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Arduino Lab 14 – Controle de

temperatura com placas


Peltier – Parte 1
Neste Lab descreveremos o modo de ligação das placas Peltier
para um melhor rendimento, o método de leitura de temperatura
utilizando NTC’s e a leitura de corrente elétrica consumida
pelas placas através sensor ACS712 de 20 A.

O efeito Peltier
O efeito Peltier é a produção de um gradiente de temperatura
na junção de dois condutores (ou semicondutores) de materiais
diferentes quando submetidos ao fluxo de uma corrente elétrica
em um circuito fechado.

Este efeito foi observado em 1834 por Jean Charles Athanase


Peltier, 13 anos após Thomas Johann Seebeck ter descoberto o
efeito Seebeck em 1821 que comtempla o aparecimento de uma
corrente elétrica quando uma junção de dois materiais
diferentes são submetidos a um aquecimento (contrário ao
efeito Peltier).

Jean Peltier descobriu efeitos termoelétricos quando


introduziu pequenas correntes elétricas externas num termopar
de bismuto/antimónio. Os experimentos demonstram que, quando
uma pequena corrente elétrica atravessa a junção de dois
metais diferentes numa direção, a junção arrefece absorvendo
energia por calor do meio em que se encontra. Quando a direção
da corrente é invertida, a junção aquece, aquecendo o meio em
que se encontra. Este efeito está presente quer a corrente
seja gerada pelo próprio termopar quer seja originada por uma
fonte de tensão externa. Um esquema indicando o efeito Peltier
Seebek está disposto na figura abaixo.
Esquema efeito Peltier –
Seebek

PASTILHAS PELTIER
O módulo de Peltier ou simplesmente Pastilha Peltier é a
maneira mais prática de se utilizar o efeito Peltier como
refrigerador ou aquecedor em larga escala e consiste em um
arranjo de pequenos blocos de Telureto de bismuto – Bi2Te3
dopados tipo N e tipo P – montados alternadamente e
eletricamente em série entre duas placas cerâmicas com boa
condutividade térmica. Este arranjo de montagem faz com que
todos os termo elementos bombeiem o calor na mesma direção (do
lado frio para o lado quente). As figuras abaixo ilustram a
construção típica deste tipo de módulo.
Esquema de uma pastilha Peltier

Detalhe do esquema de uma


pastilha Peltier

Consequentemente, com a transferência de calor de um lado para


o outro, o lado quente elevará sua temperatura a níveis
indesejáveis onde haverá um refluxo de calor para o lado frio
e a placa não mais esfriará. Além disso, os elementos internos
da placa terão sua junção superaquecida e consequentemente se
romperão, o que inutilizaria a pastilha. A figura abaixo
ilustra uma pastilha desmontada que sofreu sobreaquecimento e
rompimento dos elementos internos.
Elementos internos de uma pastilha danificada
por excesso de calor

Para resolver este problema, um dissipador de calor deve ser


acoplado ao lado quente mesmo quando o objetivo é o
aquecimento de uma superfície (aplicação de conservadores de
alimentos prontos). Como o objetivo deste trabalho é o
resfriamento, no lado quente acoplamos um dissipador com
superfície de contato em cobre (ótima transferência térmica) e
uma ventilação forcada com um cooler típico em 12V. A figura
abaixo ilustra um esquema básico e a montagem adotada neste
lab.

Esquema básico de montagem da


placa
Detalhe dissipador de calor lado quente

Nesta aplicação duas pastilhas foram empilhadas para a


obtenção de um maior delta de temperatura, abaixo de zero °C
(-14°C dependendo da temperatura ambiente). A imagem abaixo
ilustra esta montagem onde o sensor de temperatura foi fixado
junto as pastilhas com a ajuda de uma abraçadeira de Nylon.

Detalhe placa Peltier em baixa temperatura

Leitura de corrente com o


ACS712
O módulo de leitura de corrente utilizado neste Lab possui o
sensor ACS712 da empresa Allegro MicroSystems. A imagem deste
módulo está indicada abaixo.

Imagem modulo com o ACS712

Este dispositivo consiste de um sensor de efeito Hall que


capta o campo magnético gerado pela corrente que circula em um
condutor de cobre interno ao encapsulamento do chip, com uma
resistência típica de 1,2 mΩ, e a transforma em uma tensão
proporcional a corrente conduzida. Segundo o fabricante, a
precisão do dispositivo está ligada a proximidade do condutor
interno ao sensor de efeito Hall. O esquema abaixo ilustra a
dinâmica entre e passagem de corrente e a geração da tensão de
saída pelo sensor.
Esquema de funcionamento de um sensor Hall

A tensão de saída deste sensor é sempre positiva e quando não


há circulação de corrente elétrica pelo mesmo a saída é a
metade da tensão de alimentação do chip. O valor típico para a
alimentação do mesmo é em 5 V, logo sua saída será em torno de
2,5 V para I=0.

O sentido de circulação da corrente pelo sensor é que


determinará se a tensão de saída irá aumentar em um range de
2,5 até 5V ou de 2,5 até 0V para a corrente circulando em
sentido contrário. Com passos de 100mV para cada 1A e sendo o
sensor para uma corrente máxima de 20A, teremos:

Através da simples fórmula acima conseguimos enxergar que a


variação no range de 2,5 V disponíveis é menor no momento da
leitura, o que nos fornece uma margem de segurança de 0,5 V
para picos de leitura e eventuais erros de projeto. O gráfico
abaixo, retirado do datasheet do fabricante ilustra este range
de valores.
Gráfico de Corrente x Tensão de
saída

Um outro detalhe importante é que esse sensor é do tipo


invasivo, ou seja, é preciso interromper o circuito para
realizar a medição. Isso faz deste uma ótima opção para
instalações permanentes, como por exemplo em projetos de
automação residencial e monitoração à distância de correntes.

Montagem e testes
Sobre o sensor de temperatura do tipo NTC, já abordamos seu
funcionamento e tratativa de programação em tutoriais
anteriores. O leitor também pode conferir site da Adafruit um
ótimo tutorial sobre este assunto.

O esquema de montagem se encontra abaixo. Lembrando que neste


trabalho estamos apenas ligando as placas Peltier e os
sensores de temperatura juntamente com o de corrente. No
próximo Lab iremos controlar a temperatura do lado frio das
placas.
Esquema de montagem

Detalhe das ligações no Arduino

A tabela abaixo foi criada Para facilitar a ligação entre os


dispositivos.
Tabela de conexões

O algoritmo utilizado para a leitura dos sensores se encontra


descrito abaixo. Como sempre, vários comentários foram
inseridos para um bom entendimento do leitor.
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Conclusão
Neste Lab trabalhamos com a leitura dos NTC’s e da corrente
que circula pelas Peltier utilizando o ACS712. As placas
Peltier possuem um grande poder de resfriamento instantâneo
quando comparadas a sistemas de refrigeração como compressores
e outros. Seu grande problema ainda é o custo benefício para
aplicações de grande porte onde o consumo de energia
ultrapassa o dos sistemas convencionais. No próximo Lab,
iremos implementar um controle de potência para as placas
manterem sua temperatura em torno de um valor preestabelecido
pelo usuário.

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