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Universidade Lúrio

Faculdade de Engenharia

Direcção do Curso de Engenharia Civil

Licenciatura em Engenharia Civil

4º Nível-Semestre II – Ano 2020

Disciplina: Construção Em Terra

HIDRÁULICA DOS ESCOAMENTOS EM LEITOS FIXOS (Apli-


cação à Construções em Terra)

Autor (es): Docente:

4º Grupo Izak Matemanga Nindi, Eng.° Civil

Pemba, 2020
Universidade Lúrio
Faculdade de Engenharia
Direcção do Curso de Engenharia Civil
Licenciatura em Engenharia Civil
4º Nível-Semestre I – Ano 2020

Disciplina: Patologia, Conservação e Reabilitação

HIDRÁULICA DOS ESCOAMENTOS EM LEITOS FIXOS (Aplicação à Constru-


ções em Terra)

Trabalho apresentado ao Curso de Licencia-


tura em Engenharia Civil da Universidade
Lúrio a ser utilizado como trabalho avalia-
tivo na disciplina de Contrução em Terra.

Orientado Pelo Docente: Izak Matemanga


Nindi, Eng.° Civil

Docente: Izak Matemanga Nindi, Eng.° Civil

Autor(es):

Dário Sérgio Jóia Muapilote

Valy Bachir

Zuneid Abdul Carimo

Pemba, 2020
ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................... ii

ÍNDICE DE TABELAS.............................................................................................. iii

1 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO........................................................................... 1

1.1 Objetivos ........................................................................................................ 1

1.1.1 Geral: ...................................................................................................... 1

1.1.2 Específicos: ............................................................................................. 1

1.2 Metodologia ................................................................................................... 2

1.2.1 Quanto à Abordagem da investigação .................................................... 2

1.2.2 Quanto ao Tipo de investigação .............................................................. 2

2 CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ............................................. 3

2.1 Introdução aos Leitos Porosos........................................................................ 3

2.1.1 Classificação dos Leitos .......................................................................... 3

2.1.2 Propriedades físicas do leito ................................................................... 4

2.2 Hidráulica Escoamento em Leitos.................................................................. 5

2.2.1 Lei de Darcy............................................................................................ 7

2.2.2 Perdas de Cargas (ΔP) e Potencia de Bombeamento (Po)..................... 13

3 CAPÍTULO III – CONCLUSÃO ........................................................................ 15

REFERÊNCIAS......................................................................................................... 16

i
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Leito Fixo ou Coluna de recheio .................................................................. 4


Figura 2: Arranjo experimental de Darcy - Aparelho destinado a determinar a lei de
escoamento de água através de areia ................................................................................ 7
Figura 3: Esquema de permeâmetro de carga variável .............................................. 10
Figura 4: Direção do fluxo nos terrenos estratificado................................................ 12

ii
ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Coeficientes de permeabilidade com relação ao tipo de solo .................... 11

iii
1 CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO

Em obras de terra a presença de água é um fator preponderante a considerar, já que


através do ciclo hidrológico esta é infiltrada ao subsolo, não só, como também se tem a
água que escoa na superfície pelos canais naturais. Tanto a água subterrânea como a su-
perficial se movimentam devido a diferenças de níveis entre os pontos em que se encon-
tram.

Facto é que o estudo da presença de água nos solos ou rochas é fundamental para
resolução de problemas referentes ao bombeamento de água subterrânea, aplicados em
fundações de edificações por exemplo; Assim como para analisar a estabilidade de mur-
ros de contenção, barragens de terra ou betão, taludes entre outras estruturas sujeitas a
força de percolação, que modifica o comportamento do solo, afetando a sua capacidade
de resistir às cargas aplicadas sobre ele.

O estudo do movimento da água no solo sendo este o meio poroso, também é impor-
tante na avaliação do caminho que a água faz ao longo de um maciço terroso através do
desenho de redes de fluxo que permitem determinar o caudal percolado mediante um
maciço terroso, possibilitando desta forma, o cálculo da pressão da água nos poros e,
consequentemente, a tensão efetiva em cada ponto do maciço. tornando exequível a ava-
liação do risco de ocorrência de acidentes, como rutura por liquefação, erosão interna, ou
levantamento hidráulico.

1.1 Objetivos

1.1.1 Geral:

Estabelecer conhecimentos, baseados em referências científicas salutares, relativos ao


Escoamento em Leitos Fixos.

1.1.2 Específicos:

✓ Identificar as características de um leito fixo


✓ Descrever as Leis da Hidráulica que validam o escoamento em leitos fixos
✓ Abordar os fatores que influenciam a permeabilidade que possibilita o escoamento

1
1.2 Metodologia

1.2.1 Quanto à Abordagem da investigação

De um modo geral, quanto à abordagem as investigações podem ser quantitativas, qua-


litativas e mistas. Mais do que isso, importa aclarar que, é o tipo de problema e a forma
pela qual se pretende analisar, que ditará o tipo de abordagem. Neste sentido, a abordagem
qualitativa difere da quantitativa, por esta, não pretender numerar ou medir unidades ou
categorias homogéneas, ou seja, por esta não usar de instrumentos estatísticos como base
de análise de um problema (Richardson et al., 2015).

Assim sendo, esta investigação enquadra-se na abordagem qualitativa, na medida em


que esta, pretende cingir-se na compreensão de determinado fenómeno com base em re-
ferências e manuais que comprovem e asseguram a confiabilidade do estudo, neste caso,
Hidráulica dos Escoamentos em Leitos Fixos.

1.2.2 Quanto ao Tipo de investigação

Existem vários tipos de investigações, mas de forma específica, Gil (2008) assevera
que, a Classificação da investigação é feita com base nos objetivos. Sendo assim, estas
classificam-se em 3 tipos que são: exploratória que visa proporcionar maior familiaridade
com o problema para construir hipóteses; descritiva que objetiva descrever as caracterís-
ticas de uma determinada população ou fenómeno; e a explicativa que busca identificar
os porquês ou os fatores que estão por detrás da ocorrência dos fenómenos.

Neste contexto, a presente investigação enquadra-se nas exploratórias, pois, objectiva


explorar um assunto de carácter científico que são os escoamentos em leitos porosos a
fim de se aprimorar de forma sistemática ideias que permitirão um conhecimento mais
sólido do assunto em estudo.

2
2 CAPÍTULO II – FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 Introdução aos Leitos Porosos

A maioria das teorias de percolação considera o solo como sendo um meio poroso,
sendo bastante indicado para solos arenosos. Entretanto, esse tipo de modelo perde a sua
validade se considerarmos solos argilosos, que possuem as características que menciona-
mos acima. (Leão, 2018)

A água que se encontra nos solos não possui o mesmo comportamento comparando os
tipos de solos. Por exemplo em solos granulares os poros podem ser conectados por ca-
nais, onde a água encontra-se em equilíbrio hidrostático podendo fluir pela ação da gra-
vidade, mas em solos argilosos a situação é outra, uma vez que nesses solos os diâmetros
dos poros são muito inferiores o que propicia ao pequeno tamanho dos canais de circula-
ção da água também, não obstante a estrutura dos solos argilosos, o que torna a relação
entre a fase líquida e solida bem diferentes comparativamente aos solos granulares.

Por sua vez, de acordo com Lofrano (2018), a designação meio poroso é destinada aos
diversos corpos tridimensionais, sejam eles constituídos ou não, por materiais porosos,
que apresentem permeabilidade a um fluído – ou, por outra, que exibam, obrigatoria-
mente, a propriedade de servir de suporte ao fenómeno do escoamento, implicando esta
definição os poros serem interconectados de tal forma que permitam o ingresso e o
egresso de fluídos em relação a um domínio poroso.

2.1.1 Classificação dos Leitos

Muitas operações das mais diversas áreas da ciência envolvem a interação sólido-flu-
ído, dado que normalmente ocorre a circulação intensa de sólidos em conjunto com um
fluído (gás ou líquido). Entre essas operações, está a filtração, fluidização, operações em
colunas de recheio, entre outras. Conforme Carvalho (2019), dependendo de como o só-
lido está se movimentando, podem se observar os seguintes tipos de Leitos:

a) Leito fixo: quando o sólido está em repouso. O fluído percola entre os espaços
vazios entre as partículas.
b) Leito fluidizado: quando a velocidade do fluído é suficiente para provocar movi-
mento aleatório nas partículas no leito.

3
Para o nosso trabalho focaremos a abordagem no estudo dos leitos fixos que nas obras
de terra é a modelagem que mais se aproxima a realidade para estudo dos parâmetros
hidráulicos.

Figura 1: Leito Fixo ou Coluna de recheio. (Carvalho, 2019)

2.1.2 Propriedades físicas do leito

Carvalho (2019), assegura que os leitos são caracterizados pela granulometria das par-
tículas nele contidas, sua área especifica, porosidade, densidade, etc. Num leito poroso
determinado por partículas em conjunto, dependendo de como estão dispostas, tem-se o
leito fixo, fluidizado ou névoa. De onde pode se determinar as seguintes características:

a) Densidade Global do Leito (ρb): é definida quando o material está empacotado


ou empilhado em um leito, portanto, é a razão entre a massa do material e o volume total
que ele ocupa.

𝑚𝑝 + 𝑚𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜 𝑚𝑝 + 𝑚𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜
ρ𝑏 = =
𝑉𝐿 𝑉𝑆 + 𝑉𝑉

Em que: ρ𝑏 densidade global do leito (kg/m3); 𝑚𝑝 massa das partículas (kg); 𝑚𝑓𝑙𝑢𝑖𝑑𝑜
massa do fluído que escoa através das partículas (kg); 𝑉𝐿 volume do leito; 𝑉𝑆 volume
ocupado pelos sólidos; 𝑉𝑉 volume dos vazios, todos em (m3).

A densidade do global depende do formato, tamanho e propriedades das partículas


individuais

4
b) Porosidade global do leito (εb): A porosidade global do leito é definida como a
fração do volume total que está vazio e depende do formato, tamanho, distribuição do
tamanho, rugosidade, tipo de empacotamento e razão entre diâmetro da partícula e o diâ-
metro da coluna.

Um leito não é totalmente compacto, apresenta zonas livres de partículas, portanto,


define-se a porosidade ou fração de vazios como o volume do leito não ocupado pelo
material sólido, poros internos das partículas não são levados em consideração.

𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑒𝑠𝑝𝑎ç𝑜 𝑣𝑎𝑧𝑖𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜 − 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑑𝑒 𝑠ó𝑙𝑖𝑑𝑜𝑠


ε𝑏 = =
𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑙𝑒𝑖𝑡𝑜

Reescrevendo em função das partículas como sólidos:

𝑉𝐿 + 𝑉𝑃
ε𝑏 =
𝑉𝐿

c) Área superficial especifica do Leito (asL): A área superficial específica do leito


é definida pela relação entre a área de superfície do leito exposta pelo fluído por unidade
de volume do leito. Em razão da porosidade do leito, a área superficial específica do leito
não coincide com a área superficial da partícula (ASP) e podem ser relacionadas como:
𝐴𝑆𝑃
𝒶𝑠𝐿 =
𝑉𝐿
A área superficial específica do leito também pode ser expressa em função da
porosidade global.
𝒶𝑠𝐿 = 𝑎𝑆 (1 − ε𝑏 )
para partículas esféricas:
6
𝒶𝑠𝐿 = (1 − ε𝑏 )
𝐷𝑒𝑠𝑓

2.2 Hidráulica Escoamento em Leitos

O escoamento de água em solos é possível devido a Permeabilidade, que é uma pro-


priedade dos solos que indica a maior ou a menor facilidade que os solos oferecem à
passagem da água através de seus poros. (Simões & Minillo, 2017)

A permeabilidade é expressa numericamente pelo coeficiente de permeabilidade.

A análise dos escoamentos em meios porosos têm importantes aplicações no ramo da


hidrologia, prospeção de petróleo, engenharia agrícola, lubrificação e sobretudo na enge-
nharia civil. (França, 2000)

5
As condições de escoamento em meios porosos são dependentes da natureza das par-
tículas (areia, argila, limbo, solos em geral), da forma e das dimensões dos elementos que
constituem o meio. É possível conhecer estes parâmetros naturais através de comparações
ao escoamento em tubos capilares.

Os escoamentos de vários tipos de fluídos em diferentes meios porosos podem ser


estudados adotando-se, basicamente, duas hipóteses:

a) A estrutura do solo é rígida, não sofre deformações e não há transporte de partícu-


las durante o fluxo,
b) É valida a Lei de Darcy tornando o fluxo laminar, e a velocidade critica da água
corresponda ao valor 1 do número de Reynolds.

Sendo que para que ocorra movimento de água entre dois pontos de um leito, é preciso
que haja uma variação de carga total (ΔH) entre os dois pontos, sendo H definida por:
𝜇
𝐻=𝓏+
𝛾0
𝜇
Onde 𝓏 a carga altimétrica e 𝛾 a carga piezométrica. (Massad, 2010)
0

Para conhecer o escoamento em leitos é preciso conhecer as equações fundamentais


que explicam como ocorre o contato íntimo entre as fases envolvidas no processo (fase
fluida gasosa e/ou líquida com a fase estacionária/partículas ou entre diferentes fases flui-
das). (Carvalho, 2019)

O contato entre os sólidos e o fluído pode ser realizado por três tipos de operação ou
técnicas chamadas:

a) leito fixo – o sólido em pedaços grandes (5 a 10 cm) ou em partículas menores


(2mm) é colocado dentro de um tanque no qual o fluído circula de baixo para cima, ou ao
contrário, através do leito poroso sem que haja movimentação dos sólidos.

b) leito móvel – o sólido em partículas relativamente grandes é continuamente alimen-


tado pelo topo do leito e removido pela base. O fluído pode subir ou descer pelo leito.

c) leito fluidizado – envolve a suspensão do sólido finamente dividido numa corrente


ascendente de fluído a uma velocidade suficientemente elevada para causar a flutuação e
movimentação vigorosa das partículas.

A abordagem mais usada para determinação da variação de carga em leitos porosos é


a analogia ao modelo de fluxo em tubo, conhecido como modelo capilar, conforme

6
referenciado acima, em que este modelo aproxima o escoamento através do leito empa-
cotado pelo escoamento através de um conjunto de capilares de igual tamanho.

As maiores contribuições seguindo essa abordagem, para determinar a perda de carga


do fluído percolando o leito, em função do regime com que o fluído circula no leito,
incluem equações que serão descritas em função de seus estudiosos.

2.2.1 Lei de Darcy

A contribuição mais marcante ao estudo dos escoamentos em meios porosos veio de


Henry Philibert Gaspard Darcy (1803 – 1858), natural de Dijon, na França que buscava
uma lei para o escoamento em meios porosos, Darcy então realizou uma investigação
experimental composta de duas etapas. A primeira consistiu de quatro séries de ensaios
em uma coluna vertical, cada qual com um grau de compactação de areia e entre três e
dez vazões distintas, tendo sido variada a carga hidráulica somente na seção de montante.
A segunda etapa, compreendendo 35 ensaios, foi realizada com o material no mesmo grau
de compactação, mas modificando-se, também, a carga hidráulica de jusante. As cargas
hidráulicas foram medidas através de manômetros de mercúrio. (Lofrano, 2018)

Figura 2: Arranjo experimental de Darcy - Aparelho destinado a determinar a lei de escoamento de água através
de areia. Fonte: (Lofrano, 2018)

7
Para Carvalho (2019), os experimentos de Darcy por volta de 1830 demonstraram que
a velocidade média de um fluindo newtoniano1 escoando em regime laminar dentro de
um leito poroso é proporcional ao gradiente de pressão e inversamente proporcional à
distância percorrida no leito. O Caudal volumétrico do fluído percolando através do leito
fixo pode ser expressa em termos da altura do leito e de sua área:

𝐾𝑃 ∙ 𝐴𝑆 ∙ (−∆𝑃)
𝑄̇ =
𝐻𝐿
𝑄̇ 𝐾𝑃 ∙ (−∆𝑃)
𝑣̅ = =
𝐴𝑠 𝐻𝐿

em que:

𝑣̅ – Velocidade média do fluído percolando o leito (m/s);

𝑄̇ – Caudal volumétrico do fluído percolando o leito (m3/s);

𝐾𝑃 – Constante de permeabilidade (m2/Pa∙s), depende das propriedades físicas do leito


e fluído que nele circula;

𝐴𝑠 – Área da seção de escoamento (m2);

∆𝑃 – Perda de carga (Pa) ou gradiente de pressão;

𝐻𝐿 – Altura do leito (m) – distancia percorrida no leito.

O sinal negativo da perda de carga indica que o fluxo ocorre na direção oposta à altura
da coluna. E o 𝐾𝑃 é definido como quociente entre 𝑃𝑆 /𝜇 com 𝑃𝑆 representando a perme-
abilidade especifica (m2) do leito – resistência ao escoamento; e 𝜇 sendo a viscosidade do
fluído (expresso em Pa.s)

A equação de 𝑣̅ também é denominada como Lei de Darcy, pois é a que indica que a
relação entre a velocidade de escoamento do fluído e a perda de carga é linear, supondo
regime de escoamento laminar (número de Reynolds da partícula menor eu 10), sendo
esta última suposição, condição de validade da lei de Darcy.

1
Um fluido newtoniano é um fluido cuja viscosidade, ou atrito interno, é constante para diferentes ta-
xas de cisalhamento e não variam com o tempo. Ou seja, nos fluidos newtonianos a tensão é diretamente
proporcional à taxa de deformação. Apesar de não existir um fluido perfeitamente newtoniano, fluidos mais
homogêneos como a água, leite, óleo vegetal e o ar costumam ser estudados como newtonianos para muitas
finalidades práticas.

8
Nota: Atualmente em muitas literaturas pode-se encontrar a simplificação das duas
equações resultantes da Lei de Darcy conforme disposto em Simões & Minillo (2017)

𝑄 =𝑘∙𝑖∙𝐴

Sendo k uma constante que varia para cada solo e que recebe o nome de coeficiente de
permeabilidade. A relação h por L é chamada de gradiente hidráulico, expresso por i.

Sabendo que Caudal é uma relação de velocidade da água pela área em que esta passa,
podemos escrever:

𝑣 =𝑘∙𝑖

2.2.1.1 Determinação do Coeficiente de Permeabilidade

Para determinar o coeficiente de permeabilidade dos solos, são empregados os seguin-


tes procedimentos:

a) Permeâmetro de Carga Constante: é fornecida um caudal constante do fluído,


no caso, a água, que flui através de uma amostra de solo. O volume (V) do reservatório é
conhecido e, portanto, é medido o tempo t que a água leva para preenchê-lo, de tal forma
que:
𝑄 = 𝑉 ⁄𝑡

Como o caudal é constante através da amostra de solo, pela Lei de Darcy, temos:


𝑄=𝑘∙ ∙𝐴
𝐿

A carga h é mantida constante durante todo o ensaio. Relacionando as duas equações,


temos:
𝑉 ℎ
=𝑘∙ ∙𝐴
𝑡 𝐿

evidenciando k, tem-se o coeficiente de permeabilidade obtido através da equação:

𝑉∙𝐿
𝑘=
𝐴∙ℎ∙𝑡

Nos solos pouco permeáveis (ou muito impermeáveis), Simões & Minillo (2017), res-
salvam que o volume V de água que passa pela amostra é muito pequeno, mesmo para
grandes intervalos de tempo t. Diante disso, o permeâmetro de carga constante só é em-
pregado para solos mais permeáveis (areias e pedregulhos).

9
b) Permeâmetro de Carga Variável: observa-se a velocidade de queda d’água em
um tubo de vidro de área transversal a. São conhecidas as alturas L do corpo de
prova e a área transversal A.

Figura 3: Esquema de permeâmetro de carga variável. Fonte: (Pinto, 2006)

A velocidade de descida da água no tubo é – dh/dt, tendo o sinal negativo devido h


diminuir com o tempo t. O caudal da água no tubo é, portanto, uma relação dh/dt multi-
plicada pela área da seção transversal do tubo por onde a água é introduzida no permeâ-
metro.

Substituindo essa relação na fórmula de Darcy, teremos:

𝑑ℎ 𝐴
−𝑎 ∙ = 𝑘 ∙ ∙ 𝑑𝑡
𝑑𝑡 𝐿

integrando-se os termos entre os limites (hi, hf) e (ti, tf) tem-se:

𝑎∙𝐿 ℎ𝑖
𝑘 = 2,3 ∙ ∙ log
𝐴 ∙ ∆𝑡 ℎ𝑓
Assim, o coeficiente de permeabilidade pode ser determinado experimentalmente utili-
zando essa equação.

Existem mais outros métodos de determinação do coeficiente de permeabilidade tais


como por ensaios de campo assim como métodos indiretos.

10
Tabela 1: Coeficientes de permeabilidade com relação ao tipo de solo. Fonte: Mello; Teixeira (1971, citado em Simões
& Minillo, 2017)

Tipos de solo K (cm/segundo)


Pedregulho >1
Areias puras 1 a 10-3
Areias finas siltosas e argilosas, siltes argilosas 10-3 a 10-7
Argila <10-8

2.2.1.2 Fatores que Influenciam o Coeficiente de Permeabilidade

O coeficiente de permeabilidade varia para os diferentes solos e, para um mesmo solo,


depende essencialmente da temperatura e do índice de vazios.

a) Temperatura: Quanto maior for a temperatura, menor é a viscosidade da água e,


portanto, mais facilmente ela se escoa pelos vazios do solo com o correspondente au-
mento do coeficiente de permeabilidade; k é, pois, inversamente proporcional à viscosi-
dade da água. Por isso, os valores de k são geralmente referidos à temperatura de 20°C, o
que se faz pela seguinte relação:
𝜂𝑇
𝑘20𝑜 = 𝑘𝑇 ∙ = 𝑘𝑇 ∙ 𝐶𝑣
𝜂20𝑜
onde 𝑘𝑇 é o valor de k para a temperatura do ensaio; T é a temperatura do ensaio, η a
viscosidade da água (à temperatura de T° e de 20°C) e Cv a relação entre as viscosidades.

Segundo Helmholtz, a viscosidade da água em função da temperatura é dada pela fór-


mula empírica:

0.078
𝜂=
1 + 0.033𝑇 + 0.0002𝑇 2

Sendo T temperatura do ensaio em °C.

b) Índice de Vazios: A influência do índice de vazios sobre a permeabilidade, em se


tratando de areias puras e graduadas, pode ser expressa pela equação de A. Casagrande
(citado em Caputo, 1988):
𝑘 = 1.4𝑘0.85 𝑒 2
Sendo 𝑘0.85 coeficiente de permeabilidade quando 𝑒 =0.85.
A equação de Taylor correlaciona o coerente de permeabilidade com o índice de vazios
do solo. Quanto mais fofo o solo, mais permeável ele é. Conhecido o k para um certo tipo
de solo, pode-se calcular o k para o outro solo pela proporcionalidade da equação apre-
sentada (mais utilizada para areias).

11
𝑒13
𝑘1 1 + 𝑒1
=
𝑘2 𝑒23
1 + 𝑒2
c) Grau de Saturação: O coeficiente de permeabilidade em um solo não saturado é
menor do que o que ele apresentaria se estivesse totalmente saturado. Essa diferença não
pode, entretanto, ser atribuída exclusivamente ao menor índice de vazios disponível, pois
as bolhas de ar existentes, contidas pela tensão superficial da água, são um obstáculo para
o fluxo.
d) Estratificação do Terreno: Caputo (1988), assevera que em virtude da estratifi-
cação do solo, os valores de k são diferentes nas direções horizontal e vertical. Chamando-
se 𝑘1 , 𝑘2 , 𝑘3 ate 𝑘𝑛 os coeficientes de permeabilidade das diferentes camadas e de 𝑒1 , 𝑒2 ,
𝑒3 ate 𝑒𝑛 , respetivamente as espessuras, deduzamos as fórmulas dos valores médios de k
nas direções paralela e perpendicular aos planos de estratificação.

Figura 4: Direção do fluxo nos terrenos estratificado. Fonte: Caputo (1988)

Permeabilidade paralela à estratificação - Na direção horizontal, todos os estratos


têm o mesmo gradiente hidráulico i. Assim:

∑𝑛𝑖=1 𝑘𝑖 ∙ 𝑒𝑖
𝑘ℎ =
∑𝑛𝑖=1 𝑒𝑖

Permeabilidade perpendicular à estratificação - Na direção vertical, sendo contínuo


o escoamento, a velocidade v é constante. Portanto:

∑𝑛𝑖=1 𝑒𝑖
𝑘𝑉 = 𝑒
∑𝑛𝑖=1 𝑖
𝑘𝑖

Para camadas de mesma permeabilidade, k1 = k2 = kn, obtêm-se pela aplicação dessas


fórmulas: kh = kV

12
2.2.2 Perdas de Cargas (ΔP) e Potencia de Bombeamento (Po)

Conforme se clarificou anteriormente, em um leito fixo, o fluído escoa através de uma


fase sólida particulada estacionária. Neste tipo de leito a velocidade do fluído (v) é menor
que a velocidade mínima necessária para o leito expandir (vmf), portanto, v < vmf, em que
vmf é definida como a velocidade mínima de fluidização.

Neste tipo de equipamento, o leito não fluidiza e as partículas permanecem estáticas.


Exemplos de leito fixo: colunas de destilação, secagem e extração sólido-líquido. (Car-
valho, 2019)

Além de Darcy outros estudiosos desenvolveram suas formulações para determinação


de variação de carga (ou seja, perda de carga), inclusive para outros regimes de escoa-
mento.

Perdas de Cargas (ΔP): A ΔP em leito fixo é proveniente do escoamento de fluido


em um leito fixo, sendo composto o leito por tubulações, placa de orifícios, ciclone etc.,
além do próprio leito de partículas. A ΔP em leito fixo somente abrangerá a perda de
carga provocada pelo leito de partículas neste estudo. E pode ser determinada pelas for-
mulações de Darcy acima dispostas, conforme o tipo de regime, ou pode também se optar
pelas seguintes equações:

• Koseny-Carman: a equação de Koseny-Carman é utilizada para regime laminar,


assim como a de Darcy, isto é, NRe,p (número de Reynolds) < 10:

∆𝑃 𝜇 (1 − 𝜀𝑏 )2
= 150 ∙ ∙ ∙ 𝑣𝑆
𝐻𝐿 (𝐷𝑒𝑠𝑓 )2 𝜀𝑏 3

Onde:

∆𝑃 – Perda de carga
𝐻𝐿 – Altura do leito
𝜇 – Viscosidade do fluído
𝜀𝑏 – Porosidade global do leito
𝐷𝑒𝑠𝑓 = 𝐷𝑃 ∙ Φ
𝑣𝑆 – Velocidade superficial do fluído
𝐷𝑃 – Diâmetro da partícula esférica equivalente ao volume
Φ – Esfericidade das partículas no leito (= 1 para esfera regular)

13
• Burke-Plummer: a equação de Burke-Plummer é utilizada para regime turbu-
lento, , isto é, NRe,p (número de Reynolds) >100:

∆𝑃 𝜌 (1 − 𝜀𝑏 )
= 1,75 ∙ ∙ ∙ 𝑣𝑆 2
𝐻𝐿 𝐷𝑒𝑠𝑓 𝜀𝑏 3

Com 𝜌 – Densidade do fluído.

• Ergum: Quando o regime de escoamento é desconhecido, a equação de Ergum


deve ser empregada, pois ela é aplicável para quando ambos os regimes ocorrem ao
mesmo tempo:

∆𝑃 𝜇 (1 − 𝜀𝑏 )2 𝜌 (1 − 𝜀𝑏 )
= 150 ∙ 2 ∙ 3
∙ 𝑣𝑆 + 1,75 ∙ ∙ 3
∙ 𝑣𝑆 2
𝐻𝐿 (𝐷𝑒𝑠𝑓 ) 𝜀𝑏 𝐷𝑒𝑠𝑓 𝜀𝑏

Potencia de Bombeamento (Po): A potência de bombeamento do fluido através do


leito fixo de acordo com Carvalho (2019) é determinada pela equação:

∆𝑃 ∆𝑃
𝑃𝑜 = ∙ 𝑚̇ = ∙ 𝜌𝑄̇ = ∆𝑃𝑄̇
𝜌 𝜌

Em que: Po = potência (W); m = caudal mássico (kg/s); Q = caudal volumétrica (m3/s).

14
3 CAPÍTULO III – CONCLUSÃO

A proposta inicial para o este trabalho, foi de caracterizar os leitos fixos, descrever as
leis da hidráulica que validam o escoamento em tais leitos, e fatores que influenciam na
permeabilidade dos leitos, visto que é esta, impermeabilidade, que possibilita o escoa-
mento dos fluidos no interior dos leitos.

Relativamente à caracterização dos leitos fixos pôde se verificar que estes são uma
subcategoria dos leitos porosos, caracterizados pelo fluxo do fluido em seu interior, sem
causar o movimento das partículas que constituem a parte solida, isto é, o leito. É impor-
tante fazer o estudo dos escoamentos em leitos devido a possibilidade de resolução de
problemas diversos ligados ao solo, visto que o solo em geral apresenta-se similar a um
leito fixo, pode se estudar parâmetros do solo que se modificam com a presença do fluxo
de fluido nele, tais como a capacidade resistente às cargas aplicadas sobre ele.

Vários estudiosos propuseram modelos de análise dos principais parâmetros que


quando existe o escoamento de fluidos no solo, alteram as características e desempenho
do mesmo, como é o caso das pressões, velocidade e caudal de escoamento. Sendo esses
modelos validados pelos princípios da hidráulica, deste modo, entendendo a o modo em
que se da o escoamento e em que proporções através de seus parâmetros, é possível ava-
liar os riscos de ocorrência de acidentes em obras de terra, permitindo desta forma preve-
nir, ou intervir para que desastres não aconteçam.

Nota-se também que a permeabilidade dos fluidos no leito, é influenciada por fatores
como o tamanho das partículas que constituem o leito, pois quanto maiores as partículas,
mais espaços abertos irão deixar quando houver o contacto entre elas; A temperatura e a
viscosidade da água também influenciam a permeabilidade de um solo de tal forma que
a permeabilidade é proporcional à densidade do fluido e inversamente proporcional à sua
viscosidade. Por sua vez, esses parâmetros variam com a temperatura. Entretanto, quando
se considera a densidade da água constante, a permeabilidade aumenta com a tempera-
tura; A disposição das partículas que formam a estrutura de um solo também tem influ-
ência sensível na permeabilidade dos solos. Por exemplo, em solos compactados, a per-
meabilidade horizontal é maior do que a vertical, característica que ocorre pela forma
com que os solos são compactados, sempre no sentido vertical.

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REFERÊNCIAS

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