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Florianópolis
2018
SUBSTITUIR FOLHA PELO PDF
Ficha de identificação da obra elaborada pelo autor através o
Programa de Geração Automática da Biblioteca Universitária da UFSC.
Laís do Nascimento Ghizoni Pereira
___________________________
Prof. Lucila Maria de Souza Campos, Drª.
Coordenadora do Curso
Banca examinadora:
___________________________
Prof. Guilherme Luz Tortorella, Dr.
Orientador
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Maurício Uriona Maldonado, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Marcelo Gonçalves Trentin, Dr.
Universidade Tecnológica Federal do Paraná
AGRADECIMENTOS
1. INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO
A grande interação dos mercados mundiais vem ocasionando
profundas modificações nos sistemas de manufatura, onde o setor de
produção assume um importante papel estratégico junto ao objetivo
geral das organizações (MARODIN; SAURIN, 2015). Em especial, para
o contexto das pequenas empresas, tal competição tende a ser ainda
mais acirrada devido a baixos investimentos em automação e melhoria
de processos. Porém, é importante ressaltar que as pequenas e médias
empresas (PMEs) representam para o Brasil a geração de emprego,
inovação, flexibilidade e diversificação da competição. Elas apresentam
relevante participação também no mercado internacional Europeu e
Americano (FLORIANI, 2010).
Achanga et al. (2006) comentam que a maioria das PMEs, ao
entrarem em novos mercados, revelam-se vulneráveis perante seus
concorrentes, uma vez que há poucas barreiras para novos entrantes e
estas geralmente têm pouco poder de barganha diante de seus clientes. A
aplicação da Produção Enxuta (PE) em empresas de pequeno porte
apresenta-se restrita pelo alto custo de implementação e pela falta de
recursos, tanto financeiros como de competências (ANTONY et al.,
2005). Este problema pode ser ainda mais agravado pela incerteza dos
custos de implementação e dos prováveis tangíveis ou intangíveis
benefícios os quais podem ser alcançados. Porém, com base em fatores
críticos de sucesso (FCS), as incertezas podem ser minimizadas e
evidenciados pontos de atuação para um retorno ótimo da
implementação da produção enxuta (ANTONY et al., 2005;
ACHANGA et al., 2006; BAKAS et al., 2011).
Dentre as abordagens que corroboram para a melhoria contínua
das empresas, as práticas e princípios da PE vêm sendo amplamente
difundidas nos mais diversos segmentos, contextos organizacionais e
acadêmicos. A identificação do fluxo de valor, o estabelecimento de um
fluxo contínuo de materiais e informações, a eliminação dos
desperdícios e das atividades que não agregam valor são princípios da
filosofia da PE, a qual busca a perfeição do processo por meio de
melhoria contínua (OHNO, 1998; OKIMURA, 2013). O Sistema Toyota
de Produção (STP), o qual desenvolveu a filosofia de produção enxuta,
foi criado no Japão por Ohno e tem como uma das principais técnicas de
gestão o Just in Time (JIT), tendo por finalidade fazer com que cada
processo seja suprido com os itens certos, no momento certo, na
quantidade certa e no local certo, eliminando toda e qualquer perda
(GHINATO, 1995). Rodrigues (2006) menciona que o conceito de
produção enxuta é aplicável em diversas áreas de uma organização e
adiciona práticas além do JIT, utilizadas no modelo de PE, tais como:
SMED (Single Minute Exchange of Die),TPM (Total Productive
Maintenance), 5S, Six Sigma, Kaizen, Pokayoke, Controle Visual, entre
outras. Sendo assim a PE permite ter mais conhecimento do próprio
processo de modo a identificar os pontos de melhoria e eliminação de
potenciais desperdícios, tornando a empresa mais competitiva para o
mercado (TORTORELLA et al., 2015).
O estudo da implementação da PE em empresas de diversos
segmentos e tamanhos já foi extensivamente abordado na literatura,
porém, são poucos autores que limitam o estudo para as pequenas
empresas. Além disso, estudos relativos às barreiras e fatores críticos de
sucesso para implementação da PE em pequenas empresas configuram
outra lacuna da literatura, as poucas pesquisas existentes tratam de
forma isolada sua implementação ou negligenciam aspectos contextuais
da empresa (ACHANGA et. al., 2006; KUMAR et al., 2009).
Ainda, Walter e Tubino (2013) mencionam que não somente a
implementação de PE é pouco pesquisada, mas sua avaliação ao longo
da mudança. Aspectos quantitativos, tais como ganhos financeiros no
decorrer da implementação, e aspectos socioculturais das empresas, tais
como administração de recursos humanos, desenvolvimento de
liderança, trabalho em equipe, treinamentos e envolvimento de
colaboradores, são pouco avaliados no mundo científico (VECCHI;
BRENNAM, 2011). Além disso, há escassez de estudos que analisam a
implementação da PE sob a perspectiva de um problema complexo, no
qual há o envolvimento dos vários níveis de gestão dentro de uma
mesma empresa (SEIDEL; SAURIN, 2015; STERMAN; DOGAN,
2015).
Assim, a intenção deste trabalho de pesquisa consiste em propor
um método de avaliação da implementação enxuta em pequenas
empresas a partir da identificação das práticas, FCS e barreiras para a
criação de modelos de dinâmica de sistemas. Neste sentido, busca-se
responder as questões: Quais os fatores críticos de sucesso, barreiras e
práticas para a implementação enxuta em pequenas empresas?; Quais
são as relações e as hierarquias entre os fatores críticos de sucesso,
barreiras e práticas para a implementação de produção enxuta em uma
pequena empresa?; e Como os fatores críticos de sucesso, barreiras e
práticas da PE afetam o desempenho de uma pequena empresa?
25
fatores críticos de
críticos de sucesso, sucesso e barreiras
sucesso, barreiras e
barreiras e práticas para a implementação Observação
práticas para a
para a implementação da produção enxuta e participativa
implementação de
enxuta em uma pequenas empresas Analytic
produção enxuta
pequena empresa. Hierarchy
em uma pequena
empresa? Process
Compreender o Construção do
impacto do diagrama de
relacionamento entre Como os fatores enlaces causais
fatores críticos de críticos de sucesso, e do modelo de
ARTIGO 3
justificado pelo fato de que cada estudo pode apresentar uma forma
adaptada para a implementação dessas práticas.
Além disso, por se tratar de um estudo de caso na empresa em
questão, os resultados e conclusões desta não podem ser aplicados
criticamente a outras empresas, ou seja, podem não ser diretamente
generalizáveis. A empresa em estudo apresenta um nível específico de
maturidade e entendimento quanto à implementação enxuta. Assim, o
contexto estudado apresenta características específicas que podem
comprometer a extensão de seus resultados para outras pequenas
empresas.
Por fim, o modelo criado com a aplicação da dinâmica de
sistemas compreende um determinado processo mapeado no qual são
elencadas as variáveis endógenas e exógenas a este. Assim, há um
escopo de análise do modelo que caracteriza uma delimitação adicional
ao método proposto.
1.6. REFERÊNCIAS
ACHANGA, P. SHEHAB, E.; ROY, R.; NELDER, G. Critical success
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generator. International Journal of Production Research. V45, n. 13,
p. 267-275, 2007.
31
2.1. INTRODUÇÃO
As empresas, para se manterem competitivas, necessitam buscar
(i) preço baixo, (ii) qualidade, (iii) entrega e (iv) flexibilidade, o que
vem ocasionando profundas modificações nos sistemas de manufatura
(SHAH; WARD, 2003). Nesse sentido, o setor de produção assume um
importante papel para o atingimento dos objetivos estratégicos das
organizações (HOLLAND; LIGHT, 1999). Em especial, as pequenas
empresas, devido ao baixo grau de padronização e formalização, e da
gestão com foco em curto prazo, necessitam de estratégias de melhoria
contínua dentro de seus processos, a fim de minimizar custos e prazos
de entrega (ANTONY et al., 2005; ACHANGA et al., 2006; BAKAS et
al., 2011).
A PE apresenta como objetivo a eliminação do desperdício e o
desenvolvimento de um modelo que identifique as necessidades e
expectativas dos clientes. Desperdício é definido como sendo qualquer
atividade que consuma recursos e não acrescente valor (SHAN; WARD,
2003; MATT, 2008). O conceito de PE surge assim como uma
abordagem global de integração de diferentes ferramentas e
metodologias direcionadas para uma produção de qualidade, de encontro
com a satisfação dos clientes, a fim de aumentar a criação de valor,
reduzir desperdícios em todas as formas e encurtar os prazos de entrega
(SHAH; WARD, 2003; BRAGLIA et al., 2006; BAKAS et al., 2011).
Esta abordagem tem-se revelado líder entre os paradigmas de produção
direcionados para a redução dos custos e para a rápida resposta aos
clientes (SHAH; WARD, 2003; KUMAR et al., 2006).
Dentre as abordagens de melhoria, a implementação da Produção
Enxuta (PE) vem ganhando destaque devido aos benefícios observados
em diversas áreas e segmentos (CHEN; MENG, 2010). A PE apresenta
sistemáticas e técnicas voltadas à redução de desperdícios, aumento de
qualidade e nível de serviço, além de acarretar em maior satisfação dos
clientes e funcionários (WOMACK et al., 1992; OHNO, 1998). Apesar
de amplamente difundida, as práticas e princípios da PE não são
facilmente implementados (TREVILLE; ANTONAKIS, 2006).
35
Web of Knowledge
145
(ISI)
"Critical Factors" or "Lean
Science Direct 63
“Barrier*” or "Performance manufacturing" or
Engineering Village 157
Measure*" or "Best "Lean production" or
Scopus AND 813
Practices" "Lean system"
EBSCO 104
ProQuest 990
Total 2,272
Total de
Autores
publicações
Antony, J. / Kumar, M. 6
Marodin, G 5
Deros, Md. B. 4
Outros 55 autores 1
Artigos do PB Total de
FCS ocorrências
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 14 15 16 17 18 19 21 25 26 27 32 36 38 40 41 no PB
f1 – Liderança X X X X X X X X X X X X X X X X X 17
f2 - Cultura X X X X X X X X X X X X X X X X 16
f3 - Competências/
X X X X X X X X X X X X X X 13
Habilidades
f4 - Alinhamento à
estratégia em todos X X X X X X X X X X X 11
os níveis
f5 - Educação e
X X X X X X X X X X X 11
treinamento
f6 - Compromisso da
X X X X X X X X X 10
alta administração
f7 - Comunicação
(metas e objetivos
X X X X X X X X X X 10
com iniciativas de
melhoria)
f8 - Envolvimento
X X X X X X X X X X 10
com os stakeholders
f9 - Alocação de
X X X X X X X X X X 9
recursos
f10 - Aprendizagem
X X X X X X X X X 9
contínua
Tabela 8 - FCS identificados no PB (continuação)
Artigos do PB Total de
FCS ocorrências
2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 14 15 16 17 18 19 21 25 26 27 32 36 38 40 41 no PB
f11 - Comprometimento/
Motivação dos X X X X X X X X 8
trabalhadores
f12 - Avaliação de
desempenho (foco em X X X X X X X 7
longo prazo)
f13 - Infraestrutura
X X X 3
Organizacional
55
2.6. BARREIRAS
Embora existam vários aspectos das pequenas empresas que
forneçam um ambiente adequado para uma implementação enxuta de
sucesso, evidenciados nos FCS elencados, há também obstáculos e
barreiras que devem ser abordados. A Tabela 7 elenca barreiras para a
implementação da PE em pequenas empresas manufatureiras. A
identificação de tais barreiras se propõe a complementar a pouca ênfase
dada pelas organizações para os FCS citados na Tabela 6, conforme
indicado por Achanga et al. (2006) e Yang e Yu (2010).
A barreira de maior frequência de citação para as pequenas
empresas encontrada no PB foi a b1 (Falta de compreensão dos
benefícios), a qual trata de um desentendimento, seja de ordem técnica
ou de natureza sociocultural, quanto às vantagens e potenciais resultados
oriundos da implementação da PE (KUMAR et al., 2014; MARODIN;
SAURIN, 2015b). Apesar de os benefícios da PE serem
reconhecidamente amplos e devidamente evidenciados em diversos
segmentos industriais, os ganhos eventualmente obtidos no início da
implementação conflitam com o potencial da PE no longo prazo, através
da construção de uma cultura de melhoria contínua (BAKAS et al.
2011). Tal aparente paradoxo pode gerar confusão e má interpretação
sobre os reais benefícios da PE inerentes à disseminação de princípios e
comportamentos em prol de uma busca incessante pela eliminação do
desperdício (SAURIN et al., 2011). Assim, é razoável esperar que tal
barreira apareça como uma das mais citadas no PB.
As pequenas empresas costumam ser caracterizadas por uma
menor burocracia e por apresentar menor distanciamento entre os
funcionários do chão de fábrica e a alta gerência, o que em alguns casos
pode ser positivo para o direcionamento das atividades de melhoria
contínua. Porém, este fluxo de informação geralmente informal pode
levar a iniciativas de melhorias precipitadas, acarretando no fracasso dos
projetos e falta de credibilidade por parte dos funcionários quanto ao
potencial da PE (ZHOU, 2016). Tal fato proporciona uma imagem
desgastada para novas iniciativas de mesma natureza, mitigando a
aceitação dos funcionários e sua disposição em contribuir. Assim, apesar
de esta barreira apresentar pouca incidência no PB, sua relevância
apresenta grande implicação prática para a implementação enxuta, uma
vez que pode gerar desinteresse e desmotivação por parte dos
funcionários (SAURIN et al., 2011).
Tabela 9 - Barreiras identificadas no PB
Artigos do PB N° de
Barreiras ocorrências
1 3 5 7 9 13 15 17 18 19 22 23 27 28 29 32 35 39 43 44 no PB
b1- Falta de
compreensão dos X X X X X X X X X X X X X X X 14
benefícios
b2- Resistência à
mudança pelos X X X X X X X X X X X X 12
funcionários
b3- Dificuldade de
adaptar conceitos e X X X X 4
práticas
b4- Falha de projetos de
X X 2
melhoria anteriores
57
2.8. REFERÊNCIAS
ABOLHASSANI, A.; LAYFIELD, K.; GOPALAKRISHNAN, B. Lean
and US manufacturing industry: popularity of practices and
implementation barriers. International Journal of Productivity and
Performance Management, v. 65, n. 7, p. 875-897, 2016.
ACHANGA, P. SHEHAB, E.; ROY, R.; NELDER, G. Critical success
factors for lean implementation within SMEs. Journal of
59
APÊNDICE1 – PB FINAL
ARTIGO DO PB
ABOLHASSANI, A.; LAYFIELD, K.; GOPALAKRISHNAN, B.
Lean and US manufacturing industry: popularity of practices and
1
implementation barriers. International Journal of Productivity
and Performance Management, v. 65, n. 7, p. 875-897, 2016.
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observations. International Journal of Quality & Reliability
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BHASIN, S. An appropriate change strategy for lean
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GODINHO FILHO, M.; GANGA, G. M.; GUNASEKARAN, A.
Lean manufacturing in Brazilian small and medium enterprises:
15
implementation and effect on performance. International Journal
of Production Research, v. 54, n. 24, p. 7523-7545, 2016.
67
3.1. INTRODUÇÃO
De um modo geral, a busca por redução de custos e prazos de
entrega, além de aumento de qualidade e produtividade motiva a
71
FCS Barreiras
Artigos
f1 f2 f3 f4 f5 f6 f7 f8 f9 f10 f11 f12 f13 b1 b2 b3 b4
BAKAS et al.
X X X X X X X X X X X X
(2011)
KUMAR et al.
X X X X X X X X X X X
(2014)
KUMAR;
X X X X X X X X X X
ANTONY (2009)
KUMAR et al.
X X X X X X X X X X
(2009)
GODINHO
FILHO et al. X X X X X X X X X
(2016)
WORLEY;
X X X X X X X X
DOOLEN (2006)
TIMANS et al.
X X X X X X X X
(2012)
SAURIN et al.
X X X X X X X
(2011)
BELHADI;
X X X X X X X
TOURIKI (2016)
DOMBROWSKI;
X X X X X X X
MIELKE (2014)
ANTONY et al.
X X X X X X X
(2005)
NORDIN et al.
X X X X X X X
(2012)
BHAMU;
SANGWAN X X X X X X
(2014)
ANAND;
X X X X X X
KODALI (2010)
NETLAND
X X X X X X
(2016)
ACHANGA et
X X X X X
al. (2006)
BHASIN (2012) X X X X X
MANVILLE et
X X X X X
al. (2012)
ZHOU (2016) X X X
DOMBROWSKI
X X X
et al. (2010)
75
FCS Barreiras
Artigos
f1 f2 f3 f4 f5 f6 f7 f8 f9 f10 f11 f12 f13 b1 b2 b3 b4
MATT; RAUCH
X X
(2013)
ABOLHASSANI
X X
et al. (2016)
NORDIN et al.
X X
(2010)
JADHAV et al.
X X
(2014)
WONG; WONG
X
(2009)
SIM; ROGERS
X
(2008)
Total 15 14 13 10 11 9 10 10 9 6 8 7 3 12 10 3 2
Práticas enxutas
Artigos
p1 p2 p3 p4 p5 p6 p7 p8 p9 p10 p11 p12 p13 p14 p15 p16 p17 p18 p19
ZHOU (2016) X X X X X X X X X X X X X X
SHAH; WARD (2003) X X X X X X X X X X X
DOOLEN; HACKER (2005) X X X X X X X X X X
ROSE et al. (2011) X X X X X X X X X X
ROSE et al. (2013) X X X X X X X X X X
SAURIN et al. (2011) X X X X X X X X X
MATT; RAUCH (2013) X X X X X X X X X
KUMAR et al. (2006) X X X X X X X X X
BELHADI; TOURIKI (2016) X X X X X X X X
BHAMU; SANGWAN (2014) X X X X X X X X
KUMAR et al. (2014) X X X X X X X
WONG; WONG (2009) X X X X X X X
GODINHO FILHO et al.
X X X X X X
(2016)
ABOLHASSANI et al. (2016) X X X X X X
SHAH; WARD (2007) X X X X X X
Tabela 13 - Principais práticas enxutas aplicadas em pequenas empresas (continuação)
Práticas enxutas
Artigos
p1 p2 p3 p4 p5 p6 p7 p8 p9 p10 p11 p12 p13 p14 p15 p16 p17 p18 p19
WORLEY; DOOLEN
X X X X X
(2006)
KUMAR; ANTONY (2009) X X X X
KUMAR et al. (2009) X X X X
DOMBROWSKI; MIELKE
X X X X
(2014)
SANCHEZ; PEREZ (2001) X X X X
ANTONY et al. (2005) X X X
ANAND; KODALI (2010) X X X
DOMBROWSKI et al.
X X X
(2010)
HALLGREN; OLHAGER
X X X
(2009)
DORA et al. (2014) X X X
TORTORELLA et al.
X
(2015)
Total 16 16 15 13 12 10 10 9 9 7 7 7 6 6 5 5 5 5 4
Práticas: p1- Produção puxada; p2 -Manutenção produtiva total; p3 - Kaizen / Grupos de melhoria continua; p4 - 5S; p5 - Just in time (JIT); p6 -
Redução de tempo de ciclo; p7 – Gestão da Qualidade Total; p8 - Produção celular; p9 - Troca rápida de ferramentas; p10 - Envolvimento das
pessoas; p11 - Mapeamento de Fluxo de Valor (MFV); p12 - Padronização do trabalho; p13 - Lean seis sigma; p14 - Equipe multifuncional; p15 -
Controle Estatístico de Processos (CEP); p16 - Gerenciamento visual; p17 - Fluxo contínuo; p18 - Poka Yoke; p19 - Plan, do, check, act (PDCA).
Tipo Roteiro
(c) 5. Dentre essas práticas listadas, quais vocês consideram aplicáveis a esta empresa?
6. Dentre esses FCS e barreiras listados para a implementação da PE em pequenas
empresas, quais vocês consideram influenciadores para esta empresa?
7. Vocês concordam com essas duas novas listas de práticas enxutas e FCS/barreiras de
(d)
forma consensual?
8. Vocês acreditam que é possível atingir a melhoria contínua diariamente através desse
(e)
conhecimento?
81
f1 0,10 0,12 0,14 0,06 0,13 0,07 0,10 0,09 0,12 0,096
f2 0,17 0,17 0,17 0,17 0,07 0,15 0,08 0,14 0,09 0,145
f4 0,06 0,05 0,04 0,02 0,13 0,04 0,04 0,05 0,10 0,052
f5 0,13 0,18 0,09 0,17 0,16 0,16 0,23 0,12 0,19 0,150
f7 0,05 0,06 0,05 0,04 0,06 0,05 0,11 0,19 0,04 0,078
f 10 0,08 0,12 0,07 0,06 0,21 0,09 0,21 0,07 0,13 0,096
f 11 0,14 0,10 0,23 0,22 0,05 0,18 0,12 0,13 0,08 0,152
b1 0,08 0,05 0,05 0,12 0,14 0,09 0,04 0,14 0,15 0,100
b2 0,19 0,15 0,16 0,13 0,05 0,17 0,06 0,08 0,11 0,131
A partir dos pesos das práticas, foi identificado que a prática p16
(Gerenciamento Visual) apresenta maior importância para
implementação da PE em pequenas empresas. Curiosamente, este
resultado diverge de estudos anteriores, visto que a frequência de citação
desta prática na literatura é relativamente menor que as demais (ver
Tabela 9). Durante as entrevistas com os especialistas, alguns
comentários emergiram como forma de justificar tal avaliação. Dentre
estes, cabe destacar o fato de tal prática estar intrinsecamente associada
com a implementação de várias outras, tais como produção puxada, 5S e
padronização do trabalho. Assim, entende-se que esta prática não só
apresenta benefícios específicos de sua implementação, mas também
fornece subsídio para a implementação das demais, funcionando como
uma etapa elementar (pré-requisito) dessas outras. Quanto ao cenário da
empresa em estudo, com base nas observações realizadas, percebe -se
que esta prática foi implementada de maneira superficial, sendo
evidenciada apenas através da identificação dos produtos ao longo do
processo. Assim, o gerenciamento visual apresenta grande potencial de
adoção na empresa, integrando as células produtivas de maneira a
ordenar visualmente as prioridades dentro do processo e permitindo que
a ocorrência de anomalias se torne de fácil identificação e,
consequentemente, rápida tratativa. De um modo geral, as pequenas
89
3.5. CONCLUSÕES
Este trabalho identificou o relacionamento entre os fatores
críticos de sucesso, barreiras e práticas para a implementação enxuta em
uma pequena empresa. Duas grandes contribuições podem ser
destacadas neste estudo. Primeiramente, em termos teóricos, a
proposição de um método que avalie de forma integrada FCS, barreiras
e práticas para a implementação da PE em pequenas empresas contribui
para o corpo de conhecimento na área. Estudos anteriores abordam tais
aspectos de maneira isolada, sem correlacioná-los ao contexto das
pequenas empresas. Assim, a integração de uma ferramenta de análise
multicriterial a métodos qualitativos de pesquisa (grupos focados,
entrevistas semiestruturadas e observação participativa) permitiu
quantificar estes relacionamentos de modo a identificar os esforços para
a implementação enxuta. Segundo, em termos práticos, a obtenção de
um ranqueamento dos FCS e barreiras para a implementação enxuta em
uma pequena empresa possibilita aos gestores tomadas de decisão que
antecipem dificuldades futuras. De acordo com Marodin e Saurin
(2015), os FCS e barreiras da implementação enxuta não são de fácil
gestão e carecem de tempo para o seu redirecionamento por parte da
gerência. Assim, a identificação prévia dos FCS e barreiras que mais
afetam o processo de implementação enxuta agiliza as mudanças de
ordem técnica e sociocultural inerentes à PE. Além disso, estas
diretrizes viabilizam a priorização de esforços gerenciais que tragam
maiores benefícios à implementação enxuta no contexto da empresa em
questão.
Quanto as limitações deste estudo, cabe destacar que os
resultados aqui obtidos não podem ser totalmente generalizáveis às
pequenas empresas que visam a implementação da PE. Como as
práticas, barreiras e FCS sofreram uma crítica inicial de acordo com a
realidade atual da empresa em estudo, a seleção destes pode ser alterada
caso outras empresas apresentem diferentes contextos. Além disso, os
relacionamentos entre os aspectos supracitados foram analisados sob
uma perspectiva linear, desconsiderando o caráter sistêmico da
implementação enxuta. Em outras palavras, estudos futuros que
abordem estes relacionamentos sob a perspectiva de sistemas complexos
podem identificar efeitos complementares ou até mesmo divergentes dos
aqui relatados. Para tal, sugere-se a incorporação de técnicas voltadas à
dinâmica de sistemas para continuidade destes estudos.
3.6. REFERÊNCIAS
ABOLHASSANI, A.; LAYFIELD, K.; GOPALAKRISHNAN, B. Lean
and US manufacturing industry: popularity of practices and
implementation barriers. International Journal of Productivity and
Performance Management, v. 65, n. 7, p. 875-897, 2016.
ACHANGA, P. SHEHAB, E.; ROY, R.; NELDER, G. Critical success
factors for lean implementation within SMEs. Journal of
Manufacturing Technology Management, v. 17, n. 4, p. 460-471,
2006.
ANAND, G.; KODALI, R. Analysis of lean manufacturing frameworks.
Journal of Advanced Manufacturing Systems, v. 9, n. 01, p. 1-30,
2010.
ANTONY, J.; KUMAR, M.; MADU, C. N. Six sigma in small-and
medium-sized UK manufacturing enterprises: Some empirical
observations. International Journal of Quality & Reliability
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BAKAS, O.; GOVAERT, T.; VAN LANDEGHEM, H. Challenges and
success factors for implementation of lean manufacturing in European
SMES. In: 13th International conference on the Modern
Information Technology in the Innovation Processes of the
Industrial Enterprise (MITIP 2011). Tapir Academic Press, 2011.
BELHADI, A.; TOURIKI, F. A framework for effective implementation
of lean production in Small and Medium-sized Enterprises. Journal of
Industrial Engineering and Management, v. 9, n. 3, p. 786-810, 2016.
BEYEA, S., NICOLL, L.H. Methods to conduct focus group and the
moderator's rule. Association Of Operating Room Nurses Journal,
Denver, v.71, n.5, p.1067-1068, 2000.
BHAMU, J.; SANGWAN, K. S. Lean manufacturing: literature review
and research issues. International Journal of Operations &
Production Management, v. 34, n. 7, p. 876-940, 2014.
BHASIN, S. Prominent obstacles to lean. International Journal of
Productivity and Performance Management, v. 61, n. 4, p. 403-425,
2012.
93
p3 f1 f2 f4 f5 f7 f 10 f 11 b1 b2 Pesos
f1 1,0 1,00 3,00 2,00 3,00 3,00 0,33 2,00 1,00 0,138
f2 1,0 1,00 3,00 3,00 5,00 1,00 1,00 4,00 1,00 0,168
f4 0,3 0,33 1,00 0,33 0,33 0,50 0,20 1,00 0,25 0,038
f5 0,5 0,33 3,00 1,00 2,00 2,00 0,33 1,00 1,00 0,092
f7 0,3 0,20 2,00 0,33 1,00 1,00 0,20 0,50 0,33 0,046
f 10 0,3 1,00 2,00 0,50 1,00 1,00 0,33 1,00 0,50 0,071
f 11 3,0 1,00 5,00 3,00 5,00 3,00 1,00 7,00 1,00 0,235
b1 0,5 0,25 1,00 1,00 2,00 1,00 0,14 1,00 0,20 0,055
b2 1,0 1,00 4,00 1,00 3,00 2,00 1,00 5,00 1,00 0,157
CR 0,04
p11 f1 f2 f4 f5 f7 f 10 f 11 b1 b2 Pesos
f1 1,0 2,00 1,00 1,00 2,00 1,00 2,00 1,00 2,00 0,135
f2 0,5 1,00 0,33 0,50 1,00 0,25 1,00 0,50 2,00 0,065
f4 1,0 3,00 1,00 0,50 2,00 0,50 3,00 1,00 3,00 0,132
f5 1,0 2,00 2,00 1,00 1,00 1,00 4,00 1,00 4,00 0,161
f7 0,5 1,00 0,50 0,33 1,00 0,50 1,00 0,33 1,00 0,062
f 10 1,0 4,00 2,00 1,00 2,00 1,00 5,00 2,00 5,00 0,207
f 11 0,5 1,00 0,33 0,25 1,00 0,20 1,00 0,33 1,00 0,051
b1 1,0 2,00 1,00 1,00 3,00 0,50 3,00 1,00 2,00 0,137
b2 0,5 0,50 0,33 0,25 1,00 0,20 1,00 0,50 1,00 0,051
CR 0,01
p14 f1 f2 f4 f5 f7 f 10 f 11 b1 b2 Pesos
f1 1,0 2,00 3,00 0,33 1,00 0,33 1,00 3,00 1,00 0,101
f2 0,5 1,00 2,00 0,33 1,00 0,33 1,00 2,00 1,00 0,078
f4 0,3 0,50 1,00 0,20 1,00 0,20 0,33 1,00 0,50 0,044
f5 3,0 3,00 5,00 1,00 3,00 1,00 2,00 5,00 4,00 0,234
f7 1,0 1,00 3,00 0,33 1,00 0,33 1,00 3,00 3,00 0,106
f 10 3,0 3,00 5,00 1,00 3,00 1,00 1,00 5,00 3,00 0,213
f 11 1,0 1,00 3,00 0,50 1,00 1,00 1,00 3,00 2,00 0,119
b1 0,3 0,50 1,00 0,20 0,33 0,20 0,33 1,00 1,00 0,041
b2 1,0 1,00 2,00 0,25 0,33 0,33 0,50 1,00 1,00 0,063
CR 0,04
p16 f1 f2 f4 f5 f7 f 10 f 11 b1 b2 Pesos
f1 1,0 0,50 1,00 1,00 0,25 3,00 0,33 1,00 2,00 0,092
f2 2,0 1,00 3,00 3,00 1,00 2,00 1,00 0,33 2,00 0,142
f4 1,0 0,33 1,00 0,33 0,33 0,50 0,33 0,50 0,50 0,047
f5 1,0 0,33 3,00 1,00 1,00 2,00 1,00 1,00 2,00 0,116
f7 4,0 1,00 2,00 3,00 1,00 1,00 3,00 1,00 3,00 0,189
f 10 0,3 0,50 2,00 0,50 1,00 1,00 0,50 0,50 0,50 0,069
f 11 3,0 1,00 3,00 1,00 0,33 2,00 1,00 1,00 2,00 0,129
b1 1,0 3,00 2,00 1,00 1,00 2,00 1,00 1,00 1,00 0,138
b2 0,5 0,50 2,00 0,50 0,33 2,00 0,50 1,00 1,00 0,077
CR 0,09
103
4.1. INTRODUÇÃO
As empresas apresentam como metas estratégicas melhorar seus
processos e diminuir seus custos através da implementação de
ferramentas as quais objetivam diminuir preços, aumentar a qualidade,
melhorar os prazos de entrega e oferecer maior flexibilidade. Sendo
assim, a produção enxuta (PE) oferece tais objetivos de maneira a
caracterizar-se como uma das metodologias de maior incidência pelas
empresas do mundo todo (WOMACK; JONES, 1992; SHAH; WARD,
2003; ZHOU, 2016).
Porém, a implementação da PE apresenta sucesso no processo de
implementação se a decisão na escolha das práticas estiver de acordo
com o contexto da empresa em estudo (MATT; RAUCH, 2013). Além
das práticas, algumas barreiras e fatores críticos de sucesso (FCS)
podem aparecer de forma a interferir na implementação da PE, os quais
dependem também das características e contexto inseridos. Para o
contexto das pequenas empresas tal processo de implementação da
produção enxuta apresenta certa complexidade, devido aos diversos
relacionamentos existentes entre práticas, barreiras e FCS,
principalmente pela não linearidade das suas relações (NETO; LEITE,
2010; MARODIN; SAURIN, 2015a).
Há escassez de estudos que analisam a implementação da PE sob
a perspectiva de um problema complexo, no qual há o envolvimento de
vários aspectos relacionados aos FCS, barreiras e práticas enxutas em
uma mesma empresa para um dado problema (SEIDEL; SAURIN,
2015; PEREIRA, 2009). A simulação de cenários vem de encontro com
tal necessidade ao proporcionar a identificação das relações de reforço e
balanço de tais variáveis para um problema real, com o propósito de
adquirir maior compreensão das variáveis deste sistema, de maneira a
identificar as relações favoráveis para a implementação da PE em uma
pequena empresa (STERMAN, 2000). Neste sentido, a partir do
exposto, busca-se responder a seguinte questão de pesquisa: Como os
fatores críticos de sucesso, barreiras e práticas da PE afetam o
desempenho de uma pequena empresa?
Assim, o objetivo deste trabalho consiste em identificar o impacto
do relacionamento entre os FCS, barreiras e práticas da PE no
desempenho de uma pequena empresa a partir da utilização de dinâmica
de sistemas (DS). Para isso foi consolidada uma breve revisão
bibliográfica sobre os principais conceitos da DS para a construção do
modelo mental almejado. A partir dos dados apresentados no Artigo 2,
seção 3.4, identifica-se os relacionamentos entre os FCS, barreiras e
práticas para a implementação da PE com base no pensamento
sistêmico. Através de entrevistas semiestruturadas com gerentes de uma
pequena empresa manufatureira do setor eletrônico em implementação
enxuta, a causalidade das relações entre FCS, barreiras e práticas
enxutas foram identificadas para avaliar o desempenho dos últimos 3
anos. Além da contribuição teórica previamente evidenciada, este estudo
apresenta implicações de natureza prática/gerencial, uma vez que provê
uma maior compreensão quanto à natureza complexa de tais
relacionamentos para a melhoria de desempenho de pequenas empresas
em implementação enxuta. Adicionalmente, o maior entendimento
dessas relações sob o contexto em estudo possibilita aos gestores a
antecipação de potencias problemas, permitindo melhorar o desempenho
operacional com a implementação da PE.
Além desta seção introdutória, esta pesquisa apresenta na seção
4.2 uma revisão da literatura sobre o método de DS, bem como as
características contextuais das pequenas empresas. A seção 4.3 descreve
o método proposto para o desenvolvimento do modelo mental proposto,
com os resultados de sua aplicação na seção 4.4. A seção 4.5 encerra o
trabalho apresentando as conclusões e oportunidades para futuros
trabalhos.
4.2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
4.2.1 Dinâmica de Sistemas
A simulação e modelagem de sistemas têm como objetivo
auxiliar a tomada de decisões, revelando-se uma ferramenta de uso
estratégico dentro das organizações de maneira a desenhar o
funcionamento de sistemas e processos complexos (SHANNON, 1998;
NETO; LEITE, 2010;STERMAN et al.(2015). Banks (2000), Sterman e
Dogan (2015) afirmam que a simulação é uma maneira de reproduzir o
comportamento através de um modelo cujo sistema é retroalimentado ao
longo do tempo. Logo, com o intuito de “imitar” o comportamento de
situações pouco usuais no âmbito matemático, surgiu a aplicação da DS,
de forma a agregar o processo de simulação de sistemas complexos
(ALVARENGA et al., 2015).
Assim como uma companhia aérea usa simuladores de voo para
ajudar o piloto a aprender, a DS é, em parte, um método para
107
Satisfação do
Cliente +
Disponibilidade de
Capital
Entregas no
+ Prazo
+
Investimento Faturamento +
R1 Vendas
R2
Comercial +
Demanda
+ +
Produto Final Nº de peças
Pedido do Cliente + + Aprovadas
- +
Negociação
+
Nº de peças
Nº de Ordens de Nº de peças
+ Testadas
Fabricação Montadas
Compra de + -
Matéria Prima Matéria Prima +
+ Taxa de Erros
+ Disponível
- Tempo de
Setor de +
Retrabalho
Atuação B1
Produção
117
Disponibilidade de Aprendizagem
Capital + Contínua
Entregas no +
Cultura + Compreensão dos
+ Prazo Liderança
+ Enxuta Benefícios
+ Enxuta
Investimento Faturamento + + + + +
<Aprendizagem +
+ 5S
Contínua> Padronização
R1 Vendas R3 <Liderança
R2 +
Enxuta>
Comercial + Padronização +
Demanda
do Trabalho
+ Comprometimento/
+ + Motivação
Produto Final Nº de peças Educação/ +
Pedido do Cliente + + +
Aprovadas Treinamento +
-
Negociação +
+ Kaizen/ PDCA/
+ Gerenciamento
Nº de peças +
Nº de Ordens de Visual
Nº de peças
Fabricação + Testadas
Montadas B2
-
Compra de + -
Resistência a + Qualidade
Matéria Prima Matéria Prima + Taxa de Erros
+ Mudanças
+ + Disponível
- Tempo de
Setor de +
R4 Retrabalho
Atuação B1
Fornecimento Produção
Legenda: +
Práticas enxutas . Produção
Puxada
FCS ,
Barreiras ..
119
4.6. REFERÊNCIAS
KUMAR, M.; ANTONY, J.; DOUGLAS, A. Does size matter for Six
Sigma implementation? Findings from the survey in UK SMEs. The
TQM journal, v. 21, n. 6, p. 623-635, 2009.
f aturamento i ~
entregas no prazo
motiv acao
~ ~
cultura enxuta lideranca enxuta
tx v endas ii ~
~
v endas
~
disp de capital pecas aprov adas ~
educacao
trab padronizado treinamento
tx de inv estimento ~
~
aprendizagem continua
estoque
pedido do cliente i
n ordens de f abricacao ~
materia prima
kaizen
~ ~ pdca
pedido do cliente tx acerto
compra de materia prima gerenciamento
v isual
n pecas testadas Tempo de retrabalho
~
~ prod puxada ~ ~
negociacao tx de peças
demanda taxa de erro qualidade
setor de atuacao montadas
resistencia a mudancas
131
Variáveis Inputs
entregas no prazo 60
faturamento 100
tx de investimentos disp_de_capital*0.8*aprendizagem_continua
pedido do
vendas
cliente
estoque tx acerto
taxa de erro qualidade
liderança
cultura enxuta
enxuta
Educação e
motivação
treinamento
compreensão
aprendizagem
dos
contínua
benefícios
resistência a
cinco S
mudanças
133
kaizen PDCA
e
padronização
gerenciamento
visual
prod puxada
Legenda:
n ordens de fabricação – número de peças de fabricação
n pecas testadas – número de peças testadas
trab padronizado – trabalho padronizado
tx de pecas montadas – taxa de peças montadas
tx acerto – taxa de acerto
prod puxada – produção puxada
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implementação da produção enxuta (PE) vem ganhando cada
vez mais espaço dentro das empresas, independente do contexto o qual
elas estão inseridas, demonstrando a crescente busca pela melhoria
contínua dos processos e serviços. Em especial para o contexto das
pequenas empresas, a implementação da PE vem se tornando um
diferencial em termos de qualidade e diminuição dos desperdícios.
Porém, existem alguns fatores críticos de sucesso (FCS) e barreiras
inerentes ao processo de melhoria que, se identificados e
potencializados positivamente, garantem o sucesso da implementação
enxuta. Além disso, as seleções das principais práticas enxutas voltadas
às pequenas empresas auxiliam no atingimento dos objetivos
estratégicos do negócio. Contudo, há ainda uma escassez de evidências
relacionadas a estudos que identifiquem as principais práticas, os FCS e
as barreiras voltadas para o contexto das pequenas empresas.
Neste sentido, esta dissertação propõe um método de avaliação da
implementação da PE em pequenas empresas. O método foi construído e
ilustrado ao longo de três artigos que compreendem as etapas de (i)
identificação na literatura dos principais FCS e barreiras para a
implementação enxuta em pequenas empresas e das práticas mais
aplicáveis a este contexto; (ii) identificação dos relacionamentos e
hierarquias entre práticas enxutas, FCS e barreiras para a implementação
da PE em pequenas empresas; e (iii) compreensão do impacto sobre os
indicadores de desempenho da empresa considerando como um sistema
complexo a adoção de FCS, barreiras e práticas da PE a partir da
utilização da dinâmica de sistemas (DS).
Assim, o Artigo 1 identificou as práticas enxutas, os FCS e as
barreiras para a implementação da PE em pequenas empresas
evidenciadas na literatura. Nesse sentido, utilizou-se o processo
estruturado de revisão bibliográfica designado ProKnow-C, a fim de se
definir o PB, caracterizado por um grupo restrito de publicações com
reconhecimento científico sobre o tema, de acordo com critérios pré-
estabelecidos pelo autor (ENSSLIN et al., 2014; DUTRA et al., 2015).
Nesse sentido, as informações identificadas foram consolidadas, de
modo a vincular as principais práticas, FCS e barreiras relacionadas ao
contexto das pequenas empresas. O resultado deste artigo está na
identificação de estudos que investigam o efeito do porte da empresa
sobre o nível de adoção da PE, porém, de forma superficial ou
135
5.4. REFERÊNCIAS
DOMBROWSKI, U.; CRESPO, I.; ZAHN, T. Adaptive configuration of
a lean production system in small and medium-sized
enterprises. Production Engineering, v. 4, n. 4, p. 341-348, 2010.
DUTRA, A.; RIPOLL-FELIU, V.; ENSSLIN, S.; ENSSLIN, L. The
construction of knowledge from the scientific literature about the theme
seaport performance evaluation. International Journal of Productivity
and Performance Management, v. 64, n. 2, p. 243-269, 2015.
ENSSLIN, S. R.; ENSSLIN, L.; IMLAU, J.; CHAVES, L. Processo de
mapeamento das publicações científicas de um tema: portfólio
bibliográfico e análise bibliométrica sobre avaliação de desempenho de
cooperativas de produção agropecuária. Revista de Economia e
Sociologia Rural, v. 52, n. 3, p. 587-608, 2014.
PEREIRA, L.G.; TORTORELLA, G. L., Implementação de produção
enxuta em pequenas empresas de manufatura: uma revisão bibliográfica.
In: VI Congresso de Sistemas LEAN. p. 375-390, 2016.