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Faculdade de Engenharia
Pemba, 2020
Universidade Lúrio
Faculdade de Engenharia
Direcção do Curso de Engenharia Civil
Licenciatura em Engenharia Civil
4º Nível-Semestre I – Ano 2020
Autor(es):
Valy Bachir
Pemba, 2020
ÍNDICE
1 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO........................................................................... 1
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 16
i
ÍNDICE DE FIGURAS
ii
ÍNDICE DE TABELAS
iii
1 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO
Facto é que o estudo da presença de água nos solos ou rochas é fundamental para
resolução de problemas referentes ao bombeamento de água subterrânea, aplicados em
fundações de edificações por exemplo; Assim como para analisar a estabilidade de mur-
ros de contenção, barragens de terra ou betão, taludes entre outras estruturas sujeitas a
força de percolação, que modifica o comportamento do solo, afetando a sua capacidade
de resistir às cargas aplicadas sobre ele.
O estudo do movimento da água no solo sendo este o meio poroso, também é impor-
tante na avaliação do caminho que a água faz ao longo de um maciço terroso através do
desenho de redes de fluxo que permitem determinar o caudal percolado mediante um
maciço terroso, possibilitando desta forma, o cálculo da pressão da água nos poros e,
consequentemente, a tensão efetiva em cada ponto do maciço. tornando exequível a ava-
liação do risco de ocorrência de acidentes, como rutura por liquefação, erosão interna, ou
levantamento hidráulico.
1.1 Objetivos
1.1.1 Geral:
1.1.2 Específicos:
1
1.2 Metodologia
Existem vários tipos de investigações, mas de forma específica, Gil (2008) assevera
que, a Classificação da investigação é feita com base nos objetivos. Sendo assim, estas
classificam-se em 3 tipos que são: exploratória que visa proporcionar maior familiaridade
com o problema para construir hipóteses; descritiva que objetiva descrever as caracterís-
ticas de uma determinada população ou fenómeno; e a explicativa que busca identificar
os porquês ou os fatores que estão por detrás da ocorrência dos fenómenos.
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2 CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A maioria das teorias de percolação considera o solo como sendo um meio poroso,
sendo bastante indicado para solos arenosos. Entretanto, esse tipo de modelo perde a sua
validade se considerarmos solos argilosos, que possuem as características que menciona-
mos acima. (Leão, 2018)
A água que se encontra nos solos não possui o mesmo comportamento comparando os
tipos de solos. Por exemplo em solos granulares os poros podem ser conectados por ca-
nais, onde a água encontra-se em equilíbrio hidrostático podendo fluir pela ação da gra-
vidade, mas em solos argilosos a situação é outra, uma vez que nesses solos os diâmetros
dos poros são muito inferiores o que propicia ao pequeno tamanho dos canais de circula-
ção da água também, não obstante a estrutura dos solos argilosos, o que torna a relação
entre a fase líquida e solida bem diferentes comparativamente aos solos granulares.
Por sua vez, de acordo com Lofrano (2018), a designação meio poroso é destinada aos
diversos corpos tridimensionais, sejam eles constituídos ou não, por materiais porosos,
que apresentem permeabilidade a um fluído – ou, por outra, que exibam, obrigatoria-
mente, a propriedade de servir de suporte ao fenómeno do escoamento, implicando esta
definição os poros serem interconectados de tal forma que permitam o ingresso e o
egresso de fluídos em relação a um domínio poroso.
Muitas operações das mais diversas áreas da ciência envolvem a interação sólido-flu-
ído, dado que normalmente ocorre a circulação intensa de sólidos em conjunto com um
fluído (gás ou líquido). Entre essas operações, está a filtração, fluidização, operações em
colunas de recheio, entre outras. Conforme Carvalho (2019), dependendo de como o só-
lido está se movimentando, podem se observar os seguintes tipos de Leitos:
a) Leito fixo: quando o sólido está em repouso. O fluído percola entre os espaços
vazios entre as partículas.
b) Leito fluidizado: quando a velocidade do fluído é suficiente para provocar movi-
mento aleatório nas partículas no leito.
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Para o nosso trabalho focaremos a abordagem no estudo dos leitos fixos que nas obras
de terra é a modelagem que mais se aproxima a realidade para estudo dos parâmetros
hidráulicos.
Carvalho (2019), assegura que os leitos são caracterizados pela granulometria das par-
tículas nele contidas, sua área especifica, porosidade, densidade, etc. Num leito poroso
determinado por partículas em conjunto, dependendo de como estão dispostas, tem-se o
leito fixo, fluidizado ou névoa. De onde pode se determinar as seguintes características:
𝑚𝑝 + 𝑚𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑚𝑝 + 𝑚𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜
ρ𝑏 = =
𝑉𝐿 𝑉𝑆 + 𝑉𝑉
Em que: ρ𝑏 densidade global do leito (kg/m3); 𝑚𝑝 massa das partículas (kg); 𝑚𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜
massa do fluído que escoa através das partículas (kg); 𝑉𝐿 volume do leito; 𝑉𝑆 volume
ocupado pelos sólidos; 𝑉𝑉 volume dos vazios, todos em (m3).
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b) Porosidade global do leito (εb): A porosidade global do leito é definida como a
fração do volume total que está vazio e depende do formato, tamanho, distribuição do
tamanho, rugosidade, tipo de empacotamento e razão entre diâmetro da partícula e o diâ-
metro da coluna.
𝑉𝐿 + 𝑉𝑃
ε𝑏 =
𝑉𝐿
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As condições de escoamento em meios porosos são dependentes da natureza das par-
tículas (areia, argila, limbo, solos em geral), da forma e das dimensões dos elementos que
constituem o meio. É possível conhecer estes parâmetros naturais através de comparações
ao escoamento em tubos capilares.
Sendo que para que ocorra movimento de água entre dois pontos de um leito, é preciso
que haja uma variação de carga total (ΔH) entre os dois pontos, sendo H definida por:
𝜇
𝐻=𝓏+
𝛾0
𝜇
Onde 𝓏 a carga altimétrica e 𝛾 a carga piezométrica. (Massad, 2010)
0
O contato entre os sólidos e o fluído pode ser realizado por três tipos de operação ou
técnicas chamadas:
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referenciado acima, em que este modelo aproxima o escoamento através do leito empa-
cotado pelo escoamento através de um conjunto de capilares de igual tamanho.
Figura 2: Arranjo experimental de Darcy - Aparelho destinado a determinar a lei de escoamento de água através
de areia. Fonte: (Lofrano, 2018)
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Para Carvalho (2019), os experimentos de Darcy por volta de 1830 demonstraram que
a velocidade média de um fluindo newtoniano1 escoando em regime laminar dentro de
um leito poroso é proporcional ao gradiente de pressão e inversamente proporcional à
distância percorrida no leito. O Caudal volumétrico do fluído percolando através do leito
fixo pode ser expressa em termos da altura do leito e de sua área:
𝐾𝑃 ∙ 𝐴𝑆 ∙ (−∆𝑃)
𝑄̇ =
𝐻𝐿
𝑄̇ 𝐾𝑃 ∙ (−∆𝑃)
𝑣̅ = =
𝐴𝑠 𝐻𝐿
em que:
O sinal negativo da perda de carga indica que o fluxo ocorre na direção oposta à altura
da coluna. E o 𝐾𝑃 é definido como quociente entre 𝑃𝑆 /𝜇 com 𝑃𝑆 representando a perme-
abilidade especifica (m2) do leito – resistência ao escoamento; e 𝜇 sendo a viscosidade do
fluído (expresso em Pa.s)
A equação de 𝑣̅ também é denominada como Lei de Darcy, pois é a que indica que a
relação entre a velocidade de escoamento do fluído e a perda de carga é linear, supondo
regime de escoamento laminar (número de Reynolds da partícula menor eu 10), sendo
esta última suposição, condição de validade da lei de Darcy.
1
Um fluido newtoniano é um fluido cuja viscosidade, ou atrito interno, é constante para diferentes ta-
xas de cisalhamento e não variam com o tempo. Ou seja, nos fluidos newtonianos a tensão é diretamente
proporcional à taxa de deformação. Apesar de não existir um fluido perfeitamente newtoniano, fluidos mais
homogêneos como a água, leite, óleo vegetal e o ar costumam ser estudados como newtonianos para muitas
finalidades práticas.
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Nota: Atualmente em muitas literaturas pode-se encontrar a simplificação das duas
equações resultantes da Lei de Darcy conforme disposto em Simões & Minillo (2017)
𝑄 =𝑘∙𝑖∙𝐴
Sendo k uma constante que varia para cada solo e que recebe o nome de coeficiente de
permeabilidade. A relação h por L é chamada de gradiente hidráulico, expresso por i.
Sabendo que Caudal é uma relação de velocidade da água pela área em que esta passa,
podemos escrever:
𝑣 =𝑘∙𝑖
Como o caudal é constante através da amostra de solo, pela Lei de Darcy, temos:
ℎ
𝑄=𝑘∙ ∙𝐴
𝐿
𝑉∙𝐿
𝑘=
𝐴∙ℎ∙𝑡
Nos solos pouco permeáveis (ou muito impermeáveis), Simões & Minillo (2017), res-
salvam que o volume V de água que passa pela amostra é muito pequeno, mesmo para
grandes intervalos de tempo t. Diante disso, o permeâmetro de carga constante só é em-
pregado para solos mais permeáveis (areias e pedregulhos).
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b) Permeâmetro de Carga Variável: observa-se a velocidade de queda d’água em
um tubo de vidro de área transversal a. São conhecidas as alturas L do corpo de
prova e a área transversal A.
𝑑ℎ 𝐴
−𝑎 ∙ = 𝑘 ∙ ∙ 𝑑𝑡
𝑑𝑡 𝐿
𝑎∙𝐿 ℎ𝑖
𝑘 = 2,3 ∙ ∙ log
𝐴 ∙ ∆𝑡 ℎ𝑓
Assim, o coeficiente de permeabilidade pode ser determinado experimentalmente utili-
zando essa equação.
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Tabela 1: Coeficientes de permeabilidade com relação ao tipo de solo. Fonte: Mello; Teixeira (1971, citado em Simões
& Minillo, 2017)
0.078
𝜂=
1 + 0.033𝑇 + 0.0002𝑇 2
11
𝑒13
𝑘1 1 + 𝑒1
=
𝑘2 𝑒23
1 + 𝑒2
c) Grau de Saturação: O coeficiente de permeabilidade em um solo não saturado é
menor do que o que ele apresentaria se estivesse totalmente saturado. Essa diferença não
pode, entretanto, ser atribuída exclusivamente ao menor índice de vazios disponível, pois
as bolhas de ar existentes, contidas pela tensão superficial da água, são um obstáculo para
o fluxo.
d) Estratificação do Terreno: Caputo (1988), assevera que em virtude da estratifi-
cação do solo, os valores de k são diferentes nas direções horizontal e vertical. Chamando-
se 𝑘1 , 𝑘2 , 𝑘3 ate 𝑘𝑛 os coeficientes de permeabilidade das diferentes camadas e de 𝑒1 , 𝑒2 ,
𝑒3 ate 𝑒𝑛 , respetivamente as espessuras, deduzamos as fórmulas dos valores médios de k
nas direções paralela e perpendicular aos planos de estratificação.
∑𝑛𝑖=1 𝑘𝑖 ∙ 𝑒𝑖
𝑘ℎ =
∑𝑛𝑖=1 𝑒𝑖
∑𝑛𝑖=1 𝑒𝑖
𝑘𝑉 = 𝑒
∑𝑛𝑖=1 𝑖
𝑘𝑖
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2.2.2 Perdas de Cargas (ΔP) e Potencia de Bombeamento (Po)
∆𝑃 𝜇 (1 − 𝜀𝑏 )2
= 150 ∙ ∙ ∙ 𝑣𝑆
𝐻𝐿 (𝐷𝑒𝑠𝑓 )2 𝜀𝑏 3
Onde:
∆𝑃 – Perda de carga
𝐻𝐿 – Altura do leito
𝜇 – Viscosidade do fluído
𝜀𝑏 – Porosidade global do leito
𝐷𝑒𝑠𝑓 = 𝐷𝑃 ∙ Φ
𝑣𝑆 – Velocidade superficial do fluído
𝐷𝑃 – Diâmetro da partícula esférica equivalente ao volume
Φ – Esfericidade das partículas no leito (= 1 para esfera regular)
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• Burke-Plummer: a equação de Burke-Plummer é utilizada para regime turbu-
lento, , isto é, NRe,p (número de Reynolds) >100:
∆𝑃 𝜌 (1 − 𝜀𝑏 )
= 1,75 ∙ ∙ ∙ 𝑣𝑆 2
𝐻𝐿 𝐷𝑒𝑠𝑓 𝜀𝑏 3
∆𝑃 𝜇 (1 − 𝜀𝑏 )2 𝜌 (1 − 𝜀𝑏 )
= 150 ∙ 2 ∙ 3
∙ 𝑣𝑆 + 1,75 ∙ ∙ 3
∙ 𝑣𝑆 2
𝐻𝐿 (𝐷𝑒𝑠𝑓 ) 𝜀𝑏 𝐷𝑒𝑠𝑓 𝜀𝑏
∆𝑃 ∆𝑃
𝑃𝑜 = ∙ 𝑚̇ = ∙ 𝜌𝑄̇ = ∆𝑃𝑄̇
𝜌 𝜌
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3 CAPÍTULO III – CONCLUSÃO
A proposta inicial para o este trabalho, foi de caracterizar os leitos fixos, descrever as
leis da hidráulica que validam o escoamento em tais leitos, e fatores que influenciam na
permeabilidade dos leitos, visto que é esta, impermeabilidade, que possibilita o escoa-
mento dos fluidos no interior dos leitos.
Relativamente à caracterização dos leitos fixos pôde se verificar que estes são uma
subcategoria dos leitos porosos, caracterizados pelo fluxo do fluido em seu interior, sem
causar o movimento das partículas que constituem a parte solida, isto é, o leito. É impor-
tante fazer o estudo dos escoamentos em leitos devido a possibilidade de resolução de
problemas diversos ligados ao solo, visto que o solo em geral apresenta-se similar a um
leito fixo, pode se estudar parâmetros do solo que se modificam com a presença do fluxo
de fluido nele, tais como a capacidade resistente às cargas aplicadas sobre ele.
Nota-se também que a permeabilidade dos fluidos no leito, é influenciada por fatores
como o tamanho das partículas que constituem o leito, pois quanto maiores as partículas,
mais espaços abertos irão deixar quando houver o contacto entre elas; A temperatura e a
viscosidade da água também influenciam a permeabilidade de um solo de tal forma que
a permeabilidade é proporcional à densidade do fluido e inversamente proporcional à sua
viscosidade. Por sua vez, esses parâmetros variam com a temperatura. Entretanto, quando
se considera a densidade da água constante, a permeabilidade aumenta com a tempera-
tura; A disposição das partículas que formam a estrutura de um solo também tem influ-
ência sensível na permeabilidade dos solos. Por exemplo, em solos compactados, a per-
meabilidade horizontal é maior do que a vertical, característica que ocorre pela forma
com que os solos são compactados, sempre no sentido vertical.
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REFERÊNCIAS
Caputo, H. P. (1988). Mecânica dos Solos e Suas Aplicações (6ª ed., Vol. 1). Rio de
Janeiro: Livros Técnicos e Científicos Editora S.A.
Gil, A. C. (2008). Como elaborar projetos de pesquisa (5ª. ed.). São Paulo, Brasil:
Atlas.
Massad, F. (2010). Obras de Terra - Curso Básico de Geotecnia (2ª ed.). São Paulo:
Oficina de Textos.
Pinto, C. d. (2006). Curso Básico de Mecânica dos Solos (3ª ed.). São Paulo: Oficina
de Textos.
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