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LICENCIATURA EM TEATRO
SÃO PAULO – SP
2020
TRAGÉDIA GREGA: O SENTIMENTO DA MÁSCARA
SÃO PAULO – SP
2020 2
TRAGÉDIA GREGA: O SENTIMENTO DA MÁSCARA
RESUMO
ABSTRACT
Ferreira, D. A. Greek Tragedy: The feeling of the mask. Thesis presented at Faculdade
Paulista de Artes to obtain the title of Graduate in Theater Degree, 2020.
Having as main objective the feeling of the mask in the Greek tragedy this research
seeks to investigate the senses communicated through the mask that lead to the creation,
adaptation and communication of the feeling with a view to the final card.
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This bibliographic study is based on books and articles seeking to better understand
the meanings of the mask in Greek tragedy, investigating the different meanings from the
point of view of the feelings of the human body, of the creation, interiorization, exteriorization
and communication of these to the mask having as the cartase itself.
INTRODUÇÃO
O teatro Grego antigo tinha em suas representações o cunho ritualístico como, por
exemplo, para celebrar a colheita, fatura, paz e assim por diante. “Diz-se que, por volta dos anos
600 a.C, Pisístrato, um tirano grego, oficializou estes ritos tradicionais instruindo neles concursos competitivos
para apresentações dos temas, assim originando um novo gênero, o drama. Da narração poética, do coro, foi
surgindo o diálogo e logo a ação2.”
“As complexas e fortes histórias da mitologia grega originaram as grandes tragédias. E
a tragédia tratando como trata de deuses e de heróis assimilou o uso da máscara para
representá-los em nível de símbolos3.”
1 Faculdade Paulista de Artes, São Paulo, SP; Brasil. E-mail de contato: diegomang@hotmail.com 3
“A máscara na Grécia está ligada a origem do teatro pois para muitos historiadores o
teatro grego teria começado nos rituais celebrados em homenagem ao Deus Dionísio
conhecido também como Deus-Máscara7.” A máscara era uma ferramenta de suma
importância na composição do figurino do ator onde que desta derivação havia uma maior
extensividade da sua expressão atuante sendo um destes o motivo da sua empregabilidade.
CRIAÇÃO
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“A falta de expressividade17 que as feições das máscaras assumiam potenciava, no entanto, significados múltiplos
quando seu uso era conjugado com os elementos que constituem o schema – a postura e os movimentos com a
voz humana aos quais contribuíam de forma contundente para transmitir a audiência, sobretudo emoções e
estados de espíritos vividos pelos personagens que o uso da máscara não permitir que transparecessem.”
ADAPTAÇÃO
Quase sempre era possível identificar ao menos duas características “nos atores
mascarados o sexo e a idade18.” “Assim para representar um personagem feminina era usada
uma máscara branca e para o personagem masculino uma escura19.” “Relativamente a idade
era possível distinguir três gerações diferentes: jovens, adultos e velhos20.”
Diante dessas citações vemos que na Grécia antiga as máscaras que por mais que
sejam inexpressivamente expressivas eram usadas e iam além, detinham diferenciações
materiais entre uma e outra (homem, criança, mulher) além da idade (jovem, adulto, idoso).
Destas duas variáveis juntas apareciam outras seis21: homem velho, homem maduro, homem
jovem, mulher velha, mulher madura e mulher jovem.
“Máscaras diferentes usadas tanto na tragédia como na comédia: a de homem velho (geron) cuja face
era escura, a barba e os cabelos brancos e com a particularidade de possivelmente ser calvo; a de homem maduro
(aner) que se distinguia pelo fato de para além da face escura possuir barba e cabelos pretos; a de homem jovem
(ephebos) semelhante à de (aner) mas neste caso sem barba; a de mulher madura (gyne) cujas características era
ter a face pálida e o cabelo preto mas agora com um penteado infantil22.”
A lista de Pólux23 leva em consideração que as características vão além do sexo e idade
sendo assim mais amplas mas Marshall considera que não tem diferença teatralmente
servindo apenas para diferenciar dois personagens que apareciam na peça com a mesma
máscara: “um determinado tipo de máscara não constituía diferença significativa teatralmente e eram usadas
apenas para distinguir duas personagens que na mesma peça surgiam com o mesmo tipo de máscara, embora
esse efeito fosse mais notório através do vestuário e da linguagem corporal 24”. Castiajo cita o vaso Phlyax
cerca de 375-350 a.C.(no Louvre)25 “onde é possível vislumbrar dois atores em interação o da esquerda
segura um cesto o outro assume um gesto de argumentação. O tipo de máscara usada pelos dois atores é idêntico
exceto por um detalhe – o da esquerda tem uma fita”.
Por outro lado existiam estudiosos que não defendiam o uso de diferentes tipos de
máscaras para dar variações aos personagens interpretados, um deles era Dearden 26 tragédias
como Édipo Rei e Antígona ou Electra de Sófocles são alguns exemplos: “Assim é esta a situação
que parece ocorrer no Édipo Rei, no que concerne nos personagens de mensageiro e do pastor já que como
ambos eram velhos teriam que forçadamente usar a máscara de geron. Também na Antígona ou Electra de
Sófocles o fato de existir um par de irmãs em cena nos leva a crer que ambas deveriam ser representadas por
uma máscara do tipo kore27”.
Castiajo também explicita que seria muito difícil dois atores usarem a mesma máscara
onde citando Marshall diz: “se o mesmo ator representasse nas Bacamtes de Eurípides,
Cadmo e os dois mensageiros, então como Cadmo é um velho, um dos mensageiros seria
jovem e outro um homem maduro28”.
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Castiajo fala que alguns efeitos especiais poderiam ser utilizados para haver uma
maior diferenciação entre um personagem e outro: “introduzindo-se pequenas variações no
estabelecido como sendo a alteração na cor da face o que proporcionava outras simbologias. Assim pelo simples
fato de um personagem masculino ser representado com uma máscara pálida criava-se o efeito desejado para se
apresentar uma figura fantasmagórica por exemplo; Dario nos Persas de Ésquilo, – ou para se transmitir à
audiência a sugestão de que determinado personagem tinha traços afeminados 29 – Ágaton em: As mulheres que
celebram as Tesmofórias de Aristófanes e também os estudantes nas Nuvens do mesmo dramaturgo ou ainda para
demonstrar o estado moribundo de um dado personagem: Orestes no início das Euménides de Ésquilo.”
A cegueira também era representada pelas máscaras no que diz Castiajo citando
Marshall: “Marshall acredita que nas tragédias mais tardias, nomeadamente no caso concreto da tragédia
perdida Tâmiras de Sófocles a máscara usada para traduzir a cegueira apresentava características peculiares que
mais tarde se revelariam impraticáveis, por enquanto o mesmo autor defende que a máscara estaria dividida no
meio representando uma das partes o personagem enquanto dotado da visão e a outra quando já cego; e isto
obviamente limitaria os movimentos do ator uma vez que a audiência estava disposta em três locais diferentes da
área de performance30”.
Há outras pessoas que duvidam que se usasse máscaras de cegos como o estudioso
Walton31.
Castiajo se apoiando em Seale nos diz que em algumas situações parecia provável se
utilizar duas máscaras como em Édipo Rei de Sófocles ou Hécuba de Eurípides: “presume-se
que na Hécuba de Eurípides o Tragediógrafo tenha recorrido a uma segunda máscara para
demonstrar as faces arranhadas da heroína de manhã32”.
Para representar uma cena de morte quase nunca se recorria a uma segunda máscara
pois de forma geral ocorria longe dos olhos do público: “ainda que se pretendesse exibir a
personagem morta através do recurso do enkyklema, o ator poderia surgir sob a forma de um cadáver, valendo-se
do seu próprio corpo ou servindo-se de um boneco que apareceria munido com a mesma máscara usada pelo ator
quando a personagem por si desempenhada estava ainda viva 33.”. Uma segunda máscara para a cena de
morte só viria a trazer confusão para a plateia34.
Em um outro método de representar a morte Castiajo nos diz o seguinte: “se
concretizasse através da decapitação como acontece com Penteu nas Bacantes de Eurípides poderia resultar do
simples fato de se exibir a máscara usada pela personagem que funcionaria assim, como se fosse a sua própria
cabeça cortada35”.
As máscaras representando divindades não se diferenciavam muito com as dos mortais
segundo Dearden36 Por que segundo Castiajo: “a aparição do deus fazia-se ex machina e o
mesmo assumia a sua aparência antropomórfica37”.
Entretanto algumas destas máscaras que representavam divindades tinham
características distintas:
“De qualquer forma outras máscaras especiais – ekskeua prosopa – usadas na tragédia são descritas por
Pólux, tais como a de Actéon a usar cornos, a do cego Fineu, a de Tâmiras, com um olho azul e outro preto, a de
Argos, com muitos olhos, a de Evipe quando se transforma em cavalo, a de Tiro ferida pela mãe, Sidero, a de
Aquiles com o cabelo raspado em sinal de luto por Pátroclo, a de Amimone, a de Príamo, as máscaras de Titã,
Rio, Tritão, Fúria, Morte e ainda as de personificações como Raiva (Lyssa), Paixão (Oistros), Insolência
(Hybris), Engano (Apate), Embriaguez (Methe), Preguiça (Oknos), Inveja (Phthonos), Musas, Ninfas, Horas,
Plêiades, etc38.”
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Para representar o coro na tragédia é quase certo que todos usavam a mesma máscara
“exemplo disso é o vaso Baseleia 39 cerca de 500-490 a.C. Onde figuram três pares de jovens
que se movem com gestos idênticos até um altar decorado com ramos e faixas enquanto
cantam”
COMUNICAÇÃO
EVOLUÇÃO
Sobre essa troca do contido para o exagerado Castiajo nos fala que se deu por vários
motivos como o gosto do público (que queria cada vez mais atuações grandiosas), a
importância cada vez maior dada para os atores e o próprio edifício teatral que se dava com a
criação do proscênio: “no que diz respeito ao edifício teatral e também ao uso da máscara é possível
constatar a existência de um processo evolutivo e assim, ainda que possa haver alguma disparidade de opiniões
em termos cronológicos e no que concerne ao maior ou menor grau de individualização das primeiras máscaras,
certo é que com o passar dos séculos e à medida que se foi entrando na Época Helenística e se foram detectando
também alterações nas expectativas e no gosto dos espectadores agora mais vocacionados para performances
vincadamente mais espetaculares, houve uma tendência para a excessividade tendo-se nitidamente acentuado o
grau de exagero com que as máscaras passaram a ser exibidas.
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Para isso teria contribuído também a importância crescente que passou a ser atribuída aos atores e
consequentemente a própria evolução do edifício teatral, que ao conferir um local de destaque a estes últimos
elementos através da criação do proscênio de uma forma mais ou menos evidente terá também provocado
alterações na própria confecção das máscaras46”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em relação a base desta pesquisa ela deriva das estudiosas Ana Maria Amaral e Isabel
Castiajo, tendo como norte para este artigo a tragédia grega e o sentimento da máscara.
AGRADECIMENTOS
NOTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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