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História e etimologia
Carnaval de Loulé, Portugal - Fevereiro de 2006.
A festa carnavalesca surgiu a partir da implantação, no século XI, da Semana Santa pela Igreja
Católica, antecedida por quarenta dias de jejum, a Quaresma. Esse longo período de privações
acabaria por incentivar a reunião de diversas festividades nos dias que antecediam a Quarta-feira
de Cinzas, o primeiro dia da Quaresma. A palavra "carnaval" está, desse modo, relacionada com
a ideia de deleite dos prazeres da carne marcado pela expressão "carnis valles", que, acabou por
formar a palavra "carnaval", sendo que "carnis" do grego significa carne e "valles" significa
prazeres. Em geral, o Carnaval tem a duração de três dias, os dias que antecedem a Quarta-feira
de Cinzas. Em contraste com a Quaresma, tempo de penitência e privação, estes dias são
chamados "gordos", em especial a terça-feira (Terça-feira gorda, também conhecida pelo nome
francêsMardi Gras), último dia antes da Quaresma. Nos Estados Unidos, o termo mardi gras é
sinônimo de Carnaval.
O Carnaval da Antiguidade era marcado por grandes festas, onde se comia, bebia e participava
de alegres celebrações e busca incessante dos prazeres. O Carnaval prolongava-se por sete dias
na ruas, praças e casas da Antiga Roma, de 17 a 23 de dezembro. Todas as actividades e
negócios eram suspensos neste período, os escravos ganhavam liberdade temporária para fazer o
que em quisessem e as restrições morais eram relaxadas. As pessoas trocavam presentes, um rei
era eleito por brincadeira e comandava o cortejo pelas ruas (Saturnalicius princeps) e as
tradicionais fitas de lã que amarravam aos pés da estátua do deus Saturno eram retiradas, como
se a cidade o convidasse para participar da folia.
No período do Renascimento as festas que aconteciam nos dias de carnaval incorporaram
os baile de máscaras, com suas ricas fantasias e os carros alegóricos. Ao caráter de festa popular
e desorganizada juntaram-se outros tipos de comemoração e progressivamente a festa foi
tomando o formato atual.
De acordo com o modo contemporâneo o carnaval ainda é considerado uma forma de festa
bastante tradicional, pois persistiu por vários anos com o mesmo aspecto.
O que é
O carnaval é considerado uma das festas populares mais animadas e representativas do mundo.
Tem sua origem no entrudo português, onde, no passado, as pessoas jogavam uma nas outras,
água, ovos e farinha. O entrudo acontecia num período anterior a quaresma e, portanto, tinha um
significado ligado à liberdade. Este sentido permanece até os dias de hoje no Carnaval.
História do Carnaval
O entrudo chegou ao Brasil por volta do século XVII e foi influenciado pelas festas
carnavalescas que aconteciam na Europa. Em países como Itália e França, o carnaval ocorria em
formas de desfiles urbanos, onde os carnavalescos usavam máscaras e fantasias. Personagens
como a colombina, o pierrô e o Rei Momo também foram incorporados ao carnaval brasileiro,
embora sejam de origem européia.
No Brasil, no final do século XIX, começam a aparecer os primeiros blocos carnavalescos,
cordões e os famosos "corsos". Estes últimos, tornaram-se mais populares no começo dos
séculos XX. As pessoas se fantasiavam, decoravam seus carros e, em grupos, desfilavam pelas
ruas das cidades. Está ai a origem dos carros alegóricos, típicos das escolas de samba atuais.
No século XX, o carnaval foi crescendo e tornando-se cada vez mais uma festa popular. Esse
crescimento ocorreu com a ajuda das marchinhas carnavalescas. As músicas deixavam o
carnaval cada vez mais animado.
A primeira escola de samba surgiu no Rio de Janeiro e chamava-se Deixa Falar. Foi criada pelo
sambista carioca chamado Ismael Silva. Anos mais tarde a Deixa Falar transformou-se na escola
de samba Estácio de Sá. A partir dai o carnaval de rua começa a ganhar um novo formato.
Começam a surgir novas escolas de samba no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizadas em
Ligas de Escolas de Samba, começam os primeiros campeonatos para verificar qual escola de
samba era mais bonita e animada.
O carnaval de rua manteve suas tradições originais na região Nordeste do Brasil. Em cidades
como Recife e Olinda, as pessoas saem as ruas durante o carnaval no ritmo do frevo e do
maracatu.
Os desfiles de bonecos gigantes, em Recife, são uma das principais atrações desta cidade durante
o carnaval.
Na cidade de Salvador, existem os trios elétricos, embalados por músicas dançantes de cantores e
grupos típicos da região. Na cidade destacam-se também os blocos negros como o Olodum e o
Ileyaê, além dos blocos de rua e do Afoxé Filhos de Gandhi.
O Carnaval de Guaratinguetá
SURGIMENTO E EXPANSÃO
Acompanhando a vocação festeira do povo valeparaibano, Guaratinguetá apresenta rico
calendário; que alterna, por todo o decorrer do ano, festividades, consideradas “profanas” e
religiosas. Podem ser observadas nelas, heranças e tradições européias, miscigenadas pela
riquíssima contribuição do índio e do africano. De todas e tantas festas que alegram e enfeitam a
vida da comunidade, têm destaque o Carnaval.
O Carnaval, com suas danças, fantasias e nortes regados a muita bebida, chegou à Guaratinguetá
ainda como entrudo, que era uma festa até um pouco violenta e com brincadeiras de mau gosto,
sendo trazida pelos portugueses. Na “brincadeira” do entrudo, os portugueses faziam uma guerra
de baldes d’água e lixo.
Isto também aconteceu em Guaratinguetá, onde as “brincadeiras” iam desde o “limão-de-cheiro”,
fabricado pelas próprias famílias, até aos baldes d’água mal cheirosos ou de perfumes suaves que
eram jogados nos transeuntes e nas visitas.
O entrudo chegou a sofrer proibições, mas se manteve firme, até que os limões-de-cheiro e
baldes d’água foram substituídos por confete, serpentina e lança-perfume. Relatos nos passam
que o confete foi introduzido no Brasil por volta de 1892, e que a serpentina nasceu em 1896, em
Paris, com um bailado denominado “A Dança da Serpentina”.
O “lança-perfume” veio da Suíça, fabricado pela “Rodo”, que em 1911 teve uma encomenda tão
extraordinária, que mandou um representante ao Brasil paraver de perto como se gastava tanto
“lança-perfume” em uma só festa. No ano de 1928, se comentava que o “éter” fantasiado de
lança-perfume era servido com “escândalo” no Carnaval. O exagero e desvio em seu uso,
principalmente devido ao efeito, terminaram por determinar sua proibição definitiva, tanto em
ruas como em salões.
A etimologia da palavra Carnaval é incerta. Relatos nos dizem que correspondeao Catalão
“Carnes toltas” ou “Carnes subtraídas”. Indica o período em que era permitido o uso de carne na
alimentação, preparando as interdições da Quaresma, na qual o uso era proibido. Pode-se
concluir, então, que o Carnavalde hoje, sucedeu ao entrudo, constituindo-se no período em que
pobres e ricos, velhos e jovens, brancos e negros, esquecem as diferenças sociais e econômicas
para dedicaram-se somente a ele, colocando num só nível, as antagônicas classes econômicas.
À partir de 1846, uma novidade veio alegrar ainda mais as festas do Carnaval; o “Zé Pereira” ou
“Tocador de Bumbo” (Tambor), sendo sua origem ainda discutida, mas com um toque e músicas
características do Rio de Janeiro:
“Viva o Zé Pereira
que a ninguém faz mal ...
Viva a bebedeira
Nos dias de Carnaval !”
O Carnaval Paulista começou nas sociedades familiares e depois, aos poucos, ganhou o povo.
Em Guaratinguetá, os costumes severos não permitiam a presença de mulheres nas brincadeiras
de rua; e elas, então, se contentavam em assistir os cortejos e brincadeiras das janelas e sacadas.
Cavaleiros em montarias ricamente enfeitadas, ofereciam às sinhazinhas nas janelas, ramalhetes
de flores amarrados na ponta de lanças de madeira.
Os Bailes de Máscaras de Carnaval não eram para senhoras e senhoritas da elite, entretanto, esta
regra não se estendia aos homens desta classe, já que as máscaras serviam para disfarçar; ou
como diziam, “salvar a aparência”. Os bailes eram anunciados nos jornais locais, com bastante
antecedência, dando tempo para que se buscassem máscaras e fantasias na Corte. Isto porque, em
uma cidade pequena como Guaratinguetá, naquela época, seria fácil identificar a pessoa pelo
material adquirido nas lojas locais.
As Sociedades Carnavalescas eram organizadas, cantando com sócios que pagavam mensalidade,
e delas participavam pessoas de prestígio da cidade. O Entrudo está registrado nos jornais de
Guaratinguetá, entrando em decadência por volta de 1881, conforme notícia publicada em “O
Liberal” e que descreve “... O brinquedo do Entrudo não esteve forte. Já vai aos poucos caindo
em desuso”.
O “Clube Literário e Recreativo Guaratinguetaense” foi fundado em Janeiro de 1882, segundo
rezam os seus Estatutos, pelo Sr. Batista de França Rangel. Não tinha, no início, sua Sede Social
em prédio próprio, vivendo em casa alugada. Foi a Diretoria do Comendador Pereira que lhe deu
edifício próprio, no qual funcionou até que a Diretoria do Professor Virgílio Alves da Rocha, o
pôs àbaixo, para que, em seu lugar, construir um prédio novo, que era luxuoso e confortável.
Os bailes começavam às 20 horas. Formava-se uma comissão de recepção de escolhidos rapazes,
à entrada do “Clube”. Estes recebiam as famílias, davam o braço às moças e senhoras e as
conduziam até à porta do “toilette”. Todos dançavam.
No ano de 1909, Guaratinguetá teve um Carnaval brilhante e magnífico. Momo foi alvo das
maiores ovações por parte de seus admiradores, recebendo grandes demonstrações de entusiasmo
e alegria.
O “Clube Literário Guaratinguetaense” teve a luminosa idéia de organizar, neste ano, os mais
esplêndidos festejos do Carnaval. Uma comissão bem escolhida, ativa, seleta, composta dos
distintos cavalheiros: Dr. Homero Ottoni, Antenor Soares, Júlio Antunes, Virgílio Guimarães,
Dr. Anfúsio Gouveia e Francisco Rabelo, reaizaram os maiores esforços para o brilhantismo da
festa.
Num sábado, dia 20 de Fevereiro de 1909, o Clube Literário ofereceu uma festa dançante que foi
concorridíssima, se prolongando às mais adiantadas horas da noite, não deixando nada a desejar.
À porta do Clube, uma comissão delicadíssima fazia a recepção do estilo, cativando os
convidados. Às nove horas da noite, mais ou menos, deu a entrada no Clube, a Corporação
Musical da “Sociedade União Beneficente”, que ia honrar com sua presença, os festejos do
Clube, à convite da Diretoria. Fizeram-se apresentar também muitas associações locais, dentre as
quais, a “União e Trabalho”, “Destemidos Carnavalescos” e “Empregados no Comércio”.
Às nove horas, foi servido profuso copo de cerveja acompanhado de sanduíches, aos convidados.
Durante o baile, reinou naquele centro literário, a maior satisfação, a mais comunicativa e íntima
alegria.
O “Domingo Gordo” foi uma surpresa em relação aos outros anos. Um grupo carnavalesco pelas
principais ruas da cidade, comunicando alegria a todos.
Fizeram-se representar neste grupo, o “Clube Literário e Recreativo”, o “Clube Aliança”, a
“Associação dos Empregados no Comércio”, associados do “Clube Familiar” e as corporações
musicais “União Beneficente” e “Mafra”. Todos os grupos traziam carros alegóricos e
estandartes.
Na segunda-feira, não houve nada, somente à noite, um pouco de máscaras, água e confete. Na
terça-feira, desfilaram pelas ruas centrais, os mesmos grupos do domingo, com pequenas
modificações.
Com o abandono do Entrudo e com o toque lançado pelo “Zé Pereira”, começaram a surgir em
Guaratinguetá, os primeiros grupos, blocos e cordões, neste mesmo ano de 1909.
As músicas que movimentavam o Carnaval eram valsas, as polcas, os lundus, as quadrilhas e os
“tanguinhos”. Caminhando assim até 1908, quando apareceram as marchinhas; e; em 1917,
quando começou a pontilhar o samba.
Houve um autor, conhecido como Donga, que chegou a transformar o seu famoso tango “Pelo
Telefone”, em samba (1º samba da história), como provam as partituras existentes no Museu Frei
Galvão, em Guaratinguetá.
As marchinhas eram de ritmos ligeiros, divertidos e, muitas vezes; críticos dos acontecimentos
do ano anterior. Por volta de 1920, todos pensavam que o samba servia para denominar qualquer
música carnavalesca. A batucada, que a princípio devia ser só de samba, passou a ser usada
também na marcha.
Muitas marchinhas se perderam no tempo. Outras tornaram-se eternas, pelo tema e musicalidade.
É o caso da “Cachaça”, de autoria de M. Pinheiro, L. de Castro e H. Lobato.
O nome lembra a bebida mais conhecida do Brasil, vinda da época dos engenhos, que fizeram
parte da história econômica de Guaratinguetá:
Você pensa que cachaça é água ...
Cachaça não é água não ! (B I S)
Cachaça vem do alambique,
E água vem do ribeirão !
Pode me faltar tudo na vida ...
Arroz, feijão e pão.
Pode me faltar manteiga,
E tudo mais não faz falta não.
Pode me faltar o amor ...
Isso até acho graça.
Só não quero que me falte,
A gostosa da cachaça !
Marchinhas de autores de Guaratinguetá ainda podem ser lembradas, como a “Paraquedista” e a
“Lulu”, de Paulo Teixeira – o Paulo Alfaiate, um dos fundadores do Bloco dos Tesouras,
composto só de alfaiates, criado em 1925 e existindo a alguns anos como “Velha Guarda”.
Variantes das marchinhas, foram as “Marchas-Ranchos”, de ritmo um pouco mais lento, como a
“Recordando”, de José Catharina Filho, também de Guaratinguetá.
Durante esta transformação musical e carnavalesca surgiram novos blocos, sendo alguns de curta
duração.
Blocos que existiram em Guaratinguetá durante os anos de 1922 à 1971:
FUNDAÇÃO .................... NOME
1922.................... Aperta o Parafuso
1923.................... Oito Turunas
1925.................... Os Tesoiras / Alegria e Nada Mais / Velha-Guarda
1928.................... Vai Quebrar
1934.................... Anjos do Abacaxi
1939.................... O Sol Nasceu pra Todos
1944.................... Embaixada do Morro (1ª Agremiação Oficial)
1945.................... Flor da Avenida
1946.................... Desgraça Pouca é Bobagem
1948.................... Estudantes / Vai à Zóio
1961.................... Quirinos
1962.................... Embaixada do Visconde
1966.................... O Pouca Roupa / Tamandaré
1969.................... Pra Frente
* Nossa Amizade
* Quer Moleza ... Senta no Pudim
* Flor do Sertão
* Flor de Guará
* Flor de Abacate
* Tem que Valer
* Foliões de Guará
* Se a Pinga Acabar
* Bambas da Idade
* Bloco Tangará
* Estrela D’Alva
* Embaixada dos Quirinos
* Moleques do Samba
* Quem Fala de Nós tem Paixão
* Na pesquisa que foi realizada, não se encontrou o ano de fundação.
DOS "BANHOS À FANTASIA"
ATÉ AS ESCOLAS DE SAMBA
Também ficaram famosos os “Banhos à Fantasia”, que aconteciam anualmente, à margem do
Rio Paraíba, realizados às vésperas do Carnaval. Os foliões se preparavam para o banho, com
fantasias de papel, e não se esqueciam de registrar o fato em boas fotografias, que podem ser
encontradas no Museu Frei Galvão, em Guaratinguetá.
No ano de 1957, quando esmorecia o Carnaval de Rua de Guaratinguetá, e a população sentia
que aquilo poderia ser um final melancólico para uma festa de tradição, surgiu um grupo de
rapazes e moças do Bairro do Campinho, que sem pretender concorrer com o “Alegria”, “Flor da
Avenida” e outros blocos carnavalescos, iniciaram uma nova etapa do Carnaval de
Guaratinguetá. *1
O grupo era encabeçado por Chico da Júlia, Toninho da Tininha, Normando, Avelino, José
Lopes e muitos outros, conseguindo instrumentos feitos de carbureto, latas e qualquer coisa que
emitisse um som, vestindo fantasias que cada um criou para aquela oportunidade, descendo
para Praça Conselheiro Rodrigues Alves e pela 1ª vez apresentando-se para o nosso povo.
Nem bem havia passado o Carnaval, concluíram que poderiam com muito esforço, desfilar no
ano seguinte como uma entidade denominada “Escola de Samba”. O seu 1º Presidente, muitos
não chegaram a conhecer, pois foi vítima de um acidente na Via Dutra. Seu nome: “Chico da
Júlia”.
Faltava um nome para a Escola de Samba, e encontraram uma música que levava o nome de
“Boneca Cobiçada”, ficando então formada, à partir daquele instante, a Escola de Samba
“Bonecos Cobiçados”. Em 1972, criou-se o emblema oficial.