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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Politicas


Licenciatura em Administração Pública
Cadeira de Relações Internacionais

Ibraimo Joaquim Martins


Endereço electrónico:
ibraimojoaquim@gmail.com
4º Ano, Laboral

Quelimane Abril de 2021


Linguagem e Principais Conceitos

 Relações Internacionais (RI) é uma disciplina nova no campo das disciplinas sociais,
em sua formação é facilmente perceptível que é multidisciplinar, pois nos seus pilares
de formação encontram-se elementos da sociologia, antropologia, política, economia,
direito, filosofia.

 Sistema Internacional (SI) é o espaço onde há interações entre os Estados.

 Soberania - o conceito foi teorizado no séc. XVI por Jean Bodin, reconhece que o
Estado soberano não só não reconhece poder igual ao seu dentro das suas fronteiras
como não reconhece nenhum poder superior no relacionamento com outros Estados
soberanos.

 Anarquia - o conceito relaciona-se com a ausência de uma autoridade superior que


possa organizar as relações entre os Estados e impor um tipo qualquer de arranjo
baseado na justiça.

 Poder – “Na política internacional, o poder é um meio e um fim a partir do qual se


instaura uma relação de dominação na qual um ou mais obedecem a outra.

Actores Internacionais

Na visão de Pecequilo (2008), atores Internacionais são aqueles que ao interagir no cenário
internacional podem transformar o ambiente. Que podem ser classificados em atores estatais e
atores não estatais.

Actores estatais

São aqueles que estão ligados directamente com administração do Estado, ou seja são vindos
do Estado (Governo), como os políticos eleitos e os servidores públicos dependendo de
acções governamentais e, muitas vezes, eles mesmos possuem projectos políticos. Temos
como:

 As organizações internacionais intergovernamentais (OIGs) - são compostas por


estados soberanos e são constituídas por meio de tratados ou acordos para actuarem
em favor dos seus membros;

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 Atores supraestatais – tem uma série de organismos internacionais e outras
colectividades estatais no pleno exercício e inequívoco de personalidade jurídica,
criados por desígnio volitivo dos Estados pela cessão, renúncia ou delegação da
summa potestas. Exemplos de atores supraestatais são: ONU, OMC, OIT, FAO, OEA,
UNESCO, FMI, BIRD etc.
Atores infraestatais - são unidades subnacionais que podem ter capacidade político-
jurídica de negociação e articulação internacional, mediante anuência plena e expressa
da autoridade do governo central de acordo com os respectivos dispositivos
constitucionais daquele Estado.
 Atores antiestatais (paraestatais) – são grupos revolucionários, guerrilheiros ou
fundamentalistas que, por meio do uso da violência, da intimidação, dos armamentos e
da disciplina paramilitar visa a minar a autoridade do Estado e de sua soberania.

Categorias dos actores Estatais

 Superpotências ou Potências Globais - que detém recursos nestes dois níveis,


exercendo e projectando seu poder de forma multidimensional em nível mundial, o
que lhes capacita ao exercício da hegemonia;
 Potências Regionais - com capacidade para ação em nível regional em suas
respectivas esferas de influência, com menor disponibilidade de recursos que as
nações de projeção global. Sua presença é definidora do equilíbrio ou do desequilíbrio
em seu espaço geográfico. NYE, Joseph S. (2002).
Actores não estatais

Segundo Cepik e Borba, (2011), São aqueles que não estão ligados directamente a
administração, mais procuram participar das decisões do estado, ou seja, os que vêm da
sociedade civil, como sindicalistas, empresários, imprensa e entidades como associações. Das
quais temos os seguintes:

 Organizações Não Governamentais (ONG) – são instituições de origem privada is,


são as instituições que em muitas vezes se instalam para preencher as lacunas deixadas
pelo governo;
 As empresas multinacionais (EMN) - são as organizações com fins lucrativos que
são proprietárias de ativos e/ou controlam a produção de bens e serviços em dois ou
mais países além daquele de origem;

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 Indivíduos - podem ser atores relevantes das relações internacionais dependendo da
conjuntura e da sua posição em estruturas de poder e riqueza. Exemplo: Roosevelt ou
Deng Xiaping), celebridades (Bono Vox e Oprah Winfrey), esportistas (Usain Bolt e
Maradona) ou empresários (Bill Gates e Jack Ma) como pessoas que têm influência
nas dinâmicas internacionais.

Tipos de RI

 Relações Internacionais Multipartidárias – são aquelas que visam o relacionamento


com vários países;
 Relações Internacionais Bipartidárias – são aquelas cujo o relacionamento é de um
pais para outro.

Níveis de Analise das RI

 Individuo
O nível individual - apropria-se do estudo da natureza humana para
explicar/compreender seu objecto de estudo.
Nesse caso, poder-se, por exemplo, um evento internacional a partir da análise
cognitivo comportamental de um presidente ou autoridade governamental e sua
respectiva influência sobre os processos decisórios do país.
 Nível societal - consideram-se os interesses de segmentos da sociedade ou da
burocracia estatal como foco da pesquisa em RI.
 Estado
No nível estatal - tem-se o estudo dos interesses e sistemas de governo (democracias,
ditaduras, economia, segurança, política) dos Estados como um ente unitário nas
relações inter-estatais. Já no nível supraestatal, o pesquisador privilegia o estudo de
organizações internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) ou a
Organização Mundial do Comércio (OMC), assim como organismos internacionais
não governamentais (multinacionais, organizações terroristas, grupos ambientalistas,
etc.) como foco de seu trabalho.
 Sistema
O nível do sistema internacional - avalia os padrões sistémicos das relações mútuas
entre todos os atores das Relações Internacionais. A análise sistémica argumenta que
os Estados são entidades políticas soberanas, não existindo um governo central nas

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Relações Internacionais, o que daria a característica anárquica do sistema. A
hierarquia desse sistema seria determinada pelo exercício dos recursos de poder dos
Estados (território, população, exércitos, tecnologia, riqueza, etc.) no interior do
mesmo.
Percebe-se, então, uma diferenciação clara entre níveis de análise e atores no estudo
das Relações Internacionais. Ainda que se queira compreender, por exemplo, o apoio
do Governo Unitário no processo de internacionalização de empresas Moçambicanas a
partir da análise do nível sistémico das Relações Internacionais (oligopolização de
sectores da economia mundial e reordenação do sistema produtivo global), os
protagonistas, nesta análise, podem ser as grandes empresas Moçambicanas, o Estado
moçambicano e os países onde actuam as empresas nacionais.

Modelos de Sistema Internacional

 Unipolar – apenas um estado concentra a maior parte dos recursos de poder,


exercendo, assim, maior influência sobre outros Estados. Apesar da concentração de
poder em polo único, esta nunca ocorre de forma plena, criando espaço para
contestações ao líder hegemónico.
Para o teórico WALTZ . K: ( 2002), a unipolaridade leva à busca, pelos Estados
menores, de um balanço de poder que reduza as suas vulnerabilidades. Esse balanço
pode ocorrer pelo aumento das capacidades individuais dos Estados ou por alianças
para fazer frente ao líder.
 Bipolares - A Guerra Fria configurou como exemplo clássico de um modelo bipolar,
com duas áreas de concentração de poder definidas. Actualmente, apesar das
disparidades em relação a capacidades militares, aventou-se a possibilidade da
formação um sistema bipolar entre Estados Unidos e China, baseado no desempenho
económico de ambos. A retracção internacional de Washington, entretanto, tem
tornado esse cenário menos provável.
 Multipolares - Uma das correntes mais populares para explicar o sistema actual é a de
multipolaridades simétricas, na qual diversos polos de poder com capacidades
similares existem simultaneamente. A existência actualmente de uma multipolaridade
pela presença de diversos polos de poder que, apesar de capacidades distintas, são
capazes de influenciar a agenda internacional. Os centros desse sistema seriam os
Estados Unidos, a União Europeia, a China e a Rússia.

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Referências bibliográficas

WALTZ . K: ( 2002).Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Gradiva,

NYE, Joseph S. (2002). Compreender os Conflitos Internacionais. Uma Introdução à Teoria


e à História. Lisboa: Gradiva.

PECEQUILO. (2008): Introdução às Relações Internacionais: temas, atores e visões.


Petrópolis-RJ, Vozes.

Cepik,( 2018). Relações Internacionais: conceitos, atores, processos, instituições e teorias

Disponível em: https://cursosapientia.wordpress.com/2017/09/08/polaridades-no-sistema-


internacional/ Acesso aos 16 de Abril.

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