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CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA

PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010

MATERIAL DIDÁTICO

RELAÇÕES DE CONSUMO,
TRABALHISTAS E PROGRAMAS DE
ACESSO AO ENSINO

Impressão
e
Editoração

0800 283 8380


www.ucamprominas.com.br
2

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
UNIDADE 1 – O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) E OS
SERVIÇOS EDUCACIONAIS ..................................................................................... 6
1.1 EVOLUÇÃO DOS DIREITOS DO CONSUMIDOR E O CDC .............................................. 6
1.2 O MICROSSISTEMA DO CDC .................................................................................. 9
1.3 DIREITOS FUNDAMENTAIS DO CONSUMIDOR .......................................................... 10
1.4 OS CONTRATOS .................................................................................................. 12
1.5 CONSUMIDOR, FORNECEDOR, OS CONTRATOS DE SERVIÇOS EDUCACIONAIS E O CDC
............................................................................................................................... 16
UNIDADE 2 – OS DISPOSITIVOS LEGAIS E OS PROFISSIONAIS DA
EDUCAÇÃO.............................................................................................................. 22
2.1 O QUE DIZ A LDB ............................................................................................... 22
2.2 AS MUDANÇAS NA CLT ....................................................................................... 27
UNIDADE 3 – O FUNDO DE MANUTENÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA
EDUCAÇÃO BÁSICA E DE VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA
EDUCAÇÃO (FUNDEB) – LEI Nº 11.494/07 ............................................................ 33
UNIDADE 4 – FUNDO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL (FIES) ...................... 38
UNIDADE 5 – PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS (PROUNI) ................ 42
5.1 A BOLSA PERMANÊNCIA ...................................................................................... 44
UNIDADE 6 – PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO ENSINO TÉCNICO E
EMPREGO (PRONATEC)......................................................................................... 47
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 51
3

INTRODUÇÃO

Embora saibamos que a prestação de serviços educacionais seja regida


pelo Lei Consumerista, i.e., pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei nº
8.078/901, concordamos que há situações nas quais a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB nº 9.394/962), ou mesmo orientações emanadas pelo Conselho
Nacional de Educação, por meio do Parecer de nº 261/063, e as tantas
jurisprudências na seara do Direito Educacional se façam mais presentes e
coerentes do que as normas emanadas do CDC.
Pois bem, as relações educacionais e o direito serão nosso primeiro
conteúdo de estudo do módulo.
Quanto aos profissionais da educação, encontramos apoio no Decreto-Lei nº
5.452/434, Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e todas as alterações atuais
vindas da Lei nº 13.467/175 e na LDB, para tratarmos dessa questão tão importante,
afinal de contas, seja na educação pública ou privada, esses profissionais possuem
direitos e deveres, igualmente os “empregados”.
Fazendo um gancho com o tema acima, na sequência, daremos atenção ao
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de valorização dos
profissionais da educação (FUNDEB), um fundo especial, de natureza contábil e de
âmbito estadual (um fundo por Estado e Distrito Federal, num total de vinte e sete
fundos), formado, na quase totalidade, por recursos provenientes dos impostos e
transferências dos Estados, Distrito Federal e Municípios, vinculados à educação por
força do disposto no art. 212 da Constituição Federal. Além desses recursos, ainda
compõe o FUNDEB, a título de complementação, uma parcela de recursos federais,
sempre que, no âmbito de cada Estado, seu valor por aluno não alcançar o mínimo
definido nacionalmente. Independentemente da origem, todo o recurso gerado é
redistribuído para aplicação exclusiva na educação básica6.

1
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm
2
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm
3
Disponível em:
http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf_legislacao/superior/legisla_superior_parecer261.pdf
4
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm
5
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13467.htm
6
Disponível em: http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb
4

Nossos estudos passarão então para o Fundo de Financiamento ao


Estudante do Ensino Superior (FIES); para o Programa Universidade para Todos
(PROUNI) e, por fim, na Unidade 6, focaremos no Programa Nacional de Acesso ao
Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC).
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se
fazem necessárias:
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados.
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo
7
original , pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância.
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu
julgamento” (FERREIRA, 2005)8, ou conjunto de soluções dadas às questões de
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento.
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento
crítico.
5) Pedimos compreensão por usar a lógica ocidental tradicional que funciona
como uma divisão binária: masculino x feminino, macho x fêmea ou homem x

7
Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou
similares.
8
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. Editora
Positivo, 2005.
5

mulher, mas na medida do possível iremos nos adequando à identidade de gênero,


cientes de que no mundo atual as pessoas tem liberdade de se expressarem de
forma tão diversa e plural e que o respeito à singularidade e a tolerância de cada
indivíduo torna-se fator de extrema importância.
6) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos
científicos.
Por fim:
7) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl +
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local.
6

UNIDADE 1 – O CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR


(CDC) E OS SERVIÇOS EDUCACIONAIS

Os contratos de serviços educacionais seguem, via de regra, o Código de


Defesa do Consumidor (CDC), uma vez ser uma relação de consumo na qual o
estabelecimento de ensino figura como fornecedor de serviço e o aluno como
consumidor que utiliza o serviço ofertado como destinatário final, conforme consta
nos art. 2º e 3º da lei nº 8.078/90:
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda
que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada,
nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem
atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Eis mais um campo de intenso trabalho para o operador do Direito
Educacional, no entanto, antes de chegarmos aos contratos propriamente ditos,
vamos conhecer um pouco da história do CDC.

1.1 Evolução dos direitos do consumidor e o CDC


A Revolução Industrial também foi um marco para as relações de consumo.
Até então, a produção era limitada, haja vista que sua forma era artesanal e balizada
ao núcleo familiar ou a uma pequena quantidade de pessoas.
A revolução veio mudar esse modo de produção, aumentando, de forma
considerável, a capacidade produtiva do ser humano. Por meio de utilização de
maquinário, o fabricante, que antes dominava todos os meios de produção, desde o
início da confecção até sua venda, passa a não mais possuir o total controle sob sua
cadeia, em decorrência da demasiada produção e distribuição dos produtos pessoas
(CAVALIERI FILHO, 2008).
O comerciante, agora não mais detentor de toda a cadeia produtiva, mas sim
comerciante propriamente dito ou, de acordo com o hodierno Código Civil,
empresário, bem como o consumidor, passam a receber os produtos em
embalagens lacradas, sem poder, com isso, ter acesso às condições da coisa
7

comprada. Outro ponto relevante é que, com o advento da produção em massa, os


defeitos nos produtos ficaram mais recorrentes do que os que eram confeccionados
de modo manual, fato que gera danos a uma quantidade indeterminada de pessoas
(CAVALIERI FILHO, 2008).
A falta de disciplina jurídica que fosse eficaz deu origem às atitudes abusivas
amplamente praticadas “[...] como as cláusulas de não indenizar ou limitativas da
responsabilidade, o controle do mercado, a eliminação da concorrência [...]”
(CAVALIERI FILHO, 2008, p. 3) ao dar azo às desigualdades econômicas e jurídicas
entre o fornecedor e o consumidor.
Para Azevedo (2009), a inquietação com a consignação de uma tutela legal
das indigências dos consumidores tem como marco histórico de sua consolidação, a
segunda metade do século XX, nos Estados Unidos, ao brotar das transformações
ocorridas no sistema capitalista de produção e circulação de bens e serviços.
Verdade é que o Direito do Consumidor é um ramo recente da ciência
jurídica, que se originou na década de sessenta com o movimento consumerista
norte-americano.
Ainda nessa linha, leciona CAVALIERI FILHO (2008, p. 5) que

o marco inicial do surgimento da forma mais próxima da atual de se


reconhecer o consumidor foi a mensagem especial do Presidente Kennedy
endereçado ao Congresso dos Estados Unidos acerca da Proteção dos
Interesses dos Consumidores, ao afirmar: consumidores, por definição,
somos todos nós. Os consumidores são o maior grupo econômico na
economia, afetando e sendo afetado por quase todas as decisões
econômicas, públicas e privadas [...]. Mas são o único grupo importante da
economia não eficazmente organizado e cujos posicionamentos quase
nunca são ouvidos.

Assim podemos inferir que a origem do direito do consumidor está associada


à necessidade de se corrigir os desequilíbrios existentes na sociedade de produção
e consumo massificados.

Com efeito, o sistema de produção em série está baseado no planejamento


dessa produção pelos fornecedores, o que torna estes sujeitos mais fortes
do que os consumidores, pois, além do poder econômico, detém ainda os
dados (as informações) a respeito dos bens que produzem e comercializam
(AZEVEDO, 2009, p. 35).

Tal pensamento formulou a ideia de hipossuficiência do consumidor na


relação de consumo, ao tomar por base os conceitos de consumidor e de
8

fornecedor. Nesse diapasão, tem-se a seguinte decisão proferida por EROS GRAU9:
“A igualdade, desde Platão e Aristóteles, consiste em tratar-se de modo desigual os
desiguais”.
Diante de tal entendimento, pode ser extraído um dos fundamentos basilares
do direito do consumidor, que é a vulnerabilidade do consumidor nas relações de
consumo (ALMEIDA NETO, 2010).
Em síntese, Azevedo (2009) afirma que o direito do consumidor é um
instrumento imprescindível para blindar as mais legítimas necessidades da pessoa
humana. Logo, mister frisar que a regulação do mercado de consumo por meio de
normas impostas pelo Estado para corrigir desequilíbrios, no Brasil, foram
concebidas para a proteção de um novo sujeito de direitos fundamentais, o
consumidor.
No Brasil, com a evolução da proteção dos direitos do consumidor, os
referentes direitos tomaram corpo de normas jurídicas que regem as relações de
consumo com a criação do Código de Defesa do Consumidor em 1990, Lei nº 8.078,
obedeceu à Constituição Federal de 1988, observado o disposto no Art. 5º, inciso
XXXII, bem como o delineado no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Com efeito,

a criação do Código de Defesa do Consumidor não decorreu de mera


conveniência legislativa, mas sim, da obediência do Poder Legislativo à
vontade do Poder Constituinte, traduzida em expresso comando
constitucional (art 5º, XXXII da CF/1988 c/c art. 48 do ADCT) (AZEVEDO,
2009, p. 47).

Na CF/88 no Título que integra os direitos e garantias fundamentais – dos


direitos e deveres individuais e coletivos, o direito do consumidor ganhou
um status de irrevogabilidade, em que pese o Art. 60, § 4º, IV da Constituição
Federal trazer em seu rol exaustivo a limitação imutável das ditas cláusulas pétreas,
que são aquelas nas quais não poderão incidir modificações com o escopo de
mitigar ou, segundo o texto legal: Art. 60. § 4º - Não será objeto de deliberação a
proposta de emenda tendente a abolir: [...] IV - os direitos e garantias individuais
(ALMEIDA NETO, 2010).

9 STF, MS 26.690/SP, Rel. Ministro Eros Grau, julgado em 03.09.2008, DJU de 19.12.2008.
9

Para a proteção do consumidor, a legislação criou um microssistema com


valores e princípios próprios, multidisciplinar por envolver os ramos do Direito
material e processual.
Conforme Cafezeiro Junior (2009), o legislador brasileiro procurou
concentrar, de forma concisa, todos os dispositivos legais em torno de uma só lei,
criando um verdadeiro esqueleto geral para o regramento das relações
consumeristas. Trata-se de um instituto muito mais prático de consulta e
compreensão para as partes envolvidas do que a existência de leis esparsas.

1.2 O microssistema do CDC


Como dito acima, a Constituição Federal de 1988 reconhecendo a
fragilidade do consumidor e, a fim de protegê-lo, instituiu norma pragmática no
sentido de que o legislador infraconstitucional editasse o CDC, que trouxe em seu
bojo um microssistema jurídico inserido no sistema jurídico geral, que, por sua vez,
está inserido no sistema social.
Graficamente, esses sistemas podem ser assim delineados: um grande
círculo que seria o sistema social; em seu interior um menor, que seria o sistema
jurídico; e no interior deste, um círculo ainda menor, representando o subsistema ou
microssistema do consumidor.
Sistema social

Sistema jurídico

Subsistema ou
microssistema
Do consumidor

Fonte: Andrade (2006, p. 13).

O microssistema do consumidor regulado pelo CDC foi criado


especificamente para regular a relação de consumo, significando dizer que suas
10

disposições só se aplicam às relações de consumo, excluídas quaisquer outras que


contrariarem seus dispositivos. Como asseveram Marques et al. (2002, p. 220) “[...]
constitui o CDC verdadeiramente uma lei de função social, lei de ordem pública
econômica, de origem claramente constitucional”.
Por se tratar de um subsistema, o CDC é multidisciplinar e traz em seu bojo
normas de tutela de direito material de ordem civil e penal, processual civil e penal e
ainda, normas de direito administrativo. Assim, ele tem possibilidade de regular por
completo todos os aspectos jurídicos das relações jurídicas de consumo, objetivando
a aplicação de qualquer outra legislação que lhe for contrária.
Embora contenha normas de vários ramos do direito, ele não é completo e,
por vezes, necessita ser complementado por regras contidas em normas do sistema.
Em muitos casos, o microssistema valer-se-á de normas do Código Civil, do
Código de Processo Civil e mesmo de leis extravagantes. Ele é, no dizer de Andrade
(2006), poiético e, por isso, admite a aplicação de elementos de outros sistemas,
entretanto, isso só será possível quando ele não contiver norma regulando a
hipótese concreta, pois se houver norma específica, não se aplica elemento exterior
ao microssistema, salvo disposição expressa em contrário.

1.3 Direitos fundamentais do consumidor


São direitos fundamentais e universais do consumidor, reconhecidos pela
Organização das Nações Unidas (ONU), por meio da Resolução nº 32/24810, de 10
de abril de 1985, e também pela Iocu, hoje International Consumers:
a) direito à segurança – outorga garantia contra produtos ou serviços que
possam ser nocivos à vida, à saúde e à segurança;
b) direito à escolha – a assegurar ao consumidor opção entre vários
produtos e serviços com qualidade satisfatória e preços competitivos;
c) direito à informação – o consumidor deve conhecer os dados
indispensáveis sobre produtos ou serviços para atuar no mercado de consumo e
decidir com consciência;

10
Disponível em: http://www.egov.ufsc.br/portal/conteudo/resolucao-das-nacoes-unidas-onu-nº-
39248-de-16-de-abril-de-1985-em-inglês
11

d) direito a ser ouvido – o consumidor deve ser participante da política de


defesa respectiva, sendo ouvido e tendo assento nos organismos de planejamento e
execução das políticas econômicas e nos órgãos colegiados de defesa;
e) direito à indenização – é indispensável buscar-se a reparação financeira
por danos causados por produtos ou serviços;
f) direito à educação para o consumo – o consumidor deve ser educado
formal e informalmente para exercitar conscientemente sua função no mercado,
restabelecendo-se, por esse meio, na medida do possível, o equilíbrio que deve
haver nas relações de consumo;
g) direito a um meio ambiente saudável – à medida que o equilíbrio
ecológico reflete na melhoria da qualidade de vida do consumidor, de nada
adiantaria cuidar dele isoladamente enquanto o ambiente que o cerca se deteriora e
traz efeitos ainda mais nocivos à sua saúde.
Assim sendo, tendo os direitos básicos do consumidor, universalmente
reconhecidos, verifica-se que o legislador brasileiro cuidou de adotá-los e
transplantá-los para o Código do Consumidor, com pequenas modificações ou
ampliações. Desse modo, observa-se certa simetria entre os direitos enumerados
pelo organismo internacional e aqueles assegurados pelo legislador pátrio no art. 6º,
I a X, do CDC.
 São simétricos, por exemplo, os incisos I, II, III, VI e VII.
 Configuram ampliação os incisos IV, V, VIII e X.
 Foi vetado o inciso IX, que assegurava o direito a ser ouvido, e não
contemplado na nova legislação o direito a um meio ambiente saudável.
Não obstante esses reparos, é positiva a enumeração de tais direitos, posto
que a lei é dirigida aos operadores do Direito em geral, mas deve ser acessível,
também, e principalmente, às partes envolvidas, o fornecedor e o consumidor, não
necessariamente versadas no estudo das leis. A legislação bem explícita e ordenada
de forma didática servirá, sem dúvida, para que se chegue a um maior grau de
esclarecimento e conscientização dos partícipes da relação de consumo, o que
poderá redundar numa redução de conflitos (ALMEIDA, 2010).
Modificação e revisão de contratos: inovando e fugindo à simetria com a
ONU, o legislador inscreveu no rol do art. 6º, o direito à proteção contratual,
abrangendo, de maneira geral, as cláusulas abusivas e exageradas, e, de maneira
especial, a publicidade enganosa. Tal direito decorre das disposições do próprio
12

Código, que de forma taxativa e exaustiva reprime as cláusulas abusivas e


exageradas e a publicidade enganosa (CDC, arts. 30, 42, 46, 54, 61, 67 e 68).
Conveniente, portanto, que a tais disposições repressoras correspondesse um
direito especificamente assegurado ao consumidor.
O Código enumera, assim, como direito básico do consumidor, “a proteção
contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou
desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no
fornecimento de produtos e serviços” (art. 6º, IV) e a “modificação das cláusulas
contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão
de fatos supervenientes que as tomem excessivamente onerosas” (V), aí
consagrando a via da revisão dos contratos por onerosidade excessiva
superveniente.

Guarde...
Na relação consumerista, o consumidor é toda pessoa física ou jurídica que
adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Assim, pelo Código de
Defesa do Consumidor, fica caracterizado que o aluno figura como consumidor no
Contrato de Prestação de Serviços Educacionais, uma vez que é uma pessoa física
que utiliza um serviço como destinatário final.
Também, de acordo com o CDC, fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,
pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados,
que desenvolvem atividades de produção, montagem, criação, construção,
transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos
ou prestações de serviços.
O estabelecimento de ensino, de qualquer grau, “é um prestador de
serviços, seja oficial ou particular” (SAAD, 2006, p. 84). Assim, a Instituição de
Ensino caracteriza-se como fornecedora na medida em que é uma pessoa jurídica
que desenvolve atividades de prestações de serviços.

1.4 Os contratos
A ideia de contrato remonta ao Direito Romano. Neste período, os conceitos
de contrato e de pacto ainda não eram sinônimos (IMTHURN, 2010).
13

Contrato e pacto eram compreendidos na expressão genérica conventio. O


que os distinguia era a denominação que individualizava os contratos
(comodato, mútuo, compra e venda), era a exteriorização material da forma
(com exceção dos quatro consensuais: compra e venda, locação, mandato
e sociedade), e era finalmente a sanção, a actio que os acompanhava; ao
passo que os pacta não tinham nome especial, não revestiam forma
predeterminada, e não permitiam à parte a invocação de uma ação
(PEREIRA, 2010, p. 8).

No direito moderno, “os conceitos de contrato e de pacto se aproximaram,


atualmente, toda convenção é dotada de força vinculante, e mune o credor de ação
para perseguir em juízo a prestação em espécie ou em equivalente” (PEREIRA,
2010, p. 8).
Para ORLANDO GOMES (2008, p. 17) “o contrato é o negócio jurídico
bilateral ou multilateral que sujeita as partes à observância de conduta idônea à
satisfação dos interesses que regularam”.
Para MARIA HELENA DINIZ (2010, p. 24),

contrato é o acordo de duas ou mais vontades, na conformidade com a


ordem jurídica, destinado a estabelecer uma regulamentação de interesse
entre as partes, com o escopo de adquirir, modificar ou extinguir relações
jurídicas de natureza patrimonial.

Os contratos seguem alguns princípios específicos. Vejamos:

a) Princípio da Autonomia da Vontade:


Esse princípio representa o poder dos particulares em estipular seus
interesses, criando norma jurídica privada.
No princípio da autonomia da vontade “têm os contratantes ampla liberdade
para estipular o que lhes convenha, fazendo assim do contrato verdadeira norma
jurídica, já que o mesmo faz lei entre as partes” (MONTEIRO, 2010, p. 9).
O princípio da autonomia da vontade traduz a liberdade de contratar, que por
sua vez abrange a liberdade de contratar ou não contratar; a liberdade de escolher o
contraente; e a liberdade de fixar o conteúdo do contrato. Todavia, o princípio não é
absoluto, pois a liberdade de contratar encontra limites no princípio da supremacia
da ordem pública, tendo que respeitar as normas públicas e os bons costumes
(IMTHURN, 2010).

b) Princípio do Consensualismo:
14

Para MARIA HELENA DINIZ (2010, p. 39), segundo o princípio do


consensulismo “o simples acordo de duas ou mais vontades basta para gerar
contrato válido, pois, não se exige, em regra, qualquer forma especial para a
formação do vínculo contratual”.
Igualmente diz CARLOS ALBERTO BITTAR (2004, p. 34), que “bastam as
declarações convergentes de vontades para que se considere perfeito e válido o
ajusto, em função dos interesses visados”.

c) Princípio da Obrigatoriedade da Convenção:


Esse princípio denota que “as estipulações feitas no contrato deverão ser
fielmente cumpridas (pacta sunt servanda), sob pena de execução patrimonial contra
o inadimplente” (DINIZ, 2010, p. 39).
O princípio da força obrigatória consubstancia-se na regra de que o contrato
é lei entre as partes. Celebrado que seja, “com observância de todos pressupostos e
requisitos necessários à sua validade, deve ser executado pelas partes como se
suas cláusulas fossem preceitos imperativos” (GOMES, 2008, p. 36).

A doutrina ensina que o princípio da obrigatoriedade dos contratos mantém-


se vivo no direito atual, porém sofreu algumas atenuações ante o princípio
do equilíbrio contratual ou da equivalência material das prestações. Assim,
admite-se que o magistrado proceda à revisão contratual em certas
circunstâncias excepcionais ou extraordinárias que impossibilitem a
previsão de excessiva onerosidade no cumprimento da prestação (DINIZ,
2010, p. 37; GOMES, 2008, p. 37).

d) Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato:


Conforme ORLANDO GOMES (2008), o princípio da relatividade dos efeitos
dos contratos está ligado à sua eficácia, ou seja, os efeitos dos contratos atingem
somente as partes, sem prejudicar ou ser aproveitado por terceiros.
MARIA HELENA DINIZ (2010) também explicita que pelo princípio da
relatividade dos efeitos do contrato, a avença apenas vincula as partes que nela
intervieram, não aproveitando nem prejudicando terceiros, salvo rara exceções.

e) Princípio da Boa-Fé:
Esse princípio quer dizer que as partes devem agir com lealdade e
confiança; e que o literal da linguagem não deve prevalecer sobre a intenção
manifestada na declaração de vontade (GOMES, 2008).
15

No mesmo sentido é a lição de MARIA HELENA DINIZ (2010, p. 46):

Segundo esse princípio, na interpretação do contrato, é preciso ater-se mais


à intenção do que ao sentido literal da linguagem, e, em prol do interesse
social de segurança das relações jurídicas, as partes deverão agir com
lealdade e confiança recíprocas, auxiliando-se mutuamente na formação e
na execução do contrato.

Pelo princípio da boa-fé, cada contratante deve respeitar a posição do outro


contratante e operar com fidelidade e com probidade, a fim de que alcance os
objetivos pretendidos com o contrato, agindo consoante padrões éticos normais à
contratação pretendida (BITTAR, 2004).
Quando falamos em classificação dos contratos, dentre os critérios
existentes, tem o da matéria aplicável, ou seja, o ramo de direito que prevalece na
aplicabilidade do contrato (IMTHURN, 2010). Citaremos o contrato civil e o contrato
de consumo.
O contrato civil “é celebrado entre sujeitos de direito privado, ou seja, os
particulares (pessoa física e/ou jurídica)” (LISBOA, 2006, p. 180).
Dessa forma, sempre que o contrato resultar de uma relação entre
particulares, que não caracterizar uma relação jurídica de consumo, estar-se-á
diante de um contrato civil (IMTHURN, 2010).
Já o “contrato de consumo é a relação jurídica negocial existente entre um
fornecedor e um consumidor, para a aquisição de um produto ou serviço” (LISBOA,
2006, p. 180).
Assim, contrato de consumo é aquele que visa regular uma relação jurídica
de consumo, sendo aplicável a essa relação o Código de Defesa do Consumidor
com o intuito de proteger o consumidor.
Basicamente, os contratos de consumo estarão classificados em duas
classes: os contratos de fornecimento de produto e os contratos de prestação de
serviços.
Imthurn (2010) ressalta que os contratos de prestação de serviços regulam a
prestação de atividades que o fornecedor dispõe no mercado de consumo, mediante
remuneração, aos consumidores.
Dessa maneira, dentre os contratos de prestação de serviços, encontram-se
os de serviços educacionais, ou seja, são contratos que regulam a relação jurídica
16

existente entre o fornecedor de serviços educacionais e o consumidor/aluno de tais


serviços.

1.5 Consumidor, fornecedor, os contratos de serviços educacionais e o CDC


Pelo Código de Defesa do Consumidor, fica caracterizado que o aluno figura
como consumidor no Contrato de Prestação de Serviços Educacionais, uma vez que
é uma pessoa física que utiliza um serviço como destinatário final.
Igualmente, de acordo com o CDC, a Instituição de Ensino caracteriza-se
como fornecedora na medida em que é uma pessoa jurídica que desenvolve
atividades de prestações de serviços.
Por fim, os serviços educacionais enquanto objeto do Contrato de Prestação
Serviços Educacionais, atividades fornecidas no mercado de consumo mediante
remuneração, demonstra-se assim a caracterização da relação jurídica de consumo.
Portanto, as relações jurídicas travadas entre o aluno e o estabelecimento
de ensino podem ser alvos do Código de Defesa do Consumidor.
Os contratos de serviços educacionais prescrevem que compete aos alunos
realizarem os pagamentos dos valores das mensalidades, a frequentarem e serem
aprovados nas atividades programadas nas disciplinas, a cumprirem os trabalhos
exigidos pela programação do curso e a se submeterem a todos os meios
necessários à boa execução do serviço, a um fim determinado; às Instituições
prestadoras dos serviços educacionais, por meio de seus professores, de sua
infraestrutura didático-científica e de seu Programa de Ensino, competem
proporcionar a formação acadêmica qualificada e aprofundada aos alunos, e ao
desenvolvimento de suas capacidades de pesquisa, no âmbito dos ramos dos
estudos e do Saber. As Instituições de Ensino devem estar objetivadas a
expandirem, qualitativamente, em detrimento da “quantitativa”, o conhecimento da
Ciência, intrinsecamente com a vocação para a qualidade do Ensino ministrado
(BAZAN, 2005).
O objetivo ao qual os alunos do Ensino Superior investem tempo, dinheiro e
dedicação no estudo é para o aprendizado do Saber, com a qualidade de Ensino
que dele se espera nos Cursos Superiores. Não para alcançar apenas a aprovação
na matéria, a obtenção de aprovação nas disciplinas e, finalmente, a diplomação
com o título.
17

A Educação de Nível Superior é um projeto de formação do cidadão e de


efetiva aquisição de competências, sendo seu valor reconhecido constitucionalmente
ao “pleno desenvolvimento da pessoa”, ao “preparo para o exercício da cidadania” e
para “a qualificação para o trabalho”, como membro de um centro de difusão
acadêmico-científica (CF, art. 205).
A caracterização da relação de consumo no CDC está clara. Agora, vamos
às relações da atividade econômica!
A atividade remunerada desempenhada pelas Instituições de Ensino
Superior na oferta do ensino educacional privado no Brasil, submete-se a todas
normativas dos órgãos de Educação Nacional e da autorização e avaliação da
qualidade pelo Poder Público. Atende ainda, aos princípios da ordem econômica
(CF, art. 170 inc. V).
As obrigações das partes não se resumem somente às prestações
convencionadas expressamente. Se por um lado as Instituições de Ensino Superior
não podem obrigar seus alunos a frequentarem às aulas e a absorverem os
conteúdos e os conhecimentos das disciplinas que constem no Programa de Ensino
para a obtenção do título, por outro, tem o dever de proporcionarem o
desenvolvimento dos alunos com padrões mínimos de qualidade e eficiência no
ensino da Ciência que pretendem ministrar, sob os rigores exigidos pelo MEC e
CAPES, com vista à expansão “qualitativa” do ensino, em detrimento da
“quantitativa”.
Nesse sentido, as obrigações das Instituições de Ensino contratadas, sob a
nova concepção de contrato e no Código de Defesa do Consumidor estão sujeitas a
“direitos e deveres outros que os resultantes da obrigação principal”, como ensina a
CLÁUDIA LIMA MARQUES (2002, p. 183):

Esta visão dinâmica e realista do contrato é uma resposta à crise da teoria


das fontes dos direitos e obrigações, pois permite observar que as relações
contratuais durante toda a sua existência (fase de execução), mais ainda,
no seu momento de elaboração (de tratativas) e no seu momento posterior
(de pós-eficácia), fazem nascer direitos e deveres outros que os resultantes
da obrigação principal. Em outras palavras, o contrato não envolve só a
obrigação de prestar, mas envolve também uma obrigação de conduta!.

Por outro lado, Bazan (2005) lembra que o art. 22 do CDC impõe às
Instituições de Ensino – autorizado pelo Poder Público – a obrigação de fornecer
serviços “adequados”, “eficientes” e “seguros”. Senão, vejamos:
18

Os serviços públicos gratuitos relacionados com o ensino, como os


fornecidos por escolas e universidades públicas, não se inserem como relações de
consumo. ‘A contrario sensu’, porém, quanto à relação escola/universidade privada –
estudante e seus representantes legais, caso menores –, a sua caracterização como
relação de consumo visando a prestação de serviços de ensino não apresenta maior
problema (MARQUES; BENJAMIN, MIRAGEM, 2003).
De mesmo modo, dispõe o art. 6º inc. X do CDC, que trata dos direitos
básicos do consumidor ao serviço “adequado” e “eficiente”. Isto porque é obrigação
dos mantenedores garantir a seus alunos a realização efetiva de serviços de
qualidade. “Independente das tarefas descritas em contrato, a expectativa legítima
do alunado é a de um aprendizado eficaz, adequado aos hábitos e costumes do
tempo atual” (MÜLLER, 2004, p. 64).
A constatação de que tal situação não é verdadeira, caracterizará o vício e,
em consequência, a responsabilidade das Instituições de Ensino Superior.
Tanto é assim, que também o art. 24 e o “caput” do art. 25 do CDC
estipulam que:
Art. 24. A garantia legal de adequação do produto ou serviço independe de
termo expresso, vedada a exoneração contratual do fornecedor.
Art. 25. É vedada a estipulação contratual de cláusula que impossibilite,
exonere ou atenue a obrigação de indenizar prevista nesta e nas seções anteriores.
Sobre o arrependimento no CDC, EDUARDO GABRIEL SAAD (2006)
comenta que o alcance do dispositivo é estrito tão somente aos contratos que se
formam fora dos estabelecimentos comerciais, sendo que no caso de
arrependimento o fornecedor deve devolver todo valor recebido.
JOÃO BATISTA DE ALMEIDA (2009) ressalta que o Código de Defesa do
Consumidor foi omisso quanto aos casos em que o fornecedor tiver despesas ou
prejuízos em razão da venda, entendendo o mesmo que não haverá qualquer
dedução.
O contrato de serviços educacionais pode ser extinto normalmente, após sua
conclusão, pode ser extinto por causas anteriores à sua formação (nulidade; direito
de arrependimento); extinto por causas supervenientes à sua formação (extinção por
resolução ou resilição contratual; por morte de uma das partes).
A execução normal do contrato se dá com o cumprimento de todas as suas
cláusulas e disposições.
19

Dessa forma, respeitada todas as avenças dispostas no contrato, mormente,


a prestação dos serviços educacionais e a eventual remuneração paga em
contrapartida, estar-se-á diante de um contrato que atingiu a sua razão de ser,
estando, portanto, extinto de maneira normal (IMTHURN, 2010).
Dentre as cláusulas abusivas no CDC, algumas dizem respeito à extinção do
vínculo contratual e seus efeitos, merecendo, por isso, serem destacadas, quais
sejam:
Art. 51 São nulos de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais
relativas ao fornecimento de produtos e serviços que:
II - subtraiam ao consumidor a opção de reembolso da quantia já paga, nos
casos previstos neste Código;
XI - autorizem o fornecedor a cancelar o contrato unilateralmente, sem que
igual direito seja concedido ao consumidor.

Levando em conta que o Contrato de Prestação de Serviços Educacionais


não pede forma especial, os principais requisitos para sua validade são partes ou
agentes capazes; o objeto lícito, possível, determinado ou determinável; forma
prescrita ou não defesa por lei.
Além disso, o Contrato de Prestação de Serviços Educacionais não poderá
estar eivado de vícios, assim como dolo, coação, simulação, sob pena de
anulabilidade.
Sendo assim, o Contrato de Prestação de Serviços Educacionais pode
incluir uma cláusula prevendo o direito de arrependimento, ou seja, um dispositivo
prevendo a possibilidade de cancelamento de matrícula por ato formal dentro de um
determinado prazo.
Por outro lado, o direito de arrependimento pode ser estabelecido em lei,
como ocorre no CDC, no qual o consumidor poderá desistir do contrato no prazo de
sete dias, sempre que a contratação de fornecimento de serviços ocorrer fora do
estabelecimento comercial.
Partindo, primeiramente, do dispositivo expresso na Lei 8.078/90, sempre
que a contratação de serviços educacionais ocorrer fora do estabelecimento de
ensino, o aluno terá o direito de arrepender-se do contrato no prazo de sete dias.
De modo contrário, a priori, com base em uma interpretação literal da Lei
8.078/90, em seu artigo 49, o Contrato de Prestação de Serviços Educacionais
20

firmado no Estabelecimento de Ensino não garante ao aluno o direito de


arrependimento (IMTHURN, 2010).
Por outro lado, analisando genericamente os casos de venda fora do
estabelecimento, SAAD (2006) e ALMEIDA (2010) entendem que não deve haver
dedução, devendo todo valor ser restituído.
Cabe inferir que a restituição total dos valores, nos casos de serviços
educacionais contratados no Estabelecimento de Ensino, significaria uma afronto os
princípios como da boa-fé, equilíbrio contratual e da proporcionalidade, uma vez que
o Estabelecimento de Ensino lograria prejuízo injustificado, pois movimentou todo
seu arcabouço administrativo para prestar os serviços ao estudante, depreendendo
tempo, elementos de recursos humanos, equipamentos e materiais (IMTHURN,
2010).
Um contrato também se extingue por resolução contratual quando ocorre
uma inadimplência dentro do contrato e, no nosso caso, o Contrato de Prestação de
Serviços Educacionais, a inexecução voluntária por parte do Estabelecimento de
Ensino poderá ensejar, nos termos da lei civil, o cumprimento da avença ou o
pagamento de perdas e danos.
Todavia, é interessante ressaltar que a inadimplência do estudante não
poderá ensejar a resolução contratual, ou seja, o Estabelecimento de Ensino não
poderá cancelar a matrícula do estudante devida a inadimplência, isso devido ao
advento da Lei 9.870 de 199911 em seu artigo 6º abaixo transcrito.
São proibidas a suspensão de provas escolares, a retenção de documentos
escolares ou a aplicação de quaisquer outras penalidades pedagógicas por motivo
de inadimplemento, sujeitando-se o contratante, no que couber, às sanções legais e
administrativas, compatíveis com o Código de Defesa do Consumidor, e com os arts.
205 e 477 do Código Civil Brasileiro (2002), caso a inadimplência perdure por mais
de noventa dias.
Desse modo, a Lei nº 9.870/99 veda qualquer restrição pedagógica ao aluno
inadimplente, entendendo a jurisprudência que a Instituição de Ensino não pode
cancelar a matrícula do mesmo, ou seja, proíbe a resolução contratual por
inadimplência do estudante.

11
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9870.htm
21

Temos também a extinção por resilição contratual que decorre da


volitividade de uma ou ambas as partes do contrato, sendo em muito aplicado no
Contrato de Prestação de Serviços Educacionais.
Neste contexto, dentre as formas de resilição contratual, estão o
trancamento de matrícula, a desistência ou abandono do curso, a transferência para
outra Instituição e desligamento de aluno.
Acentua-se que trancamento de matrícula é uma interrupção do curso
requerida pelo aluno, por motivos diversos, que a direção do estabelecimento
poderá regimentalmente conceder.
Por outro lado, ocorre o desistência ou abandono do curso quando o
estudante no curso do vínculo contratual formaliza um ato no qual demonstra a
vontade de desfazer o vínculo com a Instituição (IMTHURN, 2010).
Já a transferência é a mudança de aluno de um para outro estabelecimento
isolado de Ensino Superior, Federal ou particular, processada ampla e livremente,
sem exclusões de séries iniciais ou terminais de cursos.
Existe ainda a resilição contratual por desligamento de aluno que pressupõe
a pena imposta, em processo sumário, ao estudante de estabelecimento público ou
particular em cometer qualquer das infrações configuradas na especificação, agrava
com a proibição de matricular em outra instituição de ensino pelo prazo de três anos
e de gozar, pelo prazo de cinco anos, de qualquer benefício, seja bolsa de estudo ou
auxílio individual (IMTHURN, 2010).
Por fim, importante frisar que a resilição contratual é a forma mais frequente
de extinção do Contrato de Prestação de Serviços Educacionais, afora sua extinção
normal, sendo essencial que o estudante formalize o ato de resilição, uma vez que o
referido contrato também foi formalizado (IMTHURN, 2010).
Neste sentido, cabe relembrar que a resilição opera efeito ex nunc sendo
então devidas todas as obrigações anteriores a manifesta e expressa vontade de
resilir o contrato.
Por fim, é importante saber que o Contrato de Prestação de Serviços
Educacionais não é personalíssima, podendo ser executada pelos herdeiros.
Sendo assim, no caso de falecimento de estudante que tenha débitos junto a
Instituição de Ensino, a mesma, na abertura da sucessão, poderá habilitar-se, sendo
certo que a cobrança terá como limite o valor da herança transmitida, conforme
ditame constitucional (IMTHURN, 2010).
22

UNIDADE 2 – OS DISPOSITIVOS LEGAIS E OS


PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO

Figura 1: Professores.
Fonte: http://acertodecontas.blog.br

2.1 O que diz a LDB


A LDB contemplou os profissionais da Educação, no Título VI, artigos 61 a
67, com alterações/inclusões dadas pelas leis nº 11.301/06; nº 12.014/09; nº
12.056/09; nº 12.796/13; nº 13.415/17 e nº 13.478/17. Mais um título com muitas
alterações...
Art. 61.Consideram-se profissionais da educação escolar básica os que, nela
estando em efetivo exercício e tendo sido formados em cursos reconhecidos, são:
(Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
I – professores habilitados em nível médio ou superior para a docência na
educação infantil e nos ensinos fundamental e médio; (Redação dada pela Lei nº
12.014, de 2009)
II – trabalhadores em educação portadores de diploma de pedagogia, com
habilitação em administração, planejamento, supervisão, inspeção e orientação
educacional, bem como com títulos de mestrado ou doutorado nas mesmas áreas;
(Redação dada pela Lei nº 12.014, de 2009)
III – trabalhadores em educação, portadores de diploma de curso técnico ou
superior em área pedagógica ou afim; (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
IV - profissionais com notório saber reconhecido pelos respectivos sistemas
de ensino, para ministrar conteúdos de áreas afins à sua formação ou experiência
23

profissional, atestados por titulação específica ou prática de ensino em unidades


educacionais da rede pública ou privada ou das corporações privadas em que
tenham atuado, exclusivamente para atender ao inciso V do caput do art. 36;
(Incluído pela lei nº 13.415, de 2017)
V - profissionais graduados que tenham feito complementação pedagógica,
conforme disposto pelo Conselho Nacional de Educação. (Incluído pela lei nº 13.415,
de 2017)
Parágrafo único. A formação dos profissionais da educação, de modo a
atender às especificidades do exercício de suas atividades, bem como aos objetivos
das diferentes etapas e modalidades da educação básica, terá como fundamentos:
(Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
I – a presença de sólida formação básica, que propicie o conhecimento dos
fundamentos científicos e sociais de suas competências de trabalho; (Incluído pela
Lei nº 12.014, de 2009)
II – a associação entre teorias e práticas, mediante estágios supervisionados
e capacitação em serviço; (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
III – o aproveitamento da formação e experiências anteriores, em instituições
de ensino e em outras atividades. (Incluído pela Lei nº 12.014, de 2009)
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em
nível superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para
o exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino
fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (Redação dada
pela lei nº 13.415, de 2017)
§ 1º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios, em regime de
colaboração, deverão promover a formação inicial, a continuada e a capacitação dos
profissionais de magistério. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009)
§ 2º A formação continuada e a capacitação dos profissionais de magistério
poderão utilizar recursos e tecnologias de educação a distância. (Incluído pela Lei nº
12.056, de 2009)
§ 3º A formação inicial de profissionais de magistério dará preferência ao
ensino presencial, subsidiariamente fazendo uso de recursos e tecnologias de
educação a distância. (Incluído pela Lei nº 12.056, de 2009)
§ 4º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios adotarão
mecanismos facilitadores de acesso e permanência em cursos de formação de
24

docentes em nível superior para atuar na educação básica pública. (Incluído pela Lei
nº 12.796, de 2013)
§ 5º A União, o Distrito Federal, os Estados e os Municípios incentivarão a
formação de profissionais do magistério para atuar na educação básica pública
mediante programa institucional de bolsa de iniciação à docência a estudantes
matriculados em cursos de licenciatura, de graduação plena, nas instituições de
educação superior. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 6º O Ministério da Educação poderá estabelecer nota mínima em exame
nacional aplicado aos concluintes do ensino médio como pré-requisito para o
ingresso em cursos de graduação para formação de docentes, ouvido o Conselho
Nacional de Educação - CNE. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 7º (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 8º Os currículos dos cursos de formação de docentes terão por referência
a Base Nacional Comum Curricular. (Incluído pela lei nº 13.415, de 2017) (Vide Lei
nº 13.415, de 2017)
Art. 62-A. A formação dos profissionais a que se refere o inciso III do art. 61
far-se-á por meio de cursos de conteúdo técnico-pedagógico, em nível médio ou
superior, incluindo habilitações tecnológicas. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
Parágrafo único. Garantir-se-á formação continuada para os profissionais a
que se refere o caput, no local de trabalho ou em instituições de educação básica e
superior, incluindo cursos de educação profissional, cursos superiores de graduação
plena ou tecnológicos e de pós-graduação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
Art. 62-B. O acesso de professores das redes públicas de educação básica a
cursos superiores de pedagogia e licenciatura será efetivado por meio de processo
seletivo diferenciado. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
§ 1º Terão direito de pleitear o acesso previsto no caput deste artigo os
professores das redes públicas Municipais, Estaduais e Federal que ingressaram por
concurso público, tenham pelo menos três anos de exercício da profissão e não
sejam portadores de diploma de graduação. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
§ 2º As instituições de ensino responsáveis pela oferta de cursos de
pedagogia e outras licenciaturas definirão critérios adicionais de seleção sempre que
acorrerem aos certames interessados em número superior ao de vagas disponíveis
para os respectivos cursos. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
25

§ 3º Sem prejuízo dos concursos seletivos a serem definidos em


regulamento pelas universidades, terão prioridade de ingresso os professores que
optarem por cursos de licenciatura em Matemática, Física, Química, Biologia e
Língua Portuguesa. (Incluído pela Lei nº 13.478, de 2017)
Art. 63. Os institutos superiores de educação manterão:
I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o
curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e
para as primeiras séries do ensino fundamental;
II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de
educação superior que queiram se dedicar à educação básica;
III - programas de educação continuada para os profissionais de educação
dos diversos níveis.
Art. 64. A formação de profissionais de educação para administração,
planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação
básica, será feita em cursos de graduação em pedagogia ou em nível de pós-
graduação, a critério da instituição de ensino, garantida, nesta formação, a base
comum nacional.
Art. 65. A formação docente, exceto para a educação superior, incluirá
prática de ensino de, no mínimo, trezentas horas.
Art. 66. A preparação para o exercício do magistério superior far-se-á em
nível de pós-graduação, prioritariamente em programas de mestrado e doutorado.
Parágrafo único. O notório saber, reconhecido por universidade com curso
de doutorado em área afim, poderá suprir a exigência de título acadêmico.
Art. 67. Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais
da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de
carreira do magistério público:
I - ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos;
II - aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento
periódico remunerado para esse fim;
III - piso salarial profissional;
IV - progressão funcional baseada na titulação ou habilitação, e na avaliação
do desempenho;
V - período reservado a estudos, planejamento e avaliação, incluído na
carga de trabalho;
26

VI - condições adequadas de trabalho.


§ 1º A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de
quaisquer outras funções de magistério, nos termos das normas de cada sistema de
ensino. (Renumerado pela Lei nº 11.301, de 2006)
§ 2º Para os efeitos do disposto no § 5º do art. 40 e no § 8º do art. 201 da
Constituição Federal, são consideradas funções de magistério as exercidas por
professores e especialistas em educação no desempenho de atividades educativas,
quando exercidas em estabelecimento de educação básica em seus diversos níveis
e modalidades, incluídas, além do exercício da docência, as de direção de unidade
escolar e as de coordenação e assessoramento pedagógico. (Incluído pela Lei nº
11.301, de 2006)
§ 3ºA União prestará assistência técnica aos Estados, ao Distrito Federal e
aos Municípios na elaboração de concursos públicos para provimento de cargos dos
profissionais da educação. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013)
O inciso I do artigo 61 aceita a habilitação de professores que cursaram o
ensino médio. Neste caso, para que seja aceito, o ensino médio deve ser aquele
chamado Normal ou Magistério.
Uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), porém, prevê que
todos os professores da Educação Básica tenham formação específica de nível
superior em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam até 2020.
Segundo Firmino e Lima (2016), até 2006, os cursos de Pedagogia
apresentavam opções, chamadas: habilitações, em que o aluno, poderia escolher
até duas: dentre elas havia a de orientação, supervisão, administração,
planejamento, inspeção e ensino especial. Com a Resolução CNE/CP 1/06 12,
extinguiu-se essa possibilidade e o curso de Pedagogia passou a ser generalista,
formando um educador em sentido amplo. Com isso, para aqueles que se formaram
antes da resolução, ainda têm validade, entretanto, em regime de extinção. Com
isso, para a formação dos profissionais que o artigo 64 elenca, exige-se pedagogia
(para aqueles habilitados, até 2006) ou uma pós-graduação na área.
Magistério superior = professor universitário. As universidades devem contar
com, pelo menos, um terço do seu corpo docente, advindo de mestrado e doutorado.

12
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rcp01_06.pdf
27

Logo, aceitam-se as pós graduação latu sensu, sendo prioritariamente, a preparação


por programas de mestrado e doutorado.
O artigo 206, V da Constituição Federal prevê a obrigatoriedade de
admissão de professores somente por concurso público de provas e títulos.
Infelizmente, vimos que esta realidade ainda está longe de ser alcançada. A ideia
com o artigo 67 da LDB é a valorização do profissional, além das condições
adequadas de trabalho. Sabemos que estamos um pouco distantes dessa realidade
(FIRMINO; LIMA, 2016).

2.2 As mudanças na CLT


A Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 201713, com início de vigência na data
de publicação no DOU, ocorrida em 17.02.2017, alterou a Lei 9.394/1996, que
estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, e a Lei 11.494/2007, que
regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de
Valorização dos Profissionais da Educação, bem como, entre outros aspectos, a
Consolidação das Leis do Trabalho.
Garcia (2017b) analisa as modificações relativas à jornada de trabalho do
professor, assim considerado quem ensina, ou seja, transmite conhecimentos aos
alunos, exercendo a função de magistério.
Uma vez presentes os requisitos dos arts. 2º e 3º da CLT, quais sejam,
serviço prestado por pessoa natural, com pessoalidade, não eventualidade,
subordinação e onerosidade, o trabalho realizado pelo professor terá a natureza de
relação de emprego.
De acordo com o art. 317 da CLT, com redação dada pela Lei 7.855/1989 14,
o exercício remunerado do magistério, em estabelecimentos particulares de ensino,
exige apenas habilitação legal e registro no Ministério da Educação. “Na realidade,
em princípio, o professor deve ser habilitado ou autorizado para o exercício dessa
relevante profissão” (GARCIA, 2017ª, p. 313).
Quanto aos que ensinam em cursos livres e escolas de idiomas, também é
possível considerar o seu enquadramento como professores15, embora a norma

13
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13415.htm
14
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L7855.htm
15 “Embargos anteriores à vigência da Lei nº 11.496/2007. Instrutor de idiomas. Enquadramento
sindical. Aplicação de normas coletivas da categoria dos professores. Prevalência do princípio da
28

coletiva aplicável seja a específica da respectiva categoria, caso existente, tendo em


vista o critério da atividade preponderante do empregador.
Anteriormente, em conformidade com a redação original do art. 318 da CLT,
o professor não podia dar no mesmo estabelecimento de ensino, por dia, mais de 4
(quatro) aulas consecutivas, nem 6 (seis) aulas intercaladas.
A respeito do tema, cabe fazer referência à Orientação Jurisprudencial 393
da SBDI-I do TST, com a seguinte redação: “Professor. Jornada de trabalho
especial. Art. 318 da CLT. Salário mínimo. Proporcionalidade. A contraprestação
mensal devida ao professor, que trabalha no limite máximo da jornada prevista no
art. 318 da CLT, é de um salário mínimo integral, não se cogitando do pagamento
proporcional em relação à jornada prevista no art. 7º, XIII, da Constituição Federal”.
O referido limite especial da jornada de trabalho do professor levava em
consideração o critério especial da hora-aula e, quando superado, as horas-aula
excedentes deveriam ser remuneradas com o adicional de 50%.
Nesse sentido, de acordo com a Orientação Jurisprudencial 206 da SDI-I do
TST: “Professor. Horas extras. Adicional de 50%. Excedida a jornada máxima (art.

primazia da realidade. Discute-se, no caso, se, para o reconhecimento do enquadramento do


empregado como professor e consequente aplicação das normas coletivas da categoria dos
professores, seria imprescindível a habilitação legal e o registro no Ministério da Educação. No caso
dos autos, ficou expressamente consignado que a reclamante lecionava inglês no curso de idiomas
reclamado, mas não tinha habilitação legal para desempenhar a profissão de professora de inglês
nem registro no Ministério da Educação. A não observância de mera exigência formal para o
exercício da profissão de professor, no entanto, não afasta o enquadramento pretendido pela
reclamante. A primazia da realidade constitui princípio basilar do Direito do Trabalho. Ao contrário dos
contratos civis, o contrato trabalhista tem como pressuposto de existência a situação real em que o
trabalhador se encontra, devendo ser desconsideradas as cláusulas contratuais que não se
coadunam com a realidade da prestação de serviço. De acordo com os ensinamentos de Américo Plá
Rodriguez, o princípio da primazia da realidade está amparado em quatro fundamentos: o princípio da
boa-fé; a dignidade da atividade humana; a desigualdade entre as partes contratantes; e a
interpretação racional da vontade das partes. Destaca-se, aqui, a boa-fé objetiva, prevista
expressamente no artigo 422 do Código Civil, que deve ser observada em qualquer tipo de contrato,
segundo a qual os contratantes devem agir com probidade, honestidade e lealdade nas relações
sociais e jurídicas. E, ainda, a interpretação racional da vontade das partes, em que a alteração da
forma de cumprimento do contrato laboral, quando esse é colocado em prática, constitui forma de
consentimento tácito quanto à modificação de determinada estipulação contratual. Diante disso, tem-
se que, no caso dos autos, não se pode admitir, como pressuposto necessário e impeditivo para o
enquadramento do empregado na profissão de professor, a habilitação legal e o prévio registro no
Ministério da Educação. Evidenciado, portanto, na hipótese dos autos, que a reclamante,
efetivamente, exercia a função de professora, não é possível admitir que mera exigência formal,
referente à habilitação e ao registro no Ministério da Educação, seja óbice para que se reconheçam a
reclamante os direitos inerentes à categoria de professor. Embargos conhecidos e providos” (TST,
SBDI-I, E-RR – 8000-71.2003.5.10.0004, Redator Min. José Roberto Freire Pimenta, DEJT
07.06.2013).
29

318 da CLT), as horas excedentes devem ser remuneradas com o adicional de, no
mínimo, 50% (art. 7º, XVI, CF/1988)”.
Entretanto, pode-se dizer que se o professor trabalhasse acima da
mencionada limitação diária, em estabelecimentos de ensino (empregadores)
distintos, não eram devidas horas extras.
Com a Lei nº 13.415/2017, o art. 318 da CLT passou a prever que o
professor pode lecionar em um mesmo estabelecimento por mais de um turno,
desde que não ultrapasse a jornada de trabalho semanal estabelecida legalmente,
assegurado e não computado o intervalo para refeição.
Consequentemente, salvo previsão mais favorável (art. 7º, caput, da
Constituição da República), passa a ser aplicável o disposto no art. 7º, inciso XIII, da
Constituição Federal de 1988, ao estabelecer a duração do trabalho normal não
superior a 8 (oito) horas diárias e 44 (quarenta e quatro) semanais.
As normas coletivas de trabalho podem fixar a duração da hora-aula diurna e
noturna para o exercício da função do professor.
Naturalmente, se as aulas forem ministradas no período noturno, previsto no
art. 73 da CLT, o respectivo adicional é devido (art. 7º, inciso IX, da Constituição
Federal de 1988), sendo de no mínimo 20%.
Considerando que, em regra, a hora-aula tem duração de 50 minutos, pode-
se dizer que a previsão original do art. 318 da CLT estabelecia jornada de trabalho
especial, ou seja, reduzida aos professores, aspecto este que foi recentemente
modificado.
Argumenta-se que a redação anterior do art. 318 da CLT, embora tivesse
como objetivo proteger o trabalho do professor, em termos práticos, poderia gerar
efeitos contrários, ao impedir que o docente empregado concentrasse certa
quantidade mais elevada de aulas em um ou alguns dias da semana no mesmo
estabelecimento (GARCIA, 2017b).
Aplica-se ainda o art. 71 da CLT, ao prever que em qualquer trabalho
contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um
intervalo para repouso ou alimentação, o qual deve ser, no mínimo, de 1 (uma) hora
e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não pode exceder de 2
(duas) horas. Não excedendo de 6 (seis) horas o trabalho, será, entretanto,
obrigatório um intervalo de 15 (quinze) minutos quando a duração ultrapassar 4
(quatro) horas.
30

Os intervalos de descanso não são computados na duração do trabalho (art.


71, § 2º, da CLT).
Como ressalta e alerta Garcia (2017b), o tema apesar de parecer simples,
pode gerar controvérsias, notadamente quanto aos contratos de trabalho iniciados
na vigência da previsão legal anterior, tendo em vista a incidência da condição mais
benéfica, que decorre do princípio da proteção, inerente ao Direito do Trabalho.
Abaixo estão mudanças ocorridas na Seção XII, CLT, em relação aos
professores. Optamos por deixar o texto em negrito para que façam suas próprias
reflexões.
Art. 317. O exercício remunerado do magistério em estabelecimentos
particulares de ensino exigirá, além das condições de habilitação
estabelecidas pela competente legislação, o registo no Ministério do Trabalho,
Indústria e Comércio, que será feito, no Distrito Federal, no Departamento
Nacional do Trabalho e, nos Estados e no Território do Acre, nos respectivos
órgãos regionais.
§ 1º - Far-se-á o registro de que trata este artigo uma vez que o
interessado apresente os documentos seguintes:
a) certificado de habilitação para o exercício do magistério, expedido
pelo Ministério da Educação, ou pela competente autoridade estadual ou
municipal;
b) carteira de identidade;
c) folha-corrida;
d) atestado, firmado por pessoa idônea, de que não responde a
processo nem sofreu condenação por crime de natureza infamante;
e) atestado de que não sofre de doença contagiosa, passado por
autoridade sanitária competente.
§ 2º - Dos estrangeiros serão exigidos, além dos documentos indicados
nas alíneas a, c e e do parágrafo anterior, estes outros:
a) carteira de identidade de estrangeiro;
b) atestado de bons antecedentes, passado por autoridade policial
competente.
§ 3º - Tratando-se de membros de congregação religiosa, será
dispensada a apresentação de documentos indicados nas alíneas c e d do § 1º
31

e, quando estrangeiros, será o documento referido na alínea b do § 1º


substituído por atestado do bispo diocesano ou de autoridade equivalente.
Art. 317. O exercício remunerado do Magistério em estabelecimentos
particulares de ensino exigirá apenas habilitação legal e registro no Ministério
da Educação. (Redação dada pela Medida provisória nº 89, de 1989)
Art. 317 - O exercício remunerado do magistério, em estabelecimentos
particulares de ensino, exigirá apenas habilitação legal e registro no Ministério da
Educação. (Redação dada pela Lei nº 7.855, de 24.10.1989)
Art. 318 - Num mesmo estabelecimento de ensino não poderá o
professor dar, por dia, mais de 4 (quatro) aulas consecutivas, nem mais de 6
(seis), intercaladas.
Art. 318. O professor poderá lecionar em um mesmo estabelecimento por
mais de um turno, desde que não ultrapasse a jornada de trabalho semanal
estabelecida legalmente, assegurado e não computado o intervalo para refeição.
(Redação dada pela lei nº 13.415, de 2017)
Art. 319 - Aos professores é vedado, aos domingos, a regência de aulas e o
trabalho em exames.
Art. 320 - A remuneração dos professores será fixada pelo número de aulas
semanais, na conformidade dos horários.
§ 1º - O pagamento far-se-á mensalmente, considerando-se para este efeito
cada mês constituído de quatro semanas e meia.
§ 2º - Vencido cada mês, será descontada, na remuneração dos
professores, a importância correspondente ao número de aulas a que tiverem
faltado.
§ 3º - Não serão descontadas, no decurso de 9 (nove) dias, as faltas
verificadas por motivo de gala ou de luto em consequência de falecimento do
cônjuge, do pai ou mãe, ou de filho.
Art. 321 - Sempre que o estabelecimento de ensino tiver necessidade de
aumentar o número de aulas marcado nos horários, remunerará o professor, findo
cada mês, com uma importância correspondente ao número de aulas excedentes.
Art. 322. No período de exames e no de férias, será paga mensalmente
aos professores remuneração correspondente à quantia a eles assegurada, na
conformidade dos horários, durante o período de aulas.
32

Art. 322 - No período de exames e no de férias escolares, é assegurado aos


professores o pagamento, na mesma periodicidade contratual, da remuneração por
eles percebida, na conformidade dos horários, durante o período de aulas. (Redação
dada pela Lei nº 9.013, de 30.3.1995)
§ 1º - Não se exigirá dos professores, no período de exames, a prestação de
mais de 8 (oito) horas de trabalho diário, salvo mediante o pagamento complementar
de cada hora excedente pelo preço correspondente ao de uma aula.
§ 2º No período de férias, não se poderá exigir dos professores outro serviço
senão o relacionado com a realização de exames.
§ 3º - Na hipótese de dispensa sem justa causa, ao término do ano letivo ou
no curso das férias escolares, é assegurado ao professor o pagamento a que se
refere o caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 9.013, de 30.3.1995)
Art. 323 - Não será permitido o funcionamento do estabelecimento particular
de ensino que não remunere condignamente os seus professores, ou não lhes
pague pontualmente a remuneração de cada mês.
Parágrafo único - Compete ao Ministério da Educação e Saúde fixar os
critérios para a determinação da condigna remuneração devida aos professores bem
como assegurar a execução do preceito estabelecido no presente artigo.
Art. 324. Os estabelecimentos particulares de ensino, para o efeito da
fiscalização dos dispositivos aqui contidos, são obrigados a manter afixado na
secretaria, em lugar visível, o quadro de seu corpo docente, do qual conste o
nome de cada professor, o número de seu registo e o de sua carteira
profissional e o horário respectivo. (Vide Decreto-Lei nº 926, de 1969)
(Revogado pela Medida provisória nº 89, de 1989) (Revogado pela Lei nº 7.855,
de 24.10.1989)
Parágrafo único. Cada estabelecimento deverá possuir, escriturado em
dia, um livro de registo, do qual constem os dados referentes aos professores,
quanto à sua identidade, registo, carteira profissional, data de admissão,
condições de trabalho, e quaisquer outras anotações que por lei devam ser
feitas, bem como a data de sua saída quando deixarem o
estabelecimento.(Vide Decreto-Lei nº 926, de 1969)
33

UNIDADE 3 – O FUNDO DE MANUTENÇÃO E


DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA E DE
VALORIZAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO
(FUNDEB) – LEI Nº 11.494/0716

A lei em tela, regulamenta o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da


Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação – FUNDEB –, de
que trata o art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT);
altera a Lei nº 10.195, de 14 de fevereiro de 2001; revoga dispositivos das Leis nº
9.424, de 24 de dezembro de 1996, nº 10.880, de 9 de junho de 2004, e nº 10.845,
de 5 de março de 2004; e dá outras providências.

Figura 2: FUNDEB.
Fonte: http://fundebcajazeirinhas.blogspot.com.br/2011/04/fundeb.html

Desde o início do curso vimos sendo redundantes ao lembrar que a


educação como direito social somente foi reconhecida, abarcada e tornada
obrigatória na Constituição Federal de 1988, mais precisamente no art. 205.
A afirmação como direito social promoveu a necessidade da intervenção
ativa do Estado, promovendo ações políticas, por meio de organizações tributárias,
administrativas e jurídicas, proporcionando a população os serviços públicos, dentre
eles, a educação.
A descentralização do ensino público é algo que vem sendo discutido desde
1934, acerca das responsabilidades das esferas de governo em relação à
administração e custo-aluno. Em 1948, foi enviado ao Congresso o Projeto de Lei da

16
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11494.htm
34

L.D.B., tendo sua aprovação só em 1961, sob o nº 4.024/61 (BATISTA; DANIEL;


SANTOS, 2017).
Com a aprovação da LDB nº 9.394/96, foram traçados os limites de atuação
de cada esfera de Governo como demonstra o art. 10, inciso I e II da referida Lei.
Art. 10 Os Estados incumbir-se-ão de:
I - organizar, manter e desenvolver os órgão e instituições oficiais dos seus
sistemas de ensino;
II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino
fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das
responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos
financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público.
[...]
Quanto aos Municípios:
Art. 11. [...]
V - Oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com
prioridade, o ensino fundamental, permitindo a atuação em outros níveis de ensino
somente quando estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de
competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela
Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. [...]
Após vários debates em torno da criação de um Fundo, foi sancionada a Lei
9.424/96, surgindo assim o Fundo Especial para a Educação, chamado de FUNDEF
– Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de
Valorização do Magistério.
Segundo Jund (2006, p. 275),

[...] os fundos especiais estão disciplinados na Lei nº 4.320/64, constituindo-


se no produto de receitas especificadas que, por lei, vinculam-se à
realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a adoção de
normas peculiares de aplicação.

A Lei nº 4.320/6417, dispõe que:

17 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4320.htm que estatui Normas Gerais de


Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos
Municípios e do Distrito Federal.
35

Art. 71. Constitui fundo especial o produto de receitas especificadas que por
Lei se vinculam à realização de determinados objetivos ou serviços, facultada a
adoção de normas peculiares de aplicação.
Art. 72. A aplicação das receitas orçamentárias vinculadas a fundos
especiais far-se-á através de dotação consignada na lei de orçamento ou em
créditos adicionais.
Art. 74. A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas
peculiares de controle, prestação e tomada de contas, sem de qualquer modo, elidir
a competência do Tribunal de Contas ou órgão equivalente.
O Fundo é de âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, ou seja, não há
transferência de receita de um Estado para outro, ocorre um remanejamento de
receita dentro do próprio Estado. O Fundo é de natureza contábil, tendo os recursos
do Fundo depositados em conta bancária específica, passível de fiscalização e com
critérios de utilização.
Em poucas palavras, de forma bem objetiva, Slomski, (2003, p. 337)
descreve algumas características na elaboração de Lei para se constituir um Fundo
Especial. “A lei que instituir fundo especial poderá determinar normas peculiares de
controle, prestação e tomada de contas, sem, de qualquer modo, elidir a
competência específica do Tribunal de Contas ou órgão competente”.
Com a implantação do Fundo para a educação, as disponibilidades de
recursos ficaram vinculadas ao número de alunos matriculados na rede Municipal e
Estadual, e não mais à capacidade financeira local. Anteriormente, cada Município e
cada Estado tinham que financiar as despesas em educação com seus próprios
recursos. Por tanto, os Municípios e Estados que tivessem uma boa arrecadação
conseguiam custear essas despesas, e os que não tinham ficavam debilitados
(BATISTA; DANIEL; SANTOS, 2017).
A gama de recursos que compõem o Fundo foi vinculada de forma
estratégica, não só foram incluídas receitas próprias dos Estados e Municípios, mas
também parte das transferências feitas pela União aos mesmos.

Sobre o Fundeb vale guardar:


Foi instituído pela Emenda Constitucional nº 53, de 19 de dezembro de
2006, e regulamentado pela Medida Provisória nº 339, de 28 de dezembro do
36

mesmo ano, convertida na Lei nº 11.494, de 20 de junho de 2007, e pelos Decretos


nº 6.253 e nº 6.278, de 13 e 29 de novembro de 2007, respectivamente.
São destinatários dos recursos do Fundeb os Estados, Distrito Federal e
Municípios que oferecem atendimento na educação básica. Na distribuição desses
recursos, são consideradas as matrículas nas escolas públicas e conveniadas,
apuradas no último censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e
Pesquisas Educacionais (Inep/MEC).
Os alunos considerados, portanto, são aqueles atendidos:
 nas etapas de educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental (de
oito ou de nove anos) e ensino médio;
 nas modalidades de ensino regular, educação especial, educação de jovens e
adultos e ensino profissional integrado;
 nas escolas localizadas nas zonas urbana e rural;
 nos turnos com regime de atendimento em tempo integral ou parcial (matutino
e/ou vespertino ou noturno).
Em cada estado, o Fundeb é composto por 20% das seguintes receitas:
 Fundo de Participação dos Estados – FPE;
 Fundo de Participação dos Municípios – FPM;
 Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS;
 Imposto sobre Produtos Industrializados, proporcional às exportações–
IPIexp;
 Desoneração das Exportações (LC nº 87/96);
 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doações – ITCMD;
 Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores – IPVA;
 Cota parte de 50% do Imposto Territorial Rural-ITR devida aos municípios.
Também compõem o Fundo as receitas da dívida ativa e de juros e multas
incidentes sobre as fontes acima relacionadas.
Ainda, no âmbito de cada Estado, onde a arrecadação não for suficiente
para garantir o valor mínimo nacional por aluno ao ano, haverá o aporte de recursos
Federais, a título de complementação da União.
O valor a ser repassado resulta do montante arrecadado, ou seja, as
variações nos valores dos repasses decorrem das variações nos valores que são
arrecadados. Como a arrecadação das receitas que compõem o Fundo, por sua vez
variam, em função do comportamento da própria atividade econômica, tem-se que
37

oscilações de valores são comuns e, normalmente, não são significativas. De


qualquer modo, o valor arrecadado, a ser distribuído às contas específicas do
Estado e seus Municípios, em uma determinada Unidade Estadual, é multiplicado
por um coeficiente de distribuição de recursos, calculado para vigorar em cada ano,
em cada Estado e em cada Município, obtendo-se, com esse cálculo, o valor devido
a cada governo, proveniente daquele montante de recursos a ser distribuído. Esse
procedimento é repelido a cada vez que se tem um valor a ser distribuído.
São instituições envolvidas na operacionalização do Fundeb, que
desempenham as seguintes atribuições:
 INEP – realizar o censo escolar e disponibilizar dados;
 FNDE – dar apoio técnico acerca do Fundo aos Estados, DF, Municípios,
conselhos e instâncias de controle; realizar capacitação dos membros dos
conselhos; divulgar orientações e dados; realizar estudos técnicos com vistas
ao valor referencial anual por aluno que assegure qualidade do ensino;
monitorar a aplicação de recursos;
 Ministério da Fazenda – definir a estimativa de receita do Fundo; definir e
publicar os parâmetros operacionais do Fundeb, junto com o MEC;
disponibilizar os recursos arrecadados para distribuição ao Fundo; realizar o
fechamento de contas das receitas anuais do Fundo;
 Ministério do Planejamento – assegurar no orçamento recursos federais que
entram no Fundo; participar do Conselho do Fundo, no âmbito da União;
 Banco do Brasil – distribuir recursos e manter contas específicas do Fundo,
de estados e municípios;
 Caixa Econômica Federal - manter contas específicas do Fundo, de Estados
e Municípios18.

18
Disponível em: http://www.fnde.gov.br/financiamento/fundeb/sobre-o-plano-ou-programa/sobre-o-
fundeb
38

UNIDADE 4 – FUNDO DE FINANCIAMENTO ESTUDANTIL


(FIES)

O Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) é um


programa do Ministério da Educação destinado a financiar prioritariamente
estudantes de cursos de graduação, regularmente matriculados em cursos
superiores presenciais não gratuitos e com avaliação positiva nos processos
conduzidos pelo MEC. O Fies foi criado pela Lei nº 10.260/0119, alterada pela Lei nº
12.202/1020 e, recentemente, pela Medida Provisória nº 785 de 201721, passou a ser
Fundo de Financiamento Estudantil.

Figura 3: FIES.
Fonte: http://www.unifil.br/portal/como-ingressar/formas-de-ingresso/fies

O estudante interessado em obter financiamento para o curso superior deve


inscrever-se no processo seletivo do FIES, conduzido pela Secretaria de Educação
Superior – SESu do Ministério da Educação – MEC – e regularmente matriculado
em curso de graduação não gratuito com avaliação positiva no Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Superior – SINAES – oferecido por Instituição de Ensino

19 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10260.htm


20 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12202.htm. Altera a
Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, que dispõe sobre o Fundo de Financiamento ao Estudante do
Ensino Superior - FIES (permite abatimento de saldo devedor do FIES aos profissionais do magistério
público e médicos dos programas de saúde da família; utilização de débitos com o INSS como crédito
do FIES pelas instituições de ensino; e dá outras providências).
21 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Mpv/mpv785.htm#art1,
Altera a Lei nº 10.260, de 12 de julho de 2001, a Lei Complementar nº 129, de 8 de janeiro de 2009, a
Medida Provisória nº 2.156-5, de 24 de agosto de 2001, a Medida Provisória nº 2.157-5, de 24 de
agosto de 2001, a Lei nº 7.827, de 27 de setembro de 1989, a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996, a Lei nº 8.958, de 20 de dezembro de 1994, e dá outras providências.
39

Superior – IES – cuja mantenedora tenha efetuado adesão ao FIES, nos termos da
Portaria Normativa MEC nº 1, de 201022. O Fies é operacionalizado pelo Fundo
Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE. Todas as operações de adesão
das instituições de ensino, bem como de inscrição dos estudantes são realizadas
pela Internet, o que traz comodidade e facilidade para os participantes, assim como
garante a confiabilidade de todo o processo.
Para contratação do financiamento, é exigida a apresentação de fiador.
Existem dois tipos de fiança: a fiança convencional e a fiança solidária.
Ficam dispensados da exigência de fiador os alunos bolsistas parciais do
ProUni, os alunos matriculados em cursos de licenciatura e os alunos que tenham
renda familiar per capita de até um salário mínimo e meio.
Em 2010, o FIES passou a funcionar em um novo formato: a taxa de juros
do financiamento passou a ser de 3,4% a.a., o período de carência passou para 18
meses e o período de amortização para 3 (três) vezes o período de duração regular
do curso + 12 meses. O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE)
passou a ser o Agente Operador do Programa para contratos formalizados a partir
de 2010. Além disso, o percentual de financiamento subiu para até 100% e as
inscrições passaram a ser feitas em fluxo contínuo, permitindo ao estudante o
solicitar do financiamento em qualquer período do ano.
A partir do segundo semestre de 2015, os financiamentos concedidos com
recursos do FIES passaram a ter taxa de juros de 6,5% ao ano com vistas a
contribuir para a sustentabilidade do programa, possibilitando sua continuidade
enquanto política pública perene de inclusão social e de democratização do ensino
superior. O intuito é de também realizar um realinhamento da taxa de juros às
condições existentes no ao cenário econômico e à necessidade de ajuste fiscal.
A seleção dos estudantes aptos para a contratação do FIES, a partir do
primeiro semestre de 2016, passou a ser efetuada exclusivamente com base nos
resultados obtidos no Exame Nacional do Ensino Médio – Enem –, observadas as
demais normas estabelecidas pelo Ministério da Educação, sendo exigida:
 média aritmética das notas obtidas nas provas do Enem igual ou superior a
quatrocentos e cinquenta pontos;
 nota na redação do Enem diferente de zero.

22
Disponível em: http://sisfiesportal.mec.gov.br/arquivos/portaria_normativa_n01_22012010.pdf
40

Toda a legislação básica do FIES pode ser encontrada na página:


https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/ActionDatalegis.php?acao=abrirTreeview&c
od_menu=1315&cod_modulo=85
Notícias recentes da Câmara dos Deputados!
O plenário da Câmara aprovou nesta terça-feira (31/10/17) a medida
provisória que institui novas regras para o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).
Por 255 votos a 105, os deputados acataram as mudanças propostas pelo governo
ao sistema que financia estudantes de cursos privados do ensino superior,
profissional, técnico ou tecnológico e em programas de mestrado e doutorado. Os
deputados acabaram de analisar os destaques apresentados à MP ainda durante a
noite. A matéria agora vai ao Senado.
Atualmente, para ter acesso ao financiamento, o estudante deve passar por
avaliação positiva em processos estabelecidos pelo Ministério da Educação (MEC),
como o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Também é necessário comprovar
renda familiar mensal bruta de até três salários-mínimos. Entre as principais
mudanças estão as formas de pagamento da dívida e das taxas de juros do
financiamento.
Vamos apenas expor a matéria, pois ainda é cedo para críticas e
conclusões.
Dívida:
Uma das alterações propostas pela MP está a exigência de que o
pagamento do valor financiado ocorrerá no primeiro mês após a conclusão do curso.
Antes, após a formatura, o estudante tinha até 18 meses para começar a pagar o
financiamento. O chamado “prazo de carência” tinha como objetivo dar um tempo ao
recém-formado para que ele conseguisse uma fonte de renda antes de começar a
quitar a dívida. Nesse período, o estudante pagava, a cada três meses, uma parcela
de até R$ 150, referente aos juros que incidem sobre o financiamento.
De acordo com a medida aprovada pela Câmara, o estudante poderá
consignar a dívida à folha de pagamento, caso esteja empregado. O saldo devedor
remanescente deverá ser pago em prestações mensais equivalentes ao maior valor
entre o pagamento mínimo e o cálculo do percentual vinculado à renda bruta do
estudante. Ou, ainda, poderá ser amortizado e quitado de forma integral com
redução dos encargos.
Juros:
41

Entre outros pontos, a medida estabelece também que, a partir do primeiro


semestre de 2018, os financiamentos serão concedidos, dependendo da
modalidade, sem juros e com correção anual de acordo com a variação do índice
oficial de preços ou taxa estipulada no início do contrato. Hoje, a taxa de juros anual
do programa é de 6,5%. A MP admite a possibilidade de reparcelamento ou
amortização em condições especiais de débitos vencidos e a extensão do prazo
para conclusão do curso financiado por até quatro semestres.
A medida permite o abatimento de 1% do saldo devedor para estudantes
que atuarem como professores de educação básica na rede pública. O percentual
de abatimento pode chegar a 50% do valor devido para estudantes que atuarem
como médicos de equipe da saúde da família ou como médico militar em áreas
carentes de profissionais.
Instituições financeiras oficiais, como bancos ou administradores de crédito,
poderão atuar como agente operador do Fies e empresas financeiras poderão ser
contratadas para serviços de cobrança administrativa. Fica dispensada a licitação na
contratação das empresas se elas forem públicas. Os operadores de crédito
poderão gerir os recursos do programa, fiscalizar as informações prestadas pelos
estudantes e definir as condições de concessão de financiamento, de acordo com
critério estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
A MP também introduz novas modalidades de financiamento como o Fies-
trabalhador e o Fies-empresas, direcionados aos cursos profissionais e técnicos. O
texto cria ainda o Programa de Financiamento Estudantil, que complementará o Fies
e será composto por recursos de fundos regionais de desenvolvimento, do Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de outras receitas
a serem definidas.
A medida constitui ainda o Fundo Garantidor do Fies, uma espécie de
seguro privado de limite de R$ 3 bilhões, ao qual deverão se vincular
obrigatoriamente as instituições privadas de ensino que adotam o programa. A
instituição de ensino que tiver interesse em aderir ao Fies deverá aplicar percentuais
que variam de 10% a 25 % sobre os encargos educacionais, de acordo com o tempo
de vínculo da entidade mantenedora ao fundo garantidor
(http://agenciabrasil.ebc.com.br/politica/noticia/2017-10/camara-aprova-texto-base-
da-mp-que-muda-regras-do-fies)
42

UNIDADE 5 – PROGRAMA UNIVERSIDADE PARA TODOS


(PROUNI)

O Programa Universidade para Todos, conhecido como PROUNI, é o


programa do Ministério da Educação, criado pela Lei nº 11.096, de 13 de janeiro de
200523, que concede bolsas de estudo integrais e parciais de 50% em instituições
privadas de educação superior, em cursos de graduação e sequenciais de formação
específica, a estudantes brasileiros sem diploma de nível superior. Em contrapartida,
é oferecido isenção de tributos às instituições de ensino superior privada que
aderem ao Programa.
Dirigido aos estudantes egressos do ensino médio da rede pública ou da
rede particular na condição de bolsistas integrais, para estudantes que possuam
renda familiar bruta mensal, por pessoa, de até um salário mínimo e meio e bolsa
parcial de 50% para estudantes que possuam renda familiar bruta mensal, por
pessoa, de até três salários mínimos.
Prouni conta com um sistema de seleção informatizado e impessoal, que
confere transparência e segurança ao processo. Os candidatos são selecionados
pelas notas obtidas no Exame Nacional do Ensino Médio – Enem – conjugando-se,
desse modo, inclusão à qualidade e mérito dos estudantes com melhores
desempenhos acadêmicos.
O Programa possui também ações conjuntas de incentivo à permanência
dos estudantes nas instituições, como a Bolsa Permanência e ainda o Fundo de
Financiamento Estudantil – Fies –, que possibilita ao bolsista parcial financiar parte
da mensalidade não coberta pela bolsa do programa.
O Prouni já atendeu, desde sua criação até o processo seletivo do segundo
semestre de 2016, mais de 1,9 milhão de estudantes, sendo 70% com bolsas
integrais24.
O Programa Universidade para Todos, somado ao Fies, ao Sistema de
Seleção Unificada (Sisu), ao Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e
Expansão das Universidades Federais (Reuni), a Universidade Aberta do Brasil
(UAB) e a expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica

23
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11096.htm
24
Disponível em:(http://prouniportal.mec.gov.br/o-programa
43

ampliam significativamente o número de vagas na educação superior, contribuindo


para um maior acesso dos jovens à educação superior25.
Segundo Mendes e Branco (2014, p. 680),

o PROUNI tem sido uma das principais políticas públicas, na área da


educação superior do Estado brasileiro, tendo alcançado um número
expressivo de beneficiários e, assim, cumprindo com o seu principal
objetivo, que é a democratização do acesso ao ensino superior. Esses
autores destacam que a possibilidade de oferta de tantas vagas do
PROUNI, possibilitando a acesso e inclusão de estudantes de classes
menos favorecidas, mas emergentes, está também relacionada ao fato
deste programa estar utilizando vagas de Faculdades e Universidades
privadas.

Figura 4: Prouni.
Fonte: http://vestibular.mundoeducacao.bol.uol.com.br/upload/vestibular/prouni

Os resultados positivos do PROUNI podem ser constatados em dados


concretos. Durante 10 anos de sua implantação, foram muitos os beneficiados. O
número de bolsas, do ano de 2005 até o ano de 2015, alcançou um total de
2.556.155 bolsas de estudo concedidas, sendo dessas 69% bolsas integrais e 31%
bolsas parciais. Do mesmo modo, observando o percentual de bolsista por etnia,
conforme autodeclaração, é possível perceber que 46,6% se autodeclararam de cor
branca, 37,3% parda, 12,5% preta, 1,8% amarela, 0,1% indígena e 1,8% não
informaram, o que demonstra que, apesar da maioria se autodeclararem de cor
branca, há um bom percentual de autodeclarados de cor parda, e preta presentes
entre os bolsistas do Programa, totalizando 49.8% (BRASIL, PROUNI, 2014 apud
DIAS; ANGELIN, 2016).
Segundo os autores mencionados anteriormente, esses resultados são
bastante animadores. O PROUNI não retirou vagas de outros indivíduos, mas

25
Disponível em: http://prouniportal.mec.gov.br/o-programa
44

ampliou o acesso ao ensino superior, dando mais oportunidade a todos, bem como
uma maior mobilidade social para as pessoas beneficiadas.
Destaca-se que o acesso à educação através do PROUNI possibilita que o
indivíduo tenha mais oportunidades, assim também como “O direito a educação é
parte do reconhecimento da importância do saber para o indivíduo, e da aquisição
de uma consciência social para interferir nas transformações de seu meio social”
(COSTA, 2012, p. 101).
Entretanto, apesar do recebimento de bolsas, para alguns indivíduos
permanecerem estudando, não basta apenas receber bolsa que inclua apenas o não
pagamento de mensalidades, pois devido a condição em que se encontram,
precisam ter mais apoio. Não se pode olvidar a procedência destes estudantes:

[...] Os estudantes prounistas são oriundos do ensino público, e muitos


destes apresentam necessidades específicas que precisam ser supridas
para que tenham condições básicas de concluir o curso escolhido. Sendo
assim, as necessidades socioeconômicas podem interferir no processo de
ensino aprendizagem, e com isso também influenciando na trajetória
acadêmica dos estudantes. É necessário que o aluno disponha de
condições mínimas para a sobrevivência, tais como alimentação, moradia e
transporte (ROCHA, 2015, p. 13).

A falta de moradia, habitação e transporte pode levar a ocorrências de


evasão por parte dos alunos prounistas, evidenciando que não basta conceder
bolsas de estudo. O acesso e a permanência à educação está envolto de outras
necessidades, como as acima elencadas, sendo este um desafio futuro do acesso à
educação (DIAS; ANGELIN, 2016).

5.1 A Bolsa Permanência


A Bolsa Permanência é um benefício com o valor máximo equivalente ao
praticado na política Federal de bolsas de iniciação científica, destinada
exclusivamente ao custeio das despesas educacionais de beneficiário de bolsa
integral do Programa Universidade para Todos – Prouni.
Essa bolsa destina-se a estudantes com bolsa integral em utilização do
Prouni, matriculados em cursos presenciais com no mínimo 6 (seis) semestres de
duração e cuja carga horária média seja igual ou superior a 6 (seis) horas diárias de
aula, de acordo com os dados cadastrados pelas instituições de ensino junto ao
MEC.
45

A referida carga horária média é calculada pela divisão entre a carga horária
mínima total do curso, em horas, e o resultado da multiplicação do respectivo prazo
mínimo em anos para integralização do curso e o número de dias do ano letivo,
sendo este fixado pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB –, em
200 dias letivos. O cálculo da carga horária média é efetuado com base nos dados
constantes no Cadastro e-MEC de Instituições e Cursos Superiores do Ministério da
Educação.
O valor da Bolsa Permanência é definido em edital publicado pela Secretaria
de Educação Superior do Ministério da Educação.
A seleção dos bolsistas aptos ao recebimento da Bolsa Permanência é
realizada mensalmente, no primeiro dia de cada mês, observado o cálculo da carga
horária e a disponibilidade orçamentária e financeira do Ministério da Educação.
Os estudantes aptos a receber a Bolsa Permanência deverão providenciar a
abertura de conta corrente individual no Banco do Brasil ou na Caixa Econômica
Federal. Não serão aceitas contas tipo poupança, contas eletrônicas (operação 023
da CAIXA), contas com mais de um titular ou contas abertas com CPF diferente
daquele pertencente ao bolsista. Em seguida, o estudante deverá dirigir-se à
coordenação do Prouni na instituição em que está matriculado, levando seu
documento de identidade, CPF e comprovante bancário com os dados da sua conta
corrente, para que seja efetivado seu cadastramento no Sistema do Prouni e
assinado o Termo de Concessão de Bolsa Permanência.
O pagamento do benefício está condicionado à assinatura do respectivo
Termo de Concessão. A assinatura do termo assegurará apenas a expectativa de
direito ao recebimento mensal da bolsa, ficando seu efetivo pagamento
condicionado à disponibilidade orçamentária e financeira do Ministério da Educação.
O pagamento da Bolsa Permanência está condicionado à atualização
mensal da relação de bolsistas a serem beneficiados, a ser efetuada pela
coordenação do Prouni em cada instituição de ensino superior, por meio do Sistema
do Prouni, até o dia 15 de cada mês.
O pagamento da Bolsa Permanência está condicionado à assinatura, pelo
beneficiário, do Termo de Concessão de Bolsa Permanência e à emissão mensal,
pelo coordenador do Prouni, da Relação Mensal dos Beneficiários da Bolsa
Permanência, até o dia 15 de cada mês, por meio de assinatura digital. Não haverá
pagamento retroativo de bolsa, salvo em caso de inviabilidade operacional de
46

execução dos procedimentos de cadastramento ou pagamento, ocorrida em função


de inconsistência de processamento que não tenha sido causada por ato comissivo
ou omissivo de responsabilidade da instituição de ensino superior ou do beneficiário.
A Bolsa Permanência será concedida aos bolsistas do Prouni beneficiários
de bolsas integrais em utilização, cessando seu recebimento em caso de
suspensão, pelo período em que esta persistir, em caso de encerramento de tal
benefício, ou se o curso deixar de atender aos critérios estabelecidos quanto à carga
horária.
A bolsa permanência será encerrada nos seguintes casos:
 encerramento da bolsa do Prouni;
 transferência do usufruto da bolsa para curso que não se enquadre nos
critérios de concessão da Bolsa Permanência;
 utilização dos recursos recebidos pelo estudante para outra destinação que
não o custeio de suas despesas educacionais;
 constatação de inidoneidade de documento apresentado ou falsidade de
informação prestada pelo estudante;
 solicitação do estudante beneficiado26.

26
Disponível em: http://prouniportal.mec.gov.br/bolsa-permanencia
47

UNIDADE 6 – PROGRAMA NACIONAL DE ACESSO AO


ENSINO TÉCNICO E EMPREGO (PRONATEC)

O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego


(PRONATEC) foi criado pelo Governo Federal, em 2011, por meio da Lei nº
12.513/201127, com o objetivo de expandir, interiorizar e democratizar a oferta de
cursos de educação profissional e tecnológica no país.
O Pronatec busca ampliar as oportunidades educacionais e de formação
profissional qualificada aos jovens, trabalhadores e beneficiários de programas de
transferência de renda.
De 2011 a 2014, por meio do Pronatec, foram realizadas mais de 8,1
milhões de matrículas, entre cursos técnicos e de qualificação profissional, em mais
de 4.300 municípios. Em 2015, foram 1,3 milhão de matrículas.
Objetivos do Pronatec:
I - expandir, interiorizar e democratizar a oferta de cursos de educação
profissional técnica de nível médio presencial e a distância e de cursos e programas
de formação inicial e continuada ou qualificação profissional;
II - fomentar e apoiar a expansão da rede física de atendimento da educação
profissional e tecnológica;
III - contribuir para a melhoria da qualidade do ensino médio público, por
meio da articulação com a educação profissional;
IV - ampliar as oportunidades educacionais dos trabalhadores, por meio do
incremento da formação e qualificação profissional;
V - estimular a difusão de recursos pedagógicos para apoiar a oferta de
cursos de educação profissional e tecnológica;
VI - estimular a articulação entre a política de educação profissional e
tecnológica e as políticas de geração de trabalho, emprego e renda.
Cinco iniciativas integram as ações do Pronatec:
1) Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica – entre 2003 e 2014 foram construídas 422 unidades dos
Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia. Entregues à
população, elas foram somadas às 140 unidades construídas entre 1909 e

27
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/lei/l12513.htm
48

2002. Hoje, a Rede Federal é composta por 38 Institutos Federais de


Educação, Ciência e Tecnologia, 02 Centros Federais de Educação
Profissional e Tecnológica, 24 Escolas Técnicas Vinculas às Universidades
Federais e o Colégio Pedro II, totalizando 562 campi em funcionamento.
2) Programa Brasil Profissionalizado – destina-se à ampliação da oferta e ao
fortalecimento da educação profissional integrada ao ensino médio nas redes
estaduais. Por meio do programa, o governo federal repassa recursos para as
redes de educação profissional dos Estados e do Distrito Federal. Os
recursos foram para a construção, reforma e ampliação de escolas estaduais,
instalação de laboratórios de apoio aos cursos técnicos e capacitação de
docentes e gestores escolares. Até o final de 2015, foram construídas,
reformadas e ampliadas 342 escolas públicas estaduais aptas a ofertar
cursos técnicos integrados ao ensino médio.
3) Rede e-Tec Brasil – por meio da Rede e-Tec Brasil são oferecidos
gratuitamente cursos técnicos e de qualificação profissional, na modalidade a
distância. Participam as instituições da Rede Federal de Educação
Profissional, Científica e Tecnológica, as unidades de ensino dos Serviços
Nacionais de Aprendizagem (SENAI, SENAC, SENAR e SENAT) e
instituições de educação profissional vinculadas aos sistemas estaduais de
ensino.
4) Acordo de Gratuidade com os Serviços Nacionais de Aprendizagem – tem por
objetivo ampliar, progressivamente, a aplicação dos recursos do SENAI e
do SENAC, recebidos da contribuição compulsória, em cursos técnicos e de
qualificação profissional, em vagas gratuitas destinadas a pessoas de baixa
renda, com prioridade para estudantes e trabalhadores. O Acordo foi
celebrado em 2008 e, em 2014, as instituições atingiram o percentual de
alocação de 66,7% da receita líquida oriunda da contribuição compulsória nos
seus programas de gratuidade.
5) Bolsa-Formação – por meio da Bolsa-Formação são ofertados cursos
técnicos e cursos de formação inicial e continuada ou qualificação
profissional, utilizando as estruturas já existentes nas redes de educação
profissional e tecnológica. A iniciativa oferta cursos técnicos para estudantes
matriculados no ensino médio (cursos técnicos concomitantes), para quem
concluiu o ensino médio (cursos técnicos subsequentes, por meio do Sisutec),
49

para estudantes da educação de jovens e adultos e, ainda, cursos de


qualificação profissional28.
Segundo relatório da Câmara dos Deputados, elaborado por Gomes (2016),
o Pronatec vem contribuindo como política pública para ampliar a oferta de
educação profissional no Brasil e deve ser considerado uma proposta exitosa do
ponto de vista dos números alcançados, em prazo bastante curto.
Entre 2011 e 2014, o Pronatec alcançou a meta inicialmente estipulada de 8
milhões de matrículas, sendo 2,3 milhões (28%) em cursos técnicos e 5,8 milhões
(72%) em cursos FIC. Especificamente na Bolsa-Formação, cuja meta para o
mesmo período era de 2,6 matrículas em cursos FIC e 400 mil matrículas em cursos
técnicos, os números alcançados foram 3,4 milhões e 975 mil, respectivamente.
O desenho do Programa também se destaca como um avanço para a
educação profissional, que sempre patinou entre ações pontuais, desarticuladas e
descontínuas. O Pronatec articula um amplo conjunto de instituições ofertantes de
educação profissional, além disso, sua estrutura de governança na organização da
demanda é integrada por vários atores responsáveis pela execução de políticas
públicas, como órgãos federais e gestores locais.
A oferta de cursos segue parâmetros estabelecidos que resultam de
aprendizagens do passado, como carga horária mínima elevada e organização de
catálogo institucional periodicamente atualizado.
Em geral, estabelecer e ajustar progressivamente esse tipo de articulação
ampla entre ofertantes e demandantes de cursos é um processo complexo, mas
importante para fortalecer e expandir a educação profissional no Brasil.
Esses avanços na organização da oferta podem contribuir para pavimentar o
caminho em direção a itinerários formativos no âmbito dessa modalidade,
combinando as diferentes formas de educação profissional ao longo da trajetória de
vida do aluno/trabalhador. Com esse olhar mais abrangente sobre a política pública
de educação profissional, é possível compreender os ganhos intrínsecos à
articulação que foi construída no Pronatec. A mudança é bem-vinda porque se
adequa bastante à ideia de desenvolvimento profissional contínuo.
As características assumidas pelo Pronatec colaboram ainda para o
reconhecimento definitivo de que modelos de oferta dessa modalidade de ensino

28
Disponível em: http://portal.mec.gov.br/pronatec
50

tendem a ser complexos e diversificados para atender às múltiplas demandas do


mundo do trabalho e, por que não dizer, aos diferentes projetos de vida do seu
público.
Por outro lado, há muito a fazer. A começar por uma avaliação mais
abrangente, que preste contas dos resultados alcançados vis-à-vis os objetivos
definidos na legislação, bem como informe sobre a qualidade dos cursos que estão
sendo ofertados e o impacto sobre as trajetórias dos egressos.
O Programa foi bem-sucedido na rápida expansão de sua cobertura e na
focalização, mas deve avançar na gestão, instituindo melhores mecanismos de
acompanhamento, de controle do processo de pactuação, de monitoramento da
realização dos cursos e de incremento de estratégias voltadas à inserção e
reinserção profissional dos egressos.
Seja o Pronatec, o Fies, o Prouni e outros programas que não discutimos,
todos recebem críticas e elogios, todos passam por avanços e retrocessos. O que se
faz mister é sempre focar no esforço de promover o acesso e democratização de
todos à educação que é direito social garantido na Constituição Federal de 1988.
O direito à educação exige do Estado prestações positivas no sentido de
garantir a todos o acesso à educação. Este acesso vem se ampliando aos poucos
no cenário educacional brasileiro através da implementação de políticas públicas, as
quais se constituem em mecanismos de ação do Estado com o objetivo de garantir a
todos os direitos fundamentais consagrados em nossa Constituição Federal , pois é
através da implementação de políticas públicas que o direito à educação será
assegurado (CARVALHO, 2015).
51

REFERÊNCIAS

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educação básica. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-
2010/2008/lei/l11738.htm

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para definir tamanho mínimo da fonte em contratos de adesão. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11785.htm

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inciso VI do art. 10 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, para assegurar o
acesso de todos os interessados ao ensino médio público. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12061.htm

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Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, e as Leis ns. 9.503, de 23 de setembro
de 1997, 10.233, de 5 de junho de 2001, 11.079, de 30 de dezembro de 2004, e
12.023, de 27 de agosto de 2009, para regular e disciplinar a jornada de trabalho e o
tempo de direção do motorista profissional; e dá outras providências. Disponível em:
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Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, para
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