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Crônica
3 Textos Para Entender o Gênero Textual Crônica de Uma Vez Por Todas!

3 Textos Para Entender o Gênero Textual


Crônica de Uma Vez Por Todas!
Crônica é um gênero textual que sempre cai no ENEM. Se você está na turma
dos que acham que nunca leram uma crônica e que não saberão criar uma,
chegamos para te ajudar! Antes de tudo, é difícil que realmente nunca tenha
lido, isso porque elas são escritas há anos e são muito versáteis. É bem
possível que você já tenha cruzado com uma em seu feed do Facebook, por
exemplo, e nem sabe!

25 TEMAS QUE PODEM CAIR NA SUA REDAÇÃO NO ENEM 2018

Curiosidades sobre a crônica


Grandes nomes da literatura brasileira escreveram crônicas: Machado de
Assis, Raquel de Queiroz, João do Rio, Clarice Lispector e Carlos Drummond
de Andrade são apenas alguns dos representantes da crônica brasileira. Estes
autores tiveram espaço nos jornais para inserirem as suas experiências sobre o
cotidiano em que viviam.

Beleza, digamos que você realmente não tenha tido nenhum contato com esse
gênero textual. O Descomplica te garante: a crônica é um dos mais dinâmicos
que existem. Tanto o jornalismo quanto a literatura trabalham com esse tipo
de escrita.

Gênero textual é uma das matérias queridinhas dos vestibulares, viu?


Queremos que você fique esperto para as provas de português. Por isso,
preparamos este artigo para apresentar alguns exemplos de crônicas! Vamos
nessa?
Como é a crônica literária?

A crônica literária trabalha com a exploração da mensagem que se deseja


passar. Ou seja, uma linguagem próxima do texto artístico. Veja o exemplo
abaixo, da escritora Clarice Lispector:

O primeiro beijo

“Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o


namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto:
ciúme.

– Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso.
Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de
me beijar? Ele foi simples:
– Sim, já beijei antes uma mulher.
– Quem era ela? perguntou com dor.
Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio


da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe
pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar
às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir – era tão bom. A
concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.
E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que
o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a
garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de
reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era
morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que
ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida
e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente
juntava.
E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de
deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar,
esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a
mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada,
penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.
O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre
arbustos estava… o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O
ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a
chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de


onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até
a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior
arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos. Abriu-os e viu bem junto de
sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher
e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao
primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de
pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma
mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida… Olhou a
estátua nua.
Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e
tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo
para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito,
percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora
com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.
Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração
batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era
inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num
equilíbrio frágil.
Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a
verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes
jamais sentido: ele…
Ele se tornara homem.”

(Clarice Lispector)

50 CITAÇÕES PARA USAR E CAUSAR NA REDAÇÃO DO ENEM

Como é a crônica jornalística?

A crônica jornalística não tem o recurso da arte em si, pois trabalha com o
cotidiano. Esta crônica tem as seguintes subclassificações: pode ser política,
esportiva e econômica. A principal característica delas é o aspecto
cronológico. Se liga no exemplo abaixo sobre futebol:

O escrete de loucos
“Amigos, a bola foi atirada no fogo como uma Joana d’Arc. Garrincha apanha
e dispara. Já em plena corrida, vai driblando o inimigo. São cortes límpidos,
exatos, fatais. E, de repente, estaca. Soa o riso da multidão — riso aberto,
escancarado, quase ginecológico. Há, em torno do Mané, um marulho de
tchecos. Novamente, ele começa a cortar um, outro, mais outro. Iluminado de
molecagem, Garrincha tem nos pés uma bola encantada, ou melhor, uma bola
amestrada. O adversário para também. O Mané, com quarenta graus de febre,
prende ainda o couro.

A partida está no fim. O juiz russo espia o relógio. E o Brasil não precisa
vencer um vencido. A Tchecoslováquia está derrotada, de alto a baixo, da
cabeça aos sapatos. Mas Garrincha levou até a última gota o seu “olé”
solitário e formidável. Para o adversário, pior e mais humilhante do que a
derrota, é a batalha desigual de um só contra onze. A derrota deixa de ser
sóbria, severa, dura como um claustro. Garrincha ateava gargalhadas por todo
o estádio. E, então, os tchecos não perseguiram mais a bola. Na sua
desesperadora impotência, estão quietos. Tão imóveis que pareceram
empalhados.

Garrincha também não se mexe. É de arrepiar a cena. De um lado, uns quatro


ou cinco europeus, de pele rósea como nádega de anjo; de outro lado, feio e
torto, o Mané. Por fim, o marcador do brasileiro, como única reação, põe as
mãos nos quadris como uma briosa lavadeira. O juiz não precisava apitar. O
jogo acabava ali. Garrincha arrasara a Tchecoslováquia, não deixando pedra
sobre pedra. Se aparecesse, na hora, um grande poeta, havia de se arremessar,
gritando: — “O homem só é verdadeiramente homem quando brinca!”.

Num simples lance isolado, está todo o Garrincha, está todo o brasileiro, está
todo o Brasil. E jamais Garrincha foi tão Garrincha, ou tão homem, como ao
imobilizar, pela magia pessoal, os onze latagões tchecos, tão mais sólidos, tão
mais belos, tão mais louros do que os nossos. Mas vejam vocês: de repente, o
Mané põe, num jogo de alto patético, um traço decisivo do caráter brasileiro:
— a molecagem.

O Hélio Pellegrino, que é poeta e psicanalista, dizia-me, outro dia: — “O


brinquedo é a liberdade!” E para Garrincha, o brinquedo, no fim da batalha,
foi a molecagem livre, inesperada, ágil e criadora. Varou os pés adversários,
as canelas, os peitos. Não tinha nenhum efeito prático a sua jogada
arrebatadora e inútil. Mas o doce na molecagem é a alegria insopitável e
gratuita. E não houve, em toda a Copa, um momento tão lírico e tão doce.

Amigos, ninguém pode imaginar a frustração dos times europeus. Eles


trouxeram, para 62, a enorme experiência de 58. Jogaram contra o Brasil na
Suécia, trataram de desmontar o nosso futebol, peça por peça. Toda a nossa
técnica e toda a nossa tática foram estudadas com sombrio élan. Sobre
Garrincha, eis o que diziam os técnicos do Velho Mundo: — “Só dribla para a
direita!” Era a falsa verdade que se tornaria universal. O próprio Pelé parecia
um mistério dominado.

Após quatro anos de meditação sobre o nosso futebol, o europeu desembarca


no Chile. Vinha certo, certo, da vitória. Havia, porém, em todos os seus
cálculos, um equívoco pequenino e fatal. De fato, ele viria a apurar que o forte
do Brasil não é tanto o futebol, mas o homem. Jogado por outro homem o
mesmíssimo futebol, seria o desastre. Eis o patético da questão: — a Europa
podia imitar o nosso jogo e nunca a nossa qualidade humana. Jamais, em toda
a experiência do Chile, o tcheco ou o inglês entendeu os nossos patrícios. Para
nos vencer, o alemão ou o suíço teria de passar várias encarnações aqui. Teria
que nascer em Vila Isabel, ou Vaz Lobo. Precisaria ser camelô no largo da
Carioca. Precisaria de toda uma vivência de botecos, de gafieira, de cachaça,
de malandragem geral.

Aí está: — no Velho Mundo os sujeitos se parecem, como soldadinhos de


chumbo. A dessemelhança que possa existir de um tcheco para um belga, ou
um suíço, é de feitio do terno ou do nariz. Mas o brasileiro não se parece com
ninguém, nem com os sul-americanos. Repito: o brasileiro é uma nova
experiência humana.

O homem do Brasil entra na história com um elemento inédito, revolucionário


e criador: a molecagem. Citei a brincadeira de Garrincha num final dramático
de jogo. Era a molecagem. Aqueles quatro ou cinco tchecos, parados diante de
Mané, magnetizados, representavam a Europa. Diante de um valor humano
insuspeitado e deslumbrante, a Europa emudecia, com os seus túmulos, as
suas torres, os seus claustros, os seus rios.

Vocês assistiam, pelo videoteipe, todos os jogos. O europeu aparecia com uma
seca, exata objetividade, sem uma concessão ao delírio. Ele próprio se
engradava dentro de um esquema irredutível. Ao passo que o Brasil faz um
futebol delirante. Numa simples ginga de Didi, há toda uma nostalgia de
gafieiras eternas. O nosso escrete era vidência, iluminação, irresponsabilidade
criadora. Só a Espanha é que chegou a lembrar o Brasil. Seu escrete parecia
passional também. Mas logo se percebeu a falsa semelhança. Os espanhóis
têm uma paixão sem gênio, uma paixão burra. Chegaram a nos ameaçar, por
vezes. Veio, porém, um sopro da praça Sete, do Ponto de 100 Réis (1), e
Amarildo, o Possesso, encampou dois.

Contra a Inglaterra foi uma vitória linda. Não tínhamos rainhas, nem Câmara
de Comuns, nem lordes Nelsons. Mas tínhamos Garrincha. E tínhamos
Zagalo, o de canelas finíssimas e espectrais. E Nilton Santos, com a sua
salubérrima eternidade. E negros ornamentais, folclóricos, como Didi, Zózimo
e Djalma Santos. Logo se viu, entre o nosso craque e o inglês, todo um abismo
voraz. O inglês apenas joga futebol, ao passo que o brasileiro “vive” cada
lance e sofre cada bola na carne e na alma. Djalma Santos põe, no seu
arremesso lateral, toda a paixão de um Cristo negro.

E mesmo fora do futebol, o europeu faz uma imitação da vida, enquanto que o
brasileiro vive de verdade e ferozmente. Ninguém compreenderá que foi a
nossa qualidade humana que nos deu esta Copa tão alta, tão erguida, de fronte
de ouro. E mais: — foi o mistério de nossos botecos, e a graça das nossas
esquinas, e o soluço dos nossos cachaças, e a euforia dos nossos cafajestes.
Jogamos no Chile com ardente seriedade. Mas a última jogada de Mané, no
adeus aos Andes, foi uma piada, tão linda e tão plástica. No mais patético das
batalhas, o escrete soube brincar. Esse toque de molecagem brasileira é que
deu à vitória uma inconcebível luz.”

(Nelson Rodrigues)

Como é a crônica lírica?

A crônica lírica é mais ligada à emoção! Assim, o texto ganha expressividade.


Veja a carga emocional presente neste exemplo curtinho:

Apelo

“Amanhã faz um mês que a Senhora está longe de casa. Primeiros dias, para
dizer a verdade, não senti falta, bom chegar tarde, esquecido na conversa de
esquina. Não foi ausência por uma semana: o batom ainda no lenço, o prato na
mesa por engano, a imagem de relance no espelho.

Com os dias, Senhora, o leite pela primeira vez coalhou. A notícia de sua
perda veio aos poucos: a pilha de jornais ali no chão, ninguém os guardou
debaixo da escada.
Toda a casa era um corredor deserto, e até o canário ficou mudo. Para não dar
parte de fraco, ah, Senhora, fui beber com os amigos. Uma hora da noite eles
se iam e eu ficava só, sem o perdão de sua presença a todas as aflições do dia,
como a última luz na varanda.

E comecei a sentir falta das pequenas brigas por causa do tempero na salada o
meu jeito de querer bem. Acaso é saudade, Senhora? As suas violetas, na
janela, não lhes poupei água e elas murcham. Não tenho botão na camisa,
calço a meia furada. Que fim levou o saca-rolhas? Nenhum de nós sabe, sem a
Senhora, conversar com os outros: bocas raivosas mastigando. Venha para
casa, Senhora, por favor!”

(Dalton Trevisan)

COMO COMEÇAR A ESTUDAR DEPOIS DE TODO MUNDO


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08 out, 2017 • Camila Paula


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