniência ou de


conveniência entre conceitos.

Como podemos conhecer os Juízos?

Mediante uma sequência de palavras a que se dá o nome de proposição expressão


linguística do
juízo

Forma padrão:

Termos quantificadores Cópula

“Todos os Homens são inteligentes.” Proposição afirmativa*; falsa*

Termo-sujeito Termo-predicado

(do qual se atribui algo) (a qualidade)

*Proposição afirmativa - relação de conveniência (porque não têm “não”)

*Proposição falsa – quanto ao seu significado

Do ponto de vista lógico, nem todas as frases são proposições.

Só as frases declarativas são proposições: frases que afirmam ou negam algo, possuindo um
conteúdo que pode ser verdadeiro ou falso.

“Alguns sapos são cor de rosa.” Proposição afirmativa; falsa

T-S T-P

“Nenhum Homem é vertebrado.” Proposição negativa; falsa

“Nem todos os homens são políticos.” Proposição negativa; verdadeira


Enunciados que não são proposições: interrogativos, imperativos, exclamativos, que
expressam pedidos, promessas

As proposições podem ser classificas como:

 Categóricas (simples)

Afirmam ou negam sem condições nem restrições, ou seja, a afirmação ou negação é expressa
de um modo absoluto.

“S é P” (Sujeito é Predicado) Ex: “As moscas são insetos”

 Hipotéticas ou condicionais (complexas)

Afirmam ou negam sob determinadas condições. Exprimem uma relação de antecedente e


consequente.

“Se S, então P” Ex: “Se estudar, então tenho boas notas”

 Disjuntivas (complexas)

Afirmam ou negam em forma de alternativas que se excluem.

“Ou S, ou P” Ex: “Ou vou a Londres, ou vou a Paris”

Elementos que constituem a proposição categórica

Cópula Conteúdo ou matéria da proposição:


Termo – sujeito e Termo – predicado
“Os alunos da escola são responsáveis”
Forma da proposição (afirmativa ou
T–S T–P negativa): Cópula

Classificação das proposições categóricas:

 Qualidade
 Afirmativa
Para determinarmos a
Exprime uma relação de concordância entre o T – S e o T – P
qualidade devemos dar
 Negativa
atenção à cópula.
Exprime uma relação de não concordância entre o T – S e o T – P

 Quantidade
 Universal
Aquele cujo predicado se afirma ou nega todo o T – S Para determinarmos a
Proposição universal: O/A; Os/As; Cada; Todo; Nenhum; Qualquer quantidade devemos dar
 Particular atenção à extensão do termo
Aquele cujo predicado se afirma ou nega apenas uma parte do T – S – sujeito da proposição.
Proposição particular: Certos; Alguns; Nem todos; Há
Combinação das proposições quanto à quantidade e qualidade

Afirmativa Negativa
Universal A E AFIRMA
Todas as moscas são pretas
“Todo o S é P” “Nenhum S é P”
Particulares NEGO
Algumas moscas são pretas. I O
“Algum S é P” “Algum S não é P”
Nota: proposições cujo termo
sujeito é singular devem ser
classificadas como universais

Raciocínio: ao relacionarmos juízos formamos raciocínios

 Operação intelectual que efetua a transição de um juízo para outro – permite chegar a
novos juízos partindo de outros

Como podemos conhecer o raciocínio?

Mediante a sua expressão verbal: o argumento

Todo o Homem é mortal. Premissas (antecedente lógico) – razões/

Argumento Pedro é Homem. motivos que fundamentam a conclusão

Raciocínio Logo, Pedro é mortal. Conclusão / Tese (consequente lógico)

Indicador de conclusão proposição que se quer provar

Argumento – conjunto de proposições devidamente articuladas – a conclusão e a(s)


premissa(s) – no qual a(s) premissa(s) procura(m) sustentar ou justificar a conclusão. A
conclusão é a proposição que se quer defender a partir das premissas. É aquilo que se quer
provar (tese).

Qualquer argumento tem que possuir, pelo menos duas proposições: uma que funcione como
premissa e outra como conclusão.

Meros conjuntos de proposições ao acaso (sem qualquer conexão lógica) não são
argumentos. O que caracteriza o argumento é o nexo lógico entre as premissas e a conclusão.

Exemplos de não argumentos:

Os rapazes são giros. Todos os livros são úteis.

As cerejas fazem bem à saúde. Alguns caracóis são idiotas.

Logo, as férias devem continuar. Logo, todos os portugueses são sábios.

Torna-se fundamental identificar qual das proposições de um argumento é a conclusão e qual


ou quais são as proposições que funcionam como premissas, pois isso é fundamental para
avaliar a validade do raciocínio que o suporta.
Indicadores típicos de premissa Indicadores típicos de conclusão
Porque… Logo…
Desde que… Portanto…
Dado que… Daí…
Uma vez que… Assim…
Já que… Consequentemente…
Pois que… Verifica-se…
Como… Segue-se que…
Pelo facto de… Daqui se infere…
Tanto mais que… Por conseguinte…
Pela razão de que… Concluindo…
Pressuponho que… Por isso…
Atendendo a que… Então…
Sabendo que… Por essa razão…
Admitindo que… O que mostra que…
Partindo do princípio… Infere-se assim que…
Visto que…
Em virtude de…

A verdade e a validade: valores lógicos independentes

 Verdade e falsidade refere-se à matéria ou, se quiser, ao conteúdo das proposições


 Validade e invalidade refere-se à forma, ou seja, ao modo como as proposições estão
encadeadas e organizadas entre si no argumento.
(resultantes do facto das premissas apoiarem ou não a conclusão)

A verdade e a falsidade ocorrem apenas ao nível dos juízos ou proposições. A eles se atribui
um dos valores lógicos verdadeiro ou falso. A validade e invalidade ocorrem apenas ao nível
dos argumentos.

A validade traduz uma certa relação entre os valores de verdade das premissas e valor de
verdade da conclusão (temos de saber se não há maneira de as premissas serem verdadeiras
e a conclusão falsa).

Argumento dedutivo (silogismo categórico)

Todos os portugueses são europeus (V) Premissas – proposições que pretendem

Todos os lisboetas são portugueses (V) apoiar a conclusão ou a justificam

Logo, todos os lisboetas são europeus (V) Conclusão – proposição que se quer justificar

Argumento sólido – para que um argumento dedutivo seja válido, a conclusão tem que
derivar necessariamente das premissas que a antecedem.

Podem existir raciocínios válidos com todas as proposições falsas, por exemplo:

Todos os animais são plantas (F) Logo, toda a pedra é planta (F)
Toda a pedra é animal (F)

Sofismas (erros cometidos voluntariamente, com má fé)

Argumento inválido falácia (erro raciocínio)

Paralogismos (erros cometidos involuntariamente, com boa fé)

Todos os minhotas são portugueses (V)

Todos os bracarenses são minhotas (V)

Logo, nenhum bracarense é português (F)

Argumento inválido com premissas verdadeiras e conclusão falsa.

ATENÇÃO: Validade de um argumento dedutivo ≠ Validade de um argumento não dedutivo

ARGUMENTOS / RACIOCÍNIOS

Argumentos dedutivos Argumentos não dedutivos

Validade – depende da sua Validade – não está exclusivamente


estrutura/forma lógica (encadeamento das dependente da forma / estrutura do
proposições e dos termos) argumento

Argumento sólido Num argumento Num argumento não dedutivo a sua


dedutivamente válido, quando as validade está dependente do apoio parcial
premissas são verdadeiras, a conclusão é que as premissas dão à conclusão
necessariamente verdadeira
Se as premissas são verdadeiras, a
As premissas dão apoio total ao que está conclusão será provavelmente verdadeira
dito na conclusão
Lógica informal – argumentação ou
Lógica formal – lógica proposicional / retórica
clássica

Exemplos (argumentos dedutivos):

1. Todos os alunos são sensatos.

Todos os jovens de dezasseis anos são alunos. Argumento válido

Logo, todos os jovens de dezasseis anos são sensatos.

A conclusão é uma consequência lógica das premissas. As premissas oferecem um apoio


absoluto à conclusão.

*Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão também o será. É logicamente impossível que
as premissas sejam verdadeiras e a conclusão falsa.
Basta mudar a ordem pela qual as proposições surgem no argumento para que a verdade da
conclusão já não seja garantida pelas premissas.

2. Todos os alunos são sensatos.

Todos os jovens de dezasseis anos são sensatos. Argumento inválido

Logo, todos os jovens de dezasseis anos são alunos. Mau argumento

A conclusão não é uma consequência lógica das premissas.

Há várias possíveis combinações de verdade / falsidade das premissas e da conclusão com a


validade / invalidade do argumento e, só uma combinação é impossível: um argumento
válido com premissas verdadeiras e conclusão falsa.

Exemplo (argumento não dedutivo):

1. Todas as pessoas que comeram no restaurante zodíaco ontem à noite ficaram


doentes. Logo, a comida estava estragada. Argumento forte – “válido”

A premissa dá fortes razões para acreditar na verdade da conclusão, mas não a garante
absolutamente.

 A(s) premissa(s) dá apenas um suporte parcial à conclusão (esta afirma mais do que a
premissa), não a garantindo necessariamente, pelo que a conclusão é apenas
provável.
 A verdade da(s) premissa(s) não garante necessariamente a verdade da conclusão
apenas sugere a sua plausibilidade / razoabilidade.

2. Até agora, nenhuma mulher foi Presidente da República em Portugal. Logo, nenhuma
mulher será Presidente da República de Portugal. Argumento fraco – “inválido”

Pode acontecer que, nos argumentos que formulamos, haja proposições suprimidas, mas que
se encontram implícitas – Entimema

Exemplo: António é estudioso. Logo, António obtém boas classificações.

Tipo de argumento, em que uma ou mais proposições são omitidas, encontrando-se


subentendidas – pode inclusive omitir-se a conclusão.

Argumento dedutivo Argumento não dedutivo


- Usado em todas as ciências mas mais - Usado em situações concretas da vida
apropriado nas ciências formais (lógica e quotidiana e é imprescindível nas ciências
matemática) experimentais e humanas.
- Argumento absolutamente rigoroso - Argumento pouco rigoroso
- Argumento não ampliativo, adequado à - Argumento ampliativo, adequado a
prova de afirmações descoberta de verdades novas. A conclusão
ultrapassa a informação contida nas
premissas, por isso é meramente provável.
LÓGICA = “Logos” (estudo da coerência do pensamento /
raciocínio / argumento)

Lógica Formal Lógica Informal

Argumentos dedutivos Argumentos não dedutivos

A sua validade está dependente da sua A sua validade está dependente do grau de
estrutura / forma (encadeamento das apoio (parcial) que a(s) premissa(s) dá à
proposições) conclusão – verosímil /plausível /
provavelmente verdadeira
Apoio total das premissas para a conclusão
Argumentação ou retórica
Lógica proposicional
Ex: Induções – generalização; precisão
Ex: Silogismo categórico (S é P)
Analogias
Silogismo hipotético (Se S então P)
Argumentos de autoridade
Silogismo disjuntivo (Ou S ou P)

Importância da lógica

A lógica ajuda a precavermo-nos dos raciocínios falaciosos, a fim de justificarmos com


correção as nossas teses e de não sermos enganados por discursos aparentemente coerentes,
mas que na realidade escondem autênticas falácias.

Então, antes de aceitarmos qualquer tese / teoria é necessário analisar os argumentos que a
justifiquem:

 é necessário avaliar a sua validade


 é necessário avaliar a verdade das proposições tomadas como premissas

Contra-argumentar usar a argumentação para mostrar o que há de errado com uma dada
teoria / tese e/ou argumento

Quando queremos mostrar que há algo de errado com uma tese/teoria ou argumento
podemos fazê-lo negando/refutando a tese ou uma ou várias proposições que constituem um
argumento.

Negação de proposições quantificadas

A negação inverte o valor de verdade de uma proposição, ou seja, quando uma proposição é
verdadeira, a sua negação é falsa, e vice-versa.
Quadro lógico da oposição

Para facilitar a negação de proposições categóricas quantificadas pode recorrer-se ao quadro


da oposição.

Tipo A - “Todo o S é P” Tipo E - “Nenhum S é P”

Se A é V, então O é falso

Se A é F, então O é V

Tipo I - “Algum S é P” Tipo O - “Algum S Se E é V, então I é F


não é P”
Se E é F, então I é V
Regra das contraditórias: duas proposições contraditórias não podem ser
ambas verdadeiras e falsas ao mesmo tempo. A verdade de uma implica a
falsidade da outra e vice-versa. São a negação de uma da outra.

A consistência é uma propriedade de conjuntos de proposições:

 Um conjunto de proposições é consistente quando todas as proposições que o


compõem podem ser simultaneamente verdadeiras
 Um conjunto de proposições é inconsistente quando as proposições que o compõem
não podem ser todas simultaneamente verdadeiras

Formas de inferência válida – lógica proposicional

Ramo da lógica que se ocupa dos argumentos cuja validade depende exclusivamente do modo
como as frases declarativas são modificadas por uma partícula (Não) ou ligados entre si por
partículas (e/ou/se…, então…/ se e somente se…). Estas palavras ou sequências de palavras
são chamadas por conectivas ou operadores verofuncionais.

Uma conectiva ou operador verofuncional é uma palavra ou sequência de palavras que altera
uma frase (negação) ou estabelece uma ligação entre frases, permitindo assim, formar
proposições complexas a partir de proposições simples.

 Proposição simples, atómica ou elementar – não pode ser decomposta noutras


proposições (não apresentam quaisquer operadores) Ex: A maçã é um fruto.

O valor de verdade das proposições simples depende do facto de elas estarem ou não de
acordo com a realidade.

 Proposições complexas, moleculares ou compostas – podem ser decompostas /


divididas até se atingir uma ou mais proposições simples (presente um ou mais
operadores verofuncionais) Ex: A maçã é um fruto e os frutos são alimentos saudáveis.

Se estivermos na posse do valor de verdade de cada uma das proposições simples, é possível
determinar, com base nessa informação, o valor de verdade da proposição complexa
resultante.
Dicionário ou interpretação

A lógica proposicional é uma lógica simbólica. Isto significa que usa símbolos para representar
proposições.

P, Q, R… para representar proposições específicas

Exemplo: “A maçã é um fruto e os frutos são alimentos saudáveis”

Dicionário:

P – A maçã é um fruto
P∧Q
Q – Os frutos são alimentos saudáveis

Regras das conetivas:

Negação ¬
P ¬P
A negação de uma proposição tem o valor de verdade oposto ao da proposição de partida.
V F
Conectivas: “Não”; “É falso que”; “Não é verdade que”…. F V

Conjunção ∧

A conjunção é verdadeira se, e apenas se, todas as proposições que a compõem forem
verdadeiras. Basta que uma seja F (falsa) para que a conjunção também o seja.

Conectivas: ”e”; “mas”; “Apesar de”

Disjunção inclusiva ∨ (2 coisas em simultâneo – pode ser uma coisa ou outra)

Uma disjunção inclusiva é verdadeira se, e apenas se, pelo menos uma das frases
disjuntas for verdadeira.

Conectivas: “ou”; “e/ou”

Disjunção exclusiva v ou V (só pode ser 1 das 2 – sentido exclusivo)

Uma disjunção exclusiva é verdadeira se, e só se, apenas uma das suas frases disjuntas
for verdadeira.

Conectivas: “ou…ou”

Condicionalização (ou implicação) "

Uma proposição condicional é falsa quando a antecedente (condição) é verdadeira e a


consequente falsa. Em todos os outros casos é verdadeira.

Conectivas: Se antecedente (P) então consequente (Q)


Bicondicionalização (ou equivalência)

Uma proposição bicondicional é verdadeira quando, e só quando, as proposições que a


compõem assumem em simultâneo o mesmo valor de verdade, isto é, são ambas
verdadeiras ou ambas falsas.

Conectivas: “se e somente se”

Parêntesis e dominância

Para formalizar proposições complexas, por vezes, necessitamos de utilizar parêntesis.

A utilização de parêntesis na linguagem proposicional é necessária para agrupar; para fazer a


pontuação; para indicar a prioridade pela qual devem ser abordadas as proposições.

A conectiva de maior âmbito (aquela que se aplica a mais proposições) é a conetiva principal
(aquela a que todas as demais estão subordinadas) e a que determina o caráter da fórmula.
(resolvida por último para saber o valor de verdade)

Exemplo: “Caso a nossa equipa ganhe ou empate, não ficará desqualificada e poderá
continuar a lutar por um lugar digno”

Como formalizar:

1. Identificar as proposições simples, reescrevendo-as na forma canónica/padrão, assim


como identificar os operadores, estejam ou não ocultos, e o seu âmbito
2. Cria-se um dicionário:

P – A equipa ganha
Q – A equipa empata
R – A equipa fica desqualificada
S – A equipa pode lutar por um lugar digno

3. Formaliza-se o enunciado
(PVQ)"(¬R˄S)

Conetiva principal

Tabelas de verdade e avaliação de proposições

 O modo como cada operador verofuncional (conetiva) determina o valor de verdade


das proposições em que ocorre é representado numa tabela de verdade;
 Uma tabela de verdade é um diagrama que mostra todas as condições de verdade
possíveis para uma determinada fórmula proposicional, ou seja, em que condições
determinada proposição é verdadeira e em que condições é falsa.
Ao construirmos uma tabela de verdade, para que todas as combinações possíveis
(circunstâncias ou casos) sejam tidas em consideração, importa saber:

 Se a fórmula for constituída por uma única proposição simples,


teremos duas combinações possíveis

 Para as fórmulas constituídas por duas proposições simples, teremos quatro


combinações possíveis

 Quando a fórmula incluir três proposições simples, teremos oito


combinações possíveis

Tautologia – proposição composta que é verdadeira em todas as


circunstâncias, independentemente do valor de verdade das proposições
simples que a constituem

Contradição (negação de uma tautologia) – proposição complexa que é sempre falsa em


qualquer circunstância independentemente do valor de verdade das proposições simples

Contingência – proposição composta pode ser verdadeira ou falsa dependendo das


circunstâncias, ou seja, são proposições cujo valor de verdade é verdadeiro em pelo menos
uma das circunstâncias possíveis e falso em pelo menos uma das circunstâncias possíveis o
valor de verdade destas proposições depende do valor de verdade das proposições simples
que as constituem

Inspetor de circunstâncias e avaliação de argumentos

Ao contrário das proposições, os argumentos não são suscetíveis de possuir valor de verdade:
um argumento é válido ou inválido e não verdadeiro ou falso. Um argumento é válido se, e
apenas se, todas as premissas forem verdadeiras e a conclusão também o for.

Um inspetor de circunstância é uma forma de determinar se a forma lógica de um argumento


é ou não válida (procura aferir-se até que ponto as premissas sustentam a conclusão; até que
ponto, sendo as premissas verdadeiras, a conclusão também é necessariamente verdadeira)

1. Calculamos para cada circunstância o valor de verdade de cada uma das premissas e
da conclusão
2. Verificamos se existe uma linha em que as premissas são todas verdadeiras e a
conclusão falsa
3. Caso aconteça o descrito em 2, o argumento é inválido
4. Não existindo nenhuma circunstância em que as premissas sejam verdadeiras e a
conclusão falsa, pode então afirmar-se que o argumento é válido

Exemplo: Ou Descartes é racionalista ou Descartes é empirista.

Se Descartes é empirista, não é racionalista. 3 premissas

Descartes é racionalista.
4 proposições
Logo, Descartes não é empirista. Conclusão

Testa a validade do argumento aplicando a regra do inspetor de circunstâncias

P: Descartes é racionalista

Q: Descartes é empirista P V Q , Q " ¬P, P ∴ ¬Q

P Q PVQ Q " ¬P P ∴ ¬Q Argumento válido, dado que não se verifica


V V F F F V F nenhuma circunstância em que as premissas sejam
V F V V F V V verdadeiras e a conclusão seja falsa e há mesmo
F V V V V F F uma circunstância (2ªlinha) em que as premissas
F F F V V F V são verdadeiras e a conclusão também verdadeira.

Formas de inferência válida

A validade é uma propriedade que pode ser captada recorrendo apenas à estrutura do
raciocínio ou argumento. Se a estrutura de um raciocínio tiver certas características isto é, se
possuir uma dada forma lógica será válido.

Modus ponens – é uma forma de inferência válida em que na segunda premissa se afirma o
antecedente e na conclusão afirma-se o consequente

(1ªpremissa é uma condicionalização) A "B, A ∴B

Exemplo: “Se andar à chuva, então vou ficar molhado.” “Se A, então B. A. Logo, B”

Antecedente (condição) Consequente (condicionado)

Modus tollens – é uma forma de inferência válida em que na segunda premissa se nega o
consequente e na conclusão se nega o consequente

(1ªpremissa é uma condicionalização) A "B, ¬B ∴¬A

Exemplo: Se estamos em ano bissexto, então o ano tem 366 dias.

O ano não tem 366 dias. “Se A, então B. Não B. Logo não A.”

Logo, não estamos em ano bissexto.

Qualquer silogismo condicional que obedeça a uma destas estruturas lógicas é sempre
válido.

Você também pode gostar