Regulamentos – normas jurídicas editadas pela Administração no
exercício da função administrativa.
Esta noção incorpora três elementos essenciais: Material – deste ponto de vista são normas jurídicas, o que significa que têm as notas de generalidade, aplicam-se a uma pluralidade e um número indeterminado de destinatários, e, de abstração, característica que se traduz na circunstância de ele se aplicar a um número indeterminado de casos e situações, não se esgotando numa única aplicação. Orgânico – são editados por autoridades administrativas (incluindo sujeitos privados incumbidos da função administrativa). Funcional – são emanados no exercício da função administrativa.
Internos – normas administrativas que projetam os seus efeitos no
interior da pessoa colectiva administrativa, esgotando a sua força vinculativa no seio desta, tendo como destinatários apenas os agentes administrativos nessa qualidade. Estão sujeitos a um regime especial que se traduz essencialmente no seguinte: - Não são susceptíveis de impugnação contenciosa uma vez que não afectam a esfera jurídica dos particulares; - Os órgãos administrativos podem não cumprir os regulamentos internos em concreto, uma vez que não vale para eles a regra da inderrogabilidade singular dos regulamentos (o que significa que se admitem decisões concretas divergentes da regulação constante do regulamento interno, desde que devidamente justificadas). Externos – normas cujos efeitos se projectam no exterior da Administração, tendo uma eficácia jurídica bilateral, visto produzirem efeitos no ordenamento jurídico geral: não só relativamente à Administração, mas também em relação aos particulares.
Gerais – são aqueles que se dirigem a todos os particulares em geral,
não pressupondo uma relação estatuária com a Administração. Especiais - são normas destinadas a regular as designadas relações de especiais de direito administrativo, ou seja, relações de especial ligação ou subordinação dos particulares com uma determinada entidade administrativa. Os regulamentos gerais são, nitidamente, regulamentos externos, visto que, tendo como destinatários os particulares em geral, produzem os seus efeitos fora da esfera da entidade que os emana. A questão que se coloca é a de saber se os regulamentos especiais são externos ou meramente internos Para esse efeito, é necessário compreender exatamente o que se entende por “relações especiais de direito administrativo”: com esta noção pretende-se classificar aquelas relações em que os particulares se encontram ligados à Administração por laços de subordinação especial (ex: reclusos em face da administração prisional, alunos de escola pública em face dos órgãos dessa mesma,…). Na relação orgânica o destinatário da relação especial de poder encontra-se numa especial dependência face à Administração. Na relação fundamental o destinatário de relação especial de poder é considerado não como elemento do serviço, mas como pessoa titular de direitos fundamentais. Se o regulamento especial se aplicar apenas à relação orgânica, dirigindo-se aos trabalhadores em funções públicas apenas nessa qualidade, com o fim de disciplinar a organização ou funcionamento, tal regulamento é meramente interno. Se se tratar de regulamentos aplicáveis aqueles trabalhadores na sua qualidade de titulares de direitos fundamentais que a Administração não pode por em causa, sujeitos a uma relação de emprego com a Administração, com o fim de disciplinar essa relação e os direitos ou deveres recíprocos que a integram, então esses regulamentos são externos.
Relação dos regulamentos com a lei
Como toda a função administrativa, também a função regulamentar
está subordinada ao princípio da legalidade da administração. No domínio da elaboração de regulamentos administrativos este princípio pode ser entendido nos seus subprincípios: o primado da lei, a reserva da lei e a precedência da lei. No primeiro, o regulamento não pode contrariar atos de valor legislativo, ou seja, a lei tem absoluta prioridade sobre os regulamentos. No segundo, os regulamentos não podem regular inovatoriamente matérias de reserva de ato legislativo. No terceiro, todos os regulamentos têm fundamento numa lei anterior, não podendo a Administração elaborar regulamentos sem que uma lei prévia a habilite a fazê-lo.
Classificação dos regulamentos
Executivos – visam obviar deficiências involuntárias de expressão do
legislador. Limitam-se a realizar uma execução estrita da lei, não criando nada de novo em relação a ela. Complementares – são aqueles que permitem à Administração completar as leis, nomeadamente aquelas que se limitam a estabelecer um quadro legal amplo. Podem ser de desenvolvimento, pelos quais a Administração vai completar as leis que se limitam a estabelecer as bases gerais para a regulamentação de determinada matéria, ou, integrativos, que utilizam o quadro legal para regular situações especiaias que não estejam expressamente previstas.