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Direito Penal

Crimes contra a fé pública:


falsidade documental (296 - 305)
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Direito Penal
Crimes contra a fé pública - falsidade documental
(296 - 305)

Apresentação
Olá aluno,

Sou o Professor Thiago Pacheco. Delegado de Polícia em Minas Gerais, Professor


da ACADEPOL/MG e cursos preparatórios, Coordenados do Plano de Aprovação - Coaching e
Mentoria para Concursos Públicos.

Sumário

FALSIDADE DOCUMENTAL............................................................................................................................ 3

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Direito Penal
Crimes contra a fé pública - falsidade documental (296 - 305)

FALSIDADE DOCUMENTAL

Falsificação do selo ou sinal público:


Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os:
I. selo público destinado a autenticar atos oficiais da União, de Estado ou de Município;
II. selo ou sinal atribuído por lei a entidade de direito público, ou a autoridade, ou sinal público de tabelião:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Incorre nas mesmas penas:
I. quem faz uso do selo ou sinal falsificado;
II. quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuízo de outrem ou em proveito próprio ou alheio.
III. quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros símbolos utili-
zados ou identificadores de órgãos ou entidades da Administração Pública.
Aumento de pena:
§ 2º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
sexta parte.
Falsificação de documento público
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
Infração penal de grande potencial ofensivo. Não admite suspensão do processo e permite prisão
preventiva, inclusive para réu primário.
Bem jurídico: fé pública (mais especificamente, autenticidade dos documentos públicos ou
equiparados).
Sujeito ativo: crime comum (pode ser praticado por qualquer pessoa).

Mas cuidado:
Aumento de pena:
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de
sexta parte.
Sujeito passivo:
a. Primário: Estado;
b. Secundário ou eventual: terceiro prejudicado pela falsificação.
Falsificação de documento público
Conduta:
a. falsificar: no todo (o documento é inteiramente criado) ou em parte (o agente aproveita-se dos espaços
em branco na peça escrita).
b. Alterar: modificar documento público existente, substituindo ou alterando dizeres.

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Crimes contra a fé pública - falsidade documental (296 - 305)

Objeto material da conduta: o doc. Público.

Atenção:
a falsificação deve ser apta a iludir. Falsificação grosseira faz desaparecer o crime
do art. 297, podendo caracterizar estelionato. Por isso é necessário perícia.

Pergunta: a substituição de foto em documento público configura o crime do art. 297 do CP?
Parcela da doutrina entende que, como o retrato é parte integrante do documento, a sua arbi-
trária e ilícita substituição gera o falso material (art. 297 do CP).
Já para uma segunda corrente, o fato melhor se ajusta ao art. 307 do CP (falsa identidade, que
será estudado adiante), vez que o documento permanece autêntico (não forjado).
Falsificação de documento público
Formas equiparadas:
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal, o título
ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e o tes-
tamento particular.
Tipo subjetivo: crime punido a título de dolo (sem exigir finalidade especial do agente). Aliás,
dependendo da finalidade especial que anima o agente, poderá ser outro crime.
Consumação: dispensa o efetivo uso do documento. E se ocorrer o efetivo uso? Aí devemos ver
o art. 304 do CP.
Se quem usa é o próprio falsificador, ele responde pelo art. 307, ficando o art. 304 absorvido
pelo art. 297. Ambos protegem o mesmo bem jurídico e o art. 304 fica como pós fato impunível.
Se quem usa é pessoa alheia, aí o falsificador responde pelo art. 297 e quem usa pelo art. 304.
§ 3º Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I. na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova perante a pre-
vidência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II. na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito
perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
III. em documento contábil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigações da empresa
perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.
§ 4º Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3º, nome do segurado e seus
dados pessoais, a remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de serviços.
Falsificação de documento particular
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular o cartão de crédito
ou débito.
Infração de médio potencial ofensivo.
Admite suspensão condicional do processo (porque a pena mínima é de 1 ano).
Mas admite prisão preventiva (porque a pena máxima é de 5 anos).

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Crimes contra a fé pública - falsidade documental (296 - 305)

Falsificação de documento público X Falsificação de documento particular


Art. 297 Art. 298
Bem jurídico tutelado: fé pública. Bem jurídico tutelado: fé pública.
SA: crime comum (qualquer pessoa). Mas se for SA: crime comum (qualquer pessoa). Se for funcionário
funcionário público prevalecendo-se do cargo, a pena é público, não existe previsão de majorante de pena. Mas o
aumenta em 1/6. juiz deve considerar tal circunstância no art. 59 do CP.
SP: primário (Estado); secundário (terceiro lesado com a SP: primário (Estado); secundário (terceiro lesado com a
ação do agente). ação do agente).
Conduta: falsificar (no todo ou em parte) ou alterar Conduta: falsificar (no todo ou em parte) ou alterar
documento público ou equiparado. documento particular. Então, aqui o objeto material é o
Obs: documento público ou equiparado é o objeto documento particular.
material do delito. Obs: considera-se particular o documento que não é
público ou equiparado.
Perícia é imprescindível. Perícia é imprescindível.
Consumação: crime formal (dispensa o efetivo uso do doc). Consumação: crime formal (dispensa o efetivo uso do doc).

Falsidade ideológica
Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer
inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou
alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público, e reclusão de um a três anos, e
multa, se o documento é particular.
Infração de médio potencial ofensivo.
Bem jurídico tutelado: fé pública.

Art. 297/298 Art. 299


Tutela-se a fé pública Tutela-se a fé pública,
envolvendo a forma do mas no juízo do
documento, o documento, o
instrumento em si. conteúdo.

Sujeito ativo: qualquer pessoa que tenha o dever jurídico de declarar a verdade.

OBS
Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-
se do cargo, ou se a falsificação Aou alteração é de assentamento de registro civil,
aumenta-se a pena de sexta parte

Sujeito passivo:
a. Primário: Estado;
b. Secundário ou eventual: terceiro prejudicado pela falsificação.

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Crimes contra a fé pública - falsidade documental (296 - 305)

Tipo subjetivo: dolo com a finalidade especial (fim de prejudicar direito, criar obrigação ou al-
terar a verdade sobre fato juridicamente relevante). Faltando no comportamento do agente essa
finalidade especial, é fato atípico.
Consumação: consuma-se com a prática dos núcleos, dispensando o uso efetivo. Dispensa-se
perícia também.
Falso reconhecimento de firma ou letra
Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercício de função pública, firma ou letra que o não seja:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento é público; e de um a três anos, e multa, se
o documento é particular.
Sujeito ativo: só pode ser quem exerce função pública com poderes para reconhecer firmas ou
letras (crime próprio).
Sujeito passivo:
c. Primário: Estado;
d. Secundário ou eventual: terceiro prejudicado pela falsificação.
Conduta: a ação nuclear típica é a de reconhecer, isto é, admitir, atestar algo como verdadeiro, no
caso presente, firma (assinatura por extenso ou rubrica) ou letra (escrito de próprio punho).
Consumação: consuma-se o crime no momento em que o agente efetua o reconhecimento irregular,
independentemente da devolução do documento àquele que solicitou o reconhecimento, bem como
da ocorrência de dano efetivo.
A tentativa é possível.
Certidão ou atestado ideologicamente falso
Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou circunstância que habilite alguém
a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
Sujeito ativo: só pode ser quem exerce função pública (crime próprio).
Sujeito passivo: Estado (crime próprio).
Conduta: pune-se o funcionário público que, no desempenho da função, atesta (afirma oficial-
mente) ou certifica (afirma a certeza) falsamente, fato ou circunstância que habilite alguém a obter
cargo público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem.
Consumação: prevalece que o crime se consuma no momento em que se encerra o atestado ou
certidão, independentemente da entrega ao destinatário.
A tentativa é possível.
Falsidade material de atestado ou certidão:
§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão, ou alterar o teor de certidão ou de atestado verda-
deiro, para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou
de serviço de caráter público, ou qualquer outra vantagem:
Pena - detenção, de três meses a dois anos.

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Crimes contra a fé pública - falsidade documental (296 - 305)

Pena de multa:
§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade liberdade, a de
multa.
Falsidade de atestado médico
Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso:
Pena - detenção, de um mês a um ano.
Parágrafo único - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa.
Sujeito ativo: só pode ser o médico (crime próprio).
Sujeito passivo:
a. Primário: Estado;
b. Secundário: terceiro prejudicado pela falsificação.
Consumação: momento em que o médico entrega o atestado ao paciente.
Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica
Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução
ou a alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peça:
Pena - detenção, de um a três anos, e multa.
Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.
Uso de documento falso
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

OBS
Pune-se aquele que faz uso de documentos falsos referidos nos art. 297 (doc.
público), 298 (doc. particular), 299 (falsidade ideológica), 300 (doc. com firma ou
letra reconhecida falsamente), 301 (certidão ou atestado ideologicamente falso) e
302 (falsidade de atestado médico).

Supressão de documento
Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em benefício próprio ou de outrem, ou em prejuízo alheio, documento
público ou particular verdadeiro, de que não podia dispor:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, se o documento é público, e reclusão, de um a cinco anos, e
multa, se o documento é particular.

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