FUNÇÕES DA LINGUAGEM Tem por finalidade estabelecer, prolongar ou
interromper a comunicação. É aplicada em Para que serve a linguagem? situações em que o mais importante não é o que Sabemos que a linguagem é uma das formas de se fala, nem como se fala, mas sim o contato apreensão e de comunicação das coisas do entre o emissor e o receptor. Fática quer dizer mundo. O ser humano, ao viver em conjunto, "relativa ao fato", ao que está ocorrendo. Aparece utiliza vários códigos para representar o que geralmente nas fórmulas de cumprimento: Como pensa, o que sente o que quer, o que faz. vai, tudo certo?; ou em expressões que confirmam que alguém está ouvindo ou está Sendo assim, o que conseguimos expressar e sendo ouvido: sim, claro, sem dúvida, entende?, comunicar através da linguagem? Para que não é mesmo? É a linguagem das falas ela funciona? telefônicas, saudações e similares. A multiplicidade da linguagem pode ser sintetizada em seis funções ou finalidades 6) Função Metalinguística básicas, como vimos na aula anterior. Esta função refere-se à metalinguagem, que 1) Função Referencial ou Denotativa ocorre quando o emissor explica um código usando o próprio código. É a poesia que fala Transmite uma informação objetiva sobre a da poesia, da sua função e do poeta, um texto realidade. Dá prioridade aos dados concretos, que comenta outro texto. As gramáticas e os fatos e circunstâncias. É a linguagem dicionários são exemplos de metalinguagem. característica das notícias de jornal, do discurso científico e de qualquer exposição de conceitos. Coloca em evidência o referente, ou seja, o assunto ao qual a mensagem se refere.
2) Função Expressiva ou Emotiva
Reflete o estado de ânimo do emissor, os seus
sentimentos e emoções. Um dos indicadores da função emotiva num texto é a presença de interjeições e de alguns sinais de pontuação, como as reticências e o ponto de exclamação.
3) Função Apelativa ou Conativa
Seu objetivo é influenciar o receptor ou
destinatário, com a intenção de convencê-lo de algo ou dar-lhe ordens. Como o emissor se dirige ao receptor, é comum o uso de tu e você, ou o nome da pessoa, além dos vocativos e imperativo. É a linguagem usada nos discursos, sermões e propagandas que se dirigem diretamente ao consumidor.
4) Função Poética
É aquela que põe em evidência a forma da
mensagem, ou seja, que se preocupa mais em como dizer do que com o que dizer. O escritor, por exemplo, procura fugir das formas habituais e expressão, buscando deixar mais bonito o seu texto, surpreender, fugir da lógica ou provocar um efeito humorístico. Encontradas nas obras literárias com frequência. QUESTÕES
O exercício da crônica
Escrever crônica é uma arte ingrata. Eu digo
prosa fiada, como faz um cronista; não a prosa de um ficcionista, na qual este é levado meio a tapas pelas personagens e situações que, azar dele, criou porque quis. Com um prosador do cotidiano, a coisa fia mais fino. Senta-se ele diante de uma máquina, olha através da janela e busca fundo em sua imaginação um A linguagem não verbal pode produzir efeitos assunto qualquer, de preferência colhido no interessantes, dispensando assim o uso da noticiário matutino, ou da véspera, em que, palavra. Cartum de Caulos, disponível em www.caulos.com com suas artimanhas peculiares, possa injetar um sangue novo. Se nada houver, restar-lhe o O cartum faz uma crítica social. A figura recurso de olhar em torno e esperar que, destacada está em oposição às outras e através de um processo associativo, surja-lhe representa a de repente a crônica, provinda dos fatos e A) opressão das minorias sociais. feitos de sua vida emocionalmente despertados B) carência de recursos tecnológicos. pela concentração. Ou então, em última instância, recorrer ao assunto da falta de C) falta de liberdade de expressão. assunto, já bastante gasto, mas do qual, no D) defesa da qualificação profissional. ato de escrever, pode surgir o inesperado. E) reação ao controle do pensamento coletivo. (MORAES, V. Para viver um grande amor: crônicas e poemas. São Paulo: Cia das Letras, 1991).
Predomina nesse texto a função da
linguagem que se constitui
(A) nas diferenças entre o cronista e o
ficcionista.
(B) nos elementos que servem de inspiração ao
cronista.
(C) nos assuntos que podem ser tratados em
uma crônica.
(D) no papel da vida do cronista no processo
de escrita da crônica.
(E) nas dificuldades de se escrever uma crônica
por meio de uma crônica.
(ENEM 2013)
Ao aliar linguagem verbal e não verbal, o
cartunista constrói um interessante texto com elementos da intertextualidade Sobre o cartum de Caulos, assinale a proposição correta: I. A linguagem verbal é desnecessária para o entendimento do texto; II. Linguagem verbal e não verbal são necessárias para a construção dos sentidos pretendidos pelo cartunista; III. O cartunista estabelece uma relação de intertextualidade com o poema “No meio do caminho”, de Carlos Drummond de Andrade; IV. O cartum é uma crítica ao poema de Carlos Drummond de Andrade, já que o cartunista considera o poeta pouco prático. A) Apenas I está correta. B) II e III estão corretas. C) I e IV estão corretas. Disponível em: http://www.ccsp.com.br. Acesso em: 11 DE FEV. 2016 (adaptado). (Foto: D) II e IV estão corretas. Reprodução/Enem)
O texto é uma propaganda de um adoçante que
ENEM 2016 tem o seguinte mote: “Mude sua embalagem”. A estratégia que o autor utiliza para o convencimento do leitor baseia-se no emprego de recursos expressivos, verbais e não verbais, com vistas a
A)ridicularizar a forma física do possível cliente
do produto anunciado, aconselhando-o a uma busca de mudanças estéticas.
B)enfatizar a tendência da sociedade
contemporânea de buscar hábitos alimentares saudáveis, reforçando tal postura.
C)criticar o consumo excessivo de produtos
industrializados por parte da população, propondo a redução desse consumo.
D)associar o vocábulo “açúcar” à imagem do
corpo fora de forma, sugerindo a substituição desse produto pelo adoçante. Nessa campanha publicitária, para estimular a economia de água, o leitor é E) relacionar a imagem do saco de açúcar a um incitado a corpo humano que não desenvolve atividades físicas, incentivando a prática esportiva. A) adotar práticas de consumo consciente. As imagens seguintes fazem parte de uma B) alterar hábitos de higienização pessoal e residencial. campanha do Ministério da Saúde contra o tabagismo. C) contrapor-se a formas indiretas de exportação de água.
D) optar por vestuário produzido com matéria-
prima reciclável.
E) conscientizar produtores rurais sobre os
custos de produção. A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo.
A) mostrar à população que a Mata Atlântica é
mais importante para o país do que a ordem e o progresso.
B) criticar a estética da bandeira nacional, que
não reflete com exatidão a essência do país que Disponível em: representa. http://www.cafesemfumo.blogspot.com. Acesso em: 10 abr. 2009 (adaptado) C) informar à população sobre a alteração que a bandeira oficial do país sofrerá. O emprego dos recursos verbais e não- verbais nesse gênero textual adota como uma D) alertar a população para o desmatamento da das estratégias persuasivas Mata Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas acabem. A) evidenciar a inutilidade terapêutica do cigarro. E) incentivar as campanhas ambientalistas e B) indicar a utilidade do cigarro como pesticida ecológicas em defesa da Amazônia. contra ratos e baratas. Desabafo C) apontar para o descaso do Ministério da Saúde com a população infantil. Desculpem-me, mas não dá pra fazer uma cronicazinha divertida hoje. Simplesmente não D) mostrar a relação direta entre o uso do cigarro dá. Não tem como disfarçar: esta é uma típica e o aparecimento de problemas no aparelho manhã de segunda-feira. A começar pela luz respiratório. acesa da sala que esqueci ontem à noite. Seis E) indicar que os que mais sofrem as recados para serem respondidos na secretária consequências do tabagismo são os fumantes eletrônica. Recados chatos. Contas para pagar ativos, ou seja, aqueles que fazem o uso direto que venceram ontem. Estou nervoso. Estou do cigarro. zangado.
CARNEIRO, J. E. Veja, 11 set. 2002 (fragmento).
Nos textos em geral, é comum a manifestação
simultânea de várias funções da linguagem, com o predomínio, entretanto, de uma sobre as outras. No fragmento da crônica Desabafo, a função da linguagem predominante é a emotiva ou expressiva, pois A) o discurso do enunciador tem como foco o E) expressiva, pois o trecho tem como meta próprio código. mostrar a subjetividade do autor, por isso o uso B) a atitude do enunciador se sobrepõe àquilo do advérbio de dúvida “talvez”. que está sendo dito. UFS C) o interlocutor é o foco do enunciador na construção da mensagem. Disparidades raciais Fator decisivo para a superação do sistema D) o referente é o elemento que se sobressai em detrimento dos demais. colonial, o fim do trabalho escravo foi seguido pela criação do mito da democracia racial no E) o enunciador tem como objetivo principal a Brasil. Nutriu-se, desde então, a falsa ideia de manutenção da comunicação. que haveria no país um convívio cordial entre as diversas etnias. Enem-2014 Aos poucos, porém, pôde-se ver que a Há o hipotrélico. O termo é novo, de impensada coexistência pouco hostil entre brancos e negros, origem e ainda sem definição que lhe apanhe em por exemplo, mascarava a manutenção de uma todas as pétalas o significado. Sabe-se, só, que descomunal desigualdade socioeconômica entre vem do bom português. Para a prática, tome-se os dois grupos e não advinha de uma suposta hipotrélico querendo dizer: antipodático, divisão igualitária de oportunidades. sengraçante imprizido; ou talvez, vicedito: O cruzamento de alguns dados do último censo indivíduo pedante, importuno agudo, falta de do IBGE relativos ao Rio de Janeiro permite respeito para com a opinião alheia. Sob mais dimensionar algumas dessas inequívocas que, tratando-se de palavra inventada, e, como diferenças. Em 91, o analfabetismo no Estado adiante se verá, embirrando o hipotrélico em não era 2,5 vezes maior entre negros do que entre tolerar neologismos, começa ele por se negar brancos, e quase 60% da população negra com nominalmente a própria existência. mais de 10 anos não havia conseguido (ROSA, G. Tutameia: terceiras estórias. Rio de ultrapassar a 4ª. série do 1º. grau, contra 39% Janeiro: Nova Fronteira, 2001) (fragmento) dos brancos. Os números relativos ao ensino superior confirmam a cruel seletividade imposta Nesse trecho de uma obra de Guimarães pelo fator socioeconômico: até aquele ano, 12% Rosa, depreende-se a predominância de uma dos brancos haviam concluído o 3º. Grau, contra das funções da só 2,5% dos negros. A) metalinguística, pois o trecho tem como É inegável que a discrepância racial vem propósito essencial usar a língua portuguesa diminuindo ao longo do século: o analfabetismo para explicar a própria língua, por isso a no Rio de Janeiro era muito maior entre negros utilização de vários sinônimos e definições. com mais de 70 anos do que entre os de menos de 40 anos. Essa queda, porém, ainda não se B) referencial, pois o trecho tem como principal traduziu numa proporcional equalização de objetivo discorrer sobre um fato que não diz oportunidades. respeito ao escritor ou ao leitor, por isso o predomínio da terceira pessoa. Considerando que o Rio de Janeiro é uma das unidades mais desenvolvidas do país e com C) fática, pois o trecho apresenta clara tentativa acentuada tradição urbana, parece inevitável de estabelecimento de conexão com o leitor, por extrapolar para outras regiões a inquietação isso o emprego dos termos “sabe-se lá” e “tome- resultante desses dados. se hipotrélico”. (Folha de São Paulo, 9. de jun. de 1996. D) poética, pois o trecho trata da criação de Adaptado). palavras novas, necessária para textos em prosa, por isso o emprego de “hipotrélico”. Considerando as funções que a linguagem pode desempenhar, reconhecemos que, no texto acima, predomina a função: A) apelativa: alguém pretende convencer o interlocutor acerca da superioridade de um produto.
B) expressiva: o autor tenciona apenas
transparecer seus sentimentos e emoções pessoais.
C) fática: o propósito comunicativo em jogo é o
de entrar em contato com o parceiro da interação.
D) estética: o autor tem a pretensão de despertar
no leitor o prazer e a emoção da arte pela palavra.