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BENEFÍCIOS DA DANÇA NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR PARA O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

BENEFITS OF DANCE IN SCHOOL PHYSICAL EDUCATION


CLASSES FOR CHILD DEVELOPMENT

ANDRESSA MENON1
FERNANDA DE MOURA2
PAULA CRISTINA TREVISAN3
ELLEN DOS SANTOS SOARES 4

Resumo

No âmbito escolar, a dança está inserida nos conteúdos curriculares propostos para a área
da Educação Física, entretanto, o que se observa na realidade de muitas aulas ainda é a
ausência, desvalorização e, até mesmo, preconceito com esse conteúdo. Em vista disso,
este estudo teve como objetivo investigar e avaliar as práticas de dança na disciplina de
Educação Física escolar e seus benefícios para o desenvolvimento infantil. Fizeram parte da
pesquisa 5 professores que trabalham com a Educação Física na Educação Infantil e Anos
Iniciais das seguintes Escolas Municipais: Plínio Tourinho, Ulysses Guimarães, Jayme
Canet e Escola Municipal do Campo São Luiz, da cidade de Medianeira - PR. Para a
obtenção dos dados foi utilizado um questionário com os professores, abordando a prática
da dança nas aulas de educação física escolar. Constatou-se que os profissionais
demonstram ter consciência da importância, dos benefícios e da contribuição da dança no
desenvolvimento infantil, porém, a maioria não a vivencia em suas aulas durante o ano
letivo. As explicações para este fato podem estar relacionadas à falta de interesse, espaço
ou materiais para a prática da dança, à falta de conhecimento e experiência dos professores
com o conteúdo, ou ainda ao preconceito demonstrado por parte de muitos alunos, o que
pode fazer com que os professores sintam uma grande dificuldade para pô-la em prática nas
aulas.

Palavras – chave: Desenvolvimento infantil. Dança. Escola.

1
Graduada em Educação Física pela FAESI
E-mail – andressa.menon@hotmail.com
2
Graduada em Educação Física pela FAESI
E-mail – nanda_moura4444@hotmail.com
3
Graduada em Educação Física pela FAESI
E-mail – paullinhact3@hotmail.com
4
Professora do Curso de Educação Física da Faculdade de Ensino Superior do Iguaçu FAESI/UNIGUAÇU
E-mail – ellensoa@gmail.com
Abstract

In the school context, dance is inserted in the curricular contents proposed for the area of
Physical Education, however, what is observed in the reality of many classes is still the
absence, devaluation and even prejudice with this content. In view of this, this study aimed to
investigate and evaluate the dance practices in the discipline of Physical School Education
and its benefits for children's development. The study included 5 teachers who work with
Physical Education in Early Childhood Education and Initial Years of the following Municipal
Schools: Plínio Tourinho, Ulysses Guimarães, Jayme Canet and Escola Municipal do Campo
São Luiz, in the city of Medianeira - PR. To obtain the data, a questionnaire was used with
the teachers, approaching the practice of dance in the school physical education classes. It
was verified that the professionals demonstrate to be aware of the importance, the benefits
and the contribution of the dance in the infantile development, however, the majority does not
experience it in its classes during the school year. The explanations for this may be related to
the lack of interest, space or materials for the practice of dance, the lack of knowledge and
experience of teachers with content, or the prejudice shown by many students, what can do
with that teachers find it very difficult to put it into practice in class.

Keywords: Child development. Dance. School.

Introdução

A Dança é definida como a arte de movimentar expressivamente o corpo


seguindo movimentos ritmados em harmonia, demonstrando assim a criatividade e
emoções de quem a pratica. Além disso, é uma forma de obter lazer, diversão, isto
é, manter uma vida social saudável e de melhor qualidade (NANNI, 2003; BELO &
GAIO, 2007; MENDES, 1987).
Os primeiros contatos com a dança, vieram com os povos primitivos a
milhões de anos atrás, pois a utilizavam para rituais sagrados, através de sacrifícios,
demostrando adoração aos deuses da natureza, em comemorações em épocas de
colheita, casamentos, momentos de alegria e tristezas, como forma de
agradecimento e pedidos, invocando a fenômenos naturais, proteção e progresso
(OSSANA, 1988).
Ao longo da sua história, a dança vem sofrendo transformações e sua
influência se torna visível e ganha espaço na sociedade, atualmente, devido seus
benefícios em relação a qualidade de vida e saúde, na prevenção de doenças do
corpo e da alma, além de ser uma prática bastante eficaz para uma velhice feliz e
cheia de disposição (MARBÁ, et. al, 2016; FARENCENA, et. al, 20016; BELO &
GAIO, 2007). E complementa dizendo que “as mudanças expressivas na dança,
seus diversos estilos, formas e possibilidades, estimulam um grande número de
pessoas a praticá-la, possibilitando que qualquer ser humano usufrua tudo que ela
pode oferecer” (BELO & GAIO 2007, p.130).
No âmbito escolar, a dança está inserida nos conteúdos curriculares
propostos para a área da Educação Física, conforme descrito nos Parâmetros
Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997, p. 24):
A Educação Física permite que se vivenciem diferentes práticas corporais
advindas das mais diversas manifestações culturais [...] As danças,
esportes, lutas, jogos e ginásticas compõem um vasto patrimônio cultural
que deve ser valorizado, conhecido e desfrutado. Além disso, esse
conhecimento contribui para a adoção de uma postura não-preconceituosa
e discriminatória diante das manifestações e expressões dos diferentes
grupos étnicos e sociais e às pessoas que dele fazem parte.

Entretanto, o que se observa na realidade de muitas aulas de educação


física é a ausência, desvalorização e, até mesmo, preconceito com a dança
enquanto conteúdo. Esse desinteresse, gerado muitas vezes pela falta de preparo
específico dos profissionais para elaborar as aulas que demandam pesquisa e
planejamento, reflete nas possibilidades de estimulação rítmicas e motoras ofertadas
às crianças na escola.
Nesse sentido, Ossana afirma que “é necessário convencer as autoridades
da educação para que se incorpore nos estabelecimentos escolares o ensino da tão
resistida dança (1988, p.169). Em complemento, Scarpato (2001, p. 61) elucida que
“a escola precisa realizar experiências com o corpo dos alunos, que não é um
esqueleto a ser treinado pela repetição de movimentos, mas por atividades
prazerosas”. Além disso, a dança na escola não se resume em belíssimos
movimentos técnicos e habilidades extraordinárias, mas sim uma forma de aprimorar
as capacidades básicas do indivíduo, seu desenvolvimento motor e cognitivo, dentre
outros benefícios.
O objetivo desse estudo foi investigar as práticas de dança na disciplina de
Educação Física escolar e seus benefícios para o desenvolvimento infantil nas
Escolas Municipais de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental I da
cidade de Medianeira - PR. Além disso, especificamente buscou-se identificar como
a dança está sendo explorada na disciplina de Educação Física, nas escolas
municipais da cidade de Medianeira – PR; apresentar os benefícios da dança para o
desenvolvimento infantil, relatados por professores, nas aulas de educação física
escolar; e avaliar e sugerir possíveis contribuições no contexto das escolas em
estudo, a partir do referencial teórico consultado.
Materiais e Métodos

O estudo caracteriza-se como descritivo de cunho quantitativo e qualitativo.


Foi realizada nas Escolas Municipais da cidade de Medianeira - PR: Plínio Tourinho,
Ulysses Guimarães, Jaime Canet, Escola Municipal do Campo São Luiz e José
Lorenzoni.
Fizeram parte do estudo 5 professores que trabalham com a Educação Física
na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental I, apresentados no
quadro abaixo:

Quadro 1 - Dados de Identificação dos participantes.

ESCOLAS PROF. SEXO IDADE TEMPO DE TEMPO FORMAÇÃO (F) E


EXPERIÊNCIA NA PÓS GRADUAÇÃO
MUNICIPAIS
(ANOS) ESCOLA (P.G)

JOSÉ F: Magistério e
LORENZONI Geografia
A M 43 23 9 Anos P.G: Gestão
Escolar; Ed. Física
Inclusiva e Ed.
Física 1º ao 5º ano

JAYME F: Educação Física


B M 41 2 9 Meses
CANET P.G: Nenhuma

PLÍNIO F: Educação Física


C F 30 8 1 Ano
TOURINHO P.G: Educação
Especial

F: Pedagogia
SÃO LUIZ D F 25 2 1 Ano
P.G: Educação
Especial

ULYSSES F: Educação Física


E F 31 4 2 Anos
GUIMARÃES P.G: Nenhuma

Fonte: Dados da pesquisa.

Para a obtenção dos dados foi utilizado um questionário, elaborado para fins
deste estudo, a respeito da prática da dança nas aulas de educação física escolar.
As questões foram criadas com o acompanhamento dos professores da Faculdade
para sua validação, e entregues aos profissionais de educação física das escolas
em estudo com o intuito de avaliar a percepção dos professores sobre a importância
da dança para o desenvolvimento da criança, bem como, o planejamento e
procedimentos adotados nas aulas.
A pesquisa foi realizada nas Escolas Municipais em estudo, na qual foram
entregues um ofício de autorização para a direção das escolas, informando sobre o
tema e qual sua a finalidade, bem como um questionário e um termo de
consentimento livre e esclarecido para os professores de educação física,
explicando os fins da pesquisa e orientando quanto a discrição dos dados coletados.
Sendo assim, todos os profissionais envolvidos assinaram demonstrando estar
cientes em relação a este estudo. Os questionários foram entregues no dia
11/10/2016 e recolhidos dia 17/10/2016 para sua análise.
Para a análise dos dados, as respostas inicialmente foram organizadas em
uma planilha do Excel 2010 e posteriormente foram gerados gráficos e quadros para
interpretação e apresentação dos resultados. Os dados foram apresentados em
frequência absoluta, que representa o número de vezes que um valor da variável foi
citado e, desse modo, representa mais fidedignamente os resultados encontrados.

Resultados e discussão

A dança como cultura corporal e conteúdo curricular obrigatório da Educação


Física escolar está comtemplada nos PCNs (BRASIL,1997), dentro do bloco de
conteúdos de atividades rítmicas e expressivas. No presente estudo, apenas um
professor respondeu que não a utiliza em suas aulas durante o período letivo
escolar, conforme apresentado na Figura 1.
Figura 1 - Utilização da dança nas aulas.

Fonte: Autoria própria. 2016

Em vista desses dados, embora o conteúdo esteja presente na maior parte


das respostas, questiona-se a sua ausência em um dos casos, uma vez que estes
alunos serão privados dos benefícios adquiridos pela dança. Nesse sentido, Kunz
(2003, p. 95) afirma que a educação física propõe atuar em dois eixos educacionais,
que são o entendimento do conteúdo como uma das instâncias do saber e fazer
humano e a busca ao respeito pela igualdade de gênero. Entretanto, muitos
professores acabam não praticando, por acreditarem não ser relevante para a
aprendizagem das crianças ou por não saberem ministrar esse conteúdo nas suas
aulas.
Em concordância, Gariba e Franzoni (2007) sugerem que a resistência dos
professores de educação física em trabalhar a dança em suas aulas ocorre devido a
não qualificação e despreparo em relação a esse conteúdo na universidade. Outras
possibilidades são a falta de afinidade com a dança, o preconceito, a falta de
material e conhecimento nessa área (SILVA, et al., 2012).
De acordo com os estudos realizados por Evangelista et al. (2010), referente
ao desinteresse de muitos professores com relação ao conteúdo dança nas aulas de
educação física em Porto Velho (RO), 50% apontam que não a realizam por falta de
vontade, 30% pela falta de materiais e espaço e 15% referem-se a não haver
cobranças da direção da escola. Em contrapartida, Lima (2015) em seus estudos
referente a presença da dança na escola em Nova Cruz (RN), observou que 60%
das alunas entrevistadas afirmaram que a dança deveria estar mais presente
durante o período letivo. Nessa perspectiva, pode-se perceber que os alunos estão
interessados e veem a dança como conteúdo fundamental a ser praticado na escola,
pois que são os mais prejudicados por não praticar essa atividade durante as aulas
de educação física.
Em relação a frequência que este conteúdo deve ser praticado durante o ano
letivo, nota-se que varia entre cada professor, pois não há descrito nos documentos
PCNs, RCNEI ou AMOP uma orientação específica sobre a frequência mínima ou
máxima das aulas. Assim, cabe ao professor, colocar-se no lugar do aluno e pensar
o que será melhor para ele.
Na Figura 2 estão expostos os dados referentes à frequência com que a
dança é utilizada nas aulas. É possível notar a disparidade da distribuição das
respostas. Nesse caso, 2 professores que optaram por outras situações,
especificaram que utilizam a dança 2 vezes por semestre e com as turmas menores
1 vez por mês, ou que a utilizam com mais frequência com as turmas de pré I e II, 1º
e 2º ano.

Figura 2 - Frequência de utilização da dança nas aulas.

Fonte: Autoria própria. 2016

Estudos realizados por Bernardino et. al. (2010), em Romaria (MG) destacam
que 80% dos professores utilizam a dança durante as aulas e 20% somente em
datas comemorativas, mostrando assim o real desinteresse e falta de compromisso
dos profissionais de educação física em relação ao aprendizado dos alunos.
Segundo Verderi (2009, p. 47), “convém esclarecer que a Educação Física é uma
área do conhecimento que analisa o movimento humano e sua capacidade de
movimentação”. Portanto preocupa-se com o movimento corporal, suas condições
funcionais e como o corpo se relaciona com o meio.
No que se refere ao material utilizado pelos professores para a elaboração
das aulas de dança em sua disciplina (Figura 3), o estudo revela que a maioria dos
profissionais entrevistados responderam que utilizam vídeos da internet (42%) e o
Currículo básico para a escola pública municipal-AMOP (33%). Outro estudo
realizado por Nogueira em 2014 com 4 professores de educação física da cidade de
Itaúba (MT), observou que 75% utilizavam DVD’s e brincadeiras com músicas e
100% durante apresentações e festas.

Figura 3 - Materiais norteadores utilizados para elaborar as aulas.

Fonte: Autoria própria. 2016.

Quando questionados sobre os temas abordados durante as aulas, conforme


descrito na Figura 4, a maior parte dos professores responderam que procuram
abordar atividades que envolvam noção de ritmo (25%), cultura nacional (19%) e
saúde (19%). Apenas 1 acrescentou as cantigas de roda na opção outros.

Figura 4 - Temas abordados durante as aulas.


Fonte: Autoria própria. 2016.
De acordo com o RCNEI (BRASIL, 1998, p. 30), “a aprendizagem da dança
pelas crianças não pode estar determinada pela marcação e definição de
coreografias pelos adultos. Nanni (2003, p.40) concorda com essa afirmação e
reforça que a melhor forma da criança aprender é através da ludicidade, pois:
Os movimentos básicos e as habilidades motoras fundamentais e
especializadas quando desenvolvidas sob o aspecto “lúdico” são mais
alegres com participação ativamente vividas onde a criança aprende a
liberar seus movimentos e expressar suas emoções pela exploração do
movimento, do espaço do tempo rítmico. Pela experiência em Dança a
criança terá possibilidades de estruturar e reformular seu autoconceito,
combinados com a criatividade estimulada.

Na Figura 5 estão descritos os resultados referentes aos estilos de dança que


os professores costumam trabalhar nas aulas. As danças infantis foram assinaladas
por 63%, seguidas por 25% danças regionais e 12% estilos contemporâneos. Uma
importante observação nesse sentido é falta de diversidade nas aulas dentre a gama
de estilos propostos pelos PCNs que poderiam ser utilizados no conteúdo de dança
para conhecimento e vivência dos alunos.
Figura 5 - Estilos de dança trabalhados nas aulas.

Fonte: Autoria própria. 2016.

Para Marques (2007), os profissionais de educação física não estão sabendo


administrar a dança em suas aulas, apenas querem que os alunos produzam o que
lhes é passado, sem se importar com o real significado da dança na construção da
autoimagem, da criatividade, e expressão dos sentimentos da criança. E
complementa dizendo que, “na realidade, continua-se esperando que o
aluno/intérprete, com o mesmo intuito de companhias profissionais de dança,
produza moldes coreográficos pré-determinados dos quais a Arte da Dança ainda
parece ser mais valorizada” (MARQUES, 2007, p. 108).
Em estudo realizado por Leite (2013) nas cidades de Anápolis e Goiás, 100%
dos professores de educação física trabalham com as crianças o jazz e a dança
criativa, 75% o balé, expressão corporal e dança escolar, 50% quadrilha e 25% as
danças folclóricas e street dance. Em comparação com os resultados do presente
estudo, o estudo de Leite mostra um fato positivo, pois a diversidade de estilos
trabalhados pelos professores e sua preocupação com o conhecimento e vivência
cultural das crianças é muito maior. Segundo Verderi (2009) as aulas de dança
devem proporcionar aos alunos variações de estímulos musical e corporal, noções
básicas de ritmos e estilos musicais (danças de roda, moderna, clássica, de salão,
folclóricas etc.) que explorem o corpo e suas capacidades, que façam com que o
aluno amplie o seu processo de ensino-aprendizagem. E nos coloca que a dança
deve ser: “descoberta, vivenciada, pensada e sentida” (VERDERI 2009, p. 58).
De acordo com os PCNs (BRASIL,1997), é dever do professor de educação
Física escolar oportunizar a todos os alunos, de forma igualitária e democrática, sem
qualquer tipo de discriminação ou seleção, uma variedade de atividades de
diferentes competências a serem exercidas, para que possam desenvolver suas
habilidades motoras e intelectuais, valorizando suas particularidades e respeitando
suas diferenças, dando ênfase ao seu aprimoramento e formação como seres
humanos.
Diante desse pressuposto, constatou-se que 80% dos professores acreditam
que há preconceito por parte dos alunos durante as aulas de dança (Figura 6).
Nesse sentido, questiona-se as razões do preconceito entre os próprios alunos com
relação a dança e as possíveis soluções para esse problema. Para Kunz (2003, p.
95 e 100), a busca ao respeito pela igualdade de gênero deve ser objetivo das aulas
de educação física, acabando com a discriminação entre brincadeiras de meninas e
de meninos, de modo que todos possam participar das mesmas atividades. O autor
entende que:
Trata da coeducação como uma prática conjunta de meninos e meninas,
que propicia as mesmas vivências de movimento para ambos na Educação
Física[...]. Para que a dança possa ser um caminho coeducativo, deve-se
desatrelar dos estereótipos tradicionais do movimento em relação ao
masculino e feminino e buscar conteúdos e metodologias diferenciadas das
convencionais nos programas escolares (KUNZ, 2003, p. 95 e 100).

Figura 6 - Preconceito dos alunos em relação a dança nas aulas.

Fonte: Autoria própria. 2016.


Quando questionados sobre a existência de dificuldades em trabalhar o
conteúdo dança nas aulas, pode-se observar na Figura 7 que 80% dos professores
responderam que possuem dificuldade e complementam dizendo que isso ocorre
devido à falta de conhecimento e experiência na área, além da falta de espaços
apropriados e a não aceitação dos alunos e desinteresse ao conteúdo.

Figura 7- Percepção sobre a dificuldade em trabalhar o conteúdo dança na escola.

Fonte: Autoria própria. 2016.

Essas afirmações são embasadas por Alves (2016), quando afirma que:
O aluno precisa sentir na pele as relações que atrelam o esporte com o
ritmo, a criatividade, a expressão e a dança, do contrário ele se acomoda a
uma condição de receptor passivo de informações sobre ritmo, criatividade,
dança e expressão que, justamente por não terem a ver com sua história de
vida, nada significam para ele naquele momento da formação (p. 84).

A Figura 8 representa as respostas referentes aos benefícios que a dança


produz na saúde da criança. Constatou-se que a maior parte dos profissionais
acreditam que a dança ativa a memória (25%), previne doenças cardiovasculares e
ósseas (20%), evita o sedentarismo (20%) e acelera o metabolismo. Apenas 1
professor descreveu, na opção outros, que no período escolar é difícil atingir os
outros benefícios”.

Figura 8 - Benefícios da dança na escola para a saúde.


Fonte: Autoria própria. 2016.

De acordo com estudos realizados por Camargo e Finck (2009) referente aos
benefícios que a dança promove a criança, percebe-se que a grande maioria dos
profissionais têm consciência da contribuição que esta produz no desenvolvimento
infantil, porém esse conhecimento é apenas teórico, pois na prática muitas escolas
não utilizam esse conteúdo de fundamental importância para a evolução da criança.
A opinião dos professores sobre a importância da dança no desenvolvimento
infantil é descrita no Quadro 2.

Quadro 2- Opinião dos professores sobre a importância da dança no desenvolvimento da criança.

PROFESSOR NA SUA OPINIÃO, QUAL A IMPORTÂNCIA DA DANÇA NO


DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA?

A Torna as crianças mais sociáveis, participativas.

B Ajuda na socialização entre as crianças, como também no


desenvolvimento motor.

Grande, pois desenvolve o ritmo, noção espacial, esquema


C corporal entre outras habilidades. Além de promover a
socialização.

D É importante pois, favorece o desenvolvimento corporal da


criança, aprendendo as noções de espaço e sequência.

E Auxilia na percepção corporal, na forma de se expressar,


memória, criatividade e a noção de ritmo.

Fonte: Dados da pesquisa.

Nanni (2002) afirma que é durante as atividades de dança que a criança


aprende a se tornar independente, autônomo, criativo e emancipada, pois é nesse
processo que ocorre sua evolução intelectual, social e afetiva. Em pesquisa
realizada por Vieira, et al (2014), 100% dos professores de educação física, mostram
ter consciência da importância da dança para o desenvolvimento das crianças, pois
trabalha cultura do movimento, ritmo, coordenação motora, expressão, o cognitivo, a
autonomia, a afetividade e a socialização. Além disso, aborda-se como um conteúdo
técnico e lúdico, que as crianças sentem prazer em praticar. No presente estudo, 3
professores responderam que a dança auxilia na socialização e está relacionada ao
desenvolvimento motor, ao ritmo, a criatividade e a expressão corporal.
Em suma, a dança permite que a criança expresse suas emoções e
sentimentos, através de gestos e movimentos próprios, que a fazem explorar um
mundo desconhecido, a fantasia, o imaginário. Além disso, “a criança é um ser
dinâmico, com múltiplas habilidades físicas e indagações naturais, que utiliza as
habilidades motoras para expandir seu ser. Assim, o movimento é de vital
importância para o seu desenvolvimento” (NANNI, 2003, p. 21). Ao refletir sobre
essa afirmação, pode-se perceber o quão relevante e fundamental é o ensino de
dança nas aulas de educação física escolar para o desenvolvimento infantil, bem
como para todas as idades, pois desde sua infância até sua velhice o homem utiliza
o movimento para explorar seu próprio ser e o meio que vive, isto é, tudo envolve
movimento.

Conclusão

Em vista dos resultados apresentados, pode-se inferir que para ocorrer um


ensino de qualidade em dança é preciso que os profissionais em educação física
escolar estejam mais comprometidos com o ensino-aprendizagem dos alunos,
busquem uma melhor especialização e qualificação nos conteúdos exigidos pelos
documentos que regem a educação infantil e ensino fundamental I (Anos Iniciais).
Além disso, é fundamental que a escola se responsabilize em dispor aos professores
materiais e espaços para que estes possam realizar uma aula motivadora,
estimulante e prazerosa para os alunos.
De acordo com o estudo realizado, avalia-se que os professores demonstram
ter consciência da importância, dos benefícios e da contribuição da dança no
desenvolvimento infantil, porém, a maioria não a vivencia em suas aulas durante o
ano letivo. As explicações para este fato podem estar relacionadas à falta de
interesse, espaço ou materiais para a prática da dança, à falta de conhecimento e
experiência dos professores com o conteúdo, ou ainda ao preconceito demonstrado
por parte de muitos alunos, o que pode fazer com que os professores sintam uma
grande dificuldade para pô-la em prática nas aulas.
Entretanto, é importante ressaltar que, o professor por ser o mediador do
conhecimento, deve se propor a apresentar às crianças as mais variadas atividades
rítmicas e estilos, por meio de aulas adaptadas e improvisadas muitas vezes, para
que as mesmas possam conhecer distintas culturas, explorar seus movimentos
corporais individualmente e com o meio que as rodeia, de forma que possam
expressar seus sentimentos e emoções, se tornem autênticas e autoconfiantes
diante dos desafios.
Em relação ao desenvolvimento motor infantil, ressalta-se os benefícios que a
dança pode proporcionar à criança por meio de uma ampla gama de movimentos
corporais, que trabalham a sua coordenação motora, o equilíbrio estático e dinâmico,
a lateralidade, a força, noção de tempo, espaço, ritmo, a memória, além de ser uma
ótima aliada na melhora da condição respiratória e metabólica, fortalecimento
muscular e na prevenção de doenças cardiovasculares e ósseas e do sedentarismo.
Portanto, conclui-se que a dança, quando bem utilizada, é fundamental para que a
criança cresça e se desenvolva de forma integral.

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