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IGOR ANATOLI
EVENTOS DE RECALCITRÂNCIA
RIO DE JANEIRO
2019
FACULDADE DAMÁSIO
IGOR ANATOLI
EVENTOS DE RECALCITRÂNCIA
Trabalho de Conclusão de
Curso apresentado à
Faculdade Damásio, como
exigência parcial para
obtenção do título de
Especialista em Relações
Internacionais.
RIO DE JANEIRO
2019
Autor: IGOR ANATOLI
TERMO DE APROVAÇÃO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 07
1 CONTEXTO .......................................................................................................... 10
1.1 Contexto histórico .................................................................................. 10
1.2 Contexto político-histórico ...................................................................... 12
1.3 A necessidade de doutrinas autóctones ................................................. 16
2 AMEAÇA E SEGURANÇA .................................................................................... 18
2.1 Acerca da definição de ameaça ............................................................. 18
2.2 Processo de securitização...................................................................... 21
2.3 Dicotomia entre Defesa e Segurança ..................................................... 23
3 PROPOSTA DE SECURITIZAÇÃO ..................................................................... 28
3.1 Rebeldia ................................................................................................. 29
3.2 Desobediência civil ................................................................................ 30
3.3 Crime .................................................................................................... 31
3.4 Recalcitrância......................................................................................... 32
4 GRUPOS RECALCITRANTES NA AMÉRICA DO SUL ........................................ 35
4.1 Colômbia ................................................................................................ 36
4.2 Peru ....................................................................................................... 38
4.3 Paraguai ................................................................................................ 40
4.4 Considerações acerca da recalcitrancia na América do Sul ................... 42
5 ANÁLISE DA RECALCITRÂNCIA ......................................................................... 44
5.1 Onde se manifesta a reclacitrância ........................................................ 44
5.2 Zonas de Sombra ................................................................................... 48
5.3 O processo de ruptura institucional ........................................................ 49
5.4 Guerra assimétrica ................................................................................. 51
CONCLUSÃO .......................................................................................................... 53
BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 57
7
INTRODUÇÃO
1 CONTEXTO
Embora seja possível uma digressão histórica até mesmo à antiguidade, o ano
de 1648 é escolhido pelo Professor Mohammed Ayood (1991) como marco para a
emergência do paradigma Westfaliano, devido ao evento que deu fim a Guerra dos
30 anos na Europa, consolidando os princípios de Relações Internacionais
fundamentados sobre a ideia de Estados nacionais independentes e soberanos.
1
These two trends—of interaction among sovereign states and of greater identification of individuals
with their respective states—strengthened each other and in doing so firmly laid the foundations of the
intellectual tradition in which, at least in terms of the literature on diplomatic history and international
relations, security became synonymous with the protection of a state's vital interests and core values
from external threats (ibidem).
11
consolidar-se ao longo do século. A própria ideia de Paz Liberal, proposta por Kant e
inspiradora da Liga das Nações, apresentava uma proposta paradigmática que não
resistiu à emergência de regimes totalitários, como o facismo, e ao discurso realista
do Darwinismo nas Relações Internacionais (HOBSBAWN, 1995).
2
Este trabalho reconhece como Novas Ameaças o conceito aprofundado por Mary Kaldor (2013).
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2 AMEAÇA E SEGURANÇA
Para aprofundar o tema, este trabalho opta pelas reflexões políticas de Carl
Smith, que forma espectros de proximidade e distância de um grupo político a outro
de extremos, como Amigo e Inimigo, mas necessariamente tomados desde um polo.
Em sua própria concepção, depende de cada um dar significado ao outro, em clara
heterogeneidade de identidade e interesses (SCHMITT, 1998).
3
Modelo do Jogo de Bilhar (HUNTINGTON, 1996, p. 35)
20
4
Corroborando, o CEED da UNASUL veio a registrar o mesmo fenômemo. Cf. (UNASUL, 2015, p.
26).
27
3 PROPOSTA DE SECURITIZAÇÃO
5
Teoria da anomia (MERTON, 1938)
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3.1 REBELDIA
2.5.3 CRIME
Além disso, deve ser levada em consideração uma variável determinante nas
dinâmicas de transgressão: a ponderação, própria do infrator, sobre a capacidade
de repressão social e / ou a eficácia do aparato estatal de impor custos à violação
das normas. Portanto, a incerteza acerca das consequências da transgressão de
uma norma atua como um fator de mitigação de custos para executá-la.
3.4 RECALCITRÂNCIA
6
Innovation (MERTON 1938)
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This fifth alternative is on a plane clear dififferently from that of the others. It represents a transitional
response which seeks to institutionalize new procedures oriented toward revamped cultural goals shared by the
members of the society. It thus involves efforts to change the existin structure rather than to perform
accommodative actions within this structure, and introduces additional problems with which we are not at the
moment concerned." (Op. cit.)
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Uma vez que o trabalho apresentada tem por foco a análise da emergência
de grupos armados na América do Sul, se detém a presente análise na natureza
desses atores, buscando sedimentar uma definição que sirva como ferramenta
conceitual mais adequada a compreensão desse fenômeno, próprio da América
Latina, ainda que não exclusivo da região.
4.1 COLÔMBIA:
Luchamos por una Política Agraria que entregue la tierra del latifundio a los
campesinos: por eso, desde hoy, 20 de Julio de 1964, somos un ejército
guerrillero que lucha por el siguiente Programa Agrario:
PRIMERO
A la política Agraria de Mentiras de la Oligarquía, oponemos una efectiva
Política Agraria Revolucionaria que cambie de raíz la estructura social del
campo colombiano, entregando en forma completamente gratuita la tierra a
los campesinos que la trabajan o quieran trabajarla, sobre la base de la
confiscación de la propiedad latifundista en beneficio de todo el pueblo
trabajador (FARC, 1964).
Tal qual ocorreu com as FARC, duranto o governo de Santos, o ELN logrou
entabular negociações de paz mais efetivas do que nas tentativas anteriores,
orientando sua militância para a pugna política, com a proposta de renúncia a luta
armada.
4.2 PERU
Outro grupo recalcitrante peruano que logrou notoriedade nos anos 1980
denominava-se Tupac Amaru. Também de doutrina marxista, o nome do movimento
remete à herança histórica da invasão espanhola e da heroica resistência indígena,
corporificado no mártir a que seu nome faz alusão. Em um país majoritariamente
indígena e miscigenado, o paralelo histórico é iniciativa voltada a identificação dos
indivíduos, visando a coesão do grupo e a adesão a suas propostas:
período de 1968 a 1980. Sob a égide da Guerra Fria, em que o Peru se ajustava à
Doutrina de Segurança Hemisférica, os conflitos internos reproduziam a pugna
internacional. Contudo, se na esfera internacional potências hegemônicas se
antagonizavam em igualdade de condições, internamente segmentos
marginalizados e historicamente excluídos se reconheciam sob discursos de viés
marxista que se voltavam meramente para necessidades básicas, uma vez que
encontravam-se não apenas excluídos do processo político, mas também
marginalizados dos avanços econômico-sociais.
4.3 PARAGUAI
5 ANÁLISE DA RECALCITRÂNCIA
Esta seção visa contribuir para a construção de perspectivas que sejam mais
adequadas para a análise do fenômeno de recalcitância, identificado previamente
como maior ameaça a integridade dos Estados latino-americanos e de suas
instituições. Analiticamente, apontam-se três elementos suspeitos à compressão do
debate proposto: a) os agentes envolvidos; b) o espaço em que estão circunscritos
e; c) dinâmica do evento observado. A presente seção se ocupa dessa análise,
cerne do presente trabalho.
Embora não seja objeto deste trabalho, observou-se por ocasião da análise
realizada, que os vários grupos recalcitrantes analisados recorrem deliberadamente
ao crime para financiar suas atividades: sequestro, extorsão, roubo e tráfico de
drogas, o que tampouco impede que se valham de apoio externo. As violações
apontadas também são agravadas com a prática deliberada de atentados, explosão
em áreas urbanas, deslocamento de populações civis e assassinatos de não
combatentes e prisioneiros. Ou seja, há um confronto claro com os princípios da
guerra através da opção sistemática pela violação da lei, e até por crimes contra a
humanidade, como tipificado no Estatuto de Roma, além de recorrentes violações
das Convenções de Genebra e seus protocolos.
6 CONCLUSÃO
AYOOB, Mohammed. The Security Problematic of the Third World State. In:
World Politcs, 43, pp 257-283, 1991. Disponível em
http://journals.cambridge.org/abstract_S0043887100010960. Acesso em 12 fev.
2018.
BARNETT, Thomas P.M. The Pentagon's New Map. In: Esquire, v.139, p. 174-
178. New York, mar. 2003. Disponível em
http://courses.washington.edu/war101/readings/Barnett.pdf. Acesso em 12 mar.
2018.
BARNETT, Thomas P.M. The Pentagon's New Map. New York: Penguin, 2005.
BARTOLOMÉ, Mariano. C. La Seguridad Internacional en el Siglo XXI, más allá
de Westfalia y Clausewitz. Santiago: ANEPE, 2006.
RICKS, Thomas E. David Kilcullen Speaks On How to Think About ISIS - and
what to do about it. In: Foreign Policy. [S.l ] Sep. 2015. Disponível em
https://foreignpolicy.com/2015/09/11/david-kilcullen-speaks-on-how-to-think-about-
isis-and-what-to-do-about-it/. Acesso em 20 jul.2018.