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VANGUARDAS EUROPEIAS

ATIVIDADES
1. (Enem 2015)
O Surrealismo configurou-se como uma das
vanguardas artísticas europeias do início do século
XX. René Magritte, pintor belga, apresenta
elementos dessa vanguarda em suas produções. Um
traço do Surrealismo presente nessa pintura é o(a)

a) justaposição de elementos díspares, observada na


imagem do homem no espelho.

b) crítica ao passadismo, exposta na dupla imagem


do homem olhando sempre para frente.

c) construção de perspectiva, apresentada na


sobreposição de planos visuais.

d) processo de automatismo, indicado na repetição


da imagem do homem.

e) procedimento de colagem, identificado no reflexo


do livro no espelho.
2. (Enem 2015) As formas plásticas nas produções
africanas conduziram artistas modernos
do início do século XX, como Pablo
Picasso, a algumas proposições artísticas
denominadas vanguardas. A máscara
remete à

a) preservação da proporção.

b) idealização do movimento.

c) estruturação assimétrica.

d) sintetização das formas.

e) valorização estética.
3. (Enem 2012) O quadro Les Demoiselles d’Avignon
(1907), de Pablo Picasso, representa o
rompimento com a estética clássica e a
revolução da arte no início do século XX.
Essa nova tendência se caracteriza pela

a) pintura de modelos em planos


irregulares.
b) mulher como temática central da obra.
c) cena representada por vários modelos.
d) oposição entre tons claros e escuros.
e) nudez explorada como objeto de arte.
4. (Enem 2007) Sobre a exposição de Anita Malfatti,
em 1917, que muito influenciaria a Semana de Arte
Moderna, Monteiro Lobato escreveu, em artigo
intitulado Paranoia ou Mistificação:

Há duas espécies de artistas. Uma composta


dos que veem as coisas e em consequência fazem arte
pura, guardados os eternos ritmos da vida, e adotados,
para a concretização das emoções estéticas, os
processos clássicos dos grandes mestres. (...) A outra
espécie é formada dos que veem anormalmente a
natureza e a interpretam à luz das teorias efêmeras,
sob a sugestão estrábica das escolas rebeldes, surgidas
cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. (...). Estas
considerações são provocadas pela exposição da sra.
Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências
para uma atitude estética forçada no sentido das
extravagâncias de Picasso & cia.

O Diário de São Paulo, dez./1917.

Em qual das obras a seguir identifica-se o estilo de


Anita Malfatti criticado por Monteiro Lobato no
artigo?
Texto II
A existência dos homens criadores modernos é muito mais
condensada e mais complicada do que a das pessoas dos
5. (Enem 2ª aplicação séculos precedentes. A coisa representada, por imagem, fica
2016) menos fixa, o objeto em si mesmo se expõe menos do que
Texto I antes. Uma paisagem rasgada por um automóvel, ou por um
trem, perde em valor descritivo, mas ganha em valor
sintético. O homem moderno registra cem vezes mais
impressões do que o artista do século XVIII.
LEGÉR, F. Funções da pintura. São Paulo: Nobel, 1989.

A vanguarda europeia, evidenciada pela obra e pelo texto,


expressa os ideais e a estética do

a) Cubismo, que questionava o uso da perspectiva por meio


da fragmentação geométrica.
b) Expressionismo alemão, que criticava a arte acadêmica,
usando a deformação das figuras.
c) Dadaísmo, que rejeitava a instituição artística, propondo a
antiarte.
d) Futurismo, que propunha uma nova estética, baseada nos
valores da vida moderna.
e) Neoplasticismo, que buscava o equilíbrio plástico, com
utilização da direção horizontal e vertical
TEXTO II
Ao ser questionado sobre seu processo de criação de ready-mades,
Marcel Duchamp afirmou:
6. (Enem PPL – Isto dependia do objeto; em geral, era preciso tomar cuidado
2017) com o seu look. É muito difícil escolher um objeto porque depois de
TEXTO I quinze dias você começa a gostar dele ou a detestá-lo. É preciso
chegar a qualquer coisa com uma indiferença tal que você não
tenha nenhuma emoção estética. A escolha do ready-made é
sempre baseada na indiferença visual e, ao mesmo tempo, numa
ausência total de bom ou mau gosto.
CABANNE, P. Marcel Duchamp: engenheiro do tempo perdido. São Paulo: Perspectiva, 1987 (adaptado).

Relacionando o texto e a imagem da obra, entende-se que o artista


Marcel Duchamp, ao criar os ready-mades, inaugurou um modo de
fazer arte que consiste em

a) designar ao artista de vanguarda a tarefa de ser o artífice da arte


do século XX.
b) considerar a forma dos objetos como elemento essencial da obra
de arte.
c) revitalizar de maneira radical o conceito clássico do belo na arte.
d) criticar os princípios que determinam o que é uma obra de arte.
e) atribuir aos objetos industriais o status de obra de arte.
Inovando os padrões estéticos de sua época,
a obra de Pablo Picasso foi produzida
7. (Enem PPL 2017)
utilizando características de um movimento
artístico que

a) dispensa a representação da realidade.

b) agrega elementos da publicidade em suas


composições.

c) valoriza a composição dinâmica para


representar movimento.

d) busca uma composição reduzida e seus


elementos primários de forma.

e) explora a sobreposição de planos


geométricos e fragmentos de objetos.
Modernismo – 1ª Fase (1922-1930)

“LEITOR:
ESTÁ FUNDADO O DESVAIRISMO.”
(Mário de Andrade)
A Semana ocorreu entre 13 e 18 de
fevereiro de 1922, no Teatro Municipal
de São Paulo, com participação de
artistas de São Paulo e do Rio de
Janeiro. O evento contou com
apresentação de conferências, leitura
de poemas, dança e música. O Grupo
dos Cinco, integrado pelas pintoras
Tarsila do Amaral e Anita Malfatti e
pelos escritores Mário de Andrade,
Oswald de Andrade e Menotti Del
Picchia, liderou o movimento que
contou com a participação de dezenas
de intelectuais e artistas, como Manuel
Bandeira, Di Cavalcanti, Graça
Aranha, Guilherme de Almeida, entre
muitos outros.
Os participantes da Semana de 1922
causaram enorme polêmica na época.
Sua influência sobre as artes
atravessou todo o século XX e pode
ser entendida até hoje.
Anita Malfatti

O Homem Amarelo – 1915/16 A Boba – 1915/16


Tarsila do Amaral

A Negra - 1923 Antropofagia - 1928


Di Cavalcante

Cinco Moças de Guaratinguetá Samba


- 1930 - 1925
CARACTERÍSTICAS
• Caráter anárquico e destruidor: Rompimento com todas as
estruturas do passado.

• Nacionalismo moderno e original:

Volta às origens

Pesquisas de fontes quinhentistas

Busca por uma língua brasileira

Paródias

Valorização do verdadeiro índio

Nacionalismo crítico x Nacionalismo ufanista

Revistas e Manifestos que trariam as bases para a produção


literária deste primeiro momento
Manifestos – orgia intelectual
 Manifesto da Poesia Pau-Brasil:. Comandado por Oswald, defendia a
criação de uma poesia de exportação. Literatura que faz uma revisão
crítica da história brasileira e divulga aceitação cultural. Tecnicamente,
previa a criação da língua brasileira.
“A língua sem arcaísmos (...) Como falamos. Como somos.”
 Verde Amarelismo e Anta: Reação ao nacionalismo de Oswald.
Defende o nacionalismo ufanista inclinando-se para o nazi-fascismo.
Tomam como símbolos a Anta e o índio Tupi.
 Antropafagia: Criado por Tarsila, Oswald e Raul Bopp, é o mais radical
dos movimentos. É uma nova etapa do Pau-Brasil. Propõe a
assimilação dos valores – o que há de bom – e o vômito do que não
convém.
“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente.
Filosoficamente. (...)
Tupi, or not tupi that is the question.(…)
Antes dos portugueses descobrirem o Brasil, o Brasil tinha
descoberto a felicidade.”
Principais Revistas :
1. Klaxon – Mensário de Arte Moderna: Primeiro periódico modernista.
Inovadora desde a capa até a publicidade: sérias (Lacta) e satíricas
(fábrica de sonetos). “Klaxon (...)não se preocupara de ser novo, mas
atual. (...) Klaxon é klaxista”.
2. A Revista: Revista que divulgou o movimento em Minas Gerais. Teve
apenas 3 números e contou com a participação de Carlos Drummond
de Andrade. “Será preciso dizer que temos um ideal? Ele se apóia no
mais franco e decidido nacionalismo.”

3. Revista da Antropofagia: Inspirada no Abaporu de Tarsila do Amaral.


Possui 16 números divididos em 2 momentos. A sua primeira
“Dentição” abre-se com o “Movimento Antropófago”. É mais uma
miscelânea ideológica trazendo artigos de várias correntes
modernistas. Já a segunda dentição é mais definida ideologicamente
trazendo “mordidas” para ex-antropófagos como Mario de Andrade.
4. Outras Revistas: “Festa”, “Terra Roxa e Outras Terras” e “Estética”.
1) Mário de Andrade (1893-1945)
• Figura central do modernismo, foi poeta,
narrador, ensaísta, musicólogo e folclorista.
• Escreve inspirado numa língua falada e nos
modismos populares. Não hesita em usar
formas consideradas incorretas, desde que
legitimadas pelo uso brasileiro. Chamado de
demolidor da “pureza vernácula” e do
“culto da forma”.
• Principal teórico do Modernismo: A Escrava
que não é Isaura e o “Prefácio
Interessantíssimo” do livro Paulicéia
Desvairada.
• Principais obras literárias: Pauliceia
Desvairada (1922), Amar, verbo
intransitivo (1927) e Macunaíma, o herói
sem caráter (1928),
A subjetividade do poeta
insulta a cautela o cuidado a
aristocracia e critica os barões
lampiões, donos de terra que
são verdadeiros donos de
Ode ao burguês bandos, jagunços, os condes
joões, nobres com nomes
populares e origem humilde e
Eu insulto o burguês! O burguês-níquel, os duques zurros (vozes de
o burguês-burguês! burro) esses burgueses que
A digestão bem-feita de São Paulo! vivem dentro de seus
domínios (seus muros) e não
O homem-curva! o homem-nádegas!
coragem para mudar (pular o
O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,muro) chorando alguns mil –
é sempre um cauteloso pouco-a-pouco! réis gastos com aulas de
Eu insulto as aristocracias cautelosas! francês para as filhas.
Os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
que vivem dentro de muros sem pulos;
e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
e tocam os "Printemps" com as unhas!
Eu insulto o burguês-funesto!
O indigesto feijão com toucinho, dono
das tradições! O burguês come a si, ele
Fora os que algarismam os amanhãs! é um purê de batatas
morais. Ódio ao
Olha a vida dos nossos setembros!
comportamento regular,
Fará Sol? Choverá? Arlequinal! normal, as rotinas (o
Mas à chuva dos rosais relógio muscular) hora de
o êxtase fará sempre Sol! almoço, jantar ... ódio a
Morte à gordura! soma (o capitalismo) ao
Morte às adiposidades cerebrais! comércio, a quem não se
Morte ao burguês-mensal! arrepende a quem não
ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi! desmaia, as convenções
Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano! sociais. Morte a falsa
religião. Ódio vermelho,
"Ai, filha, que te darei pelos teus
alusão ao comunismo,
anos? contra o burguês, sem
Um colar... Conto e quinhentos!!! perdão ao burguês.
Mas nós morremos de fome!"
• “giolhos”: joelhos;
agressão aos
“papamissas” que
Come! Come-te a ti mesmo, oh gelatina pasma!
fazem do
Oh! purée de batatas morais! compromisso de ir à
Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas! igreja muito mais um
Ódio aos temperamentos regulares! hábito social do que,
Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia! efetivamente, um ato
Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados! de fé. Morte a falsa
Ódio aos sem desfalecimentos nem religião. Ódio
arrependimentos, vermelho, alusão ao
sempiternamente as mesmices convencionais! comunismo, contra o
burguês, sem perdão
De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
ao burguês.
Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
Todos para a Central do meu rancor inebriante
Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
Morte ao burguês de giolhos,
cheirando religião e que não crê em Deus!
Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
Ódio fundamento, sem perdão!
Fora! Fu! Fora o bom burguês!...
No fundo do mato-virgem
nasceu Macunaíma, herói de nossa
gente. Era preto retinto e filho do
medo da noite. Houve um momento
em que o silêncio foi tão grande
escutando o murmurejo do
Uraricoera, que a índia tapanhumas
pariu uma criança feia. Essa criança
é que chamaram de Macunaíma."

É assim que nosso herói nos é


apresentado pelo narrador em
terceira pessoa: uma criança feia,
filho do medo e da noite.
Observe a caracterização do
"herói", tão diferente daquela
pretendida, por exemplo, pelo
romântico Alencar, mais
especificamente Peri, em O
Guarani.

"Já na meninice fez coisas


de sarapantar. De primeiro
passou mais de seis anos não
falando. Si o incitavam a falar
exclamava:
- Ai que preguiça!"
Nada mais dizia; trepado
num jirau de paxiúba, olhando o
trabalho dos outros e dos irmãos
( Maanape, bem velhinho e
Jiguê, na força de homem). Seu
único divertimento era "decepar
cabeça de saúva."
Observe aqui como o autor aproveita
na narrativa os ditos populares:

"Vivia deitado mas si punha


os olhos em dinheiro, "Macunaíma
dandava pra ganhar vintém."

E ainda:
"As mulheres se riam muito
simpatizadas, falando que
"espinho que pinica, de pequeno
já traz ponta."
Gostava de tomar banho no rio, com a
família. e mergulhava dando beliscões nas
mulheres nuas; quando visitava a
maloca,"Macunaíma punha as mãos nas
graças dela", se alguma cunhatã se
aproximasse dele para acarinhá-lo.
O caráter libidinoso do herói começa
a se revelar aí. Mais uma vez você pode
compará-lo a Peri, de O Guarani: no livro
de Alencar, o herói é construído sob o
signo da Beleza, Bondade, Justiça,
Fidelidade; aqui, nosso herói vai se
revelando aos poucos: preguiçoso,
mentiroso contumaz, libidinoso. Enfim:
"um herói sem nenhum caráter".
"Quando era pra dormir trepava no macuru pequeninho
sempre se esquecendo de mijar. Como a rede da mãe estava por
debaixo do berço, o herói mijava quente na velha, espantando os
mosquitos bem. Então adormecia sonhando palavras-feias,
imoralidades estrambólicas e dava patadas no ar."
Outro aspecto que deve ser notado é sobre a linguagem.
Verifique que as palavras usadas pertencem ao uso cotidiano, à
linguagem coloquial:

"E pediu pra mãe que largasse da mandioca ralando na


cevadeira e levasse ele passear no mato. A mãe não quis
porque não podia largar da mandioca não."

"Sofará aguentou a sova sem falar um isto. "


2) Oswald de Andrade (1890-1954)

• Entra em contato com as vanguardas


europeias em 1912 de onde traz as suas
influências do Futurismo.

• É fiel aos ideais da primeira fase


modernista até a sua morte. Defende um
nacionalismo que busca as origens e traz
um retrato crítico da realidade brasileira.
A parodização como forma de repensar a
literatura nacional é uma de suas marcas.
• Propõe uma interpretação da cultura
brasileira como “assimilação destruidora e
recriadora da cultura européia”. Essa visão
é claramente observada no “Manifesto
Antropófago” (1928) e vários escritos da
combativa Revista de Antropofagia (1928-
1929), que ele fundou e orientou.

• Obra Poética: revoluciona o aspecto visual


dos poemas através de seu “poema-pílula”.

• Principais romances: Memórias Sentimentais


de João Miramar e Serafim Ponte Grande
nos quais o autor rompe com a estruturação
tradicional dos romances – capítulos
curtíssimos, misto prosa e poesia.
Pronominais

Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido
Mas o bom negro e o
bom branco
Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Me dá um cigarro
amor
humor
3 de maio
Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que nunca vi
3) Manuel Bandeira (1886-1968)

• Considerado um dos maiores poetas da


literatura brasileira, não há nenhum outro poeta
da primeira fase cuja obra se compare a dele.

• Segundo Alfredo Bosi, “a biografia Manuel


Bandeira é a história de seus livros. Viveu para
as letras.”. Assim, a morte de sua família aos
quatro anos e a luta contra a tuberculose
marcam, tem vislumbres significativo em sua
obra.

• Inicia a sua obra poética antes do modernismo


com a publicação de A cinza das horas. Possui
grande influencia parnasiana e simbolista. Sua
poesia aproveita-se do momento de transição
para demonstrar o gosto pelas formas livres.

• Seu poema “Os sapos” é declamado durante a


Semana de Arte Moderna, mas o poeta não
adere amplamente ao Modernismo da primeira
fase.
Os Sapos O meu verso é bom
Frumento sem joio.
Enfunando os papos, Faço rimas com
Saem da penumbra, Consoantes de apoio.
Aos pulos, os sapos.
A luz os deslumbra. Vai por cinquenta anos
Que lhes dei a norma:
Em ronco que aterra, Reduzi sem danos
Berra o sapo-boi: A fôrmas a forma.
- "Meu pai foi à guerra!" (...)
- "Não foi!" - "Foi!" - "Não foi!".

O sapo-tanoeiro,
Parnasiano aguado,
Diz: - "Meu cancioneiro
É bem martelado.

Vede como primo


Em comer os hiatos!
Que arte! E nunca rimo
Os termos cognatos.
• Obras: A cinza das horas (1917), Libertinagem (1930) é o
livro mais radical e ligado a primeira fase do Modernismo,
poesias como “Pneumotórax”, Poema tirado de uma notícia
de jornal”, “Vou-me embora pra Pasárgada” e “Poética”.

Irene no Céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.

Imagino Irene entrando no céu:


- Licença, meu branco!
E São Pedro bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir
licença.
O Bicho

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,


Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,


Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem

(O Bicho, 1947)

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