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Soteriologia 3
Soteriologia
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Soteriologia 5
Prefácio
Este Livro de Soteriologia, parte de uma série que compõe a grade curricular
do curso em Teologia do IBETEL, se propõe a ser um instrumento de
pesquisa e estudo. Embora de forma concisa, objetiva fornecer informações
introdutórias acerca dos seguintes pontos: POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS
BÍBLICO-TEOLÓGICO; TRATADO TEOLÓGICO DOUTRINÁRIO e
DOUTRINAS SOTERIOLÓGICAS.
Declaração de fé
A expressão “credo” vem da palavra latina, que apresenta a mesma grafia e
cujo significado é “eu creio”, expressão inicial do credo apostólico -,
provavelmente, o mais conhecido de todos os credos: “Creio em Deus Pai
todo-poderoso...”. Esta expressão veio a significar uma referência à
declaração de fé, que sintetiza os principais pontos da fé cristã, os quais são
compartilhados por todos os cristãos. Por esse motivo, o termo “credo” jamais
é empregado em relação a declarações de fé que sejam associadas a
denominações específicas. Estas são geralmente chamadas de “confissões”
(como a Confissão Luterana de Augsburg ou a Confissão da Fé Reformada
de Westminster). A “confissão” pertence a uma denominação e inclui dogmas
e ênfases especificamente relacionados a ela; o “credo” pertence a toda a
igreja cristã e inclui nada mais, nada menos do que uma declaração de
crenças, as quais todo cristão deveria ser capaz de aceitar e observar. O
“credo” veio a ser considerado como uma declaração concisa, formal,
universalmente aceita e autorizada dos principais pontos da fé cristã.
O Credo tem como objetivo sintetizar as doutrinas essenciais do cristianismo
para facilitar as confissões públicas, conservar a doutrina contra as heresias
e manter a unidade doutrinária. Encontramos no Novo Testamento algumas
declarações rudimentares de confissões fé: A confissão de Natanael (Jo
1.50); a confissão de Pedro (Mt 16.16; Jo 6.68); a confissão de Tomé (Jo
20.28); a confissão do Eunuco (At 8.37); e artigos elementares de fé (Hb 6.1-
2).
(g) No batismo bíblico efetuado por imersão do corpo inteiro uma só vez
em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme
determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1-6; Cl 2.12).
(h) Na necessidade e na possibilidade que temos de viver vida santa
mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através
do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que
nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Jesus Cristo
(Hb 9.14; 1Pe 1.15).
(i) No batismo bíblico com o Espírito Santo que nos é dado por Deus
mediante a intercessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em
outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7).
(j) Na atualidade dos dons espirituais distribuídos pelo Espírito Santo à
Igreja para sua edificação conforme a sua soberana vontade (1Co
12.1-12).
(k) Na segunda vinda premilenar de Cristo em duas fases distintas.
Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra,
antes da grande tribulação; Segunda - visível e corporal, com sua
Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (1Ts
4.16.17; 1Co 15.51-54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14).
(l) Que todos os cristãos comparecerão ante ao tribunal de Cristo para
receber a recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo,
na terra (2Co 5.10).
(m) No juízo vindouro que recompensará os fiéis e condenará os infiéis,
(Ap 20.11-15).
(n) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e
tormento eterno para os infiéis (Mt 25.46).
Soteriologia 9
Sumário
Prefácio 5
Declaração de fé 7
Capítulo 1
POSIÇÕES DOUTRINÁRIAS BÍBLICO-TEOLÓGICO 11
1.1 O Agostinianismo 11
1.2 O Pelagianismo 13
1.3 O Calvinismo 16
1.4 O Arminianismo 19
Capítulo 2
TRATADO TEOLÓGICO DOUTRINÁRIO 29
2.1 Deus seria Injusto ao Condenar o Homem? 29
2.2 Conceito de Salvação 30
2.3 A Doutrina da Salvação 31
Capítulo 3
DOUTRINAS SOTERIOLÓGICAS 55
3.1 Doutrina do Arrependimento 55
3.2 Doutrina da Conversão 57
3.3 Doutrina da Regeneração 59
3.4 A Doutrina da Redenção 62
3.5 Propiciação 65
3.6 A Doutrina da Imputação 70
3.7 A Doutrina da Substituição 71
3.8 A Doutrina da Reconciliação 75
3.9 A Doutrina da Justificação 79
3.10 A Doutrina da Adoção 84
3.11 A Doutrina da Santificação 86
Capítulo 4
DOUTRINAS SOTERIOLÓGICAS COMPLEMENTO 91
4.1 A Doutrina do livre-arbítrio 91
4.2 Doutrina da Eleição 92
4.3 Expiação Universal Qualificada 94
4.4 A Graça de Deus pode ser resistida 96
4.5 Doutrina da Ressurreição 97
4.6 Glorificação 103
Glossário 113
Referências 115
10
Soteriologia 11
Capítulo 1
Posições Doutrinárias
Bíblico-Teológico
Antes de adentrarmos propriamente na temática da doutrina da
salvação, apresentaremos à guisa de conhecimento, algumas das
posições teológicas tomadas ao longo da história da Igreja, ou seja, o
Agostinianismo, o Pelagianismo, o Calvinismo e o Arminianismo.
1.1 O Agostinianismo
Agostinho de Hipona (354-430). Talvez o maior teólogo da
Antigüidade, nasceu em Tagaste, África do Norte (Algéria), filho de
Patrício, um pagão, e Mônica, uma cristã. Estudou gramática em
Madaura e retórica em Cartago, e foi intelectualmente estimulado ao
ler Hortensius, de Cícero. Depois de uma vida carnal durante seus dias
de estudante, afiliou-se à religião maniqueísta (373 d.C.). Ensinou
gramática e retórica na África do Norte (373-382 d.C.) e, depois, em
Roma (383 d.C.), onde abandonou os maniqueus e se tornou um
cético. Mudou para Milão a fim de ensinar (384 d.C.), onde foi
posteriormente influenciado pela leitura da filosofia neoplatônica e dos
sermões de Ambrósio. Foi convertido por meio de uma exortação,
ouvida por acaso num jardim, tirada de (Rm 13.13-14); foi batizado por
Ambrósio (387 d.C.) e reunido à sua mãe, que morreu pouco tempo
depois.
Depois de anos de retiro e estudo, Agostinho foi ordenado sacerdote
em Hipona, África do Norte (391 d.C.), onde estabeleceu um mosteiro
e, mais tarde, foi ordenado bispo (395 d.C.). O restante da sua vida
pode ser melhor visto nas controvérsias em que participou e nos
escritos que produziu. Agostinho morreu em 28 de agosto de 430 d.C.,
quando os vândalos estavam sitiando Roma.
1.1.2 Escritos principais
De modo geral, as obras de Agostinho dividem-se em três períodos:
Primeiro período (386-396 d.C.). A primeira categoria neste período
12
1.2 O Pelagianismo
1.3 O Calvinismo
Para Suas criaturas, Deus sempre deve ser misterioso, a não ser a
medida que Ele Se revela a elas.
1.4 O Arminianismo
Capítulo 2
Deus castigaria com penas eternas alguém que jamais ouviu falar do
evangelho? Não serão poucos os crentes bons e sinceros que
responderão a esta pergunta com um enfático NÃO! Numa ocasião
alguém me perguntou como ficaria o homem da pedra lascada e as
tribos primitivas que nunca ouviram o evangelho. Em nossos dias
existem tribos indígenas, africanas e povos espalhados pelo mundo
que nunca ouviram falar no nome de Jesus. Se estas pessoas
morrerem sem conhecer a Jesus irão para o inferno? No capítulo 3 de
Romanos, o apóstolo Paulo, ao tratar da questão da salvação e
condenação diz: "Não há um justo, nem um sequer", e complementa:
"Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus". O que
Paulo está dizendo nesses versículos é que a condição natural do ser
humano é de pecador. Todos nós somos pecadores em Adão (Rm
5.12); nascemos em pecado (Sl 51.5); portanto, nem nós nem ninguém
mereceríamos a salvação. É importante entendermos que a salvação é
um dom da livre graça de Deus (At 15.11; Ef 2.5,8). Deus não é
obrigado a salvar ninguém. Se Ele fosse obrigado, a salvação deixaria
de ser graça para ser dívida. A salvação é uma questão de graça; a
condenação, sim, é uma questão de justiça. Se Deus lançasse todo
mundo no inferno, não dando a ninguém a oportunidade de ouvir o
evangelho, mesmo assim Ele seria justo porque todos pecaram. Nesse
caso, observe que a proclamação do evangelho é necessária para que
alguém seja salvo, mas não necessariamente para que alguém seja
condenado (Lc 12.47,48; Rm 2.12). E a ignorância? Ela não justifica o
erro. Se a ignorância justificasse o erro, para quê pregar o evangelho
então? Vamos deixar todo mundo na ignorância e assim todos serão
salvos. E o índio? O índio é pecador por natureza e por isso
precisamos pregar o evangelho a ele, na esperança de que se
arrependa de seus pecados e se converta ao Senhor. E isso não sou
eu quem diz. O índio salvo, de nome Zenito, disse: “Não existe índio
inocente, mesmo que não tenha ouvido falar de Jesus. Quando ele
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mata, rouba e adultera ele sabe que errou, mas continua fazendo
porque esta é a vida dele, viver no pecado.” Se o índio rejeitar a
salvação ou nunca ouvir o evangelho, será condenado pela justiça de
Deus por causa do que ele é por natureza: um pecador. Mas como os
índios e tantos outros crerão se não há quem pregue? Na verdade há
quem pregue, o que não há, na maioria das vezes, é boa vontade
cristã para se pregar o evangelho. A proclamação do evangelho é o
único meio de salvação de todos os povos (Rm 10.14-17). A igreja
sabe disso. Mas não basta saber, é preciso praticar! Fomos chamados
para proclamar Jesus Cristo. Essa é a nossa vocação (1Pe 2.9). Se a
igreja não fizer a sua parte, isto é, de pelo menos tentar livrar as
pessoas de irem para o inferno (Pv 24.11,12; Tg 5.20), será
responsabilizada por Deus pela condenação do pecador (Ez 33.8,9).
Vamos evangelizar!
graça, Sua justiça que lhes é imputada. Deus adota como filho a todo o
que crê em Seu Filho Jesus Cristo.
O Espírito Santo opera uma grande transformação em todos os que
finalmente são salvos, pela qual tornam-se inclinados à santidade.
Continua a santificar a todos quantos têm regenerado, e, por fim, há de
prepará-los totalmente para o serviço de Deus e o gozo infinito dos
céus. “Em verdade, em verdade vos digo: Quem ouve a minha palavra
e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, não entra em juízo,
mas passou da morte para a vida” (Jo 4.24). “Se com tua boca
confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus
o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se
crê para justiça, e com a boca se confessa a respeito da salvação” (Rm
10.9,10).
2.3.1 As três etapas da salvação
O apóstolo Paulo em Efésios 2.1-10 mostra-nos os três tempos da
nossa salvação: passado, presente e futuro.
2.3.1.1 No passado, o que éramos
A etapa passada da salvação inclui a experiência pessoal mediante a
qual nós, como crentes, recebemos o perdão dos pecados (At 10.43;
Rm 4.6-8) e passamos da morte espiritual para a vida espiritual (1Jo
3.14); do poder do pecado para o poder do Senhor (Rm 6.17-23), do
domínio de Satanás para o domínio de Deus (At 26.18). A salvação
nos leva a um novo relacionamento pessoal com Deus (Jo 1.12) e nos
livra da condenação do pecado (Rm 1.16; 6.23; 1Co 1.18).
Quando nos referimos ao passado, estamos, de fato, falando do
primeiro estado do crente antes da aceitação de Cristo como Salvador.
As características aqui apresentadas como do passado são as do
pecador atual. É o que é o pecador hoje sem Cristo. Era o nosso
estado deplorável de condenação e morte quando Cristo nos
achou. Ei-las:
(a) Estávamos mortos em ofensas e pecados (Efésios 2.1). Todo pecador
está espiritualmente morto. E o estado de morte que fala a Bíblia é a
separação de Deus dos que não conhecem a Cristo como Salvador.
Esse estado de morte espiritual teve seu início quando da queda do
homem pelo pecado no Éden e sua manifestação é vista em parte na
decadência moral, espiritual, natural e física da humanidade.
Soteriologia 33
(c) Temos uma nova cidadania com Deus (Efésios 2.6). “E nos fez
assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus”. A palavra “assentar”
na linguagem neotestamentária tem o sentido de “descansar”, ou de
“tomar posse numa posição de honra”. O nosso primeiro estado era
de escravidão, subserviência ao pecado, por isso, o pecador nunca
podia assentar-se. No novo estado de vida regenerada, a postura de
escravo muda totalmente porque agora pode assentar-se e descansar
em Cristo. Disso recorre a nova cidadania espiritual conferida por
Cristo (Fp 3.20). Como cidadãos dos céus, nossa vida espiritual foi
elevada a um plano superior, isto é, “nos lugares celestiais”. Trata-se
de uma posição espiritual na qual fomos colocados como “novas
criaturas em Cristo” (2Co 5.17). A nova cidadania tem um novo
sistema de governo que não é o humano. Ela nos coloca em um novo
regime de vida e tem a Bíblia como “guia de regra e fé”. O cristão
autêntico vive sob esse novo regime da Bíblia e não se conforma com
este mundo de corrupção (Rm 12.2).
(a) Nosso livramento da ira vindoura de Deus (Rm 5.9; 1Co 3.15; 5.5; 1Ts
1.10; 5.9).
(b) Nossa participação da glória divina (Rm 8.29; 2Ts 2.13,14) e nosso
recebimento de um corpo ressurreto, transformado (1Co 15.49-52).
(c) Os galardões que receberemos como vencedores fiéis (Ap 2.7). Essa
etapa futura da salvação é o alvo que todos os cristãos se esforçam
para alcançar (1Co 9.24-27; Fp 3.8-14). Toda advertência, disciplina e
castigo do tempo presente da vida do crente têm como propósito
preveni-lo a não perder essa salvação futura (1Co 5.1-13; 9.24-27; Fp
2.12,16; 2Pe 1.5-11; Hb 12.1).
que este, de dar alguém a própria vida pelos seus amigos” (Jo 15.13).
“Mas não é assim o dom gratuito como a oferta. Pois pela ofensa de
um morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça,
que é de um só homem, Jesus Cristo, abundou para com muitos” (Rm
5.15).
carentes. Cristo disse: "Vosso Pai celestial bem sabe que necessitais
de todas estas coisas", (comida e roupa) (Mt 6.32).
Mas há Alguém sem o qual não podemos viver. Sem Ele não seríamos
nem faríamos nada. Sem Ele não temos recursos. Sem Ele o futuro é
cheio de desespero. Somos pobres miseráveis, não podendo comprar
um pedacinho que seja da Canaã Celestial. O fogo eterno é nossa
parte. Noto que há muitos que parecem viver bem sem Ele, orgulhosos
e prósperos agora, mas dia virá em que verão que ficar sem Ele é ficar
sem as necessidades e conforto da vida. João escreveu: “Quem tem o
Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida” (1Jo
5.12). Saulo de Tarso pensou que dava para viver sem Jesus. Chegou
o dia em que exclamou: "Para mim o viver é Cristo!" Ah, se esta
mudança pudesse acontecer a alguns! A cegueira do homem o impede
de ver que Cristo é o único jeito de se escapar do pecado e da morte!
A ignorância do homem não pode entender o Evangelho de Cristo. A
tolice do homem não o deixa confiar no único Salvador que há! Que
humilhação, que desapontamento, que miséria, espera aqueles que
vivem e morrem sem Jesus! Que choque terão aqueles que pensam
que podem ir para o céu sem fé no Senhor Jesus Cristo, o único nome
abaixo do céu, pelo qual podemos ser salvos.
Todos os homens vão ficar face a face com Jesus Cristo um dia. É
com Ele que todos nós havemos de tratar. A hora se aproxima quando
todos no céu, na terra e em baixo da terra O reconhecerão como
Soteriologia 41
Senhor. Cada homem ouvirá Jesus falar no dia do juízo. Ele dirá a
alguns: “Vinde, benditos de meu Pai”. A outros, Ele dirá: “Apartai-vos
de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus
anjos” (Mt 25.41).
Ele não vai permitir que os homens fiquem neutros em relação a Ele. A
Bíblia diz que: “Quem não é comigo é contra mim” (Mt 12.3). Muitos
não querem ser contados como sendo contra Cristo: não estão
dispostos a admitir que são seus inimigos. Simplesmente O ignoram.
Não mostram interesse por Sua Palavra. Raramente, ou quase nunca,
vão à igreja onde Seu nome é pregado. Nunca oram em Seu nome,
nem dependem dEle para salvação. Não tem interesse pela Sua causa
e não dão nada para sustentá-la. Simplesmente O deixam de lado.
Mas isto é algo que os homens não podem fazer. Cristo não permitirá
que os homens o deixarem de lado. Se não confiar nEle como
Salvador, Ele o terá como cético. Se não colocar sua alma em Seu
sangue precioso, Ele o contará como desprezador. Se não o amar, Ele
o considerará Seu inimigo. Se não Lhe der do que tem, à medida que o
Senhor o faz prosperar para o engrandecimento do Evangelho, Ele o
considerará um estorvo. Se não produzir frutos para Sua glória, Ele o
olhará como um empecilho. Se não permitir que seja seu Senhor, Ele o
terá como rebelde. "Pois todos havemos de comparecer ante o tribunal
de Cristo” (Rm 14.10).
Ele não precisa de ajuda ao nos salvar. Hb 1.3 diz: “O qual, sendo o
resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e
sustendo todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por
si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da
majestade nas alturas”. Só Ele nos resgatou da maldição da lei. Só Ele
satisfez a justiça transgredida pelos pecadores. Só Ele tirou a culpa do
pecado ao Se oferecer como sacrifício.
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uma fé que pode ser comparada à fé cristã, pois tais elementos são
indispensáveis para a salvação.
[Do heb. hessed; do grego é charis; do lat. gratia] que significa: “favor
imerecido concedido por Deus à raça humana”, “cuidado ou ajuda
graciosa”, “benevolência”. Através da graça, o homem é capacitado a
compreender, a aceitar a e a usufruir, imediatamente, dos benefícios
do plano da Salvação. Há dois grandes tesouros inseridos na Graça de
Deus – O Amor e a Misericórdia. Jo 3.16. A Graça divina é operada
pelo seu Amor e a Sua Misericórdia. No Antigo Testamento Deus
revelou-se como o Deus da graça e misericórdia, demonstrando amor
para com o seu povo, não porque este merecesse, mas por causa da
fidelidade de Deus à sua promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó (Êx
6.9). Os escritores bíblicos dão prosseguimento ao tema da graça
como sendo a presença e o amor de Deus em Cristo Jesus,
transmitidos aos crentes pelo Espírito Santo, e que lhes outorga
misericórdia, perdão, querer e poder para fazer a vontade de Deus (Jo
3.16; 1Co 15.10; Fp 2.13; 1Tm 1.15,16). Toda atividade da vida cristã,
desde o seu início até o fim, depende desta graça divina. Deus
concede uma medida da sua graça como dádiva aos incrédulos (1Co
1.4; 15.10), a fim de poderem crer no Senhor Jesus Cristo (Ef 2.8,9; Tt
2.11; 3.4). Deus concede graça ao crente para que seja “liberto do
pecado” (Rm 6.20,22); que nele opere “tanto o querer como o efetuar,
segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13; cf. Tt 2.11,12; Mt 7.21); orar (Zc
12.10); para crescer em Cristo (2Pe 3.18) e; para testemunhar de
Cristo (At 4.33; 11.23).
(a) Graça Comum. [Do Hb. Hessed; do gr. charis; do lat. gratia +
commune, concedido a todos]. Favores administrados por Deus a
toda a raça humana, visando a preservação da vida na terra. Entre
estes favores, encontram-se o dia, a noite, as estações, a
regularidade dos movimentos de translação e rotação, a cadeia
alimentícia, o sistema de defesa do corpo humano, etc.
(b) Graça Especial. [Do heb. hessed; do gr. charis; do lat. gratia +
speciale, relativo a uma espécie]. É a graça obtida mediante a fé no
sacrifício vicário do Filho de Deus. Através dela, Deus salva, justifica e
adota o pecador como filho (Jo 1.12; Ef 2.8,9).
(c) Graça Irresistível. [Do heb. hessed; do gr. charis; do lat. gratia +
irresistibilis, que não se pode suportar]. Doutrina calvinista segundo a
qual os predestinados para a vida eterna acabarão por ceder, mais
cedo ou mais tarde, aos reclamos da graça de Deus. Mesmo que não
o queiram, não poderão resistir ao chamado da salvação.
(d) Graça Preventiva. [Do heb. hessed; do gr. charis; do lat. gratia +
praeventu, prever antes]. Doutrina sustentado por Armínio, segundo a
qual, ainda que todos nos tenhamos degradado em conseqüência do
pecado, Deus nos restaura a capacidade de crer nas verdades do
Evangelho.
(e) Graça Santificadora. [Do heb. hessed; do gr. charis; do lat. gratia +
sanctoficatore, que produz santificação]. Segundo o catolicismo
romano, esta graça é obtida por intermédio da administração dos
sacramentos.
Lemos em Êxodo que Deus pôs toda a nação de Israel sob o sangue.
No texto Deus não disse: quando eu vir suas obras, suas lágrimas, seu
sofrimento, passarei por vós... Não foi assim que Deus falou, mas: “E
eu passarei pela terra do Egito esta noite e ferirei todo primogênito na
terra do Egito, desde os homens até aos animais; e sobre todos os
deuses do Egito farei juízos. Eu sou o SENHOR. E aquele sangue vos
será por sinal nas casas em que estiverdes; vendo eu sangue,
passarei por cima de vós, e não haverá entre vós praga de
mortandade, quando eu ferir a terra do Egito” (Êxodo 12.12,13, grifo
nosso). Em Lv 16.32,33 está escrito: “E o sacerdote... fará a
expiação... expiará o santo santuário; também expiará a tenda da
congregação e o altar; semelhantemente fará expiação pelos
sacerdotes e por todo o povo da congregação”.
os que afirmam que as más ações que eles cometem não são
realmente pecado. Essa heresia continua ainda hoje entre os que
negam a realidade do pecado e que interpretam a iniqüidade em
termos de causas deterministas, psicológicas ou sociais (Rm 6.1; 7.9-
11). Por outro lado, afirma que os crentes devem conscientizar-se de
que a carne, ou a natureza humana pecaminosa, é uma ameaça
constante na sua vida, e que devem sempre estar mortificando as suas
más obras por meio do Espírito Santo que neles habita (Rm 8.13; Gl
5.16-25). Por isso devemos reconhecer os nossos pecados e buscar
em Deus o perdão e a purificação deles. Os dois resultados disso são
o perdão divino e a reconciliação com Deus, e a purificação (isto é,
remoção) da culpa e a destruição do poder do pecado, a fim de
vivermos uma vida de santidade (Sl 32.1-5; Pv 28.13; Jr 31.34; Lc
15.18; Rm 6.2-14). Portanto é enfática a expressão “há poder no
sangue de Jesus” para lidar com a escravidão do pecado.
Capítulo 3
Doutrinas Soteriológicas
Acerca da doutrina da Fé como elemento essencial à salvação, não
reapresentaremos neste capítulo, uma vez que a mesma já foi
discutida no tópico 2.3.4, onde foram apresentados os três elementos
poderosos da salvação. Por outro lado, a seqüência expositiva dos
tópicos abaixo apresentados, não significa que os mesmos aconteçam
nessa mesma ordem no plano divino da salvação.
Temos quer ter em mente que Jesus não se impressiona com nossas
palavras piedosas. Ele quer ver os frutos, as evidências de nosso
cristianismo em obras de obediência (Mateus 7.21-23; Mt 6.5,16-18; Mt
23.3).
Na lição do primeiro filho temos a confissão de fé acompanhada de
arrependimento gera uma vida de obediência à vontade de Deus.
Observe que o primeiro filho quando recebeu a ordem do pai disse:
"Não quero". Esta é por natureza a nossa resposta às ordens de Deus.
Como já vimos, a palavra "arrependimento" significa um
redirecionamento da vontade humana. Assim, o primeiro filho embora a
princípio não quisesse fazer a vontade do pai, arrependido, mudou de
posição.
Igualmente precisamos desprezar nossos pecados, confessá-los,
abandoná-los, fazer as devidas reparações e tomar as devidas
providências para não repetirmos o erro. Poderemos pecar - e vamos -,
mas o processo de santificação não pode ser interrompido (Leia o
exemplo de Zaqueu em Lucas 19.8,9).
O arrependimento engloba o homem todo. Engloba o homem
intelectualmente (Mt 12.41; Lc 11.32). O arrependimento se inicia
quando há reconhecimento do pecado. O homem desperta para a
seriedade que seu pecado tem para Deus. Este é o primeiro passo do
arrependimento: quando eu compreendo que algo está errado.
Engloba o homem emocionalmente (2Co 7.10; Jó 42.6). Uma pessoa
pode até entristecer-se sem estar arrependida, como foi o caso de
Judas. (Mt 27.3-5), ou do moço rico (Mt 19.16-22). Entretanto, o
genuíno arrependimento sempre vem acompanhado por tristeza (Sl
51.17).
Engloba o homem volitivamente (Lc 15.17-20). A vontade do homem é
afetada. Lembra-se do filho pródigo? Em Lucas 15.17-20, somos
informados de que ele "caiu em si", compreendeu que algo estava
errado, mas não ficou só nisso. "Levantou-se e foi..." Houve uma
tomada de decisão. Não haverá arrependimento verdadeiro até que
tenhamos feito algo a respeito do pecado. Não basta saber que é
errado, ou ficar triste por ter pecado. O pecado precisa ser
abandonado.
vós tanto o querer como o efetuar segundo a sua vontade” (Fp 2.12-
13). As seguintes passagens referem-se ao lado divino da conversão:
Jr 31.18; At 3.26. E estas outras se referem ao lado humano: At 3.19;
11.18; Ez 33.11.
(c) Criação, aquele que recria pela operação do seu Espírito (2Co 5.17;
Ef 2.10; 4.24; Gl 6.15; Gn 2.7). O resultado prático é uma
transformação radical em sua natureza, seu caráter, desejos e
propósitos.
Sim, a regeneração é obra do Espírito Santo e tem que ser, visto que
antes de sermos regenerados estávamos “mortos em delitos e
pecados” (Ef 2.8). O Espírito Santo implanta em nossos corações, na
regeneração, vida espiritual, fazendo com que tenhamos disposição,
inclinação e desejo para com as coisas de Deus, coisas essas que de
outra forma nunca existiriam visto que “a mente carnal é inimizade
contra de Deus” (Rm 8.7) e “não há ninguém que busque a Deus” (Rm
3.11).
Por fim, assim como o nascimento natural resulta em entrar num reino
natural e temporal (o reino deste mundo), assim o nascimento
espiritual resulta em entrar no reino espiritual e eterno (o reino de Deus
e o mundo ou era vindoura). Não podemos experimentar o mundo
físico sem ter nascido nele fisicamente. Similarmente, não podemos
experimentar o mundo espiritual sem ter nascido nele espiritualmente.
A não ser que uma pessoa nasça de novo — nascida espiritualmente
do alto — ela não pode ver o reino de Deus (Jo 3.3,5,7).
3.4.3 O Redentor
(a) Em Cristo temos a redenção dos nossos pecados, não sendo mais
nós escravos deles (Rm 3.23-24). Veja também Romanos 6.16-22.
Antes de sermos comprados por Cristo, nós nos oferecíamos ao
pecado, para fazer sua vontade. Éramos seus servos. Agora, livres,
nós nos oferecemos a Cristo para fazer a sua vontade. Mudamos de
servos para servos? Então, não ficamos livres! Quando estávamos
debaixo do pecado, não conseguíamos não pecar (Rm 7.23-24).
Agora, libertados e tornados livres do pecado, podemos não obedecê-
lo e devemos nos apresentar a Deus para fazer a sua vontade (Rm
12.1-2). A submissão a Deus é voluntária, a submissão ao pecado era
escravizante.
(b) O sangue de Cristo, sua morte na cruz, foi o preço pago pela nossa
redenção (Rm 3.25). Não foi o Pai quem abusou do Filho, mas o Filho
se ofereceu, ofereceu seu sangue, como o preço para nos libertar e
nos presentear ao Pai (Ap 5.9-10).
(c) Ao nos comprar, ele acabou com a nossa condição de escravos e nos
tornou participantes de sua natureza, a de Filho (2Pe 1.4). Ele nos
tornou seus irmãos, na linguagem do autor de Hebreus, pois
Soteriologia 65
3.5 Propiciação
66
[Do lat. imputare; do gr. logizomai; e do heb. hassad]. A idéia nas três
línguas clássicas, é uma só: creditar na conta de alguém. Trata-se de
uma declaração formal de que determinada ação foi, de fato, praticada
pelo indivíduo citado em juízo. Portanto, a palavra “imputação” significa
“debitar, atribuir responsabilidade” ou “lançar na conta de alguém”.
Ele sabia todas as coisas que sobre Ele havia de vir. “Sabendo, pois
Jesus todas as coisas que sobre Ele haviam de vir, adiantou-se e
perguntou- lhes: A quem buscais? (João 18:4). Que amor!
Voluntariamente, Ele se entregou.
Ele podia ter pedido mais de doze legiões de anjos. Mas não pediu (Mt
26.53).
Soteriologia 77
5.21). Esta é a única maneira pela qual o homem pode ser reconciliado
com Deus.
(a) Paz. O mais importante aspecto deste assunto é a PAZ COM DEUS
(Rm 5.1), e desta paz dependem outros aspectos deste assunto. Nós
não precisamos fazer a paz com Deus porque ela já foi feita (Cl 1.20).
Precisamos aceitar a paz feita por Cristo na cruz. Também. “Ele
(Cristo) é a nossa paz” (Ef 2.14). “E vindo, (Cristo) evangelizou a paz”
(Ef 2.17).
(b) Perto. “Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe,
FOSTES APROXIMADOS PELO SANGUE DE CRISTO” (Ef 2.13).
Pelo sangue de Cristo chegamos perto de Deus, mas como? Nós
éramos estranhos e inimigos (Cl 1.21), mas agora nós nos tornamos
filhos de Deus. Nós chegamos perto pelo novo parentesco e pela
nova relação com Ele. Mas isto não é tudo, porque podemos chegar
perto em comunhão com Deus (Ef 2.18).
(c) Perfeição. “Agora, porém, vos reconciliou com Deus por meio do
sangue de Cristo mediante a sua morte, para apresentar-vos perante
ele santos, inculpáveis, e irrepreensíveis” (Cl 1.22). Que perfeição!
[Do heb. tsadik; do gr. dikaioo, dikaios , que significa ser “justo diante
de Deus”; do lat. justificationem] É o ato de declarar justo. Através
deste processo judicial, que se dá junto ao tribunal de Deus, o pecador,
que aceita a Cristo como o Único e Suficiente Salvador, é declarado
justo. Ou seja, passa a ser visto por Deus como se jamais tivera
pecado em toda a sua vida. A justificação é mais que um mero perdão.
80
O quadro do homem debaixo da lei (Rm 3.19 e 20). (a) A lei mostra
que todos são pecadores ‘Pela lei vem o conhecimento do pecado” (v.
20). (b) Todo mundo fica calado, sem desculpa e sem motivo de
reclamar perante Deus (v. 19). (c) Todo o mundo fica culpável perante
Deus (v. 19)
a todos. É fato que Ele é Deus de Amor, mas também é um Deus justo
e não pode sacrificar a sua justiça para perdoar o homem. Tem de
haver uma base de justiça para poder justificar o homem. Não
podemos nem pensar num Deus injusto.
O trono de Deus é para todo o sempre porque é baseado na justiça
(Hb 1.8). Os tronos dos homens sempre têm manchas de injustiça e
por causa disto eles também. O rei Salomão orou a Deus: “ouve Tu
nos céus, e age e julga a Teus servos, CONDENANDO O
PERVERSO... E JUSTIFICANDO O JUSTO” (1Rs 9.32). O juízo
humano somente pode fazer isto porque é um princípio de julgamento
estabelecido por Deus. Salomão no princípio estabeleceu o seu reino
com justiça, pois há nele a sabedoria de Deus para fazer justiça (1Rs
2.20). Porém no fim do seu reinado Salomão tomou-se perverso, e
logo foi decretada por Deus a divisão do seu reino o que se deu no
reinado de seu filho.
Na vida do rei Davi há um caso que ensina que para um reino subsistir
tem de ter a base da justiça (2Sm 14) Absalão, o filho de David,
mandou matar Amon, também filho de David. Absalão para escapar à
justiça fugiu para outro país, onde ficou por muito tempo. Joabe, o
general de Davi, percebeu que o rei sentia a falta de seu filho, resolveu
promover a volta de Absalão sem exigir o castigo do crime. Enviou
uma mulher sábia ao rei David para contar uma história comovente,
inventada por Joabe. Ela contou como um dos seus dois filhos matou o
outro e os vingadores do sangue procuravam matar o assassino. Desta
maneira ela ia perder os dois filhos. Foi fácil descobrir a sua
mensagem. Acaba com as exigências da justiça e do castigo do
pecado e deixa seu filho Absalão voltar. Ela também disse ‘pois Deus,
não tira a vida, mas cogita meios para, que o banido não permaneça
arrojado de sua presença (2Sm 14.14). Ela não falou toda a verdade
porque Deus, tira a vida e cogita somente um meio justo para trazer de
volta o banido. Ela conseguiu o que Joabe queria e Absalão voltou
para Jerusalém, mas não lhe foi permitido ver o rosto do rei.
O único trono eterno que nunca se abala é do Filho de Deus, pois nele
as promessas feitas a Davi são cumpridas, e de quem está escrito:
“Mas acerca do Filho: O Teu trono, ó Deus, é para todo o sempre, e
Cetro de equidade é o cetro do seu Reino, amaste a justiça e odiaste a
iniqüidade” (Hb 1.8-9)
“Adoção é o ato pelo qual uma pessoa recebe como filho próprio a um
que não é, conferindo-lhe todos os direitos e posição de filho.” A
palavra adoção (no grego “Huiothesia)”, significa
literalmente “pôr como filho. ”A adoção está muito ligada à
regeneração. A regeneração dá à pessoa a natureza de filho de Deus,
e a adoção dá-lhe a posição de filho: (Jo 1.12; Rm 8.17). Segundo o
dicionário do Novo Testamento Grego, W.C. Taylor define como
adoção: “Aquela relação que Deus se agradou de estabelecer entre si
e os israelitas em preferência a todos as demais nações, Rm 9.4” -
Thayer. “A natureza é condição dos verdadeiros discípulos de Cristo,
os quais pela recepção do Espírito Santo nas suas almas se tornam
filhos de Deus (Rm 8.15; Gl 4.5; Ef 5.1); também inclui o estado feliz
separado na vida futura depois da volta visível de Cristo do céu (Rm
8.23). Vemos nessa referência o aspecto escatológico da adoção.
Adoção de filhos (Rm 8.15), não tem nada a ver com filiação e sim com
posição que já descrevemos acima. Deriva de dois termos gregos:
“Huios” (Filho) e “Thesis” (posição). A adoção quase não era usada
entre os judeus. Os casos mencionados na Bíblia ocorrem fora do
ambiente cultural de Israel, como o caso de Moisés no Egito (Êx 2.10 e
At 7.21). Temos também o caso de Ester na Pérsia (Et 2.7).
(c) A fé (Gl 3.26) aquela capacidade de crer que Deus fará tudo quanto
tem prometido.
Somente os que são guiados pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus
(Rm 8.14). Jesus declarou para aqueles que queriam crer nele: “Vós
sois filhos do Diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai”(Jo
8.44). Somente os que estão incluídos em (Jo 1.12), é que são filhos
de Deus. O filho sempre tem a natureza do pai. Podemos exemplificar
da seguinte maneira: “Os pintinhos de uma galinha colocando-os na
água, ele se afundam, mas os da pata não. Se todos misturando-se
disserem ser filhos da pata, é só colocá-los na água para saber a
verdade. Assim também diante do trono de Deus, não haverá enganos
entre os filhos de Deus e os filhos do Diabo”.
Deus quer que a sua Igreja esteja em condições de realizar a sua obra
aqui na terra. Todo crente ganha muito na sua vida espiritual quando
se aprofunda neste maravilhoso tema, quando experimenta o poder da
santificação na sua própria vida. Que Deus fale ao coração de cada
um.
88
Quando Jesus disse que Ele se havia santificado (Jo 17.19), é evidente
que suas palavras não tinham o sentido de que Ele havia precisado
purificar-se ou separar-se do mundo. Ele era PERFEITO E PURO.
Jesus estava expressando, sim, a sua entrega completa a Deus.
Esta entrega total, Jesus espera também de nós. Ele tem o direito de
nos possuir, pois nos comprou por alto preço (1 Pe 1.18,19). Assim,
não devemos mais viver para nós, mas totalmente para Ele que por
nós morreu (2 Co 5.15). Sejamos pois santificados.
3.11.2 Como Podemos Experimentar A Santificação
A Bíblia afirma que a santificação é obra de Deus (1Ts 5.23), mas o
homem tem a sua parte a fazer. Diz a Bíblia: “O QUE É SANTO
SANTIFIQUE-SE AINDA” (Ap 22.11 ARC). Assim como Deus nos
preparou a salvação por Jesus Cristo (Lc 2.30,31) Ele também nos
preparou a santificação através dele (1Co 1.30). A santificação não é
algo que dependa da nossa própria força e caráter, mas é uma
operação divina na vida do homem. De que modo Deus nos santifica?
Ele nos santifica pelo seu Filho (Jo 17.19; Ef 5.25,26). O seu sangue
precioso que operou a nossa salvação (Cl 1.14), opera também a
santificação (Hb 13.12). Pelo poder da cruz podemos pela fé nos
identificar com a morte de Jesus e experimentar a crucificação da
nossa carne (Gl 2.20; Rm 6.6), porque “Se um morreu por todos, logo
todos morreram” (2Co 5.14).
Deus nos santifica pelo Espírito Santo (2Ts 2.13). O Espírito Santo
opera como uma luz que alumia, como um fogo, que queima toda
impureza (Is 6.4-7). O Espírito Santo opera também ajudando o crente
a subjugar a sua carne (Gl 5.16-18, 24,25), dando assim lugar ao fruto
do Espírito pelo qual as características de Cristo se manifestam na
nossa nova natureza (Gl 5.22,23).
Deus nos santifica pela sua palavra (1Tm 4.5). A Palavra é um poder
que purifica (Jo 15.3; Ef 5.26) e que guarda (SI 119.11,17). A Palavra
de Deus opera aperfeiçoando o crente para que se torne perfeito e
perfeitamente instruído para toda boa obra (2Tm 3.16,17).
Através da Participação Pessoal. A participação do homem na obra da
santificação consiste na sua aceitação da obra de Deus na sua vida.
Ele deve por isso pedir a Deus que o santifique. Entregando-se
90
Capítulo 4
Doutrinas Soteriológicas
Complemento
4.1 A Doutrina do livre-arbítrio
[Do lat. electionem]. Ato de eleger, escolha. Diploma divino com que é
agraciado todo o que recebe a Cristo Jesus como seu Único e
Suficiente Salvador (Jo 3.16). A eleição subentende que a pessoa,
mediante o sacrifício de Cristo, já atendeu a todos os requisitos
exigidos pela justiça de Deus quanto ao perdão de seus pecados.
A eleição é feita em Cristo pelo seu sangue, “em quem [Cristo]... pelo
seu sangue” (Ef 1.7). O propósito de Deus, já antes da criação, era ter
um novo povo para si mediante a morte redentora de Cristo na cruz (Ef
1.4). Sendo assim, a eleição é fundamentada na morte sacrificial de
Cristo, no Calvário, para nos salvar dos nossos pecados.
94
Outro ponto que deve ser exposto é o fato de que a Palavra de Deus
deve ser entendida da forma que, de fato, está escrita. Não se pode
simplesmente desconsiderar o significado óbvio dos textos sem ir além
da credibilidade exegética. Quando a Bíblia diz que “Deus amou o
mundo” (Jo 3.16) ou que Cristo é “o Cordeiro de Deus, que tira o
pecado do mundo” (Jo 1.29) ou que Ele é “o Salvador do mundo” (1Jo
4.14), significa isso mesmo. Em texto algum do Novo Testamento,
“mundo” se refere à Igreja ou aos eleitos.
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11.17-21; 1Co 9.27; Gl 5.4; Ap 3.5; 1Tm 1.19 e 4.1; 2Tm 2.10,12; Hb
3.6,12,14; 2Pe 2.20-22; 1Co 15.1-2 e 2Co 11.3-4). Porém, se o cristão
cultivar sempre a sua vida espiritual, fortalecer-se em Deus,
perseverará até o fim (Ef 6.10-18).
(a) “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te
tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição; escolhe,
pois, a vida para que vivas tu e a tua semente” (Dt 30.19).
(c) “E, abrindo Pedro a boca, disse: Reconheço por verdade que Deus
não faz acepção de pessoas” (At 10.34).
(d) “... diante de Deus, nosso Salvador, que quer que todos os homens se
salvem e venham ao conhecimento da verdade; porque há um só
Deus e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo
homem, o qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos...”
(1Tm 2.3-6).
(f) “Vemos, porém, coroado de glória e de honra, aquele Jesus que fora
feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte,
para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos” (Hb 2.9).
(g) “Portanto, como diz o Espírito Santo, se ouvirdes hoje a sua voz, não
endureçais os vossos corações...” (Hb 3.7,8).
(h) “Porquanto se, depois de terem escapado das corrupções do mundo,
pelo conhecimento do Senhor e Salvador Jesus Cristo, forem outra
vez envolvidos nelas e vencidos, tornou-se-lhes o último estado pior
do que o primeiro. Porque melhor lhes fora não conhecerem o
caminho da justiça, do que, conhecendo-o, desviarem-se do santo
mandamento que lhes fora dado; deste modo, sobreveio-lhes o que
por um verdadeiro provérbio se diz: o cão voltou ao seu próprio
vômito, e a porca lavada ao seu espojadouro de lama” (2Pe 2.20-22).
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(i) “Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei: da
graça tendes caído” (Gl 5.4).
Pela época em que foi registrada a história dos reis (1 e 2 Reis), essa
doutrina já deveria estar bem estabelecida em Israel, porquanto os
Salmos certamente contêm tal pensamento (Sl 17.15), e a literatura
daquele período registra várias ressurreições contemporâneas (1Rs
17.17,24; 2Rs 4.18-37; 13.20-25). Nos livros proféticos, a passagem de
Is 26.16-19 provavelmente é a passagem isolada mais importante de
todo o Antigo Testamento, acerca da ressurreição. A passagem de Ez
37.1-14, apesar de provavelmente ter por - referência primária - a
restauração da nação de Israel, igualmente ensina a doutrina da
ressurreição. No trecho de Daniel 12.2 essa doutrina se faz
perfeitamente clara.
(k) Alguns dos pais antigos da igreja ensinaram que parte da diferença
entre a glorificação de uma pessoa, em comparação com outra, será
devida a natureza mais avançada ou menos avançada do corpo da
ressurreição. Isto provavelmente expressa uma verdade. Todavia,
não contemplamos nenhuma estagnação. As pessoas sendo
glorificadas terão continuamente, especulamos, uma transformação
do veículo (corpo) espiritual da alma (Ef 3.19) que pode servir de
base desta idéia, embora não a expresse diretamente.
4.6 Glorificação
A palavra glorificação é usada nos seguintes casos:
(a) Tornar glorioso ou honroso, louvor, exaltar (Jo 12.28; 13.31,32; At
2.13). No caso de Jesus Cristo, isso teve lugar, especialmente, por
ocasião de sua ressurreição e ascensão.
(b) Conduzir os crentes ao estado celestial da glória, onde
compartilharão do estado glorioso de Jesus Cristo, participando de
sua imagem e natureza, isto é, da própria natureza divina (Rm 8.29;
Co 2.10; 2Pe 1.4). Isso significa que receberemos a própria plenitude
de Deus (Ef 3.19).
Exibir o louvor (1Co 6.20). Os céus declaram a glória de Deus, no dizer de
Salmos 19.1. Os homens glorificam a Deus em suas vidas, quando
obedecem aos seus preceitos e buscam o desenvolvimento espiritual (1Co
10.31; João 17.5; Hb 6.1 ss).
Glorificou. Isso não significa que tal glória lhes seja propiciada através
dos sofrimentos, ou através dos dons extraordinários do Espírito Santo;
porque a palavra glorificar jamais é utilizada nesse sentido. Além disso,
Paulo se referia aos santos em geral, e não apenas acerca de alguns
indivíduos. Se essa interpretação, aqui combatida, fosse verdadeira,
então ninguém seria chamado, predestinado e justificado, enquanto
não possuísse os dons extraordinários do Espírito Santo; e ninguém
possuiria os dons extraordinários do Espírito a não ser essas pessoas.
No entanto, muitos têm exibido tais dons, sem se interessarem muito
pela graça de Deus e pela felicidade eterna. Pelo contrário, a glória
eterna está aqui em foco, de conformidade com aquilo que o apóstolo
vinha falando no contexto que consistirá na semelhança a Cristo, em
comunhão com ele e em contemplação eterna de sua pessoa, bem
como na liberdade de todo o mal e no aprazimento de tudo que é bom:
e essa é a finalidade da graça predestinadora mencionada em Rm
8.29.
4.6.2 Sua Essência: Transformação Segundo a imagem de Cristo
(F) 2Pd 1.3,4: Visto como pelo seu divino poder nos têm sido
doadas todas as coisas que conduzem à vida e à piedade,
pelo conhecimento completo daquele que nos chamou para a
sua própria glória e virtude, pelas quais nos têm sido doadas
as suas preciosas e mui grandes promessas, para que por
elas vos torneis coparticipantes da natureza divina, livrando-
vos da corrupção das paixões que há no mundo...
Essa é a mais profunda verdade do evangelho, mas que tem sido
virtualmente ignorada pela igreja, onde a salvação tem sido reduzida
ao mero perdão dos pecados e à mudança de endereço para os céus.
O evangelho de Cristo, entretanto, consiste em muito mais do que isso,
e envolve até mesmo a nossa co-participação na natureza divina.
Nenhum homem ousaria fazer tal pronunciamento por si mesmo,
porquanto estaria cometendo o pecado de orgulho de Satanás, que
desejou ser “igual ao Altíssimo”. Neste versículo, porém, o remido é
visto como um ser de tal modo transformado, segundo a imagem de
Cristo.
É uma vaidade sem igual a dos homens que pensam saber tudo
acerca dos céus de Deus, ou sobre os lugares celestiais, os quais
cercam a verdade de Deus com a sebe de seus dogmas, defendendo,
dessa maneira, verdades que são meramente parciais. Para esses
estão reservadas muitas surpresas. De uma coisa podemos estar
certos, porém: Cristo é o grande alvo, tanto da existência nesta esfera
terrena, como da vida na esfera celeste. E a vida de que desfrutaremos
ali, por igual modo, participará do desenvolvimento em Cristo Jesus.
(G) Hb 2.10: Porque convinha que aquele, por cuja causa e por
quem todas as coisas existem, conduzindo muitos filhos à
glória, aperfeiçoasse por meio de sofrimentos o Autor da
salvação deles...
(H) 1 João 3.2: Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não
se manifestou o que havemos de ser. Sabemos que, quando
ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque
havemos de vê-lo como ele é....
Glossário
Asceta: S 2 g. Indivíduo que pratica a efetiva realização da virtude, a
plenitude da vida moral.
Referências
ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. Rio de Janeiro:
CPAD, 1996.
AVALIAÇÃO DE SOTERIOLOGIA
Nome: ___________________________________________________
Professor:__________________ Unidade:_______________
Data: ___/___/____Nota:_____ Entregar até:___/___/____
Questionário
Boa Prova!