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Área de Conhecimento:

Ensino Religioso
Componente curricular - Ensino Religioso
VITÓRIA
2018
GOVERNADOR
Paulo Hartung

VICE- GOVERNADOR
César Roberto Colnago

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO
Haroldo Corrêa Rocha

Subsecretária de Estado de Educação Básica e Profissional


Tânia Amélia Guimarães de Assis

Subsecretária de Estado de Planejamento e Avaliação


Andressa Buss Rocha

Subsecretário de Estado de Administração e Finanças


Marcus Monte Mor Rangel

Subsecretário de Estado de Suporte à Educação


Carlos Eduardo Zucoloto Xavier

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO


Avenida César Hilal, N.0 1111, Santa Lúcia – Vitória-ES – CEP: 29.056-85
DIRETORIA EXECUTIVA DA UNDIME-ES

PRESIDENTE
Vilmar Lugão de Britto

VICE-PRESIDENTE
André Luiz Ferreira

SECRETÁRIO DE COORDENAÇÃO TÉCNICA

TITULAR: Márcio Vitor Zanão

SECRETÁRIA DE FINANÇAS

TITULAR: Rosa Maria Caser Venturim

COORDENADORES REGIONAIS

Arlete Ramlow de Souza


Alice Helena Barroso Sarcinelli
Denilson Paizante da Silva
Janete Carminote Falcão Malavazi
Carlos José Nicolac Zanon
Marcos Antonio Wolkartt
José Roberto Martins Aguiar
Cristina Lens Bastos de Vargas
Vanderson Pires Vieira

SECRETÁRIA EXECUTIVA
Elania Valéria Monteiro Sardinha de Souza
No decorrer dos últimos anos, diversos atores envolvidos com a causa educacional vêm ana-
lisando e debatendo a educação com comprometimento e dedicação.

Diante dessas análises e debates, construiu-se a Base Nacional Comum Curricular (BNCC),
documento de caráter normativo que define o conjunto de aprendizagens essenciais que os
estudantes do país precisam desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.

Nesse contexto, o estado do Espírito Santo, por meio da Secretaria de Estado da Educação
(SEDU), e em regime de colaboração com os municípios, por meio da União Nacional dos Diri-
gentes Municipais de Educação (UNDIME), mobilizou recursos e meios para elaborar um novo
Currículo Estadual, pautado nos princípios e premissas da BNCC, mas mantendo o olhar atento
para as características, as necessidades e as potencialidades dos nossos educandos.

O trabalho colaborativo realizado pelos educadores das redes estadual e municipais foi de suma
importância para se atingir o propósito de construir um Currículo contemporâneo, capaz de
responder aos desafios da sociedade atual e promover uma educação mais justa, democrática,
inclusiva e com equidade.

Diante disso, desejamos que a articulação entre SEDU e UNDIME tenha continuidade, pois este
é um dos caminhos para superar as diferenças culturais e os grandes desafios da educação
brasileira.

Assim, convidamos a todos os educadores capixabas que se empenhem cada vez mais na
construção de uma educação diferenciada e inovadora, atuando como protagonistas para a
promoção de uma educação de qualidade com a garantia do direito de aprender de todos os
estudantes, por meio da implementação do Currículo do Espírito Santo.

Haroldo Corrêa Rocha


Secretário de Estado da Educação
O Currículo do Espírito Santo representa a força da Educação como politica pública em nosso
território, no qual Estado e Municípios assumiram juntos o desafio da elaboração do documen-
to, mobilizando suas redes para que contribuíssem e fizessem parte efetivamente de todo o
processo.

O que nos une é o desejo de proporcionar maior e melhor aprendizagem de nossos alunos,
garantindo a continuidade de sua formação na Educação Básica, atendendo a uma expectativa
histórica de uma educação voltada para o território.

A UNDIME-ES reconhece e agradece o importante e valoroso trabalho realizado por toda equipe
de educadores do território capixaba que fazem parte da equipe ProBNCC, permitindo que
hoje o Currículo do Espírito Santo chegue até suas mãos.

Ressaltamos, por fim, que todo trabalho realizado será efetivamente coroado em cada sala de
aula das escolas capixabas.

O desafio não terminou com a construção deste documento. Passamos para o próximo nível:
a sua implementação fazendo a diferença na aprendizagem de nossos alunos.

Sucesso, professor nesta jornada. A EDUCAÇÃO Capixaba acredita e conta com você.

Um grande abraço.

Vilmar Lugão de Britto


Presidente UNDIME-ES
SUMÁRIO

TEXTO INTRODUTÓRIO 12

1. A ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO EM REGIME DE COLABORAÇÃO 15

2. EDUCAÇÃO BÁSICA E SUAS BASES LEGAIS 16

3. CONCEPÇÕES DO CURRÍCULO DO ESPÍRITO SANTO 18

4. EDUCAÇÃO E AS DIVERSIDADES 22
4.1 Educação Especial 22
4.2 Educação de Jovens e Adultos 24
4.3 Educação do Campo 25
4.4 Educação Escolar Indígena 25
4.5 Educação Escolar Quilombola 26
4.6 Educação Escolar para Estudantes em Situação de Itinerância 26

5. MATRIZ DE SABERES 26
5.1 Aprender a conhecer 28
5.2 Aprender a fazer 29
5.3 Aprender a Conviver 30
5.4 Aprender a Ser 31

6. TEMAS INTEGRADORES 32
6.1 Os temas integradores no Currículo do Espírito Santo 32

7. A DINÂMICA EDUCATIVA 35

8. CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO 38

9. SOBRE A MELODIA QUE ESTÁ EM NÓS 40

10. REFERÊNCIAS 41
ESTRUTURA CURRICULAR
ENSINO FUNDAMENTAL - ENSINO RELIGIOSO

11. INTRODUÇÃO 48

12. CARACTERIZAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR DE ENSINO RELIGIOSO 48

13. COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DO COMPONENTE CURRICULAR 49


DE ENSINO RELIGIOSO

14. TEMAS INTEGRADORES 50

15. SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS 51

16. REFERÊNCIAS 65
CURRÍCULO DO ESPÍRITO SANTO

APRESENTAÇÃO
A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a
responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renova-
ção e a vinda dos novos e dos jovens. A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas
crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las aos seus próprios
recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova
e imprevista para nós, preparando-as, em vez disso, para a tarefa de renovar um mundo comum.

Hanna Arendt

A Secretaria do Estado de Educação inaugura este desafios do século XXI, em observância aos Direitos
documento com linhas transcritas de um texto emble- Humanos e à Constituição Federal Brasileira (1988).
mático e, sobretudo, atemporal, tal como a Educação. Desta forma, urge a nós a mitigação da pobreza, da
As palavras de Hanna Arendt, proferidas no último violência e da indisciplina, mazelas que inviabilizam a
século, ilustram os interesses precípuos da educação formação humana integral e obstaculizam o progresso
da contemporaneidade, que devem se difundir ao científico e educacional.
redor do globo: não expulsar as crianças de nosso
mundo, não relegá-las aos seus próprios recursos Outrossim, o Currículo do Espírito Santo alinha-se
e ofertar-lhes condições para renovarem o mundo à Base Nacional Comum Curricular, documento de
comum. Essas indispensabilidades se traduzem na fundamental importância que define as aprendizagens
concepção de que o mundo é uma responsabilidade essenciais, visando assegurar o direito de desenvol-
integral de seus sujeitos, e que, deste modo, cabe à vimento e aprendizagem de todos os estudantes da
Educação a assunção de seus papéis fundamentais, educação básica no país e garantir a professores,
sobretudo no campo da formação integral humana. pedagogos, diretores escolares e estudantes de todo
o território nacional o acesso a uma base curricular
Nesta perspectiva, o Currículo do Espírito Santo sistematizada, democraticamente contemplativa de
apresenta um extenso arcabouço organizacional, especificidades locais, quando somada às proposições
construído democrática e dialogicamente com toda a de estados, municípios e Distrito Federal por meio de
sociedade capixaba, auscultando seus interesses, suas seus documentos curriculares.
inquietudes e, primordialmente, suas necessidades. A
composição deste documento considerou o trabalho A Base Nacional Comum Curricular, ao definir as
pregresso realizado no Estado pelos profissionais da aprendizagens essenciais, assegura similitude en-
educação, com resgate, revisão e aprimoramento tre os programas curriculares que se desenvolvem
de saberes e práticas que têm logrado êxito nos no Brasil, resguardando os sujeitos envolvidos no
últimos anos. Para tanto, lançou-se mão, ainda, dos processo educacional de possíveis discrepâncias de
documentos oficiais e das leis que regem a educação ensino-aprendizagem, sobretudo aqueles que, por
brasileira. O objetivo é subsidiar a práxis educacional razões diversas, migram pelo país. Assim, o Espírito
da sociedade capixaba e suas comunidades escolares. Santo promove um currículo estruturado com iden-
tidade própria, mas legalmente embasado, a fim de
Esta educação, pela qual almejamos veementemente, oportunizar educação de qualidade a todos, por meio
é a que seja capaz de contribuir para enfrentar os do desenvolvimento de habilidades e competências que

10 ENSINO RELIGIOSO
promovam caráter ético, autônomo, crítico-reflexivo escola: é preciso abraçar os que regressam tardia-
e emancipado, condições imprescindíveis à atuação mente à experiência educacional.
em contextos educativos, no mundo do trabalho e na
vida em sociedade. Para isso, o Espírito Santo, por meio de formações con-
tinuadas, esforços planejados, permanentes diálogos
O Espírito Santo esforça-se para superar contrastes com a academia e com toda a comunidade capixaba,
sociais, vislumbrado na escola território propício endossa uma educação humanizada, dinâmica, aberta
ao desenvolvimento da cidadania e à promoção da às renovações científicas, culturais e geracionais,
dignidade humana. Ao mesmo tempo, preocupa-se estabelecendo como prioridade a leitura e a escrita
em articular o corpo discente do Estado às neces- proficientes ao longo de toda a vida escolar. Todos os
sidades formativas que têm se acentuado desde as conteúdos, habilidades e competências que constituem
Revoluções Industrial e Tecnológica, inserindo o ser este currículo devem ser parte integrante da proposta
humano em permanentes contextos de atuação efetiva político-pedagógica de cada instituição de ensino, a
e de ampla concorrência, nas quais se faz imperante partir do qual o currículo poderá ser efetivado, com
a formação de qualidade. Infere-se, portanto, que vistas a fomentar em professores e discentes a busca
uma práxis educacional deve reconhecer, analisar contínua pelo aperfeiçoamento pessoal, cidadão e,
e atender às demandas de seu tempo, minorando consequentemente, profissional.
progressivamente fenômenos de exclusão escolar e
social, implausíveis neste recorte histórico-temporal. A Secretaria do Estado de Educação e a União Nacional
dos Dirigentes Municipais de Educação/ES apresentam
Ademais, a tendência à promoção de uma educação este currículo à sociedade capixaba enfatizando o seu
cada vez mais democrática nos faz apreciar a inclusão compromisso com o desenvolvimento humano e social,
daqueles que historicamente foram subtraídos dos por meio daquilo que nos é mais caro: a educação.
direitos mais essenciais, de modo que todos, indis- Que este documento represente concretamente a
tintamente, são mais do que bem-vindos às escolas esperança de dias melhores para todos.
capixabas: são essenciais. A pluralização, soma de
singularidades, constitui a nossa ideação principal:
uma educação que potencialize as capacidades hu- Boa leitura!
manas, equânime no seu acesso e, enfaticamente, no
favorecimento da permanência na escola, erradicando
a evasão escolar. Também vislumbramos o retorno à Bom trabalho!

ENSINO RELIGIOSO 11
CURRÍCULO DO ESPÍRITO SANTO

INTRODUÇÃO

O sentimento de pertencimento está presente em Retalhos do diverso, constituído por uma região
cada palavra deste texto, escolhida com orgulho de serrana, chão de amores impossíveis, encontro de
gente capixaba, desejosa de que cada habitante sonhos e etnias, terra de Ruschi com seus colibris e
sob o céu azul e rosa de seu crepúsculo se aproprie orquídeas; e um extremo norte que nos leva a terra
deste documento. do Contestado, em que nascem flores de mandacaru,
onde as areias mudam de lugar levadas pelo ritmo
A proposta é despertar memórias, trazer esperanças dos ventos, num eterno namoro, e onde deságuam
e escrever um documento curricular que possa ser o Cricaré e o Doce, que embala o nascer do sol e
(re) elaborado e praticado em cada canto dessa adormece com um dos mais belos pores do sol. Ao
estreita faixa de terra, entre o mar e as montanhas. sul, somos transportados ao topo do mundo, entre
Território de cheiros e sabores próprios, onde se bate bandeiras e picos, entre pedras e meninas.
tambor e se come moqueca na panela de barro. Onde
o quebra-louças anuncia a sorte para o novo casal É terra de encantos, de índios apaixonados e conde-
pomerano, o agnoline e o vinho aquecem as noites nados a se olharem sem se tocarem, transformados
frias dos descendentes de imigrantes italianos, o beiju em montanhas e libertos em noite de festejo por seu
enobrecido pelas mãos do povo quilombola, a arte pássaro de fogo. O frade enamorado olha a freira
em sementes do povo indígena, as danças alemãs, eternamente; o lagarto teima em subir a pedra
os povos poloneses, suíços, austríacos, tiroleses, bel- azulada e o macaco deitado, aos pés da Penha e do
gas, neerlandeses, luxemburgueses, libaneses, cada Rosário, toma sol nos contornos do Moreno.
povo trazendo seu fazer e seu viver na construção
da identidade do povo do ES. Identidades diversas, De norte ao sul, capixaba sai de casa namorando a
como o clima, a vegetação e as pessoas. lua, contemplando a natureza nessa terra boa para
chamegar. Onde o calor humano transcende as altas
Estão nestas páginas marcas de experiências, en- temperaturas de Colatina e Cachoeiro do Itapemirim.
contros de vidas. Documento construído no processo Quando bota pimenta na moqueca, percorre de Li-
de escuta e de descoberta de que ser capixaba é nhares a Iriri, deixa raízes em Marataízes, Conceição
pertencer a um grande mosaico, onde as sensações da Barra e Guarapari e, em terras de canela verde,
mudam rapidamente, lócus de amplitudes térmicas atravessa-se o Jucu segurando nas cordas da Ma-
e bruscas mudanças na pressão atmosférica. dalena (CORREA, 1997).

Capixaba, em Tupi, significa roçado de milho, terra Da roça ao litoral, somos maratimbas, pescadores de
limpa para a plantação. Os índios que habitavam a ilha sonhos grandes, tradições e histórias de Griôs ao som
de Vitória e seus arredores chamavam de capixaba de fogueira. Quando pode, capixaba desce as ondas,
suas roças de milho e mandioca. mergulha no mar ou em areias monazíticas e assiste
ao nascer ou pôr-do-sol do Monte Aghá, olhando os
Ilha pulsante, terras de batuques e reco-recos de caminhos que receberam os poemas de Anchieta.
cabeça esculpida. Os olhares para as singularida- Terras de alegrias, chão sagrado de templos, terrei-
des são fundamentais para que o documento seja ros, sinagogas e mosteiros. Lugar de café, de cana,
dinâmico, trazendo os ventos alísios do Sudeste, de muitas frutas, onde cozinha-se em fogão à lenha
carregados das energias de se estar entre o Equador e canta-se ao pé do mastro até o santo escutar,
e o Capricórnio. pintam-se os bois e dança-se na folia com os reis.

12 ENSINO RELIGIOSO
Fragmentos do diverso, um caldeirão de ideias, quando Ser capixaba no século XXI é estar entre a tradição,
unidos, faz nascer povo em movimento. Gente que a descoberta, a tecnologia e o futuro. Nos proces-
puxa rede, faz torta na sexta e roda sua saia ao som sos de ensino, intencionalmente, os estudantes,
de tambores e casacas. protagonistas, devem desenvolver a capacidade de
aplicar em situações novas o que aprenderam. É
Nesse contexto, a educação acontece no conhecer, dessa forma, na concretude do cotidiano escolar,
entender e respeitar encontros étnicos e identida- que este documento contribui para que os estudan-
des únicas e híbridas. As referências curriculares tes desenvolvam as competências e as habilidades
para o Espírito Santo são atravessadas por marcas necessárias neste século.
identitárias, vestígios e rastros de comportamentos
históricos, sociais e culturais. Em novos tempos, o documento pretendido considera
aprendizado, criatividade, memória e pensamento
Currículo, torna-se vivo quando praticado, é ferramenta crítico. Também, evidencia a importância do desen-
intencional de transformação da vida, na medida em volvimento de capacidades para lidar com emoções.
que se percebem desejos e se consideram as emoções São conhecimentos vivenciados em cada roda de
e sensibilidades dos sujeitos envolvidos na prática. conversa no pátio, no portão da escola ou na mesa
do refeitório, no abraço do colega ou no olhar atento
É fundamental que este texto encontre novas possi- à fala do professor na sala ou no corredor durante
bilidades de ensino em cada parte do Espírito Santo: o intervalo.
no campo, nos quilombos, nas aldeias, nas realidades
dos estudantes com deficiência e com necessidades Sendo assim, quais caminhos vamos percorrer ou
especiais, nas classes hospitalares, nos espaços de quais trajetórias são possíveis para tornar as com-
privação de liberdade, nas vilas de pescadores e nas petências e habilidades possíveis e exequíveis e não
mãos de desfiadeiras; nas cachoeiras de águas frias apenas conceitos idealizados e não praticados?
e corações quentes do interior das comunidades
pomeranas, italianas e alemãs, e de tantas outras Considerando que os currículos são caminhos onde
especificidades que tornam esse mosaico de cores se fortalecem diferentes identidades e culturas, é
e sabores, entre mangues, restingas, Mata Atlântica essencial uma educação pluricultural e pluriétnica
e montanhas, lugar de sobreviventes e de muitas que valorize, respeite e integre o caldeirão de culturas
histórias dos povos e comunidades tradicionais e da e etnias que formam o povo capixaba.
itinerância, nesse pedacinho do sudeste brasileiro.
Elaborar o esse documento tem sido tema recorrente
Pertencemos a um mundo totalmente interligado nas discussões sobre a educação no Espírito Santo,
pela tecnologia e internet, em que as transformações no que concerne às políticas educacionais, às ações
são constantes. Crianças, jovens e adultos precisam governamentais ou mesmo às práticas e discursos
de uma educação integral, em uma escola na qual pedagógicos.
os aspectos cognitivos sejam vividos por meio de
ferramentas pedagógicas capazes de potencializar Essa recorrência tem relação direta com o contexto
a construção de projetos de vida e de articular os socioeducacional vivido no Brasil e em especial com
novos conhecimentos no mundo ao seu redor e a Base Nacional Curricular Comum (BNCC), aprovada
produzindo novos saberes. pelo Conselho Nacional de Educação e homologada

ENSINO RELIGIOSO 13
pelo Ministério da Educação em dezembro de 2017. Este do Espírito Santo, em tempos de transformações e
currículo serve como eixo-norteador para orientar mudanças significativas, principalmente, no que se
diferentes práticas educativas, nos mais variados refere a respeitar o outro e conhecer o eu, dando
contextos dos territórios. visibilidade às narrativas dos sujeitos cotidianos e
apontando um caminho de superação da exclusão
Estado e municípios trabalham juntos para a cons- social e da valorização das diferentes identidades
trução e reconstrução dos currículos. Em regime culturais. O foco na tendência humanizadora se faz
de colaboração, previsto pela Constituição Federal presente utilizando recursos como a (re) contextu-
Brasileira (1988) e pela Lei de Diretrizes e Bases alização de discursos e usos da memória coletiva,
da Educação (Lei N.0 9394/96), em todo o Brasil, individual e cultural, valorizando as histórias orais e
professores e pedagogos tornam-se redatores e relatos de vida em processo interativo com a comu-
colaboradores, trazendo suas experiências para esse nidade escolar e famílias.
documento curricular.
Nos processos educacionais, a valorização cultural e
O desafio é elaborar, de maneira coletiva, um do- identitária são alcançadas a partir das compreensões
cumento que considere a BNCC e dialogue com e reflexões, vivenciadas em diferentes grupos, que
as especificidades do Espírito Santo. O currículo é levam à emancipação social e cultural dos sujeitos.
compreendido como trajetória, viagem, percurso, O desejo é dialogar com um currículo vivo, dinâmico,
documento de identidade, potencializador das rela- vivido nas salas de aulas, corredores, pátios, refeitó-
ções entre a nossa vida e a do outro. São vidas em rios, quadras, mesas de jantar ou em qualquer grupo
encontro num documento que propõe o acolhimento de amigos no banco da praça. É vivência em cada
e o respeito às identidades para as infâncias, adoles- unidade escolar como experiência para a vida dos
cências, juventudes e adultos capixabas com objetivo sujeitos escolares, para além do que se pensa - de
de garantir o direito à educação integral. forma quase exclusiva – na escola. Um desafio aos
profissionais da educação: ação, reflexão e ação.
Quando diversos sujeitos com o mesmo propósito
se unem, surgem muitas ideias, intencionalidades O professor, como sujeito do processo educativo,
diferentes, provocando o exercício do diálogo cons- intelectual, pesquisador, reflexivo e mediador, tem o
trutivo e estabelecendo novas relações. O objetivo é desafio de construir novas alternativas pedagógicas
fazer com que o currículo seja apropriado e analisado para a sua prática docente, articulando-as com as
criticamente pela comunidade escolar, resultando em expectativas educativas próprias da escola e de seus
contribuições e práticas pedagógicas que revelem estudantes em seus mais variados contextos.
as potencialidades daqueles que vivem a educação
cotidianamente, dando vida ao documento. As competências são um conjunto de qualificações,
desenvolvidas ou adquiridas em decorrência do de-
Os redatores exercitaram o olhar ampliado para senvolvimento das habilidades, permitindo aos sujeitos
as diversas maneiras de perceber a vida, a escola interpretar, refletir e buscar soluções para os desafios
e o estudante. As linhas tênues que separavam e que lhes são apresentados. Elas são perceptíveis
deixavam no isolamento os conteúdos e disciplinas, concretamente nos processos de aprendizagem
espalham-se, atravessam fronteiras e se estabelecem, e possíveis de serem avaliadas. As competências
diante de uma educação integral, potencializadora representam a capacidade de articular e mobilizar
da equidade e autonomia do sujeito, por meio de um conhecimentos, evidenciados por meio de compor-
processo dialógico. tamentos, gestos, posturas, práticas e valores diante
da vida cotidiana, do pleno exercício da cidadania e do
No momento em que se elabora o currículo, a in- mundo do trabalho. As competências e as habilidades
tencionalidade se reconfigura quando o documento se materializam nos processos de conhecimento frente
é colocado em prática. O caminho percorrido pela à realidade concreta por meio de trocas estabelecidas
equipe curricular é pautado no trabalho coletivo, nas entre os sujeitos em aprendizagem.
escolhas, discussões, reflexões e respeito pelas espe-
cificidades. Documento elaborado por muitas mãos Este documento representa a esperança de cada
com objetivo comum: contribuir para a educação mão participante na sua escrita. São mãos sonha-

14 ENSINO RELIGIOSO
doras, sustentadas por outras tantas, presentes em currículo, em regime de colaboração entre estado
cada escola do nosso território. Fronteiras foram e municípios, para proporcionar uma dinâmica de
atravessadas e tornaram-se simbólicas para a ela- continuidade na formação do estudante de todo o
boração deste documento. Tomemos posse da ideia território capixaba e desenvolver uma visão integrada
de sociedade educadora que, por meio do sentimento para o desenvolvimento das ações necessárias para
de pertencimento e flexibilidade no pensamento, implementação e gestão curricular.
abre caminhos para a busca do bem viver. Consi-
deremos a ação educadora elemento indispensável Para o desenvolvimento de um trabalho de tal magni-
às identidades do nosso povo e maximizadora do tude, foi instituída, pela Portaria N.0 037-R/2018, uma
potencial do Estado como espaço socializador de estrutura de governança, visando dar assento, em
cultura e produção de conhecimento para o país e igualdade, a instâncias representativas do estado e
o mundo, com o jeito reservado e acolhedor próprio municípios, bem como a instituições que representam
do Espírito Santo. os profissionais da educação e as que são responsáveis
por sua formação. Na mesma portaria foi instituída a
equipe de elaboração curricular, composta por duas
coordenações estaduais (CONSED e UNDIME), três
1. A ELABORAÇÃO DO CURRÍCULO EM coordenações estaduais de etapa (Educação Infantil
REGIME DE COLABORAÇÃO e Ensino Fundamental - Anos Iniciais e Anos Finais),
um analista de gestão, um articulador de regime de
A construção do Currículo do Espírito Santo se dá colaboração e 19 redatores dos componentes curri-
num momento histórico da educação brasileira. Em culares elencados na BNCC, além dos articuladores
17 de dezembro de 2017 foi homologada pelo Conse- do Conselho Estadual de Educação - CEE e da União
lho Nacional de Educação a Base Nacional Comum dos Conselhos Municipais de Educação - UNCME.
Curricular, para a Educação Infantil e o Ensino Funda- Importante mencionar que a equipe de redatores
mental, que estabelece as aprendizagens essenciais foi composta por professores das redes estadual e
e indispensáveis a todos os estudantes da educação municipal, que convidaram outros professores cola-
básica nessas etapas1. A definição de uma base comum boradores de diferentes redes para contribuir com
curricular para todo o país atende a uma prerrogati- a elaboração desse documento.
va da Constituição Federal Brasileira de 1988, da Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei N.0 Além do estudo profundo da Base Nacional Comum
9394/96) e do Plano Nacional de Educação de 2014 e Curricular, a equipe de currículo realizou estudos dos
nos coloca no rumo dos principais sistemas educa- documentos normativos e legais da educação nacional
cionais do mundo. Ao mesmo tempo, nos desafia a (Constituição Federal de 1988, LDB 9394/96, Diretrizes
ter um novo olhar sobre os currículos já construídos Nacionais da Educação Básica: Diversidade e Inclusão
e vividos nas redes estaduais e municipais de ensino, de 2013), de currículos nacionais e internacionais, e,
pois passa a ser uma referência nacional obrigatória principalmente, dos currículos já construídos e vividos
para elaboração ou revisão curricular. na rede estadual, no caso o Currículo Básico Escola
Estadual - CBEE (ES, 2009), e nas redes municipais
Nesse contexto, o Ministério da Educação instituiu, do Espírito Santo2. No seu processo de elaboração, o
na Portaria N.0 331, de 5 de abril de 2018, o Programa documento passou por duas consultas públicas online,
de Apoio à Implementação da Base Nacional Comum a primeira direcionada aos profissionais de educação
Curricular – ProBNCC, cuja adesão pela Secretaria e a segunda também aberta para a sociedade; bem
de Estado da Educação do Espírito Santo - SEDU e como por leitura crítica de profissionais e instituições
União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educa- representativas que desenvolvem estudos e pesquisas,
ção, seccional Espírito Santo - UNDIME/ES, revela o uma vez que influenciam na construção de políticas
compromisso das duas instituições em construir um públicas e formação profissional de professores nas

1
Quando homologadas as aprendizagens essenciais do Ensino Médio, elas serão incorporadas a esse documento.
2
Foram considerados os documentos curriculares enviados pelos municípios que compartilharam seus documentos a título de contribuição para construção do
Currículo do Espírito Santo, sendo: Aracruz, Boa Esperança, Cachoeiro do Itapemirim, Cariacica, Castelo, Colatina, Conceição da Barra, Domingos Martins, Fundão,
Iconha, João Neiva, Pancas, Pinheiros, Santa Maria, Santa Teresa e Vila Velha.

ENSINO RELIGIOSO 15
diversas áreas e etapas que são abrangidas pelo humana e do fortalecimento do respeito
currículo. Há que se destacar ainda o papel impres- pelos direitos do ser humano e pelas liber-
cindível dos articuladores municipais, indicados por dades fundamentais. A instrução promoverá
suas secretarias, das SREs e professores referência, a compreensão, a tolerância e a amizade
na mobilização dos professores e demais profissio- entre todas as nações e grupos raciais ou
nais da educação de suas redes para que fossem religiosos e coadjuvará as atividades das
protagonistas da construção coletiva e colaborativa Nações Unidas em prol da manutenção da
deste documento curricular, que no total recebeu paz (UNESCO, 1948).
10.649 contribuições de profissionais da educação e
da sociedade civil. w Constituição Federal de 1988, em seu Artigo 205,
determina:
O Currículo do Espírito Santo, construído por muitos
sujeitos, é resultado do trabalho em conjunto entre A educação, direito de todos e dever do Esta-
as instituições parceiras e a equipe de currículo e da do e da família, será promovida e incentivada
colaboração de diversos profissionais da educação com a colaboração da sociedade, visando
dos mais diferentes lugares de nosso estado, o que ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
permitiu o avanço das propostas inicialmente apre- preparo para o exercício da cidadania e sua
sentadas e uma visão mais integrada do percurso qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988).
formativo dos estudantes da educação básica de
nosso território, que direcionará outras políticas e w Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei
ações necessárias para a sua implementação nas 8.069/1990), que dispõe sobre a proteção inte-
secretarias e escolas estaduais e municipais, incluindo gral à criança e ao adolescente, definidos como
orientações didático-metodológicas, materiais didá- pessoas em desenvolvimento físico, mental, moral,
ticos e formação docente. espiritual e social, que têm prioridade nas ações
de proteção, de promoção e de defesa dos seus
Importante destacar que o Currículo do Espírito Santo direitos, sem distinção de raça, cor ou classe social,
contempla os componentes curriculares abordados e acrescenta em seu Artigo 4.0
pela Base Nacional Comum Curricular, que define as
aprendizagens essenciais dos componentes obri- É dever da família, da comunidade, da socie-
gatórios em todos os currículos, e os contextualiza, dade em geral e do poder público assegurar,
aprofunda e complementa nas questões relativas à com absoluta prioridade, a efetivação dos
educação do nosso Estado. Cabe a cada rede, envolvida direitos referentes à vida, à saúde, à alimen-
com este documento, elaborar outros componentes tação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
que sejam exigidos por normas específicas ao seu profissionalização, à cultura, à dignidade, ao
contexto. respeito, à liberdade e à convivência familiar
e comunitária (BRASIL, 1990).

w Estatuto da Juventude (Lei 12.852/2013), que dispõe


2. EDUCAÇÃO BÁSICA E SUAS BASES LEGAIS sobre os direitos dos jovens de 15 a 29 anos e
declara, em seu Artigo 7.0, a necessidade de ga-
A elaboração do Currículo do Espírito Santo funda- rantia de educação básica, obrigatória e gratuita
menta-se em documentos legais que legitimam as inclusive para os que a ela não tiveram acesso na
políticas públicas educacionais, como: idade adequada e complementa:

w Declaração Universal dos Direitos Humanos, pu- § 2.0 É dever do Estado oferecer aos jovens
blicada 1948, cujo documento o Brasil é signatário, que não concluíram a educação básica
assumindo o compromisso internacional pela programas na modalidade da educação de
educação, em seu artigo 26 estabelece que: jovens e adultos, adaptados às necessidades
e especificidades da juventude, inclusive no
A instrução será orientada no sentido do período noturno, ressalvada a legislação
pleno desenvolvimento da personalidade educacional específica (BRASIL, 2013).

16 ENSINO RELIGIOSO
w Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional do patrimônio cultural, artístico, ambiental,
(Lei 9394/96), em seu inciso IV, Art. 9.0, afirma que científico e tecnológico, de modo a promover
cabe à União: o desenvolvimento integral de crianças de
0 a 5 anos de idade (BRASIL, 2009).
estabelecer, em colaboração com os Es-
tados, o Distrito Federal e os Municípios, w Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Bá-
competências e diretrizes para a Educação sica para as modalidades da Educação do Campo
Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino (Resolução CNE/CEB N.0 2/2008), da Educação
Médio, que nortearão os currículos e seus Especial (Resolução CNE/CEB N.0 4/2009), da Edu-
conteúdos mínimos, de modo a assegurar cação de Jovens e Adultos em contexto escolar
formação básica comum (BRASIL, 1996). (Resolução CNE/CEB N.0 3/2010) e em privação
de liberdade (Resolução CNE/CEB N.0 2/2010),
w Parâmetros Curriculares Nacionais, publicados em da Educação Escolar Indígena (Resolução CNE/
1997, especificam que: CEB N.0 5/2012), dos estudantes em situação de
itinerância (Resolução CNE/CEB N.0 3/2012), da
[...] na medida em que o princípio da equida- Educação Escolar Quilombola (Resolução CNE/CEB
de reconhece a diferença e a necessidade N.0 8/2012), que estabelecem as especificidades a
de haver condições diferenciadas para o serem atendidas em cada modalidade da educação
processo educacional, tendo em vista a básica nacional.
garantia de uma formação de qualidade para
todos, o que se apresenta é a necessidade w Resolução CEE/ES 3777/2014, em seu Art. 71, reco-
de um referencial comum para a formação nhece que:
escolar no Brasil, capaz de indicar aquilo que
deve ser garantido a todos, numa realidade O currículo, por ser uma construção social
com características tão diferenciadas, sem relacionada à ideologia, à cultura e à pro-
promover uma uniformização que descarac- dução de identidades, tem ação direta na
terize e desvalorize peculiaridades culturais formação e no desenvolvimento dos estu-
e regionais (MEC/SEF, 1997, p.28). dantes, devendo, a sua elaboração privilegiar
as seguintes relações:
w Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Edu- I – cultura, sociedade e homem/mundo;
cação Básica, Resolução CNE/CEB N.0 4/2010, que II – conhecimento, produção de saberes e
estabelecem em seu Artigo 13, § 3.0: aprendizagem; e
III – teoria e prática.
A organização do percurso formativo, aberto
e contextualizado, deve ser construída em w Plano Nacional de Educação, promulgado pela Lei n.0
função das peculiaridades do meio e das 13.005/2014, reitera a necessidade de estabelecer
características, interesses e necessidades e implantar, mediante pactuação interfederativa
dos estudantes, incluindo não só os com- (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), di-
ponentes curriculares centrais obrigatórios, retrizes pedagógicas para a educação básica e a
previstos na legislação e nas normas edu- base nacional comum dos currículos, com direitos
cacionais, mas outros, também, de movo e objetivos de aprendizagem e desenvolvimento
flexível e variável, conforme cada projeto dos(as) alunos(as) para cada ano do Ensino Fun-
escolar [...] (BRASIL, 2010). damental e Médio, respeitadas as diversidades
regional, estadual e local (BRASIL, 2014).
w Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Infantil, Resolução CNE/CEB N.0 5/2009, que em w A Base Nacional Comum Curricular (BNCC), ho-
seu Artigo 3.0 conceituam o currículo como: mologada pela Resolução CNE/CP N.0 2, de 22
de dezembro de 2017 (*) Institui e orienta a im-
[...] conjunto de práticas que buscam articu- plantação da Base Nacional Comum Curricular,
lar as experiências e os saberes das crianças a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das
com os conhecimentos que fazem parte etapas e respectivas modalidades no âmbito da

ENSINO RELIGIOSO 17
Educação Básica. A BNCC trata das aprendizagens fundadas e complementadas considerando os sujeitos
essenciais que todos os alunos devem desenvolver que estão implicados na educação do território do
ao longo das etapas e modalidades da Educação Espírito Santo. Para sua concretização, foi essencial
Básica, de modo a que tenham assegurados seus o regime de colaboração entre Estado e municípios,
direitos de aprendizagem e desenvolvimento, e demais parceiros. Isso equivale a compreender o
em conformidade com o que preceitua o Plano currículo como construção histórica e social.
Nacional de Educação (PNE). Este documento
normativo aplica-se exclusivamente à educação
escolar, tal como a define o § 1.0 do Artigo 1.0 da
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 3. CONCEPÇÕES DO CURRÍCULO
(LDB, Lei n.0 9.394/1996), e está orientado pelos DO ESPÍRITO SANTO
princípios éticos, políticos e estéticos que visam
à formação humana integral e à construção de O Currículo do Espírito Santo é uma proposta que se
uma sociedade justa, democrática e inclusiva, fundamenta na concepção de que o currículo é uma
como fundamentado nas Diretrizes Curriculares construção situada num tempo e espaço permeado
Nacionais da Educação Básica (DCN). de valores, sujeitos e contextos, que se consolida
numa proposta que continuará sendo construída em
w Lei complementar N.0 799, de 12 de junho de 2015, seu caminhar. Portanto, não é algo estático, pronto
que cria o Programa de Escolas Estaduais de Ensino e acabado. Enquanto documento, trata-se de uma
Médio em Turno Único, com o objetivo de planejar, proposta que estabelece as aprendizagens escolares
executar e avaliar um conjunto de ações inovadoras mínimas e oferece diretrizes que buscam assegurá
em conteúdo, método e gestão, direcionadas à -las como direitos a todos os estudantes do nosso
melhoria da oferta e da qualidade do ensino médio território, dialogando com os seus interesses e suas
na rede pública do Estado, assegurando a criação necessidades, bem como comprometendo-se para
e a implementação de uma rede de Escolas de que se desenvolvam plenamente e tenham condições
Ensino Médio em Turno Único. de enfrentarem as demandas atuais e futuras, num
cenário de incertezas. Ao mesmo tempo, entende-
w Pacto de Aprendizagem do Espírito Santo, Lei N.0 se que o currículo se faz na prática e nas dinâmicas
10.631, de 28 de março de 2017, que tem por objetivo próprias do fazer e pensar o cotidiano escolar, onde
viabilizar e fomentar o regime de colaboração entre perpassam desafios e decisões das mais diversas
a rede estadual e as redes municipais de ensino, a ordens, onde adquire forma e significado educativo
partir do diálogo permanente e ações conjuntas (GIMENO SACRISTÁN, 2000). Por ser composto pelo
voltadas ao fortalecimento da aprendizagem e à movimento entre a intenção e a realidade, precisa ser
melhoria dos indicadores educacionais dos alunos, flexível e estar aberto a revisões e atualizações, de
das unidades de ensino e das referidas redes da modo que atenda às demandas escolares cotidianas e
educação básica no Espírito Santo, envolvendo às novas necessidades da sociedade em que vivemos,
domínio de competências de leitura, escrita e e acompanhe as contínuas discussões e estudos que
cálculo, adequados a cada idade e escolarização sustentam as ações educacionais.
nas duas primeiras etapas de ensino da educação
básica. Este documento propõe um caminho a ser percorrido
pelos estudantes do estado do Espírito Santo, por
Os documentos supracitados respaldam a elaboração meio do apontamento das aprendizagens essenciais
do Currículo do Espírito Santo, que tem como princípios a que todos têm direito de acesso e desenvolvimento
o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da durante sua trajetória na educação básica. Por isso,
cidadania, a qualificação para o trabalho, a equidade trata-se de um referencial a ser usado como ponto
e a valorização das diferenças, a partir dos diversos de partida para a elaboração dos documentos orien-
contextos em que se configura a educação do nosso tadores institucionais, construindo de forma coletiva
Estado. e colaborativa, com os sujeitos e em cada contexto
escolar, o detalhamento e os modos de viabilizar
A partir das aprendizagens essenciais definidas na práticas alinhadas as suas concepções, indicações de
BNCC, as habilidades foram contextualizadas, apro- avaliação e perspectivas metodológicas que propõe.

18 ENSINO RELIGIOSO
O Currículo do Espírito Santo é orientado por princípios consigo, orientar o trabalho pedagógico para o seu
pautados na Educação Integral, que devem subsidiar acolhimento e, ainda mais, oferecer oportunidades
a política educacional do território. Por meio de sua que possibilitem o desenvolvimento pleno dos estu-
proposta visa promover a educação integral, entendida dantes na medida das necessidades, possibilidades
como aquela que possibilita o desenvolvimento do su- e interesses que apresentam, de modo a promover a
jeito em suas dimensões intelectual, social, emocional, equidade para superação da exclusão histórica que
física, cultural e política, por isso, compreendendo-o atravessa a escolarização básica dos sujeitos em sua
em sua integralidade. Nesse sentido, a escola, de diversidade e singularidade.
tempo parcial ou integral, deve estar comprometida
com o desenvolvimento do sujeito em suas diferentes A educação integral leva em conta que a educação
dimensões, promovendo situações de aprendizagem é um direito de todos, e que, no reconhecimento
que articulem conhecimentos, habilidades e atitudes da pluralidade e da singularidade dos sujeitos, as
que possibilitem o desenvolvimento dos estudantes, condições devem ser ajustadas para a promoção da
o exercício de sua autonomia e, ao mesmo tempo, o equidade educacional. Trata-se de comprometer-se
estabelecimento do compromisso com a construção com uma educação inclusiva, em que todos tenham
e melhoria do mundo em que vivem. assegurados seus direitos de acesso, permanência
e aprendizagem. Essa é uma mudança da cultura da
Nesse sentido, o documento assume uma visão plural, exclusão para a inclusão, na qual a diversidade não
singular e integral da criança, do adolescente, do amedronta, mas constitui o modo de ser e funcionar
jovem e do adulto, considerando-os como sujeitos de das escolas em processos educativos que considerem
aprendizagem, possuidores de direitos e deveres, e que as necessidades ímpares de cada um. Trata-se de
por meio do conhecimento, da autonomia e de suas uma mudança que inclui uma revisão de espaços,
potencialidades sejam capazes de se realizar em todas investimento na formação docente, melhoria nas
as suas dimensões. Isso significa que mesmo que em condições de infraestrutura e adaptações curricu-
cada etapa os estudantes possuam características lares que promovam a inclusão. São necessárias,
em comum, há que se reconhecer a pluralidade de ainda, adequações didático-metodológicas a serem
infâncias e juventudes que se sobressalta mediante produzidas em documentos posteriores, durante as
as construções históricas, culturais, socioeconômicas, formações docentes e contextualizações nos projetos
linguísticas, étnicas, políticas, religiosas, entre outras das escolas, de modo a registrar práticas orientadoras
que compõem seu modo de viver e estar no mundo que considerem atividades e estratégias diversificadas
de modo singular, criando novas formas de existir. para o acesso ao conhecimento e o desenvolvimento
das competências.
Nos estudos atuais, defendemos a ideia da
criança sujeito que se produz dentro de Por outro lado, é preciso fortalecer políticas que visem
realidades, por isso, afeta e é afetada pelo garantir que todos os estudantes das redes atendidas
contexto no qual interage. Em contrapartida, por esse documento tenham seus direitos assegura-
negamos a infância universal e padronizante. dos a partir da viabilidade de condições adequadas
Concebemos a diversidade no campo da a sua aprendizagem, considerando as diferentes
infância como espaço de construções e necessidades que apresentam e que influenciam o
interações relacionadas à cultura e ao lugar processo de aprendizagem, como: saúde, nutrição,
no qual a identidade das crianças se constitui diversos tipos de violência, fatores psicossociais,
e se encontra em permanente devir. Con- mobilidade, conflitos familiares, abandono, falta de
clamamos uma infância inter/multicultural perspectiva sobre o futuro, entre outros. Portanto,
nas dimensões política, econômica, cultural, equidade e inclusão não são compromissos apenas
geográfica e social (GONÇALVES, 2017, p.24). da escola, o que reforça a importância do avanço
de ações intersetoriais e a elaboração de políticas
Esses contextos diversos foram, e continuam sendo, públicas que as consolidem e deem sustentação à
fonte de muita desigualdade educacional no que diz sua continuidade, de modo que estejam articuladas
respeito ao acesso, à permanência e à qualidade. para o enfrentamento necessário e urgente das vul-
Para superar essa visão, faz-se necessário conhecer nerabilidades às quais nossas crianças e adolescentes
os estudantes, reconhecer as diferenças que trazem estão submetidos e para sua proteção, de modo que

ENSINO RELIGIOSO 19
nenhuma negligência possa comprometer o direito (2015), que compreende as competências de forma
ao seu pleno desenvolvimento. global, sistêmica, flexível, reflexiva e contextualizada,
o que pressupõe que, mediante situações complexas,
O acolhimento da pluralidade e da singularidade dos o sujeito seja capaz de diagnosticar, analisar, propor
estudantes revela a necessidade de reconhecer as soluções, atuar de forma criativa e adaptativa, avaliar
crianças, adolescentes, jovens e adultos em suas o processo e resultados, bem como propor novas
diferentes dimensões. Isso supera uma concepção melhorias de modo pessoal, portanto, a partir de seus
que valoriza quase que exclusivamente a dimensão conhecimentos e da sua capacidade de identificar
cognitiva e nos desafia para o desenvolvimento da necessidades e intervir na realidade, de modo crítico
integralidade dos sujeitos da aprendizagem, num e criativo. Acrescentamos ainda a importância do
contexto em constante mudança, saturado de in- diálogo e da colaboração, visando o desenvolvimento
formações, cheio de incertezas e num mundo cada de uma educação com o outro, de modo que suas
vez mais diverso. ideias e propostas sejam discutidas, pensadas cole-
tivamente e para o coletivo, elaboradas em conjunto
Mediante os novos desafios colocados pela sociedade e voltadas para o atendimento ao bem comum e a
do século XXI, especialmente ligados às mudanças vida democrática.
econômicas, políticas e sociais provocadas pela era
do conhecimento e da informação, permeada pelo uso O Currículo do Espírito Santo reitera seu compromisso
de tecnologias digitais, nascem novas necessidades em valorizar a aprendizagem e suas diferentes formas
de aprendizagem e desenvolvimento, de modo que, de desenvolvimento, de respeitar o estudante em sua
os sujeitos que a constituem, possam se apropriar singularidade, integralidade e diversidade, de ampliar
de suas exigências para ter condições de atuar em a leitura de mundo a partir do conhecimento cientí-
seu contexto de forma crítica e, ao mesmo tempo, de fico trabalhado de modo significativo, de promover a
estar apto para propor novos rumos, vislumbrando contextualização e a problematização dos saberes, de
uma sociedade mais igualitária, solidária, participativa, fortalecer a relação professor-aluno num processo
responsável e inclusiva. de mediação e diálogo, e de direcionar os esforços
para a melhoria da qualidade em educação como um
O Currículo do Espírito Santo vislumbra uma educação direito fundamental.
comprometida com o desenvolvimento de competên-
cias, que incluem o domínio do conhecimento, mas vão Entende-se, ainda, que para além dos conhecimen-
para além dele, pois pressupõe também o domínio de tos e habilidades, tornou-se fundamental rever e
habilidades e atitudes necessárias para viver, atuar pensar sobre atitudes e valores para a convivência
e intervir no mundo. Importante mencionar também respeitosa, num mundo em que a heterogeneidade
que não se trata do desenvolvimento de habilidades se sobressai e nos desafia na relação com os ou-
a serem adquiridas de forma mecanicista, justaposta tros, seus costumes, ideias, opções e convicções.
e fragmentada, que ao fim se chega numa atuação Colocar-se no lugar do outro, conhecer e respeitar o
compartimentada, repetitiva, superficial e externa a diverso, trabalhar de forma colaborativa, atuar tendo
quem a executa. em vista o benefício da coletividade, de acordo com
os princípios democráticos, podem nos ajudar a
[...] as competências são sistemas comple- encontrar formas mais harmônicas de convivermos
xos, pessoais, de compreensão e de atuação, pessoal e coletivamente com a diferença. Esse é um
ou seja, combinações pessoais de conhe- desafio que se coloca no cotidiano das escolas e foi
cimentos, habilidades, emoções, atitudes reconhecido pelos professores das redes estaduais e
e valores que orientam a interpretação, municipais como ponto sensível, cujas atitudes já são
a tomada de decisões e a atuação dos trabalhadas com os estudantes, mas que precisam
indivíduos humanos em suas interações de maior sistematização e intencionalidade educativa,
com o cenário em que habitam, tanto na às quais se propõe esse documento.
vida pessoal e social como na profissional
(PÉREZ GÓMEZ, 2015, p.74). O que nos leva a uma opção pela educação integral,
comprometida com o desenvolvimento de competên-
Nesse documento compactuamos com PÉREZ GÓMEZ cias, é reconhecê-la como o caminho necessário para

20 ENSINO RELIGIOSO
a formação de sujeitos capazes de fazer escolhas e dimensões: conhecimento; pensamento científico,
tomar decisões sobre si, com autonomia, numa relação crítico e criativo; repertório cultural; comunicação;
que compreende também sua responsabilidade ética, cultura digital; trabalho e projeto de vida; argumen-
histórica, política e social com o outro e com o mundo. tação; autoconhecimento e autocuidado; empatia e
“Afinal, minha presença no mundo não é a de quem cooperação; e, por fim, responsabilidade e cidadania.
apenas se adapta, mas a de quem nele se insere. É Isso significa assumir também que se entende que
a posição de quem luta para não ser apenas objeto, os processos educativos devem colocar no centro
mas sujeito também da História” (FREIRE, 2002, p. 60). da discussão a aprendizagem dos estudantes e seu
É necessário formar cidadãos críticos e pensantes, desenvolvimento mais amplo, considerando conhe-
capazes de questionar sem medo, de buscar conhe- cimentos mobilizados por processos cognitivos mais
cimentos que os façam crescer em sociedade, de complexos e que corroborem com sua atuação e
abrir novos horizontes para assim contribuirmos para intervenção crítica no mundo.
o desenvolvimento de uma sociedade democrática
onde a liberdade e o direito de expressão estejam Cabe mencionar que, em 2009, a Secretaria de Estado
garantidos e sejam usados para o bem comum. da Educação do Espírito Santo elaborou Currículo Bá-
sico da Escola Estadual por competências, de acordo
Para viver de forma autônoma, torna-se imprescindível com os documentos normativos do Ministério da
reconhecer que fazemos parte de um coletivo e que Educação, sendo usado posteriormente como refe-
a partir de nossas vivências e experiências podemos rência para novas construções em outras secretarias.
assumir o nosso papel social. Estimular práticas Desde então, entende-se a necessidade de uma nova
pedagógicas na educação que contribuam para a organização do trabalho pedagógico, de modo que
autonomia dos estudantes é possibilitar caminhos a os profissionais da educação se atentem em seu
quem aprende, na expectativa de termos um cida- planejamento de que “não se trata de definir o que
dão consciente de seus deveres e direitos, capaz de o professor irá ensinar ao aluno e sim o que o aluno
elaborar uma reflexão crítica diante da realidade e vai aprender” (ES, 2009, p.29-30).
do conteúdo trabalhado, adquirindo liberdade inte-
lectual e possibilitando novas conexões para além Nesse sentido, um currículo para Educação Integral
das paredes da sala de aula. é comprometido com a construção intencional de
processos educativos que visam o desenvolvimento
A formação do sujeito autônomo também requer humano em sua integralidade, superando uma visão
o autoconhecimento, a autorregulação e a auto- disciplinar, e que para isso promovam a interligação
determinação como elementos essenciais para a dos saberes, o estímulo a sua aplicação na vida real,
construção da própria vida (PÉREZ GÓMEZ, 2015) e a importância do contexto para dar sentido ao que
do mundo. Portanto, conhecer a si mesmo, identifi- se aprende e o protagonismo do estudante em sua
car seus interesses, talentos e motivações, rever ou aprendizagem e na construção do seu projeto de vida
revisitar posicionamentos, apreciar-se, estar aberto e de sua atuação cidadã. Pressupõe ainda a articulação
a aprendizagem contínua, reconhecer seus limites da escola com pais, comunidade e demais instituições
e possibilidades, fazer escolhas, assumir responsa- e a melhoria qualitativa do tempo na escola para o
bilidades, reconhecer-se como sujeito de direitos e atendimento à formação integral do sujeito. Neste
deveres, são essenciais no exercício de construção sentido, esse documento é um referencial para a
da vida, com o outro e com o mundo, num sentido construção dos projetos pedagógicos das unidades
de reflexão e intervenção sobre o que querem, como escolares, de modo que possam elaborar em seus
avaliam a si mesmos e suas perspectivas futuras, contextos propostas que dizem respeito às especi-
num compromisso ético com a construção de uma ficidades de sua realidade.
sociedade democrática.
O Currículo do Espírito Santo assume, ainda, a necessi-
Por todas perspectivas adotadas nesse documen- dade de proposição de políticas públicas que busquem
to, o Currículo do Espírito Santo corrobora a BNCC viabilizar e desenvolver uma educação de qualidade em
ao reconhecer a importância das 10 competências seus diferentes âmbitos, especialmente políticas de
básicas a serem desenvolvidas pelos estudantes da formação de professores, de melhoria das condições
Educação Básica, que dizem respeito às seguintes materiais e de infraestrutura das escolas, de criação

ENSINO RELIGIOSO 21
e diversificação de materiais didáticos, de valorização sentido, o Currículo do Espírito Santo aponta para
docente, de outras formas de organizar o tempo e uma proposta que atenda a essa universalidade, mas
espaço escolares, e a elaboração de estratégias mais que reconhece, respeita e valoriza as diversidades
amplas e articuladas para que sejam enfrentados os e singularidades que são próprias de cada moda-
desafios atuais colocados nos diferentes contextos lidade, visando contribuir para a garantia do direito
do território para implementação dessa proposta. fundamental à educação de qualidade para todos os
estudantes de nosso território, indo ao encontro das
perspectivas trazidas pelas Diretrizes Nacionais para a
Educação Básica: diversidade e inclusão (BRASIL, 2013).
4. EDUCAÇÃO E AS DIVERSIDADES
[...] torna-se inadiável trazer para o debate
Guiando-se pelas concepções que regem o Currículo os princípios e as práticas de um processo
do Espírito Santo, especialmente Educação Inclusiva de inclusão social, que garanta o aces-
e Equidade, faz-se necessário também abordar as so à educação e considere a diversidade
diversas modalidades de ensino que também são humana, social, cultural, econômica dos
contempladas nesse documento. Trata-se de um grupos historicamente excluídos. Trata-se
olhar para o diverso, não excludente e nem puramente das questões de classe, gênero, raça, etnia,
isolado. No dia a dia das nossas escolas, sejam elas geração, constituídas por categorias que se
de atendimento regular, especializado ou misto das entrelaçam na vida social, mulheres, afro-
modalidades, estão postas as diferentes realidades descendentes, indígenas, pessoas com defi-
de nossos estudantes, que se entrecruzam e nos ciência, populações do campo, de diferentes
desafiam a ressignificar práticas educativas visando orientações sexuais, sujeitos albergados, em
garantir o direito de todos à educação, como preconiza situação de rua, em privação de liberdade,
a Constituição Federal Brasileira de 1988. de todos que compõem a diversidade que
é a sociedade brasileira e que começam a
Quando a escola regular, indígena ou quilombola tem ser contemplados pelas políticas públicas
em seu público estudantes da educação especial, (BRASIL, 2013, p.7).
quando a EJA recebe também o jovem em privação
de liberdade na escola, quando crianças e jovens do Desenvolver um trabalho educacional na perspectiva
campo, indígenas e quilombolas são atendidos em da inclusão social implica assumir um currículo que
escolas fora de suas comunidades, entre tantas outras proporcione o fazer e o pensar práticas pedagógicas
possibilidades de entrecruzamentos, os desafios do comprometidas com a valorização e o respeito à
fazer escolar se ampliam e reforçam ainda mais a diversidade, com o desenvolvimento integral dos estu-
necessidade de uma postura acolhedora e inclusiva, de dantes e com os princípios constitucionais de respeito
formação continuada docente e de políticas públicas à liberdade e à dignidade humana. Destacamos a
que deem sustentação à melhoria das condições de seguir algumas das especificidades, especialmente
atendimento escolar. pedagógicas e de contextualização, referentes às
diferentes modalidades da educação básica no país a
Ao mesmo tempo, há que se considerar a luta política serem consideradas e aprofundadas em seus projetos
pelo reconhecimento e fortalecimento das modalida- pedagógicos, bem como nas políticas de formação
des específicas da Educação Básica, historicamente docente para o atendimento adequado aos estudantes
relegadas a segundo plano, haja vista o posiciona- as quais se destinam.
mento recente na história da educação brasileira
para a definição de suas diretrizes. Educação Especial, 4.1 EDUCAÇÃO ESPECIAL
Educação de Jovens e Adultos na educação escolar e
em estabelecimentos prisionais, Educação do Campo, A Educação Especial, como modalidade transversal
Educação Escolar Indígena, Educação Escolar Quilom- a todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, é
bola e educação escolar para estudantes em situação parte integrante da educação regular, devendo ser
de itinerância são hoje conquistas que precisam prevista na proposta político-pedagógica da unidade
ser preservadas e receber aportes para avançarem escolar. Assim, os objetivos da educação especial
em quantidade e qualidade de atendimento. Nesse são os mesmos da educação em geral. O que difere,

22 ENSINO RELIGIOSO
entretanto, é o atendimento, que passa a ser de Destaca-se, ainda, a necessidade de formação continu-
acordo com as diferenças individuais do aluno. Ela se ada para os professores sobre o processo de inclusão,
desenvolve em torno da igualdade de oportunidades, sobre as necessidades educacionais especiais e sobre
atendendo às diferenças individuais de cada criança como se dá o desenvolvimento cognitivo das pessoas
através de uma adaptação do sistema educativo. Dessa em seu processo de aquisição de conhecimentos e,
forma, todos os educandos podem ter acesso a uma ainda, a importância do apoio de especialistas. Para
educação capaz de responder às suas necessidades. que alcancemos uma educação democrática que
atenda cada aluno na sua singularidade, deve-se incluir
A Educação Especial foi definida como modalidade da os professores, a comunidade escolar e, também, os
educação básica na LDB n.0 9394/96, que também asse- pais e a sociedade nessa discussão mais ampla e na
gurou o atendimento a educandos com deficiência em definição de ações que tenham como fim proporcionar
escolas públicas e gratuitas regulares. Essa definição a todo e qualquer aluno um ensino adequado às suas
corrobora a perspectiva inclusiva da escola na busca necessidades específicas.
de superar atitudes discriminatórias, que promovem a
exclusão, para o desenvolvimento de atitudes acolhe- Importante mencionar que para além dos desafios
doras que promovam uma sociedade inclusiva. pedagógicos colocados para professores de salas
regulares e de recursos multifuncionais, para os quais
A matrícula é um passo importante, entretanto, são é necessário prover formação continuada, visando
necessárias de outras garantias para que se pro- ampliar, aprofundar e disseminar estudos e práticas
mova de fato a inclusão. Nesse sentido, as Diretri- da educação especial, ainda há que se ter ações pla-
zes Nacionais para Educação Especial na Educação nejadas pela gestão das redes de ensino que deem
Básica, instituídas pela Resolução CNE/CEB N.0 2 de suporte às melhorias materiais, de infraestrutura e
2001, apontam para a necessidade de flexibilização de pessoal das unidades escolares, de modo a prover
e adaptação do currículo, por meio de metodologias, condições adequadas para o atendimento a esses es-
recursos didáticos e processos de avaliação adequa- tudantes e atender as prerrogativas de acessibilidade,
dos às características, habilidades e necessidades de barreiras, comunicação, mobiliário, profissional de
aprendizagem, que são únicas em cada educando da apoio escolar, etc., mencionadas no Estatuto da Pessoa
Educação Especial. com Deficiência – Lei N.0 13.146/2015, para que, além
de assegurar essas matrículas, assegurem também
De acordo com o Decreto N.0 7.611/2011 (BRASIL, 2011), a permanência destes alunos, sem perder de vista a
são considerados público-alvo da educação especial intencionalidade pedagógica e a qualidade do ensino.
as pessoas com deficiência3, com transtornos globais
do desenvolvimento e com altas habilidades ou super- A Política Nacional de Educação Especial na Perspec-
dotação, que, matriculados na escola regular, possuem tiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008) orienta para
o direito ao atendimento educacional especializado a necessidade de um direcionamento das práticas
“compreendido como o conjunto de atividades, re- escolares que promovam a superação da perspectiva
cursos de acessibilidade e pedagógicos organizados excludente por meio do desenvolvimento de ações
institucional e continuamente” (Art.2.0, §1.0) de forma a acolhedoras das diversidades, respeitando o que é
complementar ou suplementar as necessidades dos próprio de cada estudante. Inclui um novo olhar sobre
estudantes dessa modalidade, devendo ser realizado, o pedagógico, mas também o compromisso com a me-
de acordo com a Resolução CNE/CEB N.0 4/2009, em lhoria das condições de atendimento, ambos desafios
seu Artigo 5.0, “prioritariamente em sala de recursos ainda a serem superados na maior parte das redes
multifuncionais, no turno inverso da escolarização” de ensino. No Currículo do Espírito Santo destacamos,
(BRASIL, 2009). No caso dos estudantes surdos e com ainda, a necessidade de articulação intersetorial, es-
deficiência auditiva, também devem ser observadas pecialmente com a saúde, para garantir estratégias
as diretrizes e princípios do Decreto N.0 5.626/2005, de identificação e intervenção adequadas à situação
garantindo seu direito à educação. de cada estudante dessa modalidade.

3
De acordo com a Lei N.0 13.146/2015, em seu Art.2.0, “considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental,
intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições
com as demais pessoas” (BRASIL, 2015).

ENSINO RELIGIOSO 23
Do ponto de vista curricular, cabe às redes e escolas Mediante isso, a educação de jovens e adultos deve
a definição em seus projetos pedagógicos de obje- propiciar oportunidades educacionais pautadas na
tivos, princípios e metas a serem perseguidos pela inclusão e qualidade social e apropriadas às histó-
comunidade escolar em suas ações de atendimento a rias de vida de seus estudantes, visando promover a
estudantes da educação especial, resguardando seus alfabetização e as demais aprendizagens previstas
direitos, dentre eles o direito de aprendizagem para nesse documento curricular. Em congruência com o
o desenvolvimento da autonomia e para o exercício Art.5.0, Parágrafo único, da Resolução CNE/CEB N.0 1,
pleno da cidadania. de 05 de julho de 2000, que estabelece as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e
4.2 EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Adultos, a EJA “se pautará pelos princípios da equidade,
diferença e proporcionalidade na apropriação e con-
De acordo com a LDB N.0 9394/96 (BRASIL, 1996), em seu textualização das diretrizes curriculares nacionais”.
Art. 37, “a educação de jovens e adultos será destinada
àqueles que não tiveram acesso ou continuidade de Importante mencionar que, para além do atendimento
estudos nos ensinos fundamental e médio na idade da Educação de Jovens e Adultos no espaço escolar,
própria e constituirá instrumento para a educação as Diretrizes Nacionais da Educação Básica incluem
e a aprendizagem ao longo da vida”. Por tratar-se também os jovens e adultos em situação de priva-
de um currículo voltado para a educação básica, o ção de liberdade. Tendo como objetivo estabelecer
documento considera como público a ser atendido questões de ordem da política de educação para o
por ele, os jovens e adultos que não puderam efetuar sistema penitenciário, o Conselho Nacional de Edu-
os ensinos fundamental e médio na idade regular. cação dispõe na Resolução N.0 2, de 19 de maio de
2010, das diretrizes para esse atendimento em nível
A meta 9 do Plano Nacional de Educação se pro- nacional, devendo atender a “presos provisórios, con-
põe erradicar, até 2024, o analfabetismo absoluto denados, egressos do sistema prisional e àqueles que
e reduzir em 50% (cinquenta por cento) a taxa de cumprem medidas de segurança” (BRASIL, 2010). Traz
analfabetismo funcional. Isso significa que ainda há como uma de suas orientações “o desenvolvimento
muito a ser feito, uma vez que segundo a Pesquisa de políticas de elevação de escolaridade associada
Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (IBGE, à qualificação profissional, articulando-as, também,
2017) o Brasil ainda possui 11,8 milhões de analfabe- de maneira intersetorial, a políticas e programas
tos, o que corresponde a 7,2% da população com 15 destinados a jovens e adultos” (Art.3.0, inciso VI). Re-
anos ou mais, o que se agrava quando o foco é a alizada em parceria com órgãos responsáveis pela
população masculina, negra e parda, e com mais de política de execução penal, a educação de jovens e
40 anos. Outro dado alarmante na mesma pesquisa adultos em situação de privação de liberdade deve ser
é que apenas 51% da população brasileira possui o organizada de modo a atender as peculiaridades de
ensino fundamental completo até os 25 anos, e 26,3% tempo, espaço e rotatividade da população carcerária,
completou o ensino médio. com materiais didáticos e estratégias pedagógicas
adequados, inclusive em programas educativos na
Esses dados nos ajudam a revelar algumas facetas modalidade de Educação a Distância.
do atendimento ao público da educação de jovens
e adultos. Trata-se de estudantes que carregam As diretrizes da educação de jovens e adultos em
em suas histórias o fracasso e a exclusão escolar estabelecimentos penais estabelecem parâmetros
e, para além disso, vivências culturais e sociais que que visam garantir o direito de aprender de todas as
ultrapassam àquelas da infância e adolescência, pessoas encarceradas, proporcionando-lhes acesso
incluindo o compromisso com a família e o trabalho, à educação em seus diferentes níveis e contribuindo
este geralmente informal. Ainda há que se considerar para mudar a atual cultura de prisão, na busca de
os estudantes da Educação Especial, que mediante convergir as ações de segurança e de educação para
fracassos repetidos e inadequações da escola para alcançar os objetivos da prisão, que é a recuperação
seu atendimento, tornam-se público também da EJA. e a ressocialização dos presos.
Todo esse quadro de exclusão ao qual são submetidos
compromete a participação cidadã desses estudantes
no mundo do trabalho, da cultura e da política.

24 ENSINO RELIGIOSO
4.3 EDUCAÇÃO DO CAMPO sua identidade e adequar os projetos pedagógicos de
cada escola com a participação da comunidade esco-
A educação do campo é uma modalidade educacional lar, visando valorizar suas especificidades bem como
que se destina a atender as populações que produzam adequar metodologias e recursos a sua realidade para
suas condições materiais de existência a partir do promover a aprendizagem significativa. Para finalizar,
trabalho no meio rural, como os agricultores fami- mediante as particularidades do contexto rural e as
liares, os extrativistas, os pescadores artesanais, os diversidades que o compõem, faz-se necessária uma
ribeirinhos, os assentados e acampados da reforma política de formação de professores para atuação nas
agrária, os trabalhadores assalariados rurais, os escolas do campo, que dialogue com a forma de ser
quilombolas, os caiçaras, os povos da floresta, os e agir de cada comunidade e promova as garantias
caboclos, entre outros, de acordo com a Política de da educação a que tem direito.
Educação do Campo estabelecida pelo Decreto N.0
7.352/2010. (BRASIL, 2010). A oferta dessa modalidade 4.4 EDUCAÇÃO ESCOLAR INDÍGENA
deve acontecer em escolas situadas em área rural
ou em escolas urbanas em que atendam predomi- As Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
nantemente as populações do campo. Escolar Indígena foram estabelecidas pela Resolução
CNE/CEB N.0 5/2012, e buscam garantir as especifici-
As escolas do campo possuem identidades muito dades dos processos educativos indígenas mediante
próprias, vinculadas às questões e temporalidades as diretrizes das demais etapas e modalidades da
da terra, da pesca e da floresta que, uma vez vividas educação básica, que também orientam seu funcio-
e apropriadas pelos seus estudantes, devem ser namento e organização em termos gerais.
consideradas na contextualização do currículo e
flexibilização da organização escolar, mediante os Em suas diretrizes específicas, preconiza a garantia
ciclos de produção próprios da área rural. do direito à educação escolar diferenciada às comu-
nidades indígenas, com qualidade social e pertinência
Na produção do seu modo de vida convivem também pedagógica, cultural, linguística, ambiental e territorial,
a luta dos movimentos sociais em defesa da terra e respeitando as lógicas, saberes e perspectivas dos
de seus trabalhadores, bem como o desenvolvimento próprios povos indígenas (Art.2.0, inciso VII), de modo
tecnológico que alavanca a produção e, ao mesmo que a escola seja um local de afirmação de identi-
tempo, põe em risco o incentivo à agricultura familiar dades e pertencimento étnico. Oferecida em institui-
em suas práticas produtivas mais sustentáveis, pro- ções próprias, contemplando todas as modalidades
vocando mudanças nos campos político, econômico da educação básica, a educação escolar indígena
e até geracional das questões voltadas ao campo. deve pautar-se nos princípios da igualdade social,
da diferença, da especificidade, do bilinguismo e da
Dessa forma, a ação educativa do campo está vincula- interculturalidade, valorizando suas línguas e conhe-
da diretamente ao trabalho e aos saberes produzidos cimentos tradicionais, o que corrobora as concepções
nesse modo de vida, incluindo as mudanças que dele da diversidade do Currículo do Espírito Santo.
ocorrem com o tempo, o que dá abertura a quebra
da ideia de uma zona rural idealizada para aquela Destaca a proposta político-pedagógica como um
praticada em que seus aspectos sociais, políticos, importante instrumento da autonomia e da identidade
ambientais, culturais, de gênero, de etnia, entre ou- escolar, sendo um importante referencial na garantia
tros; que compõem também sua diversidade, a ser da educação escolar diferenciada, estabelecendo
reconhecida e valorizada nas práticas e projetos a relação dos princípios e objetivos específicos da
pedagógicos escolares. educação indígena com as diretrizes gerais da edu-
cação básica nacional, de modo que contribua para a
Importante destacar que a adequação de conteúdos e continuidade sociocultural dos grupos indígenas em
metodologias para os alunos do campo não deve levar seu território e viabilizem seus projetos de bem viver.
a uma diminuição ou oposição ao que é trabalhado
nas escolas urbanas, uma vez que as aprendizagens As Diretrizes para Educação Escolar Indígena reforçam
essenciais são comuns a todos os estudantes do nosso ainda a importância da formação de professores indí-
território. Trata-se de identificar o que é próprio de genas pertencentes às suas respectivas comunidades,

ENSINO RELIGIOSO 25
para atuarem como docentes e gestores das unidades to e participação da comunidade escolar e pautados
escolares de seus territórios, sendo “importantes in- nos princípios específicos da modalidade, de modo a
terlocutores nos processos de construção do diálogo valorizar em sua contextualização curricular os saberes
intercultural, mediando e articulando os interesses e as práticas gerados e vividos em seus territórios, o
de suas comunidades com os da sociedade em geral fortalecimento de suas identidades, cultura, lingua-
e com os outros grupos particulares, promovendo a gens e práticas religiosas, bem como o conhecimento
sistematização e organização de novos saberes e e promoção da identidade étnico-racial africana e
práticas” (Art. 19, § 1.0). afro-brasileira ressignificada em suas comunidades.

4.5 EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA 4.6 EDUCAÇÃO ESCOLAR PARA ESTUDANTES


EM SITUAÇÃO DE ITINERÂNCIA
As Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação
Escolar Quilombola na Educação Básica foram de- De acordo com as Diretrizes para o atendimento de
finidas pela Resolução CNE/CEB N.0 8/2012, que em educação escolar para as populações em situação
seu Art. 4.0 define os quilombolas como povos ou de itinerância, definidas na Resolução CNE/CEB N.0
comunidades tradicionais, sendo: 3/2012, os estudantes em situação de itinerância
são aqueles “pertencentes a grupos sociais que vi-
I - grupos culturalmente diferenciados e vem em tal condição por motivos culturais, políticos,
que se reconhecem como tais; econômicos, de saúde, tais como ciganos, indígenas,
II - possuidores de formas próprias de or- povos nômades, trabalhadores itinerantes, acampados,
ganização social; circenses, artistas e/ou trabalhadores de parques de
III - detentores de conhecimentos, tec- diversão, de teatro mambembe, dentre outros” (BRASIL,
nologias, inovações e práticas gerados e 2012). Para ter seus direitos de acesso e permanência
transmitidos pela tradição; garantidos, as redes de ensino precisam acolher as
IV - ocupantes e usuários de territórios especificidades desses estudantes, desenvolvendo
e recursos naturais como condição para práticas educativas adequadas a sua realidade e
sua reprodução cultural, social, religiosa, necessidades, bem como ajustando processos de
ancestral e econômica (BRASIL, 2012). registro desses alunos para que tenham sua vida
escolar regularizada e tendo preservado seu direito
Mediante suas especificidades reconhecidas, propõe à educação e ao desenvolvimento pleno.
que as etapas e níveis da educação básica para os
quilombolas devem ser ofertados em estabelecimen-
tos de ensino localizados em suas comunidades ou
próximas a elas mas que recebam estudantes oriun- 5. MATRIZ DE SABERES
dos desses territórios. Define ainda que a educação
quilombola deve garantir aos estudantes “o direito de [...] sustento que não há ação humana sem
se apropriar dos conhecimentos tradicionais e das uma emoção que a estabeleça como tal e
suas formas de produção de modo a contribuir para a torne possível como ato.
o seu reconhecimento, valorização e continuidade” Humberto Maturana
(Art. 1.0, § 1.0, inciso V).
Como estabelece a Declaração Universal dos Direitos
Para isso, entende-se a necessidade de organização Humanos e a Constituição Federal de 1988, a educação
didático-pedagógica própria, que atenda as necessida- visa o desenvolvimento pleno do ser humano. Para
des dessas comunidades e contextualize as propostas darmos mais um passo nessa direção, o Currículo do
educacionais considerando as especificidades desse Espírito Santo define uma matriz de saberes com a qual
povo, valorizando suas memórias coletivas, línguas as áreas de conhecimento devem se comprometer
remanescentes, marcos civilizatórios, práticas culturais, ao longo de toda Educação Básica.
tecnologias e formas próprias de produção do trabalho,
acervos e repertórios orais, patrimônio cultural e sua Uma educação voltada para a integralidade do sujeito
territorialidade. Preconiza-se, ainda, a necessidade da em suas dimensões cognitivas, sociais, emocionais,
construção de projetos pedagógicos com o envolvimen- físicas, políticas e culturais pressupõe assumir uma

26 ENSINO RELIGIOSO
matriz de saberes pautada em concepções sobre nesse documento, compreende também sua res-
ser, conhecer, fazer e conviver, conforme Relatório ponsabilidade ética, histórica, política e social com o
da Comissão Internacional sobre Educação para o outro e com o mundo.
Século XXI da Unesco, coordenada por Jacques Delors
(DELORS, 2003), que sustentam as relações entre os A proposta da matriz de saberes é contribuir para
objetivos e direitos de aprendizagem, as competên- formar cidadãos para uma sociedade mais demo-
cias e habilidades, em direção ao desenvolvimento da crática, inclusiva e sustentável, e que se traduz na
autonomia, que, reforçando a concepção assumida construção abaixo.

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A matriz de saberes fortalece os olhares e as práticas de professores, estudantes, gestores e pais da rede
metodológicas, contextualizadas e integradoras, dos pública de ensino do Espírito Santo. Ela direciona o
profissionais da educação, de modo a dar intencio- trabalho em todos os componentes curriculares, não
nalidade às ações já realizadas nas escolas e enten- apenas naqueles que tem mais proximidade com al-
didas como necessárias e traduzidas pelas escutas gum elemento da integralidade, permitindo processos

ENSINO RELIGIOSO 27
educativos compromissados com o desenvolvimento 5.1 APRENDER A CONHECER
pleno em toda a trajetória escolar.
O aprender a conhecer aborda a aquisição de instru-
A matriz de saberes contempla, para além das escutas, mentos do conhecimento que possibilitem aos sujeitos
as competências gerais definidas na Base Nacional de aprendizagem o desejo por compreender, conhecer
Comum Curricular, bem com as competências tecno- e descobrir, que inclui o conhecimento científico e o
lógicas, que se inter-relacionam e se desdobram nas estímulo ao desenvolvimento do pensamento investi-
e entre as três etapas da Educação Básica (Educação gativo, crítico e criativo, a predisposição em aprender
Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio). e a estabelecer processos de aprendizagem que o
acompanhem e continuem em desenvolvimento ao
A matriz de saberes considera os seguintes pilares: longo da vida.

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28 ENSINO RELIGIOSO
O pensamento investigativo, o crítico e o criativo cessidades. Esses são alguns elementos importantes
ampliam as possibilidades ou alternativas para tomar ao aprender a aprender.
decisões, propor soluções, articular informações, de-
cidir no que acreditar, avaliar se uma argumentação, A curiosidade e a valorização das manifestações
procedimentos ou resultados são viáveis. Identificam artísticas despertam a vontade de conhecer coisas
hipóteses, implícitas ou explícitas na argumentação, novas, apreciar e dar valor as manifestações artísticas
e rejeitam conclusões e pensamentos tendenciosos, e culturais do seu e de outros grupos sociais. Esses
avaliando a credibilidade das fontes de informação. são alguns elementos importantes ao interesse por
Esses são alguns elementos importantes ao raciocínio. aprender.

A flexibilidade cognitiva e a metacognição são impor- 5.2 APRENDER A FAZER


tantes para que todos estejam conscientes acerca do
processo de aprendizagem, exerçam equilíbrio sobre Aprender a fazer envolve uma série de conhecimentos
ele, de forma a ajustá-lo em suas expectativas e ne- ligados à capacidade de realização.

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ENSINO RELIGIOSO 29
O interesse pelo diálogo, a escuta ativa e a assertivida- são alguns elementos importantes para o trabalhar
de são importantes para a expressão de sentimentos em grupo.
e crenças de forma transparente, considerando o
contexto social, bem como a disponibilidade de ouvir a O otimismo, o entusiasmo, a proatividade e o locus
outra pessoa com atenção e respeito. Envolvem estar interno de controle estimulam o alcance e a busca
atento para tudo que a outra pessoa está transmitindo, de novas perspectivas de futuro. Está relacionado
tanto verbalmente quanto não verbalmente. Esses a envolver-se ativamente com a vida e com outras
são alguns elementos importantes à comunicação. pessoas com vistas a possíveis mudanças em suas
trajetórias. Esses são alguns elementos importantes
A tomada de decisão, a resolução de problemas, a para o protagonismo.
liderança, a colaboração, a cooperação e o trabalho
em rede são importantes para o empenho mútuo e 5.3 APRENDER A CONVIVER
coordenado de um grupo de participantes a fim de
solucionar um problema, tornando-os capazes de Os relacionamentos nos conduzem a reflexão e pos-
identificar vantagens e desvantagens das alternativas sibilitam desenvolver: interesse por conviver, solidari-
encontradas nas resoluções de problemas, assumindo zar-se com pessoas, sentimento de pertencimento e
as responsabilidades pelas escolhas feitas. Esses inclusão das diferenças e das diversidades.
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30 ENSINO RELIGIOSO
Resistir a pressões sociais, saber procurar e oferecer desenvolver interesse por conviver, se relacionar e
ajuda e desenvolver relacionamentos contribuem para se solidarizar com pessoas.
o amadurecimento de todas as dimensões humanas, o
respeito frente às diferenças e diversidades em suas Respeitar o outro, valorizar a diferença e a abertura ao
singularidades e pluralidades, com maior capacidade novo são importantes para celebrar e ter orgulho da
de enfrentamentos por meio de argumentos de suas diversidade, reconhecendo que o outro existe, é diferente
convicções, de forma resiliente. Esses são alguns e tem tanto direito de existir quanto todos os outros
elementos importantes para iniciar, desenvolver e seres do planeta. Possibilitam a oportunidade para o
manter relacionamentos significativos. autoconhecimento e para realizar coletivamente o que
não pode ser realizado de maneira solitária. Trata-se
Espírito gregário, desenvolvimento de pertencimento, de uma educação voltada a lutar contra preconceitos e
identidades com grupos, protagonismo social, empatia, violências, mediar conflitos e valorizar a cultura da paz e
solidariedade, resolução de conflitos promovem o gos- do bem viver. Esses são alguns elementos importantes
to de estar e conviver com pessoas, sentindo-se parte para entender e apreciar a diversidade e as diferenças.
de grupos e comunidades. Ter atitudes voltadas para
a melhoria da comunidade, mobilizando as pessoas 5.4 APRENDER A SER
para essa causa, compreendendo os sentimentos,
pensamentos e emoções do outro para que esse Segundo Delors (2003) “...a educação é antes de mais
sinta-se melhor, sendo capaz de resolver os conflitos nada uma viagem interior, cujas etapas correspon-
inevitáveis, com base na compreensão mútua, no dem às da maturação contínua da personalidade”. A
diálogo e na consciência da interdependência entre parte mais importante desse processo talvez seja o
pessoas e grupos, em busca da cultura pela paz. Esses “conhecimento de si mesmo para se abrir, em seguida,
são alguns elementos importantes para aprender e à relação com o outro”.
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ENSINO RELIGIOSO 31
O autoconhecimento, a autoproposição, a autoestima e do Idoso; Educação em Direitos Humanos; Educação
a autoconfiança são importantes para conhecer suas das Relações Étnico-Raciais e Ensino de História e
próprias virtudes e fortalezas, assim como fragilida- Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena; Saúde;
des e potencialidades. Envolve conhecer os próprios Vida Familiar e Social; Educação para o Consumo;
valores, crenças e entender como se sente em cada Educação Financeira e Fiscal; Trabalho, Ciência e
situação e o porquê. Envolve, também, reconhecer Tecnologia; Diversidade Cultural.
como se é percebido por outras pessoas e poder
traduzir seus próprios sonhos e desejos num projeto O Currículo do Espírito Santo propõe pensar a BNCC
de vida, coerente com seus valores e crenças, interes- como referencial para a elaboração de uma proposta
ses e potencialidades. Abrange a crença na própria que considera singularidades, novos problemas e
capacidade de realizar determinadas atividades. Esses questões a serem incorporadas, de acordo com as
são alguns elementos importantes para a construção características de cada região. Nesse sentido, no
do projeto de Vida. processo de elaboração do documento, surgiu a ne-
cessidade de acrescentar novos temas integradores
Foco, organização, gestão emocional, perseverança, e retomar alguns já propostos na BNCC com um olhar
resiliência e autodeterminação são importantes para crítico e que se percebem as variações específicas do
concentrar a atenção nas ações planejadas, resistir nosso Estado. Os novos temas integradores incluídos
a interesses imediatos, saber se organizar e ser pelo Currículo do Espírito Santo são: Trabalho e Rela-
cuidadoso com os recursos que dispõem, gerenciar ções de Poder, Ética e Cidadania; Gênero, Sexualidade,
suas emoções a fim de expressar seus sentimentos Poder e Sociedade; Povos e Comunidades Tradicio-
em diferentes contextos e situações, não desistindo nais; Educação Patrimonial; Diálogo Intercultural e
mesmo quando as dificuldades surgem ou se tor- Inter-religioso. Propõe, ainda, a alteração dos temas
nem desconfortáveis. Torna capaz de se fortalecer Educação para o Consumo e Diversidade Cultural, já
em situações difíceis. Esses são alguns elementos existentes na Base, para Educação para o Consumo
importantes para a execução do projeto de vida. Consciente e Diversidade Cultural, Religiosa e Étnica,
respectivamente. São temas que envolvem aprender
sobre a sociedade atual, mudar comportamentos que
6. TEMAS INTEGRADORES comprometem a convivência democrática e estabele-
cer propostas de políticas públicas no futuro próximo.
Os temas integradores entrelaçam as diversas áreas
de conhecimento que compõem o Currículo do Espírito 6.1 OS TEMAS INTEGRADORES NO CURRÍCULO
Santo e trazem questões que atravessam as experi- DO ESPÍRITO SANTO
ências dos sujeitos em seus contextos de vida, ações
no público, no privado e no cotidiano. Compreende O tema Direito da Criança e do Adolescente está
aspectos para além da dimensão cognitiva, dando em conformidade com o Estatuto da Criança e do
conta da formação social, política e ética e que Adolescente (BRASIL, 1990) e deve ser considerado na
considera e valoriza as diversas identidades culturais. Educação Básica, fazendo parte de práticas pedagógi-
cas cotidianas. Em todas as áreas de conhecimento,
São temáticas a serem abordadas nas diferentes o estudante deve vivenciar a cidadania de maneira
etapas da Educação Básica, e em todas as moda- participativa, conhecendo e praticando seus deveres
lidades. Devem ser vivenciadas e praticadas pelos e direitos.
estudantes nos diversos espaços que ocupam, são
mais que temas transversais ou multidisciplinares, Como cidadão, assumimos diversos papéis, entre eles,
transbordam quando praticadas no cotidiano da o de pedestre, passageiro, condutor. O trânsito mata
comunidade, pátio, ponto de ônibus e reunião entre todos os dias. Mudanças ocorrem quando comporta-
amigos. São doze os temas integradores considera- mentos são revistos de forma crítica. Assim, o Parecer
dos na Base Nacional Comum Curricular: Direito da CNE/CEB N.0 22/2004 solicita a inclusão da Educação
criança e do Adolescente; Educação para o Trânsito; do Trânsito no currículo das escolas e o apresenta
Educação Ambiental; Educação Alimentar e Nutricional; como tema transversal, em todos os níveis de ensi-
Processo de Envelhecimento, Respeito e Valorização no. A educação no trânsito não compreende apenas

32 ENSINO RELIGIOSO
ensinar regras de circulação, mas, também, formar à ampliação de direitos à pessoa idosa e proteção
cidadãos participativos, responsáveis, autônomos e social, como o combate à violência, preconceito e
envolvidos com a preservação da vida. qualidade de vida. O currículo do Espírito Santo é
condutor de ações que se destinam a assegurar o
É urgente a tomada de consciência pelas pessoas em exercício dos direitos e deveres sociais e individuais,
relação ao mundo em que vivem, sobretudo, diante de além de combater preconceitos e estabelecer re-
comportamentos que reforçam desperdícios, racis- lações por meio da legislação, como o Estatuto do
mos, preconceitos e extremismos. Nesse contexto, as Idoso (BRASIL, 2003), que almeja dignidade humana
questões ambientais adquirem caráter fundamental a todos os sujeitos.
para nossa sociedade. O Currículo do Espírito Santo
pretende contribuir na formação cidadã de sujeitos A Educação em Direitos Humanos permite a forma-
conscientes de seus papeis sociais. A Resolução CNE/ ção de sujeitos ativos ao trazer conhecimentos que
CP N.0 2/2012, estabelece as Diretrizes Curriculares questionam e refletem a realidade social, histórica
Nacionais para a Educação Ambiental e o Espírito e cultural em que estamos inseridos. Assim, atores
Santo avança nessa direção ao instituir o Programa ativos e participativos geram transformação social e
Estadual de Educação Ambiental (2017), fruto de um desenvolvem habilidades, potencialidades e consciên-
processo democrático com a participação ampla da cia crítica. As diferenças sociais estão expostas em
sociedade capixaba, com o objetivo de promover o nossa sociedade como a miséria, pobreza extrema,
desenvolvimento socioambiental que garanta quali- intolerância religiosa, étnica e de gênero, condição
dade às gerações futuras. O maior objetivo é tentar social e deficiência, e estabelecem perigosos este-
criar uma nova mentalidade em relação ao uso dos reótipos. Diante dessa realidade, a Resolução CNE/
recursos oferecidos pela natureza, criando assim CP N.0 1/2012 constitui as Diretrizes Nacionais para a
um novo modelo de comportamento, buscando um Educação em Direitos Humanos, como tema integrador
equilíbrio entre o homem e o ambiente. que permite autotransformação e mudança social,
política e econômica.
Do mesmo modo, a Educação Alimentar e Nutricional
apresenta-se como fundamental para mudanças de O Brasil, ao longo de sua história, estabeleceu um
comportamentos sociais que prejudicam os sujeitos e modelo de desenvolvimento excludente, reconhecendo
o ambiente. É tema integrador por romper fronteiras, a existência de preconceitos étnicos. É tempo de va-
promover intercâmbios entre diferentes conhecimen- lorizar, divulgar e respeitar os processos históricos de
tos e saberes acadêmicos e populares. Propõe en- resistência negra, indígena e de seus descendentes.
frentar a obesidade e mudar hábitos alimentares que Estabelecer o tema integrador Educação das Rela-
levam a doenças e morte. O diálogo dessa temática ções Étnico-Raciais e Ensino de História e Cultura
com a cultura, a sustentabilidade, a antropologia, o Afro-Brasileira, Africana e Indígena significa buscar
meio ambiente, a saúde e a gastronomia acarretam compreender valores e lutas dessas etnias e refle-
mudanças de atitudes e estão em discussão nos três tir com sensibilidade as formas de desqualificação
documentos normativos e orientadores acerca das criadas pelas classes dominantes ao longo do tempo.
políticas e ações de Educação Alimentar e Nutricional: Buscando compreender as relações étnico-sociais,
o Marco de Referência de Educação Alimentar para as rumo à reparação histórica, a Lei N.0 11.645, de 2008,
Políticas Públicas (BRASIL, 2012), o Guia Alimentar para inclui no currículo oficial da rede de ensino do país
a População Brasileira (BRASIL, 2014) e a Estratégia a obrigatoriedade da temática “História e Cultura
Intersetorial de Prevenção e Controle da Obesidade Afro-Brasileira e Indígena”. Ressaltamos, ainda, a
(2014). importância da Resolução CNE/CP N.0 1/2004, que
institui as diretrizes curriculares nacionais que devem
Ao abordar o Processo de Envelhecimento, Respeito e ser observadas, sobre este tema, pelas instituições
Valorização do Idoso desenhamos uma educação que que atuam em todos os níveis e modalidades da
cultiva cidadãos participativos e críticos à sociedade do educação no país.
tempo presente, na medida em que o envelhecimento
vem se cristalizando como problema social e político No documento curricular do Espírito Santo, visando
no país e no Espírito Santo. Foram desenvolvidos meios à formação cidadã de forma global e abrangente, a
legais para garantir a dignidade humana, com vistas abordagem do tema Saúde pretende que se desen-

ENSINO RELIGIOSO 33
volvam atitudes necessárias a uma vida saudável, nos dade em relação à cultura hegemônica.
diversos modelos de família e em outros ambientes e
grupos sociais, como a escola. Em consonância com Na mesma concepção, apresentamos o tema Trabalho
a diversidade de formações familiares presente na e Relações de Poder, norteador de reflexões críticas
atualidade, a Vida Familiar e Social é tema integra- que ressaltem as relações de poder e de dominação no
dor que busca compreender a realidade social, os processo de socialização e hierarquização no mundo
direitos e responsabilidades relacionados com a vida do trabalho. No espaço da casa, na produção agrícola,
pessoal e coletiva e com a afirmação do princípio da na cidade, nas indústrias, no trabalho formal e informal,
participação política. no uso de tecnologias, no mercado e na sociedade
em geral, as relações humanas compreendem um
Quanto ao tema Educação para o Consumo, adiciona- conjunto de atitudes que estruturam relações de poder
mos a palavra ‘Consciente’, para marcar criticamente a e de desigualdade, e que precisam ser analisadas e
percepção de uma sociedade que alimenta o consumo enfrentadas de forma crítica.
de forma descontrolada e não pratica de maneira
efetiva programas que diminuam os desperdícios e O tema Ética e Cidadania é emergente e urgente de
os resíduos dessa prática sócio, emocional, alimentar, reflexão para uma sociedade cheia de contradições
físico e material na sociedade do século XXI. como a nossa. As atitudes dos indivíduos e as relações
estabelecidas, os direitos políticos, sociais e civis
O tema Educação Financeira e Fiscal consiste na pers- merecem e precisam ser atravessados por todas
pectiva de incentivar os estudantes a desenvolverem as áreas de conhecimento, uma vez que milhões de
a prática do consumo consciente, através de compor- brasileiros vivem em situação de pobreza extrema, a
tamentos financeiros autônomos e saudáveis, como taxa de desemprego aumenta no país, há um baixo
construir uma vida mais equilibrada e sustentável sob nível de alfabetização e a violência vivida na sociedade
o ponto de vista financeiro, afetando diretamente a aumenta gradativamente por conta dos radicalismos
vida do estudante e da comunidade local. Dessa forma, e desrespeito à diversidade.
as futuras gerações serão beneficiadas.
A adição do tema Gênero, Sexualidade, Poder e So-
Em Trabalho, Ciência e Tecnologia os sujeitos são ciedade decorre de o fato da sociedade brasileira
considerados como protagonistas em processos carregar uma marca autoritária: já foi uma socieda-
que garantam o bem-estar social e coletivo, a partir de escravocrata, além de ter uma larga tradição de
de novos caminhos e políticas que oportunizem aos relações políticas paternalistas e clientelistas, com
estudantes o direito de discutir, pensar e criar no longos períodos de governos não democráticos. Até
mundo do trabalho. hoje é uma sociedade marcada por relações sociais
hierarquizadas e por privilégios que reproduzem um
Para que a tolerância e o respeito as diversidades altíssimo nível de desigualdade, injustiça e exclusão
sejam promovidos, se faz necessária a presença do social.
tema Diversidade Cultural, Religiosa e Étnica. Arnaldo
Antunes (1996) afirma musicalmente que “aqui so- Os estudos de gênero surgem entre as décadas de
mos mestiços, mulatos, cafuzos, pardos, mamelucos, 1970 e 1980 como uma forma de interpretar os sabe-
sararás-crioulos, guaranisseis e judárabes. rientu- res que são construídos socialmente com base nas
pis, orientupisameriquítalos, lusos, nipos, caboclos, diferenças percebidas entre os sexos (SCOTT, 1995).
orientupisiberibárbaros, indo- ciganagôs, somos o A categoria de análise gênero aponta que, conforme
que somos - inclassificáveis”. O Espírito Santo com- os interesses presentes em cada sociedade e época,
preende uma mistura étnica, cultural e religiosa que se produzem delimitações sobre os comportamentos
é materializada nos versos do músico. Infelizmente, desejáveis ou não, implicando nas possibilidades de
casos de intolerâncias causam exclusão e mortes. acesso à educação e ao trabalho, nas maneiras de
A superação dessas desigualdades acontece pelo se vivenciar os afetos e a sexualidade. Essas diferen-
conhecimento e reconhecimento do outro. Valores ciações são ainda significativas para compreender o
como a tolerância, a ética, a honestidade, o respeito, fato de uma pessoa ser alvo e tolerar uma violência
o exercício crítico da cidadania e compreensão das porque o gênero assim o determina. É o caso de mu-
diferenças requerem autonomia intelectual e critici- lheres que são vitimadas e mortas por seus parceiros

34 ENSINO RELIGIOSO
ao decidirem, por exemplo, romper com a relação, educativos oriundos dessa proposta devem buscar
pois há um entendimento de que o casamento e o a construção coletiva do conhecimento, por meio do
cuidado com a casa e com os filhos são espaços de diálogo, de visibilidade, de combate ao preconceito,
realização, por excelência, femininos, e de que os intolerâncias e da ocupação desses espaços, além
homens têm poderes sobre as mulheres, podendo de disseminar noções importantes e abrangentes
recorrer à violência nos casos em que sintam seu de Patrimônio.
papel de provedor e chefe da família ameaçado ou
que identifiquem um desvio da norma por parte das Por fim, mas sem esgotar outras possibilidades de te-
mulheres. Nesse sentido, o gênero é fundamental para mas integradores nas práticas cotidianas das escolas,
compreendermos a cultura patriarcal que caracteriza apresentamos o último tema elencado pelo Currículo
a sociedade capixaba e que estabelece uma hierarquia do Espírito Santo. Em uma época marcada pela plura-
entre os gêneros, fazendo com o que o Espírito Santo lidade de ideias religiosas e multiculturais, o Diálogo
figure entre os estados que mais matam mulheres no Intercultural e Inter-Religioso, baseado no respeito,
país, conforme demonstra o último Mapa da Violência, no crescimento mútuo e nas relações baseadas em
publicado por Julio Waiselfisz (2015). igualdade entre diferentes culturas, etnias e religiões,
torna-se fundamental no combate aos preconceitos
Correspondem aos Povos e Comunidades Tradicionais e às intolerâncias em vista de uma ética mundial. Não
os grupos culturalmente diferenciados, que possuem basta aceitar a diversidade, é necessário estabelecer
condições sociais, culturais e econômicas próprias, com ela o diálogo construtivo.
mantendo relações específicas com o território e
com o meio ambiente no qual estão inseridos. No
Espírito Santo, as singularidades encontradas me-
recem ser demarcadas no documento curricular de 7. A DINÂMICA EDUCATIVA
forma integralizada, buscando o respeito, o princípio
da sustentabilidade e a sobrevivência desses povos A dinâmica educativa é composta por um conjunto
e comunidades, no que diz respeito aos aspectos de elementos que, articulados de modo intencional,
físicos, culturais e econômicos, assegurando a per- oferecem as condições para que o currículo de fato
manência das próximas gerações. Em nosso estado aconteça dentro da escola, tanto o currículo prescrito,
evidenciamos a presença dos ciganos, quilombolas, construído como parte integrante de uma política
indígenas, pescadores artesanais, povos de terreiros pública que visa oferecer melhores condições de
e pomerano. O decreto N.0 6.040, de 2007, institui a aprendizagem e desenvolvimento, como aquele que
Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos nasce da vida que é produzida dentro das escolas
Povos e Comunidades Tradicionais e ampara o projeto cotidianamente. Dentre esses elementos encontram-
de lei N.0 367, de 2015, que estabelece as diretrizes e os se aqueles que compõem o fazer pedagógico, que se
objetivos para as políticas públicas de reconhecimento, revela no planejamento, na definição de metodologias,
valorização e respeito à diversidade socioambiental recursos, espaço e tempo escolares e na avaliação;
e cultural dos povos e comunidades tradicionais, assim como aqueles que se estabelecem nas rela-
fortalecendo o diálogo, a participação desses sujeitos ções construídas entre os participantes desse fazer,
nos processos de formação educativos. especialmente o professor e os alunos, e a família.

Uma gíria, afinar o cavaco, bater o tambor, contar O ato de planejar implica atribuir sentido e intenciona-
um causo ou história de pescador, aquela velha lidade à prática educativa. Portanto, refere-se a tomar
construção, a receita de bolo de cenoura ou de uma decisões que sejam coerentes com as competências
boa moqueca, a feira, a rua, a cadeira, o quadro na que o currículo prescreve e as que os educadores
parede, celebrações e manifestações folclóricas, uma desejam desenvolver, com as habilidades e objetivos
paisagem, a velha canção de amor, de rap ou de ninar, educativos, com as características e as necessidades
o museu queimado. Tudo isso faz parte do patrimônio dos estudantes das diferentes etapas e modalidades,
cultural brasileiro e do Espírito Santo. Demarcamos para nortear as ações que serão propiciadas a elas:
como tema fundamental a Educação Patrimonial, para experiências variadas, ricas, interessantes e pro-
colaborar no reconhecimento, valorização e preser- gressivamente mais complexas, que lhes permitam
vação por parte da sociedade atual. Os processos investigar, explorar, levantar hipóteses, relacionar-se

ENSINO RELIGIOSO 35
e desenvolver sua capacidade cognitiva, intuitiva, para o desenvolvimento das habilidades previstas.
crítica e criativa, para dessa maneira construir novos A integração entre componentes curriculares pode
conhecimentos. acontecer no tempo de aula, mas também em outras
atividades escolares como feiras de ciências, jogos
É importante considerar que, embora as diretrizes escolares, olimpíadas do conhecimento, festivida-
pedagógico-curriculares da instituição sejam a base des, entre outros, podendo extrapolar, inclusive, a
para o planejamento das atividades cotidianas do pro- organização seriada comum a maioria das escolas,
fessor, é pela influência das ações planejadas por ele propondo a alunos de diferentes anos e idades pos-
que os conteúdos são ressignificados e transformados sam se relacionar e produzir conhecimento juntos.
em conhecimentos. Esses saberes são, intencional-
mente, adequados em função das necessidades, das A transformação dos tempos e dos espaços escolares
demandas de aprendizagem, para o desenvolvimento produz uma relação de pertencimento dos estudantes
das competências cognitivas, habilidades comunica- com a instituição, criando oportunidades para que eles
tivas, sociais e emocionais da criança. se apropriem dos espaços institucionais e possam
encontrar e deixar neles suas marcas identitárias. As
Além disso, a ressignificação do currículo possibilita atividades de aprendizagem podem acontecer em sua
ao professor conferir flexibilidade ao mesmo, para grande parte em salas de aula, mas devem explorar
que atenda, com um ensino de qualidade, a todas outros espaços, muitas vezes esquecidos na escola.
as crianças, tanto os com altas habilidades, quanto É preciso reconhecer o potencial de uso pedagógico
os que apresentam limitações e dificuldades. Para de todos os espaços escolares. A biblioteca, o pátio,
contemplar às necessidades coletivas e individuais de a quadra, o refeitório, os corredores e os laboratórios
aprendizagem poderão ser feitos ajustes curriculares podem e devem ser usados, de modo intencional, para
e planos individuais de ensino. promover uma dinamicidade diferente, lúdica, explo-
ratória, que permita outros movimentos dos corpos,
Portanto, o currículo escolar é importante para ga- para promover aprendizagem. Do mesmo modo, é
rantir articulação das experiências e os saberes das possível promover mais e melhores aprendizagens
crianças, com os conhecimentos que fazem parte fora da escola, em museus, praças, centros culturais,
do patrimônio cultural, artístico, ambiental, científico cinema, concertos, espaços políticos, bibliotecas,
e tecnológico, num tempo e num espaço, mediados observatórios, reservas ambientais, festas locais,
pelo professor. É papel da instituição refletir sobre as monumentos históricos, órgãos públicos, empresas,
dimensões temporais e espaciais, no planejamento entre outros, estimulando o acesso ao conhecimento
das atividades didáticas, observando os eixos impor- científico, cultural, ambiental, político, do trabalho e
tantes para o desenvolvimento de ações e práticas social.
pedagógicas, que auxiliem tanto aos professores nos
processos de ensino quanto às crianças nos processos Para contemplar a singularidade de cada estudante
de aprendizagem. na construção do seu percurso formativo é necessário
que os educadores detenham um amplo conhecimento
O tempo da aprendizagem não é o tempo de “passar das múltiplas formas pelas quais as crianças e jovens
o conteúdo”. Ele diz respeito às vivências necessá- aprendem e se desenvolvem e, consequentemente,
rias para que os estudantes consigam estabelecer de uma pluralidade de estratégias e intervenções
pontes, ter dúvidas, expor seus pontos de vista, fazer que podem ser colocadas em prática a partir de suas
e refazer, relacionar-se com o outro aprendiz, aces- necessidades, interesses e dos objetivos de apren-
sar o conhecimento por meio de diferentes vias. dizagem e desenvolvimento definidos no currículo.
Na educação infantil os campos de experiência já
trazem em si os pontos de contato entre diferentes Destacam-se, especialmente, metodologias que permi-
áreas de conhecimento, de maneira integrada. No tam a integração ou aproximação dos conhecimentos
ensino fundamental, há um exercício no organizador de diferentes áreas e componentes, favorecendo seus
curricular de apontar essas interseções, estimulando pontos de contato de modo significativo e promovendo
os professores a estabelecerem o diálogo entre os experiências de aprendizagem que tenham como
diferentes componentes curriculares ao trabalhar os propósito o desenvolvimento integral dos estudantes.
objetos de conhecimento e as atividades necessárias Nesse sentido, torna-se importante explorar diferen-

36 ENSINO RELIGIOSO
tes tipos de dinâmica de trabalho, sejam em grupos, avaliação da aprendizagem, como um processo que
duplas, individualmente, ou mesmo coletivos, com integra o planejamento, as estratégias, os tempos e
abordagens que oportunizem o envolvimento dos espaços, e os recursos. Como poderá ser visto em
estudantes, promovam o diálogo e a convivência, o tópico específico dessa temática, devido a sua impor-
trabalho colaborativo, a qualidade da relação profes- tância, ela deve perpassar todo o percurso formativo
sor-aluno, a construção do conhecimento provocada do aluno, com ações diagnósticas e reguladoras, que
pela problematização, o uso de projetos para colocar permitirão o alcance de melhores resultados pelos
em ação os saberes, entre outras formas de trabalho estudantes, se consideradas como balizadoras das
pedagógico que contribuam para favorecer mais e decisões docentes e de análise da sua própria prática.
melhores aprendizagens.
Por fim, na dinâmica educativa, destaca-se, ainda, o
Adiciona-se às metodologias, o papel fundamental papel da família na escolarização básica, especial-
exercido pelos recursos. Mais que apoio, devem ser vis- mente na educação infantil e ensino fundamental
tos como um dos elementos que realizam a mediação regulares e nas diferentes modalidades. A formação
dos estudantes com o conhecimento. Dessa forma, as plena da criança e dos adolescentes, de acordo com
propostas de trabalho pedagógico devem considerar os princípios legais, requer esforços integrados, com-
recursos variados, como jogos, materiais concretos, promissos e compartilhamento de responsabilidades
materiais de experimentação, de manipulação, além entre famílias, instituições de educação e a sociedade,
dos recursos tecnológicos que podem ser usados para a fim de assegurar que seus direitos sejam respei-
enriquecer o trabalho do professor, nas explicações tados. Assim, família e escola devem comungar dos
que se fazem necessárias, como também para pos- mesmos objetivos e propostas de formação integral,
sibilitar que os estudantes explorem o conhecimento que consistem no desenvolvimento cognitivo, físico,
de diferentes formas, seja no acesso à informação, cultural, social, emocional e político, constituindo sua
na pesquisa, na produção de conhecimento, no seu identidade e autonomia.
compartilhamento e, até mesmo, no estabelecimento
de contato remoto com outras escolas, estudantes, Por outro lado, ao estabelecer relações com as fa-
profissionais, etc. mílias é necessário levar em conta que estas têm
histórias, culturas próprias, que trazem as marcas
No processo de efetivação das estratégias e uso das relações e experiências dos seus antepassados,
dos recursos planejados, a relação professor-aluno o que as tornam diversas e singulares. Por isso, as
também precisa ser cuidada. O professor, que exerce escolas precisam estar preparadas para lidar com
um importante papel como mediador e facilitador da as diferentes composições familiares, considerando
aprendizagem, precisa conhecer os alunos, seus modos legítima a participação, não apenas da família natural,
de aprender, seus talentos e dificuldades, exercitando mas da substituta, da de guarda e tutela, de todas as
um olhar atento para acolher o aluno, de modo que que exercem funções insubstituíveis de proteção, de
o sentimento de pertencimento faça parte de todos assistência e cuidados, de educação e promoção de
que da escola participam. Ao reconhecer e valorizar a valores. Todas devem ter garantidos e respeitados seus
diversidade de cada sujeito, que é singular, é possível direitos de participação nos processos de educação
direcionar o processo de ensino-aprendizagem ao e de cuidado das crianças e adolescentes.
desenvolvimento das capacidades e aprendizagens
esperadas, estabelecendo uma relação mais hori- O diálogo entre as famílias e os profissionais da
zontal, onde o diálogo e a participação, princípios de escola, sobre os processos de educação, valores e
atitudes democráticas, façam parte das interações expectativas, e o acompanhamento das vivências
que acontecem na escola. Portanto, trata-se de orga- cotidianas das crianças e adolescentes, pelos pais
nizar o trabalho pedagógico e de construir relações ou responsáveis, auxiliam no desenvolvimento, na
positivas, em que a autoridade não se confunda com inserção e integração destes aos ambientes escolares,
autoritarismo, permitindo que relações dialógicas e influenciam na constituição da sua autoestima e
sejam construídas entre o professor mediador e o no seu desenvolvimento. Portanto, família e escola
estudante protagonista. devem estar juntas nesse grande compromisso de
apoiar e estimular os estudantes nas suas vivências,
Ainda no fazer educativo, destacamos o papel da na descoberta de suas potencialidades, dos seus

ENSINO RELIGIOSO 37
gostos, das suas dificuldades, como parceiras nos que auxilie os professores na compreensão dos resul-
processos de cuidar e educar. tados para a tomada de decisões e, especialmente,
para a valorização dos saberes inerentes àquele
contexto e identificação das condições em que se
dão os processos educativos, tanto na Educação
8. CONCEPÇÃO DE AVALIAÇÃO Básica regular como nas demais modalidades, com
as especificidades que lhes são próprias.
O Currículo do Espírito Santo baseia-se na compre-
ensão de que a avaliação é um ato essencialmente A avaliação é uma das tarefas didáticas permanente
pedagógico. Mediante seus resultados, os estu- no trabalho do professor, ela deve acompanhar todos
dantes tomam consciência de sua progressão na os passos do processo de ensino e aprendizagem.
aprendizagem e necessidades, e, ao mesmo tempo, Através dela se compara os resultados obtidos no
os professores os utilizam como subsídio para a decorrer do trabalho do professor, juntamente com
tomada de decisões, a avaliação da sua própria seus alunos, conforme os objetivos propostos, a fim
prática e a busca de outras formas de planejamen- de verificar os processos, as dificuldades, e orientar
to, conteúdos, estratégias e formas de abordar os o trabalho para as correções necessárias. Nesse
contextos, visando oferecer novas possibilidades sentido, entende-se a avaliação como um processo
de aprendizagem. contínuo e assume funções importantes: diagnóstica,
de intervenção ao longo do processo e somativa. A
[...] avaliação da aprendizagem escolar avaliação diagnóstica visa identificar o ponto de
adquire seu sentido na medida em que partida de cada estudante no processo educativo,
se articula com um projeto pedagógico e identificando seus conhecimentos prévios, bem como
com seu consequente projeto de ensino. seus ritmos, vivências, crenças, contextos e aptidões,
A avaliação, tanto no geral quanto no caso para que auxilie o professor no planejamento de
específico da aprendizagem, não possui estratégias mais adequadas aos seus discentes. A
uma finalidade em si; ela subsidia um curso avaliação formativa tem por objetivo acompanhar a
de ação que visa construir um resultado aprendizagem dos estudantes ao longo do processo
previamente definido (LUCKESI, 1990, p.71). educativo, identificando se as aprendizagens estão
ocorrendo de acordo com o esperado, bem como
A organização curricular proposta neste documento, realizando ajustes nas atividades e abordagens esco-
sob a perspectiva do desenvolvimento de competên- lhidas no planejamento inicial. Ao final do processo,
cias e da educação integral, nos impulsiona a ampliar ocorre então a avaliação somativa, que verifica o que
o olhar sobre a avaliação, uma vez que a verificação os estudantes aprenderam, com o compromisso de
apenas do aspecto cognitivo, com um único instru- dar visibilidade à continuidade e não à terminalidade
mento ao final de um processo, não contribui para das aprendizagens e levando em consideração seu
identificar os avanços e necessidades de aprendizagem percurso ao longo dos anos escolares.
que envolvem os âmbitos do saber, do fazer, do ser e
do conviver, na diversidade que compõe o ambiente As funções da avaliação, apesar de diferentes, não
escolar e a singularidade que é própria de cada es- devem ser vistas de modo fragmentado. Elas fazem
tudante. Isso nos desafia a repensar as práticas de parte de todo o processo, se integram e se com-
avaliação no sentido de um olhar formativo ao longo plementam, com o objetivo maior de se colocar a
do processo, utilizando estratégias e instrumentos serviço da aprendizagem e do trabalho docente, e
diversificados que permitam identificar o ponto de reorientar o processo educativo. Nesse sentido, a
partida e onde se quer chegar, intervindo ao longo avaliação deve ter parâmetros claros para identificar
do processo. o desenvolvimento e a aprendizagem dos estudantes,
assim como para acompanhar o trabalho pedagógico.
É importante ainda que a avaliação leve em conta A partir dos resultados o professor poderá identificar
os contextos e as condições de aprendizagem que se o aluno aprendeu e, também, se o planejamento,
perpassam os diferentes espaços escolares, de modo as estratégias elaboradas, as metodologias escolhi-
que seus resultados não sejam vistos como uma das e a abordagem dos objetos de conhecimento
sentença, mas como ponto de reflexão e investigação foram eficientes, fazendo uma autoanálise das suas

38 ENSINO RELIGIOSO
escolhas ao verificar se, de fato, estão promovendo que compõem o processo educativo, bem como ser
a aprendizagem. adaptável às condições ou necessidades específicas
dos estudantes, especialmente aqueles que fazem
Na perspectiva do desenvolvimento de competências parte do atendimento nas diferentes modalidades
e da integralidade do estudante, é imprescindível da educação básica, uma vez que a avaliação deve
que avaliação inclua também uma combinação de também ser orientada pelos princípios da inclusão
problemas e contextos que permitam mobilizar o educacional e promoção da equidade.
conjunto de conhecimentos, habilidades e atitudes
que atendam às capacidades previstas (ZABALA & Dessa forma, ao repensar as práticas de avaliação
ARNAU, 2014) e as diferentes dimensões e saberes devemos levar em conta os contextos e as condições
dos sujeitos envolvidos. Outro aspecto importante de aprendizagem que perpassam os diferentes es-
da avaliação é que, por um lado, se identifique as paços escolares, as especificidades de cada etapa
dificuldades, reconhecendo o erro como um elemento e de cada modalidade atendida, de modo que seus
que faz parte do processo de aprendizagem, sendo resultados não sejam vistos como uma sentença, mas
possível aprender com ele; por outro lado, também como ponto de reflexão e investigação que auxilie os
se valorize os avanços e conquistas já alcançados professores na compreensão dos resultados para
pelos estudantes para que se sintam estimulados a tomada de decisões.
melhorar o seu desempenho e tenham abertura a
novos conhecimentos. Além de identificar se as aprendizagens previstas
foram alcançadas e subsidiar o trabalho docente, é
O processo de avaliação requer acompanhamento do necessário reconhecer a avaliação como um processo
que é planejado, das ações em sala de aula e da apren- contínuo que possibilita compreender de forma global
dizagem dos alunos, utilizando-se de instrumentos e o projeto educativo, pelos sujeitos que dele fazem
de estratégias diversificadas que permitam identificar parte, de modo que contribua para identificar as
o ponto de partida e onde se quer chegar ao longo circunstâncias e variáveis que influenciam os resul-
do processo de todas as etapas da educação básica. tados de aprendizagem, bem como apontar caminhos
Dessa forma, para que a avaliação da aprendizagem para a superação de seus entraves e a melhoria das
seja realizada de uma forma mais abrangente e inte- condições da realidade avaliada.
gradora, que considere os diferentes tipos de saberes
envolvidos no processo de ensino e aprendizagem, O resultado geral de avaliação da aprendizagem na
os instrumentos devem ser variados, construídos no escola, discutido em momentos coletivos, envolve
âmbito da comunidade escolar, contextualizados ao o professor e os demais profissionais da escola,
modo como foi promovida a aprendizagem e coerentes especialmente a gestão escolar. Ele pode ser usado
com que se espera, para possibilitar a identificação como termômetro pela equipe para identificar o
de necessidades e potencialidades e o alcance dos alcance das metas da proposta político-pedagógica
resultados esperados, tendo em vista a diversidade da escola e para provocar reflexão sobre os caminhos
e condições que compõem o contexto educativo. percorridos por todos, de modo que contribua para
avançar na compreensão dos desafios cotidianos e na
Na Educação Infantil evidenciam-se a observação busca de soluções pedagógicas conjuntas e de modo
crítica e criativa das atividades, brincadeiras e in- colaborativo. O mesmo diz respeito ao resultado das
terações, assim como o uso de registros variados, avaliações institucionais, que ocorrem periodicamente
realizados por adultos e crianças (relatórios, foto- para evidenciar as percepções de toda comunidade
grafias, desenhos, etc.), sem o objetivo de seleção, escolar sobre sua atuação em diferentes dimensões
promoção ou classificação, conforme orientam as e permitir um diagnóstico coletivo das condições
Diretrizes Curriculares da Educação Infantil (BRASIL, colocadas em cada contexto, visando aprimorar as
2010). Na etapa do Ensino Fundamental, destacam-se suas práticas educativas.
o uso de trabalhos, provas, questionários, seminários,
pesquisas, roteiros de aprendizagem, fichas de ob- Outra perspectiva a ser considerada diz respeito
servação, autoavaliação, relatórios, portfolio, projetos, às avaliações externas, que evidenciam aspectos
entre outros registros, em momentos individuais ou dos sistemas de ensino estadual e municipal, cujos
coletivos, visando evidenciar a diversidade de saberes resultados podem ser usados como indicadores

ENSINO RELIGIOSO 39
para serem refletidos junto com os resultados das fundamentais na busca incessante pela cultura/
avaliações ocorridas no âmbito escolar, visando o for- manutenção da paz?
talecimento da aprendizagem nas unidades escolares.
As necessidades internas e externas, apontadas pelas Como descrever nas pautas das melodias os direitos
diferentes avaliações, devem ser usadas, em conjunto, e deveres da família, do Estado, da sociedade que
como referência para a definição de metas que visem garantem o pleno desenvolvimento do sujeito, do
a melhoria da qualidade educacional da escola. cidadão?

Dessa forma, a avaliação da aprendizagem, da escola Como garantir que o arranjo das “notas musicais”
e do sistema educativo são vistos como partes que de um currículo estruture e fortaleça os aspectos
compõem um todo, dando clareza a todos aqueles físicos, psicológicos, intelectuais e sociais do sujeito
que fazem parte das ações e decisões sobre o que que aqui são vistos como foco e fruto da educação
acontece com o aluno, o professor, a escola e a gestão integral?
das redes municipal e estadual, visando promover o
acompanhamento sistemático e as melhorias con- Que melodia é essa chamada autonomia que traduz
tínuas identificadas em seus resultados para que o sujeito responsável por ações e decisões, que
se aprimore e avance a qualidade educacional em seja capaz de participar diretamente nas decisões
nosso país. coletivas, definindo valores e critérios a partir de um
autoconhecimento construído por meio de vivências,
oportunidades e restrições que possibilitem estruturar
ou implementar o seu projeto de vida?
9. SOBRE A MELODIA QUE ESTÁ EM NÓS
Então...
Se fosse ensinar a uma criança a beleza
da música não começaria com partituras, Quando tudo isso for considerado e a equidade for
notas e pautas. Ouviríamos juntos as melo- promovida a partir do respeito à singularidade;
dias mais gostosas e lhe contaria sobre os
instrumentos que fazem a música. Quando o protagonismo for vivido em sua essência,
Rubem Alves no contexto contemporâneo, aplicado, contextualizado
e integrado;
E como, então, orquestrar o conhecimento, sua ela-
boração, recriação, por meio de um documento Quando os objetos de conhecimento forem guiados
curricular? pelo seu significado social contextualizados nos
cotidianos, dialogando com os tempos e os espaços
Como traduzir em competências e habilidades todos de cada vida humana em suas múltiplas relações,
os sonhos e ideais das crianças, dos adolescentes, de superando os espaços físicos curriculares, estaremos
todos os sujeitos que vivem num tempo de múltiplas então, promovendo a igualdade de oportunidades e
linguagens, de reflexões sobre a sensibilidade, um a inclusão em que o ponto de chegada possa ser
tempo de ser conexo com o mundo real? vivido de forma singular;

Como orquestrar a aprendizagem a partir de vivências Quando o processo pedagógico, em suas mais varia-
e processos cognitivos em que o cérebro, o corpo, o das dimensões, for construído, avaliado, reorientado,
ambiente e as emoções estejam integrados? considerando contextos, necessidades e objetivos
de aprendizagem e desenvolvimento, respeitando
Como as partituras, aqui compreendidas como discipli- as perspectivas de futuro dos sujeitos;
nas, serão constituídas da melodia de uma educação
integral em que o sujeito vive a tomada de decisão a Quando forem rompidas as barreiras e os espaços
partir dos diferentes pontos de vista de seus pares? forem inclusivos;

Como “ouvir”, por meio do currículo, as notas mais Quando a diversidade for uma oportunidade de de-
diversas dos direitos humanos e das liberdades senvolvimento em todas as suas dimensões;

40 ENSINO RELIGIOSO
Quando o acesso e a permanência forem universal- BRASIL. Câmara Interministerial de Segurança Alimen-
mente qualificadas; tar e Nutricional. Estratégia Intersetorial de Prevenção
e Controle da Obesidade: recomendações para estados
Quando o estudante for considerado em sua inte- e municípios -- Brasília, DF: CAISAN, 2014.
gralidade, singularidade e diversidade - sua vida, seu
mundo, sua escola, seu conhecimento; BRASIL. Lei n.0 13.005, de 25 de junho de 2014. Plano
Nacional de Educação (PNE). Diário Oficial da União
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, 2014.
Quando suas expectativas de aprendizagem tiverem
sido orientadas por meio de instrumentos que o BRASIL. Ministério da Saúde. Guia alimentar para a
conduzam ao desenvolvimento integral, por meio população brasileira. 2. ed. Brasília, DF: MS, Secreta-
de troca, da construção coletiva, da criatividade, da ria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção
participação, do diálogo, com intervenções pedagó- Básica, 2014.
gicas considerando inclusive os saberes das famílias
e das comunidades; BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação
Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral.
...construiremos juntos, enfim, a melodia que será Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação
conhecida, cantada e vivida por todos de forma inte- Básica. Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. 542p.
gral, pois cada partitura, nota e pauta estará em nós.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Lei N.0
12.852, de 05 de agosto de 2013. Institui o Estatuto da
Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os
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ENSINO RELIGIOSO 41
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42 ENSINO RELIGIOSO
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outras providências. Publicada no Diário Oficial do Henrique Lucas Lima; Revisão técnica Maria da Graça
Espírito Santo em 15/06/2015. Souza Horn. Porto Alegre: Penso, 2014.

ENSINO RELIGIOSO 43
Aluno: Wagner da Silva Santos I Série: 2.a série – EEEFM Marlene Brandão
Tema: Processo de Envelhecimento, Respeito e Valorização do Idoso I Modalidade: Desenho

44 ENSINO RELIGIOSO
Aluno: Wendel Ferreira de Souza I Série: 3.a – EEFM Monsenhor Guilherme SC I Modalidade: Desenho
Tema: Educação das Relações Étnico-Raciais e Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena

3.a série
ENSINO RELIGIOSO 45
O ENSINO FUNDAMENTAL

O Ensino Fundamental compreende uma das etapas infantil naturalmente fundamenta-se na ludicidade,
da Educação Básica, sendo caracterizado por um nas brincadeiras, nos jogos, nas músicas e nas ex-
período de nove anos, que no seu decorrer atende periências. Também decorre da transição abrupta a
crianças e adolescentes, a partir dos seis anos de compreensão por parte da criança/estudante que
idade, estudantes em constantes transformações a escola se torne apenas um lugar de fazer dever,
físicas, cognitivas e emocionais. copiar, ficar sentado e perca a ideia de um ambiente
atrativo, instigador e agradável, considerando suas
Nesse contexto, esta etapa, como as demais, requer vivências escolares anteriores.
problematizarmos e pensarmos o currículo à luz do
público atendido, de suas histórias, necessidades, seus Tais reflexões nos levam a entender que um exercício
tempos humanos, sem perder de vista os direitos de de aproximação entre os profissionais que atuam nas
aprendizagem a eles garantidos de acordo com a BNCC. duas etapas em questão faz-se necessário, a fim de
Arroyo, em suas contribuições reforça a complexidade estabelecer um equilíbrio nesse percurso escolar. O
e necessidade de elaborarmos currículos para mesmo cuidado e atenção requer a transição dos
estudantes dos anos iniciais para os anos finais do
(...) organizar a escola, os tempos e os co- Ensino Fundamental, uma vez que há uma grande
nhecimentos, o que ensinar e aprender mudança na organização da dinâmica das aulas.
respeitando a especificidade de cada tempo
de formação não é uma opção a mais na Na etapa inicial, na maioria das escolas de nosso
diversidade de formas de organização esco- Estado, os componentes curriculares da Base Comum
lar e curricular, é uma exigência do direito são ministrados por um professor, e, na etapa final
que os educandos têm a ser respeitados passam a ser ministrados por vários profissionais,
em seus tempos mentais, culturais, éticos cada um com seu modo de interagir, ensinar e avaliar.
e humanos. (ARROYO, 2007, p. 45-46).
Assim, compreender esse momento de transição, exige
Pensar o Ensino Fundamental, especialmente os anos do professor um olhar sensível para o estudante que
iniciais, requer compreender a infância como também precisa de auxílio e incentivo diante do desafio que
os processos educativos vivenciados na Educação esta nova etapa configura para ele. Vale ressaltar que
Infantil, considerando que as crianças/estudantes são os maiores índices de reprovação se concentram no
marcadas pelas experiências e vivências desta etapa, 6.0 ano do Ensino Fundamental, de acordo com os
a organização dos tempos e espaços, as metodologias dados do Censo Escolar, pois
e as práticas que precisam ser garantidas no período
de transição da Educação Infantil para o Ensino Fun- (...) tendo em vista essa maior especializa-
damental, e no decorrer do processo de alfabetização. ção, é importante, nos vários componen-
tes curriculares, retomar e ressignificar
A aproximação da Educação Infantil com o Ensino as aprendizagens do Ensino Fundamental
Fundamental torna-se essencial para que na transi- – Anos Iniciais (sic) no contexto das diferen-
ção de uma etapa para outra o estudante não seja tes áreas, visando ao aprofundamento e à
surpreendido por uma ruptura drástica no que diz ampliação de repertórios dos estudantes.
respeito ao acolhimento, às metodologias, às rotinas Nesse sentido, também é importante for-
entre outros aspectos que constituem o cotidiano talecer a autonomia desses adolescentes,
escolar tão específico de cada etapa. oferecendo-lhes condições e ferramentas
para acessar e interagir criticamente com
As rupturas dessa natureza tendem a dificultar o diferentes conhecimentos e fontes de in-
processo de ensino-aprendizagem que na educação formação (BRASIL, 2017, p. 58).

46 ENSINO RELIGIOSO
Além da questão organizacional das aulas, também
é neste período que os estudantes desta etapa pas-
sam por inúmeras mudanças hormonais e físicas, e,
por vezes, vivem momentos de conflitos, angústias
e incertezas, característicos do tempo humano em
que se encontram, da infância para a adolescência.
Impossível ignorar tal período, pois ao compreendê-lo
torna-se possível entender determinadas atitudes des-
ses sujeitos e conduzir melhor as inúmeras situações
conflitantes cotidianas dos anos finais, considerando
que interferem diretamente no processo de ensino
-aprendizagem desses estudantes.

Nesse contexto de transformação e formação con-


tínuo, o Currículo do Espírito Santo à luz da BNCC, foi
organizado por componentes curriculares e tiveram
suas habilidades ressignificadas quando necessário,
considerando o contexto educacional, social, histórico
e cultural do Espírito Santo.

Cada componente curricular deste documento é


iniciado com um texto introdutório que tem o objetivo
de contextualizar a proposta de cada área do conhe-
cimento, de forma a dar sentido e/ou significado às
proposições apresentadas, garantindo a progressão
dos conhecimentos desde a alfabetização até os anos
finais desta etapa.

ENSINO RELIGIOSO 47
ESTRUTURA CURRICULAR
ENSINO FUNDAMENTAL
ETAPA: ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS
ÁREA: ENSINO RELIGIOSO
COMPONENTE: ENSINO RELIGIOSO

INTRODUÇÃO

CARACTERIZAÇÃO DO COMPONENTE CURRICULAR


DE ENSINO RELIGIOSO

Ao longo da história da educação brasileira, o Ensino mental, com matrícula facultativa, compreendemos
Religioso assumiu diferentes perspectivas teóri- o Ensino Religioso é compreendido como área de
co-metodológicas, geralmente de viés confessional conhecimento a fim de promover o entendimento,
ou interconfessional. A partir da década de 1980, interpretação e ressignificação da religiosidade e do
as transformações socioculturais que provocaram fenômeno religioso em suas diferentes manifestações
mudanças paradigmáticas no campo educacional históricas, linguagens e paisagens religiosas presentes
também impactaram no Ensino Religioso. Em função nas culturas e nas sociedades, suprassumindo o viés
dos promulgados ideais de democracia, inclusão social da confessionalidade.
e educação integral, vários setores da sociedade civil
passaram a reivindicar a abordagem do conhecimento Considerando os marcos normativos, e, em confor-
religioso e o reconhecimento da diversidade religiosa midade com as competências gerais estabelecidas
no âmbito dos currículos escolares. no âmbito da BNCC, o Ensino Religioso deve atender
aos seguintes objetivos:
A Constituição Federal de 1988 (artigo 210) e a LDB n.0
9.394/1996 (artigo 33, alterado pela Lei n.0 9.475/1997) a) Proporcionar a aprendizagem dos conhecimentos
estabeleceram os princípios e os fundamentos que religiosos, culturais e estéticos, a partir das mani-
devem alicerçar epistemologias e pedagogias do festações religiosas percebidas na realidade dos
Ensino Religioso, cuja função educacional, enquanto educandos;
parte integrante da formação básica do cidadão, é
assegurar o respeito à diversidade cultural religiosa, b) Propiciar conhecimentos sobre o direito à liberdade
sem proselitismos. Mais tarde, a Resolução CNE/CEB de consciência e de crença, no constante propósito
n.0 04/2010 e a Resolução CNE/CEB n.0 07/2010 reco- de promoção dos direitos humanos;
nheceram o Ensino Religioso como uma das cinco
áreas de conhecimento do Ensino Fundamental de c) Desenvolver competências e habilidades que con-
09 (nove) anos. tribuam para o diálogo entre perspectivas religio-
sas e seculares de vida, exercitando o respeito à
Estabelecido como componente curricular de oferta liberdade de concepções e o pluralismo de ideias,
obrigatória nas escolas públicas de Ensino Funda- de acordo com a Constituição Federal;

48 ENSINO RELIGIOSO
d) Contribuir para que os educandos construam tificação, análise, apropriação e ressignificação de
seus sentidos pessoais de vida a partir de valores, saberes, visando o desenvolvimento de competências
princípios éticos e da cidadania. específicas. Dessa maneira, busca problematizar
representações sociais preconceituosas sobre o
O conhecimento religioso, objeto da área de Ensino outro, com o intuito de combater a intolerância, a
Religioso, é produzido no âmbito das diferentes áreas discriminação e a exclusão.
do conhecimento científico das Ciências Humanas
e Sociais, notadamente da(s) Ciência(s) da(s) Reli- Por isso, a interculturalidade e a ética da alteridade
gião(ões). Essas Ciências investigam a manifestação constituem fundamentos teóricos e pedagógicos do
da religiosidade e dos fenômenos religiosos em dife- Ensino Religioso, porque favorecem o reconhecimento
rentes culturas e sociedades enquanto um dos bens e respeito às histórias, memórias, crenças, convicções
simbólicos resultantes da busca humana por respostas e valores de diferentes culturas, tradições religiosas
aos enigmas do mundo, da vida e da morte. De modo e filosofias de vida.
singular, complexo e diverso, esses fenômenos ali-
cerçaram distintos sentidos e significados de vida e O Ensino Religioso busca construir, por meio do estudo
diversas ideias de divindade(s), em torno dos quais dos conhecimentos religiosos e das filosofias de vida,
se organizaram cosmovisões, linguagens, saberes, atitudes de reconhecimento e respeito às alteridades.
crenças, mitologias, narrativas, textos, símbolos, ritos, Trata-se de um espaço de aprendizagens, experiências
doutrinas, tradições, movimentos, práticas e princípios pedagógicas, intercâmbios e diálogos permanentes,
éticos e morais. Os fenômenos religiosos em suas que visam o acolhimento das identidades culturais,
múltiplas manifestações são parte integrante do religiosas ou não, na perspectiva da interculturalidade,
substrato cultural da humanidade. direitos humanos e cultura da paz. Tais finalidades se
articulam aos elementos da formação integral dos
Cabe ao Ensino Religioso tratar os conhecimentos estudantes, na medida em que fomentam a aprendi-
religiosos a partir de pressupostos éticos e científicos, zagem da convivência democrática e cidadã, princípio
sem privilégio de nenhuma crença ou convicção. Isso básico à vida em sociedade.
implica abordar esses conhecimentos com base nas
diversas culturas e tradições religiosas, sem descon- Considerando esses pressupostos, e em articulação
siderar a existência de filosofias seculares de vida. com as competências gerais da Educação Básica,
a área de Ensino Religioso e, por consequência, o
No Ensino Fundamental, o Ensino Religioso adota a componente curricular de Ensino Religioso, devem
pesquisa e o diálogo como princípios mediadores e garantir aos alunos o desenvolvimento de compe-
articuladores dos processos de observação, iden- tências específicas.

COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS DO COMPONENTE


CURRICULAR DE ENSINO RELIGIOSO

CE1 – Conhecer os aspectos estruturantes das di- CE4 – Conviver com a diversidade de crenças, pen-
ferentes tradições/movimentos religiosos e samentos, convicções, modos de ser e viver.
filosofias de vida, a partir de pressupostos
científicos, filosóficos, estéticos e éticos. CE5 – Analisar as relações entre as tradições reli-
giosas e os campos da cultura, da política, da
CE2 – Compreender, valorizar e respeitar as mani- economia, da saúde, da ciência, da tecnologia
festações religiosas e filosofias de vida, suas e do meio ambiente.
experiências e saberes, em diferentes tempos,
espaços e territórios. CE6 – Debater, problematizar e posicionar-se frente
aos discursos e práticas de intolerância, discri-
CE3 – Reconhecer e cuidar de si, do outro, da coleti- minação e violência de cunho religioso, de modo
vidade e da natureza, enquanto expressão de a assegurar os direitos humanos no constante
valor da vida. exercício da cidadania e da cultura de paz.

ENSINO RELIGIOSO 49
TEMAS INTEGRADORES

TI01 – Direito da Criança e do Adolescente. TI10 – Educação para o Consumo Consciente.


TI02 – Educação para o Trânsito. TI11 – Educação Financeira e Fiscal.
TI03 – Educação Ambiental. TI12 – Trabalho, Ciência e Tecnologia.
TI04 – Educação Alimentar e Nutricional. TI13 – Diversidade Cultural, Religiosa e Étnica.
TI05 – Processo de Envelhecimento, Respeito e Va- TI14 – Trabalho e Relações de Poder.
lorização do Idoso.
TI15 – Ética e Cidadania.
TI06 – Educação em Direitos Humanos.
TI16 – Gênero, Sexualidade, Poder e Sociedade.
TI07 – Educação das Relações Étnico-Raciais e Ensino
de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana TI17 – Povos e Comunidades Tradicionais.
e Indígena. TI18 – Educação Patrimonial.
TI08 – Saúde. TI19 – Diálogo intercultural e inter-religioso.
TI09 – Vida Familiar e Social.

50 ENSINO RELIGIOSO
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
1.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Identidades e O eu, o outro e o nós (EF01ER01/ES) Identificar e acolher as semelhanças (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as (TI06) Educação em Direitos
alteridades e diferenças entre o eu, o outro e o nós, em vista de manifestações religiosas e filosofias de vida, suas Humanos.
uma educação no e para o respeito às alteridades. experiências e saberes, em diferentes tempos,
(Contemplando as (TI09) Vida Familiar e Social.
espaços e territórios.
quatro matrizes: (EF01ER02) Reconhecer que o seu nome e o das
(TI13) Diversidade Cultural,
Indígena, demais pessoas os identificam e os diferenciam. (CE3) Reconhecer e cuidar de si, do outro, da
religiosa e étnica.
Ocidental, coletividade e da natureza, enquanto expressão
Há, aqui, oportunidade de trabalho interdisciplinar
Africana e de valor da vida. (TI19) Diálogo intercultural e
com as habilidades (EF01HI01) e (EF01HI02) de
Oriental). inter-religioso.
História com a intencionalidade de identificar a (CE4) Conviver com a diversidade de crenças,
relação entre as suas histórias e as histórias de pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
sua família e de sua comunidade e com Artes
(EF15AR07), com o propósito de dialogar sobre a
sua criação e a dos colegas, para alcançar sentidos
plurais.

Imanência e transcendência (EF01ER03/ES) Reconhecer e respeitar as CE1) Conhecer os aspectos estruturantes das (TI13) Diversidade Cultural,
características físicas (dimensão concreta) e diferentes tradições/movimentos religiosos religiosa e étnica.
subjetivas (dimensão subjetiva) de cada um. e filosofias de vida, a partir de pressupostos
(TI06) Educação em Direitos
científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
(EF01ER04) Valorizar a diversidade de formas de Humanos.
vida. (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
(TI19) Diálogo intercultural e
manifestações religiosas e filosofias de vida, suas
inter-religioso.
experiências e saberes, em diferentes tempos,
espaços e territórios.

ENSINO RELIGIOSO
51
52
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
1.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Manifestações Sentimentos, lembranças, (EF01ER05/ES) Identificar e acolher sentimentos, (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes das (TI06) Educação em Direitos
religiosas memórias e saberes lembranças, memórias e saberes de cada um, diferentes tradições/movimentos religiosos Humanos.
promovendo uma partilha sobre lugares sagrados, e filosofias de vida, a partir de pressupostos
(Contemplando as (TI13) Diversidade Cultural,
símbolos religiosos, organizações religiosas e festas científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
quatro matrizes: religiosa e étnica.
religiosas a partir da sua realidade.
Indígena, (CE4) Conviver com a diversidade de crenças,
(TI19) Diálogo intercultural e
Ocidental, (EF01ER06) Identificar as diferentes formas pelas pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
inter-religioso.
Africana e quais as pessoas manifestam sentimentos, ideias,
Oriental). memórias, gostos e crenças em diferentes espaços.

ENSINO RELIGIOSO
o conhecimento das diferentes experiências
religiosas circunscritas ao cotidiano dos estudantes.
Interdisciplinaridade com História, especificamente
com a habilidade.
(EF01HI01) identificar aspectos do seu crescimento
por meio do registro das lembranças particulares ou
de lembranças dos membros de sua família e/ou de
sua comunidade.
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
2.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Identidades e O eu, a família e o ambiente (EF02ER01/ES) Reconhecer os diferentes espaços de (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI06) Educação em Direitos
alteridades de convivência convivência (família, comunidade escolar e cidade), das diferentes tradições/movimentos Humanos.
identificando semelhanças e diferenças entre esses religiosos e filosofias de vida, a partir de
(Contemplando as (TI09) Vida Familiar e Social.
lugares. pressupostos científicos, filosóficos, estéticos
quatro matrizes:
e éticos. (TI13) Diversidade Cultural,
Indígena, (EF02ER02/ES) Identificar costumes, crenças e formas
religiosa e étnica.
Ocidental, diversas de viver em variados ambientes de convivência. (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
Africana e Identificar a escolha religiosa a partir das influências manifestações religiosas e filosofias de vida, (TI13) Ética e cidadania.
Oriental). da sociedade e da família e a pluralidade religiosa no suas experiências e saberes, em diferentes
espaço escolar. tempos, espaços e territórios. (TI19) Diálogo intercultural e
inter-religioso.
Indicamos a possibilidade de trabalho interdisciplinar (CE4) Conviver com a diversidade de crenças,
com as habilidades (EF02GE02) de Geografia com pensamentos, convicções, modos de ser e
o propósito de comparar costumes e tradições viver.
de diferentes populações inseridas no bairro ou
comunidade em que vive, reconhecendo a importância
do respeito às diferenças.

Memórias e símbolos (EF02ER03) Identificar as diferentes formas de registro (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as (TI09) Vida Familiar e Social
das memórias pessoais, familiares e escolares (fotos, manifestações religiosas e filosofias de vida,
(TI13) Diversidade Cultural,
músicas, narrativas, álbuns). suas experiências e saberes, em diferentes
religiosa e étnica.
tempos, espaços e territórios.
(EF02ER04/ES) Identificar os símbolos presentes nos
(TI13) Ética e cidadania.
variados espaços de convivência (família, comunidade
escolar, cidade e estado). (TI19) Diálogo intercultural e
(CE3) Reconhecer e cuidar de si, do outro,
inter-religioso.
Indicamos a possibilidade de trabalho interdisciplinar da coletividade e da natureza, enquanto
com as habilidades (EF02HI09) de História com o a expressão de valor da vida.
intencionalidade de identificar objetos e documentos
pessoais que remetem à própria experiência no âmbito

ENSINO RELIGIOSO
da família e/ou comunidade, discutindo as razões pelas
quais alguns objetos são preservados e outros são
descartados.

53
54
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
2.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Símbolos religiosos (EF02ER05/ES) Identificar, distinguir e respeitar (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI06) Educação em Direitos
símbolos religiosos de distintas manifestações, tradições das diferentes tradições/movimentos Humanos
e instituições religiosas (família, comunidade escolar, religiosos e filosofias de vida, a partir de
(TI13) Diversidade Cultural,
cidade, estado e Brasil) favorecendo a interpretação de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos
religiosa e étnica.
símbolos sagrados das tradições religiosas, analisando e éticos.
os elementos que as constituem, para compreender a (TI13) Ética e cidadania.
(CE4) Conviver com a diversidade de crenças,
singularidade das tradições.
pensamentos, convicções, modos de ser e (TI19) Diálogo intercultural e
viver. inter-religioso.

ENSINO RELIGIOSO
(CE6) Debater, problematizar e posicionar-
se frente aos discursos e práticas de
intolerância, discriminação e violência de
cunho religioso, de modo a assegurar os
direitos humanos no constante exercício da
cidadania e da cultura de paz.

Manifestações Alimentos sagrados (EF02ER06) Exemplificar alimentos considerados (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as (TI03) Educação Ambiental.
religiosas sagrados por diferentes culturas, tradições e expressões manifestações religiosas e filosofias de vida,
(TI04) Educação Alimentar e
religiosas (família, comunidade escolar, cidade, estado, suas experiências e saberes, em diferentes
(Contemplando as Nutricional.
Brasil e mundo). tempos, espaços e territórios.
quatro matrizes:
(TI08) Saúde.
Indígena, (EF02ER07) Identificar significados atribuídos a (CE5) Analisar as relações entre as tradições
Ocidental, alimentos em diferentes manifestações e tradições religiosas e os campos da cultura, da política, (TI10) Educação para o
Africana e religiosas. da economia, da saúde, da ciência, da consumo.
Oriental). tecnologia e do meio ambiente.
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
3.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Identidades e Espaços e territórios (EF03ER01) Identificar e respeitar os diferentes espaços (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI06) Educação em Direitos
alteridades religiosos e territórios religiosos de diferentes tradições e das diferentes tradições/movimentos Humanos.
movimentos religiosos. religiosos e filosofias de vida, a partir
(Contemplando as (TI13) Diversidade Cultural,
de pressupostos científicos, filosóficos,
quatro matrizes: (EF03ER02) Caracterizar os espaços e territórios religiosa e étnica.
estéticos e éticos.
Indígena, religiosos como locais de realização das práticas
(TI19) Diálogo intercultural e
Ocidental, celebrativas. (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
inter-religioso.
Africana e manifestações religiosas e filosofias de vida,
Possibilidade de interdisciplinaridade com as habilidades
Oriental). suas experiências e saberes, em diferentes
(EF01GE01) de Geografia com o propósito de descrever
tempos, espaços e territórios.
características observadas de seus lugares de vivência
(espaços religiosos) e identificar semelhanças e (CE4) Conviver com a diversidade de crenças,
diferenças entre esses lugares. pensamentos, convicções, modos de ser e
viver.
(CE6) Debater, problematizar e posicionar-
se frente aos discursos e práticas de
intolerância, discriminação e violência de
cunho religioso, de modo a assegurar os
direitos humanos no constante exercício da
cidadania e da cultura de paz.

ENSINO RELIGIOSO
55
56
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
3.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Manifestações Práticas celebrativas (EF03ER03/ES) Identificar e respeitar práticas (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI06) Educação em Direitos
religiosas celebrativas (cerimônias, orações, festividades, das diferentes tradições/movimentos Humanos.
peregrinações, entre outras, na família, comunidade religiosos e filosofias de vida, a partir
(Contemplando as (TI13) Diversidade Cultural,
escolar, cidade, estado e Brasil) de diferentes tradições de pressupostos científicos, filosóficos,
quatro matrizes: religiosa e étnica.
religiosas. estéticos e éticos.
Indígena,
(TI19) Diálogo intercultural e
Ocidental, (EF03ER04) Caracterizar as práticas celebrativas (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
inter-religioso.
Africana e como parte integrante do conjunto das manifestações manifestações religiosas e filosofias de vida,
Oriental). religiosas de diferentes culturas e sociedades. suas experiências e saberes, em diferentes

ENSINO RELIGIOSO
tempos, espaços e territórios.
(CE6) Debater, problematizar e posicionar-
se frente aos discursos e práticas de
intolerância, discriminação e violência de
cunho religioso, de modo a assegurar os
direitos humanos no constante exercício da
cidadania e da cultura de paz.

Indumentárias religiosas (EF03ER05) Reconhecer as indumentárias (roupas, (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as (TI13) Diversidade Cultural,
acessórios, símbolos, pinturas corporais) utilizadas em manifestações religiosas e filosofias de vida, religiosa e étnica.
diferentes manifestações e tradições religiosas. suas experiências e saberes, em diferentes
tempos, espaços e territórios.
(EF03ER06) Caracterizar as indumentárias como
elementos integrantes das identidades religiosas. (CE4) Conviver com a diversidade de crenças,
pensamentos, convicções, modos de ser e
viver.
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
4.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
OBJETO DO ENVOLVIMENTO
CAMPO TEMÁTICO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS
CONHECIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Manifestações Ritos religiosos (EF04ER01) Identificar ritos presentes no cotidiano (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes (TI13) Diversidade Cultural,
religiosas pessoal, familiar, escolar e comunitário. tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a religiosa e étnica.
partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e
(Contemplando as (EF04ER02) Identificar ritos e suas funções em diferentes
éticos.
quatro matrizes: manifestações e tradições religiosas.
Indígena, (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as manifestações
(EF04ER03) Caracterizar ritos de iniciação e de passagem
Ocidental, religiosas e filosofias de vida, suas experiências e saberes,
em diversos grupos religiosos (nascimento, casamento e
Africana e em diferentes tempos, espaços e territórios.
morte).
Oriental).
(CE4) Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos,
(EF04ER04) Identificar as diversas formas de expressão
convicções, modos de ser e viver.
da espiritualidade (orações, cultos, gestos, cantos, dança,
meditação) nas diferentes tradições religiosas.

Representações (EF04ER05) Identificar representações religiosas em (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes (TI13) Diversidade Cultural,
religiosas na arte diferentes expressões artísticas (pinturas, arquitetura, tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a religiosa e étnica.
esculturas, ícones, símbolos, imagens), reconhecendo- partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e
(TI19) Diálogo intercultural
as como parte da identidade de diferentes culturas e éticos.
e inter-religioso.
tradições religiosas.
Possibilidade de interdisciplinaridade com as habilidades
(EF15AR01) de Arte com o objetivo de identificar e
apreciar formas distintas das artes visuais tradicionais e
contemporâneas, cultivando a percepção, o imaginário, a
capacidade de simbolizar e o repertório imaginário.

Crenças Ideia(s) de (EF04ER06) Identificar nomes, significados e (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes das diferentes (TI13) Diversidade Cultural,
religiosas e divindade(s) representações de divindades nos contextos familiar e tradições/movimentos religiosos e filosofias de vida, a religiosa e étnica.
filosofias de vida comunitário. partir de pressupostos científicos, filosóficos, estéticos e
(TI19) Diálogo intercultural
éticos.
(Contemplando as (EF04ER07) Reconhecer e respeitar as ideias de e inter-religioso.

ENSINO RELIGIOSO
quatro matrizes: divindades de diferentes manifestações e tradições (CE4) Conviver com a diversidade de crenças, pensamentos,
Indígena, religiosas. convicções, modos de ser e viver.
Ocidental,
(CE6) Debater, problematizar e posicionar-se frente aos
Africana e
discursos e práticas de intolerância, discriminação e
Oriental).
violência de cunho religioso, de modo a assegurar os
direitos humanos no constante exercício da cidadania e da
cultura de paz.

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SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
5.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Crenças Narrativas religiosas (EF05ER01) Identificar e respeitar acontecimentos (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI06) Educação em Direitos
religiosas e sagrados de diferentes culturas e tradições religiosas das diferentes tradições/movimentos Humanos.
filosofias de vida como recurso para preservar a memória. religiosos e filosofias de vida, a partir
(TI13) Diversidade Cultural,
de pressupostos científicos, filosóficos,
(Contemplando as Enfatizar as narrativas religiosas indigenistas e africanas religiosa e étnica.
estéticos e éticos.
quatro matrizes: na sociedade brasileira.
(TI19) Diálogo intercultural e
Indígena, (CE6) Debater, problematizar e posicionar-
Interdisciplinaridade com a habilidade (EF05HI03) de inter-religioso.
Ocidental, se frente aos discursos e práticas de
História – analisar o papel das culturas e das religiões na
Africana e intolerância, discriminação e violência de

ENSINO RELIGIOSO
composição identitária dos povos antigos.
Oriental). cunho religioso, de modo a assegurar os
direitos humanos no constante exercício da
cidadania e da cultura de paz.

Mitos nas tradições (EF05ER02) Identificar mitos de criação em diferentes (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI13) Diversidade Cultural,
religiosas culturas e tradições religiosas. das diferentes tradições/movimentos religiosa e étnica.
religiosos e filosofias de vida, a partir
(EF05ER03) Reconhecer funções e mensagens religiosas
de pressupostos científicos, filosóficos,
contidas nos mitos de criação (concepções de mundo,
estéticos e éticos.
natureza, ser humano, divindades, vida e morte).
(CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
Enfatizar as narrativas religiosas indigenistas e africanas
manifestações religiosas e filosofias de vida,
na sociedade brasileira.
suas experiências e saberes, em diferentes
tempos, espaços e territórios.

Ancestralidade e tradição (EF05ER04) Reconhecer a importância da tradição oral (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI07) Educação das Relações
oral para preservar memórias e acontecimentos religiosos. das diferentes tradições/movimentos Étnico-Raciais e Ensino
religiosos e filosofias de vida, a partir de História e Cultura Afro-
(EF05ER05) Identificar elementos da tradição oral nas
de pressupostos científicos, filosóficos, Brasileira, Africana e Indígena.
culturas e religiosidades indígenas, afro-brasileiras,
estéticos e éticos.
ciganas, entre outras. (TI13) Diversidade Cultural,
(CE2). Compreender, valorizar e respeitar as religiosa e étnica.
(EF05ER06) Identificar o papel dos sábios e anciãos na
manifestações religiosas e filosofias de vida,
comunicação e preservação da tradição oral. (TI19) Diálogo intercultural e
suas experiências e saberes, em diferentes
inter-religioso.
(EF05ER07) Reconhecer, em textos orais, ensinamentos tempos, espaços e territórios.
relacionados a modos de ser e viver.
(CE4) Conviver com a diversidade de
crenças, pensamentos, convicções, modos
de ser e viver.
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
6.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Crenças religiosas Tradição escrita: registro (EF06ER01) Reconhecer o papel da tradição escrita (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI13) Diversidade Cultural,
e filosofias de dos ensinamentos sagrados na preservação de memórias, acontecimentos e das diferentes tradições/movimentos religiosa e étnica.
vida ensinamentos religiosos. religiosos e filosofias de vida, a partir
(TI19) Diálogo intercultural e
de pressupostos científicos, filosóficos,
(Contemplando as (EF06ER02) Reconhecer e valorizar a diversidade inter-religioso.
estéticos e éticos.
quatro matrizes: de textos religiosos escritos (textos do Budismo,
Indígena, Cristianismo, Espiritismo, Hinduísmo, Islamismo, Judaísmo, (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
Ocidental, entre outros). manifestações religiosas e filosofias de vida,
Africana e suas experiências e saberes, em diferentes
Oriental). tempos, espaços e territórios.

Ensinamentos da tradição (EF06ER03) Reconhecer, em textos escritos, (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI13) Diversidade Cultural,
escrita ensinamentos relacionados a modos de ser e viver das diferentes tradições/movimentos religiosa e étnica.
evidenciando os códigos morais das religiões estudadas. religiosos e filosofias de vida, a partir
(TI19) Diálogo intercultural e
de pressupostos científicos, filosóficos,
(EF06ER04) Reconhecer que os textos escritos são inter-religioso.
estéticos e éticos.
utilizados pelas tradições religiosas de maneiras diversas.
(CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
(EF06ER05) Discutir como o estudo e a interpretação dos
manifestações religiosas e filosofias de vida,
textos religiosos influenciam os adeptos a vivenciarem
suas experiências e saberes, em diferentes
os ensinamentos das tradições religiosas, por exemplo,
tempos, espaços e territórios.
noções de “Certo e errado” / “Bem e mal”.
(CE5) Analisar as relações entre as tradições
Interdisciplinaridade com História na habilidade
religiosas e os campos da cultura, da
(EF06HI02) – identificar a gênese da produção do
política, da economia, da saúde, da ciência,
saber histórico e analisar o significado das fontes
da tecnologia e do meio ambiente.
que originaram determinadas formas de registro em
sociedades e épocas distintas.

Símbolos, ritos e mitos (EF06ER06) Reconhecer a importância dos mitos, ritos, (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI13) Diversidade Cultural,

ENSINO RELIGIOSO
religiosos símbolos e textos na estruturação das diferentes das diferentes tradições/movimentos religiosa e étnica.
crenças, tradições e movimentos religiosos. religiosos e filosofias de vida, a partir
(TI19) Diálogo intercultural e
de pressupostos científicos, filosóficos,
(EF06ER07) Exemplificar a relação entre mito, rito e inter-religioso.
estéticos e éticos.
símbolo nas práticas celebrativas de diferentes tradições
religiosas. (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
manifestações religiosas e filosofias de vida,
Diferenciar mito, história e ciência no universo religioso.
suas experiências e saberes, em diferentes
tempos, espaços e territórios.

59
60
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
7.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Manifestações Místicas e espiritualidades (EF07ER01) Reconhecer e respeitar as práticas (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes das (TI08) Saúde.
religiosas de comunicação com as divindades em diferentes tradições/movimentos religiosos
(TI06): Educação em Direitos
distintas manifestações e tradições religiosas. e filosofias de vida, a partir de pressupostos
(Contemplando as Humanos.
científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
quatro matrizes: (EF07ER02) Identificar práticas de
(TI13) Diversidade Cultural,
Indígena, Ocidental, espiritualidade utilizadas pelas pessoas em (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as
religiosa e étnica.
Africana e Oriental). determinadas situações (acidentes, doenças, manifestações religiosas e filosofias de vida, suas
fenômenos climáticos, anseios pessoais e experiências e saberes, em diferentes tempos, (TI19) Diálogo intercultural e
familiares e morte). espaços e territórios. inter-religioso.

ENSINO RELIGIOSO
Diferenciar religião, religiosidade, mística e (CE5) Analisar as relações entre as tradições
espiritualidade. religiosas e os campos da cultura, da política, da
economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e do
meio ambiente.

Lideranças religiosas (EF07ER03) Reconhecer os papéis atribuídos às (CE4) Conviver com a diversidade de crenças, (TI06) Educação em Direitos
lideranças de diferentes tradições religiosas. pensamentos, convicções, modos de ser e viver. Humanos.
(EF07ER04) Exemplificar líderes religiosos (CE6) Debater, problematizar e posicionar-se (TI13) Diversidade Cultural,
que se destacaram por suas contribuições à frente aos discursos e práticas de intolerância, religiosa e étnica.
sociedade na busca pela cultura da paz. discriminação e violência de cunho religioso,
(TI19) Diálogo intercultural e
de modo a assegurar os direitos humanos no
(EF07ER05) Discutir estratégias que promovam inter-religioso.
constante exercício da cidadania e da cultura de
a convivência ética e respeitosa entre as
paz.
religiões.
Identificar programas, projetos e ações na
cidade, no Brasil e no mundo que promovam o
diálogo inter-religioso.
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
7.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETO DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Crenças religiosas Princípios éticos e valores (EF07ER06) Identificar princípios éticos em (CE2) Compreender, valorizar e respeitar as (TI06) Educação em Direitos
e filosofias de vida religiosos diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, manifestações religiosas e filosofias de vida, Humanos.
discutindo como podem influenciar condutas suas experiências e saberes, em diferentes
(Contemplando as (TI13) Diversidade Cultural,
pessoais e práticas sociais. tempos, espaços e territórios.
quatro matrizes: religiosa e étnica.
Indígena, Ocidental, (CE3) Reconhecer e cuidar de si, do outro,
(TI15) Ética e cidadania.
Africana e Oriental). da coletividade e da natureza, enquanto
expressão de valor da vida. (TI16) Gênero, sexualidade,
poder e sociedade.
(CE6) Debater, problematizar e posicionar-
se frente aos discursos e práticas de (TI19) Diálogo intercultural e
intolerância, discriminação e violência de inter-religioso.
cunho religioso, de modo a assegurar os
direitos humanos no constante exercício da
cidadania e da cultura de paz.

Lideranças e direitos humanos (EF07ER07) Identificar e discutir o papel das (CE4) Conviver com a diversidade de crenças, (TI06) Educação em Direitos
lideranças religiosas e seculares na defesa e pensamentos, convicções, modos de ser e Humanos.
promoção dos direitos humanos. viver.
(TI13) Diversidade Cultural,
(EF07ER08) Reconhecer o direito à liberdade de (CE5) Analisar as relações entre as tradições religiosa e étnica.
consciência, crença ou convicção, questionando religiosas e os campos da cultura, da política,
(TI16) Gênero, sexualidade,
concepções e práticas sociais que a violam. da economia, da saúde, da ciência, da
poder e sociedade.
tecnologia e do meio ambiente.
Incluir o estudo de perspectivas não-religiosas,
(TI19) Diálogo intercultural e
como o materialismo, agnosticismo, ateísmo, (CE6) Debater, problematizar e posicionar-
inter-religioso.
ceticismo, entre outras, tendo em vista a educação se frente aos discursos e práticas de
para o diálogo e convívio entre pessoas religiosas, intolerância, discriminação e violência de
agnósticas e sem religião. cunho religioso, de modo a assegurar os
direitos humanos no constante exercício da

ENSINO RELIGIOSO
cidadania e da cultura de paz.

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62
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
8.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Crenças religiosas Crenças, convicções e (EF08ER01) Discutir como as crenças e convicções podem (CE2) Compreender, valorizar e respeitar (TI06) Educação em Direitos
e filosofias de atitudes influenciar escolhas e atitudes pessoais e coletivas. as manifestações religiosas e filosofias Humanos.
vida de vida, suas experiências e saberes, em
(EF08ER02) Analisar filosofias de vida, manifestações e (TI13) Diversidade Cultural,
diferentes tempos, espaços e territórios.
(Contemplando as tradições religiosas destacando seus princípios éticos. religiosa e étnica.
quatro matrizes: (CE4) Conviver com a diversidade de
Incluir o estudo de perspectivas não-religiosas, como (TI15) Ética e cidadania.
Indígena, crenças, pensamentos, convicções, modos
o materialismo, agnosticismo, ateísmo, ceticismo, entre
Ocidental, de ser e viver. (TI19) Diálogo intercultural e
outras, tendo em vista a educação para o diálogo e
Africana e inter-religioso.

ENSINO RELIGIOSO
convívio entre pessoas religiosas, agnósticas e sem
Oriental).
religião.

Doutrinas religiosas (EF08ER03) Analisar doutrinas das diferentes tradições (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI13) Diversidade Cultural,
religiosas e suas concepções de mundo, vida e morte. das diferentes tradições/movimentos religiosa e étnica.
religiosos e filosofias de vida, a partir
(TI15) Ética e cidadania.
de pressupostos científicos, filosóficos,
estéticos e éticos.

Crenças, filosofias de vida e (EF08ER04) Discutir como filosofias de vida, tradições (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes (TI06) Educação em Direitos
esfera pública e instituições religiosas podem influenciar diferentes das diferentes tradições/movimentos Humanos.
campos da esfera pública (política, saúde, educação, religiosos e filosofias de vida, a partir
(TI08) Saúde.
economia). de pressupostos científicos, filosóficos,
estéticos e éticos. (TI13) Diversidade Cultural,
(EF08ER05) Debater sobre as possibilidades e os limites
religiosa e étnica.
da interferência das tradições religiosas na esfera pública, (CE6) Debater, problematizar e posicionar-
considerando que o Brasil é um país laico. se frente aos discursos e práticas de (TI15) Ética e cidadania.
intolerância, discriminação e violência de
(EF08ER06) Analisar práticas, projetos e políticas públicas
cunho religioso, de modo a assegurar os
que contribuem para a promoção da liberdade de
direitos humanos no constante exercício
pensamento, crenças e convicções.
da cidadania e da cultura de paz.
Consideramos pertinente o estudo sobre fé e política,
sobretudo com o crescimento de políticos vinculados à
instituições religiosas. 
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
8.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
CAMPO TEMÁTICO OBJETOS DO CONHECIMENTO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS ENVOLVIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Tradições religiosas, mídias (EF08ER07) Analisar as formas de uso das mídias e (CE2) Compreender, valorizar e respeitar (TI12) Trabalho, Ciência e
e tecnologias. tecnologias pelas diferentes denominações religiosas. as manifestações religiosas e filosofias Tecnologia.
de vida, suas experiências e saberes, em
(TI15) Ética e cidadania.
diferentes tempos, espaços e territórios.
(CE5) Analisar as relações entre as
tradições religiosas e os campos da
cultura, da política, da economia, da
saúde, da ciência, da tecnologia e do meio
ambiente.

ENSINO RELIGIOSO
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64
SISTEMATIZAÇÃO DAS APRENDIZAGENS ESSENCIAIS
9.0 ANO
POSSIBILIDADES DE
OBJETOS DO ENVOLVIMENTO
CAMPO TEMÁTICO HABILIDADES COMPETÊNCIAS ESPECÍFICAS
CONHECIMENTO
TEMAS INTEGRADORES
Crenças religiosas Imanência e (EF09ER01) Analisar princípios e orientações para o (CE4) Conviver com a diversidade de crenças, (TI03) Educação Ambiental.
e filosofias de transcendência cuidado da vida e nas diversas tradições religiosas, pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
(TI06) Educação em Direitos
vida filosofias de vida e na ciência.
(CE5) Analisar as relações entre as tradições Humanos.
(Contemplando as (EF09ER02) Discutir as diferentes expressões de religiosas e os campos da cultura, da política, da
(TI12) Trabalho, Ciência e
quatro matrizes: valorização e de desrespeito à vida, por meio da análise economia, da saúde, da ciência, da tecnologia e
Tecnologia.
Indígena, de matérias nas diferentes mídias (problematizar do meio ambiente.
Ocidental, assuntos contemporâneos como aborto, células tronco, (TI15) Ética e cidadania.
(CE6) Debater, problematizar e posicionar-se
Africana e eutanásia etc.).

ENSINO RELIGIOSO
frente aos discursos e práticas de intolerância,
Oriental).
discriminação e violência de cunho religioso,
de modo a assegurar os direitos humanos no
constante exercício da cidadania e da cultura
de paz.

Vida e morte (EF09ER03) Identificar sentidos do viver e do morrer em (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes das (TI06) Educação em Direitos
diferentes tradições religiosas, através do estudo de diferentes tradições/movimentos religiosos Humanos.
mitos fundantes. e filosofias de vida, a partir de pressupostos
(TI08) Saúde.
científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
(EF09ER04) Identificar concepções de vida e morte em
(TI15) Ética e cidadania.
diferentes tradições religiosas e filosofias de vida, por (CE3) Reconhecer e cuidar de si, do outro, da
meio da análise de diferentes ritos fúnebres. coletividade e da natureza, enquanto expressão
de valor da vida.
(EF09ER05) Analisar as diferentes ideias de imortalidade
elaboradas pelas tradições religiosas (ancestralidade,
reencarnação, transmigração e ressurreição).

Princípios e valores (EF09ER06) Reconhecer a coexistência como uma (CE1) Conhecer os aspectos estruturantes das (TI06) Educação em Direitos
éticos atitude ética de respeito à vida e à dignidade humana. diferentes tradições/movimentos religiosos Humanos.
e filosofias de vida, a partir de pressupostos
(EF09ER07) Identificar princípios éticos (familiares, (TI09) Vida Familiar e Social.
científicos, filosóficos, estéticos e éticos.
religiosos e culturais) que possam alicerçar a construção
(TI13) Diversidade Cultural,
de projetos de vida e a influência da religião na (CE3) Reconhecer e cuidar de si, do outro, da
religiosa e étnica.
constituição dos valores sociais. coletividade e da natureza, enquanto expressão
de valor da vida. (TI15) Ética e cidadania.
(EF09ER08) Construir projetos de vida assentados em
princípios e valores éticos. (CE4) Conviver com a diversidade de crenças,
pensamentos, convicções, modos de ser e viver.
REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil (1988). Brasília, DF: Senado Federal, 1988. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>.

______. Conselho Nacional de Educação/Câmara de Educação Básica. Resolução n.0 4, de 13 de julho de 2010.
Define Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Diário Oficial da União, Brasília, 14 de
julho de 2010, Seção 1, p. 824. Disponível em: <http://portal.mec. gov.br/dmdocuments/rceb004_10.pdf>.

______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n.0 9394, de 20 de dezembro de 1996/1997.

______. Lei n.0 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário
Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
L9394.htm>.

______. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação; Câmara de Educação Básica. Resolução n.0 7,
de 14 de dezembro de 2010. Fixa Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental de 9 (nove) anos.
Diário Oficial da União, Brasília, 15 de dezembro de 2010, Seção 1, p. 34. Disponível em: <http://portal.mec.gov.
br/dmdocuments/rceb007_10. pdf>. Acessos em: 24 out. 2018.

______. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília: MEC, SEB, 2017. Disponível em: <http://
basenacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 25 out. 2018.

ENSINO RELIGIOSO 65
COORDENAÇÃO GERAL Cely Dutra Eler COORDENADORAS DE ETAPAS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Representante do Sindicato dos Trabalhadores em Angela do Nascimento Paranha de Oliveira
Tânia Amélia Guimarães de Assis
Educação Pública do Espírito Santo - Sindiupes Educação Infantil
Subsecretária de Educação Básica e Profissional
COMITÊ EXECUTIVO Roseli Gonoring Hehr
Andréa Guzzo Pereira
Haroldo Corrêa Rocha Ensino fundamental anos iniciais
Gerência de Ensino Médio
Secretário de Estado da Educação do Espírito Santo
Cláudia Simões Mariano
Rafaela Teixeira Possato de Barros
Subgerência de Ensino Médio Vilmar Lugão de Britto Ensino fundamental anos finais
Presidente da União Nacional dos Dirigentes
Magda Luíza Bertolini Tótola PROFESSORES REDATORES DO CURRÍCULO
Municipais de Educação/ES - Undime
Assessora de Apoio Curricular e Educação Ambiental Alaíde Schinaider Rigoni
Maria José Cerutti Novaes Educação Infantil
Sandra Renata Muniz Monteiro Presidente do Conselho Estadual de Educação
Lucimara Vitoria Machado Loureiro
Gerência de Educação, Juventude e Diversidade do Espírito Santo – CEE
Educação Infantil
Eduardo Malini Eduardo Malini Rogério Carvalho de Holanda
Coordenador do Pacto pela Aprendizagem no Coordenador do Pacto pela Aprendizagem no Língua Portuguesa
Espírito Santo – Paes Espírito Santo – Paes
Silvana de Oliveira Medeiros
Jandira Maria da Silva de Vasconcelos Andressa Buss Rocha Língua Portuguesa
Gerência de Educação Profissional Subsecretária de Planejamento e Avaliação
Veruska Pazito Ventura
Carmem Lúcia Prata da Sedu – Sepla
Língua Portuguesa
Assessoria de Tecnologia Educacional Tânia Amélia Guimarães de Assis
Sedu Digital Ester Marques Miranda
Subsecretária de Educação Básica e Profissional
Ciências
Elaine Cristina Rossi Pavani
Flávia Demuner Ribeiro Farley Correia Sardinha
Assessora Especial da Escola Viva
Coordenadora Estadual da BNCC pelo Consed-ES Ciências
ASSESSORA ESPECIAL
Lígia Cristina Bada Rubim Simone Aparecida Manoel Corrente
Marluza de Moura Balarini
Coordenadora Estadual da BNCC pela Undime-ES Ciências
MOVIMENTO PRO - BNCC
COORDENADORES ESTADUAIS DE CURRÍCULO Jean Carlos Gomes da Silva
ESTRUTURA DE GOVERNANÇA
Flávia Demuner Ribeiro Matemática
COMISSÃO ESTADUAL Coordenadora Estadual da BNCC pelo Consed-ES
Márcio Peters
Haroldo Corrêa Rocha
Lígia Cristina Bada Rubim Matemática
Secretário de Estado da Educação do Espírito Santo
Coordenadora Estadual da BNCC pela Undime-ES Wellington Rosa de Azevedo
Vilmar Lugão de Britto
ARTICULADORES DE REGIME DE COLABORAÇÃO Matemática
Presidente da União Nacional dos Dirigentes
Municipais de Educação/ES - Undime Elania Monteiro Sardinha Giselly Rezende Vieira
Undime-ES História
Maria José Cerutti Novaes
Presidente do Conselho Estadual de Educação Acácia Gleici do Amaral Teixeira Samuel Pinheiro da Silva Santos
do Espírito Santo - CEE Fórum Nacional dos Conselhos Estaduais de História
Educação (FNCEE-ES)
Rodrigo Coelho Queila Magalhães Mota
Presidente da Comissão de Educação da Karla Valeria Freitas da Silva Geografia
Assembleia Legislativa do Espírito Santo - Ales União Nacional dos Conselhos Municipais de Wanderley Lopes Sebastião
Educação (Uncme-ES) Geografia
Moacir Lellis
Presidente do Sindicato das Empresas Particulares ANALISTA DE GESTÃO Claudia Botelho
de Ensino do Espírito Santo - Sinepe/ES Alessandro Rodrigues Tomás Cedrini Arte

66 ENSINO RELIGIOSO
Pedro Paulo Nardotto Luciana Lombardi Bosi PARCERIA
Arte Luciano Bazoni Vaneli Fundação Lemann
Lucinélia Oliveira de Souza Instituto Ayrton Senna
Ludmila Covre da Costa
Luzimar Dias Machado
Educação Física PRESIDENTE ESTADUAL DA UNCME
Marcelly Vargas dos Santos Fraga
Júlio César Alves dos Santos
Thalles Kuster das Neves Marciela Jose
Educação Física Margareth Hemerly Martins PROFESSORES COLABORADORES
Danieli Spagnol Oliveira Correia Maria das Dores Gama Alessandro Castro
Inglês Maria das Graças de Oliveira Souza Aline Britto Rodrigues
Maria Lucia Machado Tessaro Beatriz Nogueira Dessaune de Oliveira
Joel de Jesus Júnior Marlúcia Peres Cássio Neto Liberato
Inglês Marúcia Carvalho M. Vieira Machado Cristiane Correa
Neiliene Oliveira Clara Domingos Rodrigues Souza Júnior
ARTICULADORES MUNICIPAIS Edicleia Costa da Silva
AlçaisaTterezinha Favaro Orliene de Andrade Godoi Gonzaga
Otília Martins de Magalhães Elaine Karla de Almeida
Alesandra Paganini do Nascimento Eliana de Deus Sobrinho
Alessandra da Fonseca Santos Ozirlei Teresa Marcilino
Raquel da Conceição André Venturin Fernanda Plácido Rocha
Ana Maria Pirovani Costa da Fonseca Fernanda Rodrigues Neves Reinholtz
Andresa lara Ramos Raquel Henrique Leal Faria
Regilane Daré dos Santos Flávia Arlete Lovatti
Angela Marícia Faria Moura Flavia Marcia Costa Silva Lacerda
Arlete Benevides da Cunha Andrade Regina Celia Wasem
Franciane Carvalho Camilo
Danilla Aparecida Madeira Barbosa Renata Luchi Pires
Gabriela Rodrigues
Danubia Perozini Seibel Renata Rocha Grola Lovatti
Gilberto de Paiva
Ediane Brasil Fonseca Cerqueira Rita Izoton Alves Gilceia Libera Sarnaglia Vassen
Eliane Farias Evangelista Sandra Maria Firmes Altoé Giovani Pröscholdt
Eliane Maria Ruela Valdete Leonídio Pereira Gleidson Broeto
Elisângela Lima Menezes da Silva Valéria Machado Duarte Grafanassi Ingrid Rubia Reis Zanetti
Elizabeth Gomes Carlos Vera Lúcia Thiago Pirovani Ione Maria da Silva Lippaus
Elizete Izabel Garcia Verônica Monteiro Iraci Salla Batista
Eloisa Maria Ferrari Santos Viviane de Souza Reis Jaber Boa Camillo
Estela Dalva Cardoso Natalino Josilene Werneck
PROFESSORES ANALISTAS DO CURRÍCULO
Evanieli Valiatti Candeia Kelly Araújo Ferreira Krauzer
Débora Aparecida Furieri Matos
Fabiana Ferreira Pinheiro Kiara Silvares S. Miotto
Felipe Santana Criste
Flávia Lúcia Montovanelli Kristine Loureno
Joel Almeida Neto Luciene Ramos Pereira Queiroz
Florisbela Pereira Lopes Fachetti Joicy Mariana Gonçalves de Alvarenga Maria Aparecida Silva Conceição
Francisca Feres de Souza Siqueira Jorge Luis Vargas dos Santos Mariana Calazans
Geliani Surlo Margon Luciana Silveira Marina Cadete da Penha Dias
Gilciane Gottoni Pinheiro Vagner Geraldo Alves Mirian Célia de Brito Soares
Hioneide Silva Brauna
COOPERADORES Mozart Pereira Carvalho
Ivonete de S. Lopes Felipe Nelson Batista da Silva
Izabel Cristina Clipes Stoflle Aldete Maria Xavier
Rodrigo Moreira de Almeida
Janaina Fortunato Alves Dias Ernani Carvalho do Nascimento
Roseli Stein Armini
Joelma Andreão de Cerqueira PARTICIPAÇÃO ESPECIAL Rosimere de Almeida
Jóice de Lima Azevedo Corsini João Gualberto Vasconcellos Selma Nathalie Pessotti
Katia Maria Silva Campos Doutor em Sociologia Sidineia Barroso
Kédima Boone Rodrigues Simone Pignaton Ribeiro
Leila Maria Rainha Lemos APOIO Soraya Ferreira Pompermayer
Leila Vasconcelos Danúbia Valadares de Jesus Galdino Thalyta Botelho Monteiro
Leomar Soares Flores Gabriela dos Santos Cunha Valdineia Ferreira de Athayde
Lidia Cristina Schuab Tânia Maria de Almeida Alves Veronica Francisca Monteiro

ENSINO RELIGIOSO 67
70 ENSINO RELIGIOSO

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