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DEPARTAMENTO
DE ARTES - INSTITUTO PROCEV
DE LINGUAGENS
Seminário de Pesquisa em Música 2014 – Anais – Cuiabá
Expediente
Coordenação Geral
Apoio:
CAPES
A pesquisa em performance
Dr. Vinícius Fraga
INTRODUÇÃO
Em todas as áreas, na maioria dos casos, são encontrados nas escolas professores
licenciados atuando em sua área de formação. No campo da Arte, apesar desta
característica também ser considerada, devido as condições históricas da área, a relação
formação – atuação não se constitui tão automaticamente, pois o seu ensino na
Educação Básica em todo o território nacional, ainda é questão de discussão e de
normalização nas diferentes esferas acadêmicas e administrativas. As normalizações e
discussões com instituições responsáveis pela Educação Básica ainda estão em
desenvolvimento, embora sempre se ouça que a música é importante e que a educação
musical deve ser oferecida para todos.
realidade escolar:
2
Doravante o termo escola se referirá à Escola de Educação Básica
3
Esta Lei tornou o ensino de música obrigatório nas escolas do Brasil.
4
Formação inicial é a formação recebida em uma área que abre os caminhos para dar identidade a uma
categoria profissional.
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sozinho;
- a reflexão aumentará seu poder desde que esteja assentada em uma
ampla cultura no âmbito das ciências humanas. (PERRENOUD 2002,
p. 57)
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
RESULTADOS ESPERADOS
REFERÊNCIAS
SOUZA, Cássia Virgínia Coelho de, MELLO, Cilene Leite de. Arte e Educação I: a
experiência da música no Curso de Licenciatura Plena em Pedagogia na cidade de
Primavera do Leste, Mato Grosso. In Anais do VIII Encontro Anual da Associação
Brasileira de Educação Musical, 04 a 08 de outubro. Curitiba: ABEM, 1999.
YIN, Robert K.2001. Estudo de caso – planejamento e métodos. (2Ed.). Porto Alegre:
Bookman.
BRASIL.CNE/CP, Parecer 28/2001 estabelece a duração e a carga horária dos cursos de
Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, Curso de Licenciatura,
de graduação plena, 2001.
REFERÊNCIAS
COX, Wendy J. & KENARDY, J. 1993. Performance Anxiety, Social Phobia and
Settings Effects in Instrumental Music Students. In: Journal of Anxiety Disorders, V.7,
pp. 49-60.
DOGANTHAN-DACK, Mine. 2012. The art of research in live music performance. In:
Music Performance Research Vol . 5, pp. 34-48.
PALMER, C et al. 2011. Tempo Coordination and Adaptation to Rate Change in Music
Performance. In: Journal of Experimental Psychology: Human Perception and
Performance. V. 37, N.4, 1292-1309.
POLI, Giovanni de. 2003. Analysis and Modeling of Expressive Intentions in Music
Performance. In: Annals of the New York Academy of Sciences, V. 999, pp 118-123.
SUNDBERG, Johan. 1993. How Can Music Be Expressive? In: Speech Communication
13 (1993) 239-253.
TSAY, Chia-Jung. 2012. Sight Over Sound In the Judgment of music performance. In:
Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America. N.
36, pp. 14580-14585.
WIDMER, Gerhard & TOBUDIC, Asmir. 2003. Playing Mozart by Analogy: Learning
Multi-level Timing and Dynamics Strategies. In: Journal of New Music Research, V 32,
N. 3, pp. 259-268.
WINDSOR, W.L. et al. 2006. A structurally guided method for the decomposition of
expression in music performance. In: J. Acoust. Soc. Am. 119 V. 2, February 2006.
WRIGLEY, W. J & EMMERSON, S. B. 2011. The Experience of the Flow State in Live
Music Performance. In: Psychology of Music, V.41, N. 3, pp. 292-305.
YOSHIE, Michiko et al. 2009. Music performance anxiety in skilled pianists: effects of
Por outro lado, Sloboda (2008), discutindo acerca das atividades musicais,
considera a dificuldade de se estudar aspectos relacionados à audição, uma vez que não
existem evidências comportamentais que comprovem a forma como o ouvinte está
percebendo os sons produzidos, ou seja, não existem “registros” como na execução (as
gravações) e a composição (as partituras). Um dos questionamentos deste autor no que
diz respeito aos estudos realizados investigando a percepção musical, é o grau de
familiaridade que o ouvinte tem com os materiais sonoros que é muito baixa. Nestes
estudos o ouvinte é exposto à sequências sonoras nunca antes ouvidas por ele.
ALGUNS RESULTADOS
Durante a coleta dos depoimentos, percebeu-se uma queda no número de
respostas entregues (ver gráfico 1). Ao mesmo tempo em que as respostas solicitadas
pela lembrança foram feitas no momento da aula por todos os presentes as paisagens
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registradas in loco, e que deveriam ser entregues na aula posterior não eram cumpridas.
Nos registros referentes à paisagem “no trabalho” nota-se o número de 19 registros in
loco para 13 registros como lembrança, enquanto na paisagem “momento de lazer”
aconteceu o contrário: 18 registros como lembrança e 01 registro in loco. Daqui é
possível levantar a hipótese que as professoras, quando no posto de estudante não
realizam as tarefas exigidas “para casa”, tão valorizadas por elas próprias quando estão
no posto de professoras. Outra hipótese a ser levantada é o entendimento das
professoras que “tarefas para casa” podem e devem ser realizadas em local de trabalho,
e que “ambiente de lazer” não envolve trabalho, ou seja, não combina com “tarefas para
casa”.
20
18
16
14
registros da
12
paisagem como
10 lembrança
8
6 registros da
4 paisagem in loco
2
0
em casa no momento trajeto
trabalho de lazer curso
REFERÊNCIAS
6
ECCO é a sigla para Estudos de Cultura Contemporânea, programa interdisciplinar de pós-graduação do
Instituto de Linguagens da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
7
A violonista, pesquisadora e professora da UFMT Teresinha Rodrigues Prada Soares é doutora em
História Social, USP (História da Cultura), 2006, e orienta pesquisas sobre vertentes e práticas
interpretativas da música contemporânea e processos históricos da vanguarda musical, coordenando o
Grupo de Pesquisa: Núcleo de Estudos de Composição e Interpretação da Música Contemporânea.
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Scarpetta (1985) critica o mito moderno da especificidade ou a pureza das artes e
aborda uma possibilidade de reafirmar as exigências da invenção sem negar o passado
nem a cultura de massa.
Sobre o pós-modernismo no Brasil, Tacuchian afirma:
Gilberto Ambrósio Garcia Mendes (1922), compositor santista com mais de 170
peças catalogadas, para variadas formações, participou na década de 60 dos cursos de
Darmstadt, que contaram com a presença de compositores de destaque da vanguarda
como Messiaen, Berio, Boulez e Stockhausen, dentre outros. Neste período escreveu
junto com outros signatários o Manifesto Música Nova e posteriormente criou o
Festival Música Nova. 8 Segundo Buckinx em seu livro O Pequeno Pomo, Gilberto
Mendes:
(...) Traz já do início todo tipo de informação: big-band, jazz, musicals, Villa-
Lobos, recusas de limites hierárquicos entre alta e baixa cultura, uma mistura
de serialismo e Brigitte Bardot (Cidade, de 1964, para vozes, instrumentos,
aparelhos eletro-domésticos). A partir dos anos 80 a sua obra sofrerá
mudanças radicais. É quando ele opta por uma música de compreensão mais
imediata. (BUCKINX, 1984).
Toda a construção desta primeira parte foi feita com quatro motivos,
apresentando estrutura formal continua e textura rítmica homogênea até o compasso
165, final da seção H, quando é aplicada uma grande pausam gesto característico de
obras pos minimalistas, que ocorre como finalização abrupta e inesperada, sugerindo a
ideia de “parada”.
11Sobre o Gagaku, Mendes discorre em seu primeiro livro: “Estou pensando no Gagaku, a valha musica
da corte imperial japonesa, que no passado era interditada ao povo em geral, musica reservada, só para
iniciados em sua linguagem, depois de fazerem um curso para sua compreensão e prática.” (MENDES,
1994, p.213)
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A escala Ritsu do Gagaku é pentatônica, mas, como o compositor constrói a
frase com a sétima maior no terceiro compasso da seção I (fá sustenido, compasso 192),
cria uma reminiscência tonal, que é logo esmaecida pelos contornos vagos da frase,
apresentando assim o sincretismo característico do pós-moderno.
Outra faceta da música pós-moderna, presente nesta obra, é a expressão da
individualidade do compositor, que percebemos claramente na abertura Issa através da
mistura impura de protocolos aparentemente distantes como o minimalismo e a escala
Ritsu do Gagaku.
Como considerações finais, queremos apontar alguns resultados parciais obtidos
com a revisão bibliográfica e o inicio de algumas analises. O compositor encara os
sistemas modal e atonal como uma expansão do sistema tonal e suas obras revelam o
ecletismo de sua paisagem sonora. Seu universo pessoal permeia toda a sua produção,
navegando entre estilos e influências musicais sob o signo da liberdade criadora. É
inegável a relação de Gilberto Mendes com os modos pós-modernos e a extraordinária
expressividade que desta condição extrai, enriquecendo de maneira ímpar a música
erudita.
REFERÊNCIAS
________________. Uma Odisséia Musical: dos Mares do Sul à Elegância Pop/ Art
Déco. São Paulo: EDUSP; Editora Giordano, 1994.
PRADA, Teresinha. Gilberto Mendes: Vanguarda e Utopia nos mares do Sul. São
Paulo: Terceira Margem, 2010.
Andreia Veber
Universidade Federal de Maringá
andreiaveber@gmail.com
ALGUMAS CONSIDERAÇÕES
Considerando os resultados percebidos ao final do primeiro ano de atuação do
projeto nas duas escolas campo de ação, pode-se apontar sua contribuição para com a
pesquisa como de grande relevância, uma vez que possibilitou reflexões sobre a Arte na
escola, mexeu com o modo de pensar a organização da Arte nas escolas, principalmente
por parte dos professores supervisores envolvidos no projeto. Abriu discussões acerca
da necessidade de pensar nas contribuições do PIBID para repensar os modelos de
estágio supervisionado dos cursos superiores das áreas envolvidas. E, também, abriu um
espaço e potencial para a realização de projetos de pesquisa de conclusão de curso com
temáticas relacionadas a temas importantes ao pensar a formação de professores,
espaços da Arte na escola e interdisciplinaridade entre as Artes. Durante o ano de 2015,
segundo ano de atuação do projeto, serão desenvolvidos aproximadamente cinco
trabalhos de conclusão de curso (TCC) que terão o PIBID como campo de pesquisa,
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Ana Mae. Interterritorialidade: mídias, contextos e educação. São Paulo:
Senac, 2008.
CLIMACO, J. C. T; NEVES, C.M.C; LIMA, B.F.Z. Ações da Capes para a formação e
a valorização dos professores da educação básica do Brasil e sua interação com a pós-
graduação. Revista Brasileira de Pós-Graduação. Brasília, v.9, n.16, p.181-209, abril de
2012.
INTRODUÇÃO
O artigo intitulado Ernesto Nazareth escrito por Mário de Andrade e presente na
coleção Música, doce música, publicada em 1927, talvez tenha sido o texto que
provocou a reflexão inicial sobre a influência da obra de Chopin sobre a de Nazareth.
Além da afirmação de Mário de Andrade, registrada por Faria (2004), há textos de
muitos pesquisadores que corroboram com esse ponto de vista, embora não
especifiquem como se deu tal influência.
Azevedo (1956, p. 151) explica o caráter pianístico na obra de Nazareth como
uma influência da obra de Chopin.
Mas o surgimento desse caráter pianístico teve uma origem em sua própria casa.
(PAVAN, 2012). Se a influência da obra de Chopin na de Nazareth for verdadeira, ter
herdado o gosto pela sua música seria essencial para fundamentar tal afirmação. Essa
informação viria confirmar a hipótese de vários pesquisadores.
Mas há quem diga que o gosto pela música de Chopin não foi desenvolvido
apenas em casa, mas também com mestres posteriores ao período em que estudou com
sua mãe. (LIMA, 2011, p. 114).
Dias (2008, p. 1, grifo nosso) comenta sobre a importância da influência da
música de Chopin na vida de Nazareth. Por meio da análise de sua obra percebe-se que
está dividida entre música de salão e música de concerto. Dessa forma, paira a dúvida se
a possível influência de Chopin seria apenas no âmbito de um estilo de música ou de
ambos.
Mas as aulas que Nazareth teve, tanto dentro como fora de casa, foi de
interpretação pianística e não de composição. Kiefer (1997, 121) nos explica como se
deu sua formação composicional.
O gosto musical de Nazareth parecia ser eclético, pois se dedicou à composição
tanto de músicas de salão quanto à de concerto. (APPLEBY, 1985, p. 84).
CONCLUSÃO
O idiomático pianístico de Chopin está presente nas obras de Nazareth?
Podemos responder a essa pergunta comparando as características das
composições de Chopin que foram apontadas pelos diversos autores citados neste texto
ao resultado da análise das cinco obras de Nazareth.
A seguir colocaremos as características encontradas nas composições de Chopin
e em seguida responderemos se houve ou não influência sobre as cinco obras analisadas
de Nazareth.
Stehman (1979, p. 195-196) elenca as seguintes características:
a) melodias flexíveis e ondulantes: sim;
b) encanto de expressão: sim;
c) invenção espontânea, colorida, de infinita variedade: sim;
d) passagens e efeitos pianísticos deslumbrantes: sim;
e) instinto da harmonia enriquecendo o sentido da melodia ou do efeito dramático: não,
pois Nazareth usa harmonia mais simples.
Grout e Palisca (1997, p. 596) apontam outras características:
a) caráter introspectivo: não, pois Nazareth é mais festivo;
b) estrutura formal bem definida: sim;
c) caráter de improvisação: sim.
Ainda o Dicionário Grove de Música (1994, p. 194) traz algumas características
que, embora possam parecer repetidas, é importante como reafirmação de um idioma
composicional:
a) sutileza e contenção: não, pois Nazareth é mais extrovertido;
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b) textura simples de melodia com acompanhamento: sim;
c) infinita variedade, utilizando arpejos de grande extensão, o pedal de sustentação e
uma combinação de melodias altamente expressivas, algumas nas vozes interiores: sim,
mas Nazareth não usou melodias em vozes interiores nas peças analisadas.
d) a maioria de suas obras é basicamente em forma ternária [ABA], mostra grandes
recursos no modo como a recapitulação é variada, retardada, antecipada ou distendida,
frequentemente com o acréscimo de uma coda brilhante: não, pois Nazareth não se
prende a essa forma.
Conclui-se que o idiomático pianístico de Chopin está presente nestas cinco
obras de Nazareth nos seguintes aspectos:
a) Gênero: mazurca, marcha fúnebre, improviso, polonaise e noturno;
b) Andamento: menos no noturno;
c) Forma: somente na mazurca e no improviso;
d) Tonalidade: menos na marcha fúnebre e na polonaise;
e) Compasso: menos no improviso;
f) Ritmo característico: nas cinco peças;
g) Textura: nas cinco peças;
h) Configurações melódicas: nas cinco peças;
i) Ritmo harmônico: nas cinco peças;
j) Dinâmica: nas cinco peças;
k) Agógica: menos na marcha fúnebre.
Fato interessante é que na comparação analítica que foi feita entre o Andante
Expressivo, de Nazareth, e o Andante Spianato, de Chopin, apenas os aspectos
andamento e configurações melódicas coincidem. Mas o fato de existirem aspectos que
não coincidem entre as obras de Chopin e Nazareth não quer dizer que a influência de
Chopin não esteja presente, pois a obra deve ser percebida como um todo.
Por outro lado, não podemos sujeitar as obras de Nazareth tão somente à
influência de Chopin. A fala de Mário de Andrade reflete a sua percepção das
composições de Nazareth, mas não é impedimento para novas percepções.
APPLEBY, David P. La música de Brasil. Tradução Juan José Utrilla. México: Fondo
de Cultura Económica, 1985. 183 p.
AZEVEDO, Luiz Heitor Correia de. 150 anos de música no Brasil: 1880-1950. Rio de
Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956. 423 p.
FARIA, Antonio Guerreiro de. O pianismo de Nazareth em tempo rubato. Per Musi,
Belo Horizonte, n.10, 2004, p.89-95.
STEHMAN, Jacques. História da música europeia: das origens aos nossos dias. 2ª
edição. Lisboa [Portugal]: Livraria Bertrand, 1979. 299 p.
METODOLOGIA DA PESQUISA
Como salientei anteriormente, a pesquisa de doutorado esteve vinculada a uma
proposta de formação continuada que foi efetuada à distância, sendo desenvolvida no
Portal dos Professores da UFSCar12 entre os meses de abril e dezembro de 2011, num
total de 120h. Foi destinada a sessenta (60) professores de música da educação básica
gratuitamente, sendo desenvolvida no Moodle13, como software de apoio. A pesquisa se
fundamentou nos princípios da abordagem qualitativa, adotando o modelo construtivo-
colaborativo de pesquisa-intervenção, tendo em vista a realização da proposta formativa
citada. Para Mizukami et al. (2002):
12
Chama-se Portal dos Professores o site <www.portaldosprofessores.ufscar.br> existente na UFSCar.
Tem como finalidade promover o desenvolvimento profissional de docentes atuantes na educação básica
a partir da cooperação de professores da universidade e do ensino regular.
13
Moodle (Modular Object Oriented Distance LEarning) é um software livre de apoio à aprendizagem,
sendo um sistema gerenciamento para criação de curso online. Informação disponível em:
<http://moodlelivre.com.br/o_que_e_moodle/>. Acesso em: 20 out. 2014.
14
NVivo9 é um software destinado à análise qualitativa de dados de pesquisa. O software não é gratuito e
de utilização livre ao público em geral.
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Professores iniciantes tendem a não dominar todos os conhecimentos necessários ao
ensino; 2. Professores iniciantes apresentam maiores dificuldades no planejamento das
atividades e na definição dos conteúdos a serem ensinados; 3. Professores iniciantes
tendem a dominar e empregar algumas tecnologias aplicadas à reprodução e ao fazer
musical no ensino de música; 4. Professores experientes, em situações atípicas de
atuação profissional, apresentam dificuldades no domínio de conteúdos da música, na
escolha de conteúdos a serem ensinados e no planejamento das atividades das aulas; 5.
Professores experientes se preocupam em conhecer mais os alunos e seus
envolvimentos com a música; 6. Professores experientes procuram por informações
sobre as músicas do interesse dos alunos, mesmo que o tratamento das mesmas não
aconteça com exclusividade nas aulas; 7. Professores experientes demonstram maior
segurança na definição dos conteúdos de música a serem ensinados; 8. Professores
experientes se preocupam com o desenvolvimento mais amplo dos alunos e não apenas
com as aprendizagens dos conteúdos de música; 9. Professores experientes demonstram
possuir maior acesso e conhecimentos dos materiais didáticos da música; 10.
Professores experientes tendem a apresentar maior tranquilidade no enfrentamento de
situações que surgem inesperadamente; 11. Os professores experientes estão sempre
aprendendo.
Entre os resultados, verifiquei a existência de indicadores educacionais de
desenvolvimento profissional da docente nos professores de música experientes que se
encontram em situações atípicas de atuação profissional e que os aproximavam dos
professores de música iniciantes. Os indicadores referentes a esses docentes experientes
apontam que o desenvolvimento na carreira profissional nem sempre se sucede de
maneira linear e tranquila. Como Tardif (2012) ressalta:
Esse resultado ainda reforça que o ensino é uma atividade muito complexa e que
os conhecimentos dos professores de música são postos em cheque em sempre que
mudanças acontecem, como, por exemplo, quando mudam de escolas, ensinam para
FINALIZANDO...
Embora apresente como resultado 11 indicadores educacionais de
desenvolvimento profissional da docência em música, os resultados não se esgotam na
pesquisa efetuada e nem podem ser generalizados a todos os professores de música do
país. Assim, novas investigações precisam ser desenvolvidas, considerando a prática
profissional dos docentes de música da educação básica e suas reflexões sobre as
mesmas.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, M. I. Formação contínua de professores: Múltiplas possibilidades e
inúmeros parceiros. In: GHEDIN, E. (Org.). Perspectivas em formação de
professores. Manaus: Editora Valer, 2007, v. 1, p. 125-131.
CUNHA, M. I. Conta-me agora! As narrativas como alternativas pedagógicas na
pesquisa e no ensino. Revista da Faculdade de Educação, São Paulo, v. 23 n. 1-2,
Jan./Dec. 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-
25551997000100010&script=sci_arttext>. Acesso em: 13 de jan. 2013.
DAY, C. Desenvolvimento profissional de professores: Os desafios da aprendizagem
permanente. Porto: Porto Editora. 2001. 351p.
MACHADO, D. D. Indicadores de desenvolvimento profissional da docência em
música nos anos finais do ensino fundamental. (2014) 260f. Tese (Doutorado em
Educação). Pós-graduação em Educação, Universidade Federal de São Carlos, 2014.
Link para acesso:
http://www.bdtd.ufscar.br/htdocs/tedeSimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo
=7671
MELO, M. T. L. Programas Oficiais para Formação dos Professores da Educação
Básica. Educação & Sociedade, Campinas, ano XX, n. 68, p. 45-60, Dez. 1999.
MIZUKAMI, M. G. N.; REALI, A. M. M. R.; REYES, C.; MARTUCCI, E.; LIMA, E.;
TANCREDI, R.; MELLO, R. Escola e aprendizagem da docência: Processos de
investigação e formação. 2. reimpressão. São Carlos: EdUFSCar, 2002, 203p.
SANTOS, S. A narrativa como estratégia de formação e de reflexão sobre a prática
docente. Revista Teoria e Prática da Educação, Maringá, v. 11, n.2, p.207-217,
maio/ago. 2008.
APRENDIZAGEM MUSICAL
INTRODUÇÃO
Este texto apresenta os principais resultados de uma pesquisa de doutorado15 que
buscou compreender as aprendizagens e práticas musicais presentes no Festival de
Música Estudantil de Guarulhos (São Paulo), promovido em 2011 pela Secretaria
Municipal de Cultura. Os festivais 16 de música estudantil são eventos que têm como
foco as produções musicais de estudantes. Comumente, são realizados pelos setores que
envolvem a Educação e/ou Cultura, tais como Secretarias e/ou instituições de ensino
públicas ou privadas dos diferentes níveis da Educação Básica e/ou Ensino Superior.
Para este estudo, focalizei o Festival de Música Estudantil de Guarulhos partindo
do pressuposto de que sua dinâmica e funcionamento potencializam aprendizagens
musicais para os envolvidos – estudantes, organizadores, público. Tomei-o como uma
ação criada a partir de uma política pública cultural, que pode congregar e remodelar
práticas culturais no âmbito da música. Por política pública cultural, ancorei-me no
conceito de Calabre (2009), que a define como ações implementadas a partir da
articulação do poder público, das instituições civis, das entidades privadas e dos grupos
comunitários com o objetivo de atender a um conjunto da população no que se refere às
necessidades culturais. Por práticas culturais, referi-me a “todo tipo de comportamento
cotidiano, toda ação que faz parte da rotina dos indivíduos ou dos grupos, toda prática
que, compondo o dia-a-dia de cada um, explicita um modo de ser e fazer dos
agrupamentos humanos” (SETTON, 2010, p. 21).
O Festival de Música Estudantil de Guarulhos envolveu jovens estudantes, a
escola, a família e o poder público municipal. Nesse complexo, a pesquisa investigou
15
A pesquisa foi parte do doutorado em música/educação musical desenvolvido no Programa de Pós-
Graduação em Música da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, sob a orientação da Profª Drª
Jusamara Souza.
16
Para mais informações sobre o conceito e os tipos de festivais ver os estudos de Donald Getz.
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como o Festival abarcou, promoveu e mobilizou as práticas músico-sociais dos
envolvidos. As questões que guiaram o estudo foram: (1) Que práticas musicais juvenis
aparecem no evento? Como aparecem? (2) Que ações músico-pedagógicas o Festival
pôde mobilizar nos jovens participantes? E na escola, como isso ocorreu? (3) Em que
medida a escola e os jovens participantes interferiram nas decisões e dinâmica do
Festival?
A pesquisa foi orientada pela abordagem qualitativa (FOLLARI, 2008) e teve
como método investigativo o estudo de caso (MARTINS, 2008; ALVES MAZZOTTI,
2006). O trabalho de campo se deu entre os meses de outubro de 2011 e junho de 2012 e
os dados construídos constituíram-se em: 1) notas de campo; 2) observações com
registros fotográficos e em audiovisual das diferentes etapas do evento; 3) documentos e
reportagens relativas ao Festival, e 4) entrevistas semiestruturadas com membros da
equipe organizadora, jurados, professores das escolas estaduais finalistas do evento e
jovens estudantes que participaram do Festival.
17
“Festival” escrito com letra maiúscula refere-se ao Festival de Música Estudantil de Guarulhos, e, com
letra minúscula de forma genuína.
18
A organização do evento recebeu 32 inscrições; porém, 9 delas infringiam uma ou mais cláusulas do
edital, o que não permitiu a homologação.
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As apresentações musicais do Festival foram organizadas em duas fases
eliminatórias que ocorreram respectivamente nos teatros municipais Adamastor e Padre
Bento, e uma final no teatro Adamastor. Em cada eliminatória foram classificadas cinco
músicas, que se apresentaram e concorreram entre si na etapa final do evento. A
classificação ficou sob a responsabilidade de quatro jurados que, de acordo com o
edital, deveriam considerar e avaliar quatro itens: música, letra, interpretação e
performance. A classificação das músicas obtidas nas eliminatórias foi desconsiderada
na final, quando todas as dez músicas tinham a mesma oportunidade de conseguir o
primeiro lugar. A premiação prometida foi a gravação de um CD com as dez músicas
classificadas e a gravação de um clipe para a música vencedora. Classificaram-se nove
músicas de escolas estaduais e uma de instituição de ensino superior. Para a pesquisa
foquei os jovens vinculados as nove escolas estaduais finalistas.
Um dos aspectos que chamou atenção neste Festival foi a abertura para os
diferentes gêneros e estilos musicais. Não houve restrições para a composição do grupo,
número de integrantes e tipos de instrumentos, nem para estilos/gêneros musicais, o que
resultou em uma variedade significativa de jeitos e formas de tocar e cantar. Entre os
gêneros musicais apresentados no evento foram identificados o rap, o pop rock, o
gospel, o metal, o sertanejo e o pop romântico19.
PRINCIPAIS RESULTADOS
O festival reverberou nas escolas de diversas maneiras. Uma das primeiras foi a
contribuição do evento para que bandas e grupos musicais fossem formadas/os ou
ativadas/os, ou ainda reorganizadas/os. Isso demandou um envolvimento tanto dos
estudantes quanto dos professores. Um exemplo foi a transferência de uma aluna de
uma escola para outra. Isso ocorreu com Yara, da Banda Serenata, que para se
enquadrar no edital que exigia o mínimo de 50% dos participantes da banda da escola
representada, transferiu-se de escola, como contou o professor Fernando:
Tive que transferir alguns alunos de outra escola pra cá, aí a maioria dos alunos
ficou sendo dessa escola, e a gente se enquadrou dentro do perfil que exigia o
edital deles. [...] Porque a nossa escola teria mais de 50% [dos integrantes da
banda] e eu e poderia tá correndo atrás, participando das reuniões... (Professor
Fernando, vice-diretor da Escola Estadual Jurema III)
19
Essas classificações foram feitas pelos próprios músicos participantes do Festival. Algumas músicas
apresentadas são híbridas em seu estilo, de modo que poderiam ser consideradas de outros
estilos/gêneros.
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O desejo dos jovens estudantes de participar do evento levou, em algumas
escolas, a inscrição de mais de uma música para o festival. Isso exigiu uma seleção
interna, pois cada escola poderia participar somente com uma música. Em cinco escolas,
finalistas do evento, foi necessária uma seleção prévia, realizada pelos professores. Por
isso, houve candidatos que não foram selecionados para o Festival, como Michel, da
Escola Estadual Bruno Aguiar, para quem o evento foi um elemento motivador para
iniciar o estudo do violão:
Michel: O professor Nelson veio com essa ideia de Festival e aí eu comecei a
me dedicar. Arranjei um jeito de comprar um violão pra mim, comecei a fazer
aula. Fiz dois meses de aula de violão e aí comecei a tentar a tirar cifras e
compor uma música. A música não ficou tão boa assim, mas tentei.
Vania: Isso especificamente para participar do Festival?
Michel: É, específico para o Festival. Só que daí não deu porque eu ia tocar no
violão e eu só tinha dois meses de experiência tocando.
Vania: E você continua estudando?
Michel: Continuo. Agora tô tirando e tocando mais músicas. Pegando na
internet... pra fazer mais músicas e não ficar parado, pra participar do próximo
festival.
REFERENCIAS
CALABRE, Lia. Políticas Culturais no Brasil: dos anos de 1930 ao século XXI. Rio de
Janeiro: Editora FGV, 2009.
Oliver Yatsugafu
Universidade Federal de Mato Grosso
violinoliver@hotmail.com
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho é discutir algumas contribuições que o Método Suzuki
pode proporcionar ao ensino de música em Mato Grosso, em função das minhas
vivências como “aluno Suzuki” e das vivências e pesquisas que tenho desenvolvido nos
mais de vinte anos que leciono violino. Assim, minha compreensão de limites e
possibilidades apresentados pelo Método Suzuki são marcadas por minhas experiências
cotidianas e pelo que vi e aprendi nas Convenções Internacionais do Método Suzuki
(Japão-1989, Austrália-1991 e Irlanda-1995) e nos Congressos e Encontros Nacionais e
Regionais do Método Suzuki, onde atuei como aluno e professor (1986-1996).
Para falar das contribuições do Método Suzuki para a educação musical elejo
como recorte o ensino do repertório e da técnica. Ao abordá-lo, evidentemente, é
indispensável indissociá-lo da chamada “Filosofia Suzuki” que entende que o talento
não é algo inato, mas sim educável, de modo que todos sejam capazes de aprender a
tocar um instrumento: de forma similar à que as pessoas aprendem a falar a sua “língua
materna”, podem aprender música (Suzuki, 1994). Além disso, ao discutir o ensino de
repertório e de técnica de violino pelo Método Suzuki, creio ser fundamental abordar as
especificidades das aulas individuais e das aulas em grupo, explorando sua
complementariedade, bem como problematizar os limites e possibilidades que ambas
ensejam quanto à criatividade/individuação e homogeneização/padronização.
Há quem diga que existe método para ensinar, mas que não há método para
aprender. Eu prefiro pensar que há métodos de ensinar-e-aprender construídos a partir
das relações que os sujeitos da prática educativa estabelecem com os conteúdos, com as
metodologias e entre si. Assim sendo, o que existe no cotidiano não é o Método Suzuki,
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Creio que o desafio do professor que ensina os alunos a tocarem um instrumento
na atualidade em Mato Grosso, seja qual o método por ele utilizado, é formar alunos
capazes de tocar em grupo e de tocar individualmente com a sua marca. Não conheço
um único método que dê conta sozinho dessa variedade. O método não ensina. Ele é
apenas um instrumento.
Ao escolher um método a partir do qual ensinamos música, não podemos
transformar comodidade em acomodação. Como disse Fonterrada (2005): “[...] caso se
queira fortalecer a área da educação musical, é importante que os educadores musicais
pioneiros sejam revisitados, não para serem adotados, tal como se apresentam em suas
propostas de origem, mas como fonte vital, da qual se podem extrair subsídios para
propostas educacionais adequadas à escola e à cultura brasileira.” (p. 108). Assim, o
método (qualquer método) deve ser uma referência aos professores, mas estes precisam
criar seus tempos, suas metodologias, suas aulas de forma autônoma.
Por isso cabe a professores e alunos utilizarem o método (e não serem por ele
utilizados). Adotar um método não significa aplicá-lo mecânica e dogmaticamente em
aula, mas sim (re)interpretá-lo para torná-lo “seu e de seus alunos”. Ao ser utilizado, o
método: tem que ser “traduzido” pelo professor em sala de aula, a partir de seu
entendimento do mesmo e das condições de desenvolvimento da prática pedagógica;
precisa ser “recheado” com técnica, repertório e outros conhecimentos sobre música e
educação musical; e deve ser “subvertido” a partir das experiências de vida das pessoas,
Seminário de Pesquisa em Música 2014 – Anais – Cuiabá
das diferentes relações que elas estabelecem com a música, de seus interesses e
possibilidades, dos desenvolvimentos da técnica e do repertório, das contribuições de
outros autores que reflitam sobre a música e a educação musical etc.
REFERÊNCIAS
CORAZZA, S. O que se transcria em educação? Porto Alegre: UFRGS, Doisa, 2013.
SUZUKI, Shinichi. Suzuki Violin School - Volumes 1-10. Miami: Summy-Bichard Inc.,
1978.
Andreia Veber
Mestre em Música: Educação Musical pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Licenciada em Música pela Universidade do Estado de Santa Catarina. Atualmente é
professora no departamento de Música da Universidade Estadual de Maringá, na qual
coordena o projeto Interdisciplinar PIBID-UEM e é coordenadora do curso de
Licenciatura em Artes Cênicas. Nesta instituição, coordena, também, projetos de
extensão ligados ao ensino de música, estudos de música brasileira e desenvolvimento
de propostas de integração entre as diferentes áreas artísticas. Possui projetos voltados
para o estudo do gênero Choro e estudos voltados para a percussão brasileira. Atuou e
tem atuado, também, em temáticas relacionadas à formação de professores, inserção da
música na escola de educação básica, música e novas tecnologias e projetos ligados a
formação e integração em Artes.
Oliver Yatsugafu
Oliver Yatsugafu é Doutor em Artes Musicais, com área principal violino e área
complementar viola (2011), e Mestre em Música Performance de Violino (2007), ambos
pela Universidade da Geórgia (UGA, EUA) e sob a orientação de Levon Ambartsumian
(Rússia-EUA). Atualmente é Professor do Curso de Música do Departamento de Artes
da Faculdade de Comunicação e Artes da Universidade Federal de Mato Grosso. Além
do violino, tem se dedicado à performance da viola e à regência.
Vinícius Fraga
Graduou-se no Bacharelado em Clarineta pela Universidade Federal de Santa Maria em
2005, sob a orientação do Prof. Dr. Guilherme Garbosa. No ano seguinte, iniciou o
Mestrado em Execução Musical - Clarineta pela Universidade Federal da Bahia,
concluindo-o em 2007,sob a orientação do Prof. Dr. Pedro Robatto. Na mesma
instituição, iniciou em 2010 o Doutorado em Música - Execução também sob orientação
do Prof. Dr. Pedro Robatto. Parte do doutorado foi realizado no Conservatório della
Svizzera Italiana, na cidade de Lugano, Suiça, sob co-orientação do Dr. Hubert Elholzer
e na clarineta do Prof. Ms. François Benda. Concluiu com mérito o Doutorado em 2014.
No campo profissional, integrou a Orquestra Sinfônica de SC (OSSCA), Orquestra
Sinfônica de Santa Maria-RS e a Orquestra Sinfônica da UFBA, além de ter participado
como convidado da Orquestra Sinfônica da Bahia. Participou de oficinas e festivas de
música em Curitiba-PR, Vale Vêneto-RS, Fortaleza-CE, Canela-RS e Poços de Caldas-
MG, tendo contato com professores como Sérgio Burgani, Diego Grandene, Paulo
Sérgio Santos, Jorge Montilla (Ven-EUA), Joaquin Valdepeñas (Mex-Can), Debora
Bish (EUA), Ray McCleland (EUA) e Luis Afonso Montanha. Desde 2013, é professor
do Bacharelado em clarineta pelo Departamento de Artes da Universidade Federal de
Mato Grosso-UFMT.