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DIREITO TRIBUTÁRIO II
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RETROSPECTIVA
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Naomi Sugita Reis
O TRIBUTO COMO OBJETO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
Geraldo Ataliba afirma que o conteúdo das normas tributárias é uma ordem ou
comando para que se entregue ao Estado {ou pessoa por ele designada} certa soma de
dinheiro. Em outras palavras, “a norma que está no centro do direito tributário é aquela
que contém o comando: entregue dinheiro ao Estado”. Nesse sentido, pode ser verificado que
as normas tributárias não são diferentes das demais normas jurídicas. A única coisa que
as diferenciam é que a norma tributária possui uma qualidade de comando: o
comportamento de levar dinheiro aos cofres públicos.
A vinculação ou não do tributo não tem a ver com a destinação do tributo, mas sim
com a atuação do Estado para o ensejo dele. A sua destinação tem a ver com “destinação
específica”.
REGRA-MATRIZ DE INCIDÊNCIA
De forma bem sintética, podemos definir cinco características básicas que precisam
estar presentes na definição de um tributo. São cinco perguntas que devem ser
respondidas pelo texto legal:
1. Como?
2. Onde?
3. Quando?
4. Quem?
5. Quanto?
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podemos citar alguns casos: Ser proprietário de imóvel urbano (IPTU), ser proprietário de
veículo automotor (IPVA), prestar serviço (ISSQN) e assim por diante.
Evidente que no caso desta pergunta em especial, teremos uma resposta dupla,
pois precisamos definir QUEM deve pagar o tributo e QUEM deve receber tal pagamento.
Neste ponto devemos definir o sujeito passivo da relação relação tributária, aquele que
deve pagar o tributo e o sujeito ativo da relação tributária, ou seja, aquele a quem se deve
pagar o tributo.
Base de cálculo é a valor econômica sobre o qual se aplica a alíquota para calcular a
quantia a pagar. E alíquota, de forma sintética e simplória, é o percentual ou valor fixo
que será aplicado para o cálculo do valor de um tributo. Por exemplo: Na cobrança de
IPTU, a base de cálculo é o valor venal do imóvel. Ou seja, o valor de venda do imóvel
definido pela Prefeitura responsável por aquela arrecadação. Sobre este valor, aplica-se
uma alíquota, um percentual, que será devido à título de tributação.
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Se a hipótese, funcionando como descritor, anuncia os critérios conceptuais para o
reconhecimento de um fato, o consequente, como prescritos, nos dá também critérios
para a identificação do vinculo jurídico que nasce, facultado-nos saber quem é o sujeito
portador do direito subjetivo; a quem foi cometido o dever jurídico de cumprir certa
prestação; e seu objeto.
No que tange as relações jurídicas tributárias, percebemos que ela poderá ser
classificada de acordo com o patrimônio, ou seja, em relações de substancia patrimonial e
os vínculos que fazem irromper meros deveres administrativos. As primeiras, previstas
no núcleo da forma que define o fenômeno da incidência — regra matriz — e as outras,
circumpostas a ela, para tornar possível a imperatividade da instituição tributária: são os
deveres institucionais ou formais.
OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
{relação jurídica}
A concepção de obrigação tributária nos dias atuais, a qual é vista como relação
jurídica, vem da RAO, de 1919, a qual trouxe limitações à atividade estatal. E, nessa
linha, cumpre ressaltar duas constituições que foram extremamente importantes e que
mudaram os parâmetros do mundo ocidental ao trazer finalidades para o Estado: a
Constituição do México de 1917 e a Constituição de Weimar de 1919.
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Com isso, o Estado passa a se justificar não pelo poder estatal, mas pela sua
condição como sujeito de direito e obrigações.
Hoje em dia, tem uma lógica jurídica, na qual o Estado está inserido nas obrigações
sociais, em conjunto com os indivíduos. Guillotin, no período feudal/ absolutista de Louis
XIV, na qual todos os indivíduos deveriam contribuir para a coroa com uma mesma
quantia de sacas, acabou por criar uma regra por hectare a fim de que os tributos
pudessem ser cobrados de acordo com a capacidade contributiva e não de maneira
arbitrária. A tributação, conforme Adam Smith, tem que ser certa, assim como respeitar a
equidade e a comodidade.
Se a obrigação tributária não decorre da vontade das partes, ela também não
depende do conhecimento das partes, e nem da capacidade civil das partes. Além disso, a
obrigação tributária {voltada para o âmbito da sujeição passiva} não pode se submeter a
convenções particulares que alterem o predisposto em lei:
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A lei pode causar uma obrigação especifica das mencionadas acima sem estar
vinculada com uma das outras obrigações. Ou seja, o sujeito passivo pode apenas ter uma
obrigação específica, sem estar ligado às outras.
I - a analogia;
II - os princípios gerais de direito tributário;
III - os princípios gerais de direito público;
IV - a eqüidade.
Sendo assim, percebemos que esse artigo somente será aplicado no caso de
cumprimento de obrigações acessórias.
OBRIGAÇÃO PRINCIPAL
e seu fato gerador
A obrigação principal tributária engloba muito mais do que apenas o tributo, eis que as
penalidades pecuniárias nela se compreendem, por mais que o tributo, em si, não seja
sancionatório. Nesse sentido, cumpre salientar que uma obrigação tributária principal enseja no
pagamento de: tributo + eventuais sanções. O nome “obrigação tributária” decorre apenas do
fato de vir da legislação tributária; e é por isso que as sanções podem ser cobradas por meio dela,
porque essas são previstas na legislação em comento. Isso ocorre porque o legislador quis dar
uma mesma rigidez à cobrança de multas. Ao inserir o pagamento das penalidades no mesmo tipo
de obrigação que o pagamento de tributos, o legislador, basicamente, alegou que “a instituição e a
cobrança de multas pecuniárias reger-se-á segundo o regime jurídico idêntico ao aplicável aos
tributos”. Com isso, fica claro que as multas são elevadas a esse patamar por mera opção de
técnica legislativa.
Origem da expressão “fato gerador” – publicista francês Gaston Jèze: “Por essa expressão,
entende-se o fato ou o conjunto de fatos que permitem aos agentes do fisco exercerem sua competência
legal de criar um crédito de tal importância, a título de tal imposto contra tal contribuinte”.
FATO GERADOR
2. IPVA: se roubarem/ furtarem o carro, a pessoa pode ser ressarcida pelo resto
do ano, eis que ela não é mais proprietária.
3. ITR
OBRIGAÇÃO ACESSÓRIA
e seu fato gerador
A situação deve ser prevista em lei e o sujeito passivo que se encontrar na situação
jurídica prevista pelo legislador, já estará vinculado à obrigação acessória.
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Por legislação aplicável, estão englobados os tratados e as convenções
internacionais, os decretos e as norma complementares que versem sobre tributos e
relações jurídicas a elas pertinentes. E, por normas complementares, cumpre ressaltar o
art. 100 do CTN:
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais e dos
decretos:
I - os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II - as decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a lei atribua eficácia
normativa;
III - as práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV - os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios.
Parágrafo único. A observância das normas referidas neste artigo exclui a imposição de penalidades, a
cobrança de juros de mora e a atualização do valor monetário da base de cálculo do tributo.
Ainda, pode existir obrigação acessória mesmo em casos em que não se cogite a
existência de uma “obrigação principal”. Basta considerar que entidades imunes estão
obrigadas a entregar declarações e prestar informações justamente para que a fiscalização
possa assegurar-se da imunidade. Exemplos disso são o art. 14, III, §1º e o art. 197 do
CTN:
Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9o é subordinado à observância dos seguintes requisitos
pelas entidades nele referidas:
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros revestidos de formalidades capazes de assegurar
sua exatidão.
§ 1o Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1o do artigo 9o, a autoridade competente pode
suspender a aplicação do benefício.
Art. 197. Mediante intimação escrita, são obrigados a prestar à autoridade administrativa todas as informações
de que disponham com relação aos bens, negócios ou atividades de terceiros:
I - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício;
II - os bancos, casas bancárias, Caixas Econômicas e demais instituições financeiras;
III - as empresas de administração de bens;
IV - os corretores, leiloeiros e despachantes oficiais;
V - os inventariantes;
VI - os síndicos, comissários e liquidatários;
VII - quaisquer outras entidades ou pessoas que a lei designe, em razão de seu cargo, ofício, função, ministério,
atividade ou profissão.
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Parágrafo único. A obrigação prevista neste artigo não abrange a prestação de informações quanto a fatos sobre
os quais o informante esteja legalmente obrigado a observar segredo em razão de cargo, ofício, função,
ministério, atividade ou profissão.
Sendo assim, podemos ver que a obrigação não é intitulada de “acessória” por ser
dependente/ subordinada à principal, mas para identificar o seu caráter instrumental, já
que tem por finalidade assegurar o cumprimento daquela. Em função disso é que
parte da doutrina deseja alterar a nomenclatura de “obrigação acessória” para “obrigação
instrumental”.
Ainda, o termo “obrigação” é objeto de controvérsia, por não se tratar
especificamente de uma obrigação por não reunir as características necessárias — uma
obrigação de fazer ou não fazer {assim como a de dar} envolve conteúdo patrimonial e o
art. 113 do CTN, ao estabelecer as obrigações acessórias, não vincula tal conteúdo.
Quando, no direito privado, um indivíduo não cumpre a sua obrigação de fazer ou não
fazer, essa obrigação será avaliada patrimonialmente e, assim, se apurará um montante a
ser satisfeito pelo devedor inadimplente.
No caso das obrigações acessórias, não é assim que ocorre. Se o contribuinte deixa
de preencher sua declaração de rendimentos, estará ele sujeito a uma punição {multa},
que não tem caráter indenizatório e nem reparatório ao Estado, será apenas uma
penalidade imposta a quem não cumpriu seu dever. Portanto, apesar de a obrigação
acessória não ter caráter patrimonial, seu descumprimento gera ônus. O fato de as
obrigações acessórias não terem caráter patrimonial está relacionado com a
ausência de reparação ou indenização pelo seu descumprimento.
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NASCIMENTO DA OBRIGAÇÃO TRIBUTÁRIA
art. 116 CTN
Situação de fato
Situação jurídica
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II - tratando-se de situação jurídica, desde o momento em que esteja
definitivamente constituída, nos termos de direito aplicável.
I. Elisão fiscal:
Outro exemplo é quando uma pessoa quer comprar um imóvel no fim do ano
{dezembro}, mas se enrola com a finalidade clara {e lícita} de elidir a tributação e comprar
o imóvel apenas depois do dia 01.01, para se safar do pagamento do IPTU {o qual possui a
data de 01.01 para incidência do credito tributário}.
Uma elisão fiscal pode ocorrer quando da abertura de uma prestadora de serviços
em um município onde o ISS é menor. Uma instituição financeira, que presta serviços
{através de contrato de leasing1}, pode perfeitamente se instalar {sede} em uma cidade
menor com um ISS de alíquota mais baixa. Ocorreria evasão, entretanto, se a instalação
fosse em uma sede fictícia na cidade onde o ISS é menor {a realidade é outra, eis que
houve simulação completa}.
Agora, se tais atos são realizados fora do âmbito de autonomia privada, o legislador
efetivamente impede o sujeito passivo de fazer certas coisas, recairá em ilícitos civis,
como simulação, negocio jurídico indireto, ou seja, meios que abusam do direito. Se não
pode ser feito isso, mas é feito com a finalidade de evitar a ocorrência do fato gerador, não
ocorre elisão fiscal, mas uma evasão fiscal. A evasão fiscal ocorre quando se dá uma
situação que viole as bases do direito a fim de que seja evitada a tributação.
1 Um contrato que custa 100, dividindo 80 em X parcelas {VRG}. Quando paga a primeira, começa a usar o bem, mediante
posse. O vendedor recebe à vista o dinheiro da instituição financeira {que vai ter a propriedade do bem} e o sujeito passivo
vai pagando mês a mês as parcelas {com a parcela que está pagando no leasing, vai poder ocorrer o abatimento no IR}. Ao
fim do pagamento dos 80% do valor do bem, o devedor pode optar por comprar o bem ou então optar por adquirir um outro.
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III. Elisão x Evasão:
O paragrafo único do artigo 116 do CTN é uma norma geral anti evasiva, eis que
condena a simulação e atos dissimulados:
HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA
A hipótese de incidência está prevista em lei e estabelece quando é que vai ser
necessário o pagamento do tributo. A hipótese de incidência incide sobre o fato gerador
e faz com que ele deixe de ser um simples fato e faz com que ele seja juridicamente
relevante. O fato passa a ser um fato jurídico tributável, desencadeando consequências
jurídicas, a fim de que sejam cumpridas as obrigações tributarias.
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A hipótese de incidência está ligada à norma jurídica {dever-ser interproporcional
neutro}, enquanto o fato jurídico tributável {fato imponível} está no mundo dos fatos. O
fato gerador é a situação definida em lei como necessária para o pagamento concreto do
tributo, podendo estar portanto no mundo dos fatos ou no mundo abstrato. O fato
abstrato é a hipótese de incidência ou hipótese tributária enquanto o fato concreto é
o fato juridicamente tributável ou fato imponível. Ambas as expressões substituem a
expressão FATO GERADOR, que acaba por ser dúbia, podendo tanto ser do mundo físico
quanto do mundo abstrato.
Fato gerador pode ser visto, de acordo com o CTN como o fato abstrato, mas não
é dada uma outra denominação ao fato fático. Por isso que é melhor usar a construção
doutrinária acima do “fato gerador”.
SUBSUNÇÃO
MÉTODO LÓGICO-FORMAL
Quando uma pessoa sai do Brasil com seu TIM e vai para a Alemanha, ele usará a
rede da Vodafone, mas esse roaming não configura em exportação de serviço {sendo a
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operação amplamente tributada}. Por outro lado, há a exportação de serviço de
comunicação {não incidindo ISS, ICMS, IPI, PIS/COFINS} quando um estrangeiro vem
para o Brasil com seu Vodafone e faz o roaming com a TIM. Quando um brasileiro vai
para fora, ele será tributado, já quando o estrangeiro vem para o Brasil, como tem
exportação do serviço de comunicação, não incidirão os impostos brasileiros, mas
alemães.
Existem realidades técnicas nos casos de energia elétrica, que pode apenas ser
tributada no Estado em que a pessoa está, eis que a rede de energia brasileira é
integralmente interligada e não tem como ser apurado o seu Estado de origem.
• Reside nos elementos que indicam o ambiente espacial que deve ocorrer o fato jurídico
tributário para que irradie os efeitos consequentes da norma
• Diferentes graus de precisão para determinar o espaço onde ocorre o fato gerador: local
{II, IE e PIS/Cofins - Importação}, área específica {IPTU e ITR} e abrangente {demais
espécies}
• Estreita ligação com a discriminação constitucional de competências
Não é porque um fato fora realizado, que ele ensejará uma obrigação tributária.
Pode ser exteriorizado um determinado fato mas, a depender de onde ele fora realizado,
poderá não incorrer em pagamento de tributos.
Outro exemplo é auferir renda; a pessoa deve ser residente no Brasil e não na
China {o fato realizado não é gerador da aplicação da lei brasileira}. Se a pessoa é
residente da China, ela não será tributada sobre a sua renda, entretanto, se ela é residente
no Brasil, ela será tributada sobre a sua renda — porque o critério da residência é que será
aplicado no caso de renda.
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Art. 19. DL 37/66 O imposto, de competência da União, sobre a importação
de produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no território
nacional.
Vai residir nos elementos legislativos que definem quando é que vai ser realizado o
fato gerador, e isso define qual é a legislação a ser aplicada. Existe uma exceção, na qual o
fato gerador não define qual seria a lei aplicada. 144§1º CTN. Esse aspecto temporal é
muito útil quando existe conflito de legislação a ser aplicada no caso concreto. Um
exemplo disso seria o ISS, o qual possui como exteriorização {realização} do fato gerador
a emissão de NF.
Tem ampla relação com a base de cálculo de um tributo, como por exemplo, o IR
deve incidir sobre a renda, assim como o valor fundiário deve ser considerado para o
pagamento do ITR e o valor venal para o IPTU, que não incide apenas sobre o território,
mas sobre a condição predial. No caso de ISS, a única base de calculo possível é o valor do
serviço efetivamente prestado {obrigação de fazer}, e disso pode ser descontado o
pagamento de fornecedor. Me diga qual é a base de calculo e eu te digo que tributo é.
SUJEITO ATIVO
O conceito de capacidade tributária está relacionado com a aptidão para ser credor
{sujeito ativo} da relação jurídica tributária. Muitas vezes, como no caso dos impostos, a
figura do criador e do credor tributário pode coincidir, mas isso não é regra. No caso das
contribuições sindicais, que são tributos, quem tem a competência tributária é a União,
mas quem figura no polo ativo da relação é o sindicato. O mesmo acontece com os
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conselhos profissionais, eis que eles figuram no polo ativo também {menos a OAB, que é
uma entidade sui generis}.
O sujeito ativo é da relação tributária, que nasce com a subsunção do fato gerador à
hipótese de incidência prevista em lei. E a identificação do sujeito ativo deve ser buscada
no liame jurídico {há de ser alguém que esteja presente na relação jurídica obrigacional} e
não na titularidade da competência.
A Constituição Federal de 1988 derrogou em parte o artigo 119 do CTN e, por isso,
ele deve ser muito bem interpretado, ou seja, somente será aplicado no caso de alguns
impostos que coincidem as figuras de competência tributária e capacidade tributária em
um mesmo ente para que não seja confundida a ideia de competência e capacidade
tributária, a entender:
Art. 119. Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito público, titular da
competência para exigir o seu cumprimento.
Sendo assim, o artigo 119 do CTN deve ser entendido no sentido de que as pessoas
que a lei põe na condição de credores de obrigações tributarias nas situações diversas,
embora não tenham competência tributária {sem aptidão tributaria para criar tributos},
detém capacidade tributária ativa, isto é, são habilitadas a figurar no polo ativo de
obrigações tributárias. Esse dispositivo peca, entretanto, ao relacionar o credor com uma
pessoa jurídica de direito público, quando se sabe que o sistema constitucional admite a
existência de outras entidades na condição de credoras de obrigações tributárias.
A concepção trazida por esse artigo tem relação com a teoria trinária {art. 5º CTN},
que prevê apenas os impostos, as taxas e as contribuição de melhorias como tributos, ou
seja, tributos que possuem como sujeitos ativos entes públicos.
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SUJEITO PASSIVO
CONTRIBUINTE
Sujeito passivo direto da obrigação principal
Relação pessoal e direta com o fato gerador - autor do fato gerador
Pode ser identificado como “a pessoa que realiza o fato gerador da obrigação
tributária principal”. Entretanto, muitas vezes o fato gerador não corresponde a um ato do
contribuinte, mas de uma situação jurídica na qual ele se encontra. O contribuinte é
identificado, geralmente, como a pessoa que realiza o fato gerador: auferir renda, possuir
imóvel em zona rural, importar bem estrangeiro… Nessa relação entre a situação e a
pessoa, ou seja, pela ação e seu agente, é que seria a relação pessoal e direta
supramencionada. Quando não estiver presente essa relação, mas algum vinculo existir
entre ele e a situação que constitui o fato gerador, iremos identificar a figura do
responsável.
RESPONSÁVEL
Sujeito passivo indireto da obrigação principal
Terceiro que possui a obrigação de adimplir com a obrigação tributária principal
Não pode sofrer com o encargo econômico do tributo
A figura do responsável/ sujeito passivo indireto não pode ser confundida com a
figura do sujeito passivo de tributo indireto. Esse é um terceiro que, de direito, é eleito
como devedor da obrigação tributária. A presença do responsável como devedor na
obrigação tributária traduz uma modificação subjetiva no polo passivo da obrigação, na
posição que, naturalmente, seria ocupada pela figura do contribuinte.
Contribuinte seria a pessoa a contracenar como Fisco, se a lei não optasse por
colocar outro figurante em seu lugar {ou ao seu lado} desde o momento da ocorrência do
fato ou em razão de certos eventos futuros {sucessão do contribuinte}.
Embora o fato gerador seja realizado por uma pessoa determinada, intitulada de
“sujeito passivo direto”, ou “contribuinte”, a lei tem possibilidade de escolher um
terceiro, vinculado a esse fato gerador, como sujeito passivo indireto da obrigação.
I. Substituição: a lei desde logo põe o terceiro no lugar da pessoa que naturalmente
seria definirem como contribuinte, ou seja a obrigação tributaria ja nasce com seu polo
passivo ocupado por um substituto legal tributário, ou seja, já nasce com um
responsável.
Sendo assim, podemos concluir que a obrigação tributária pode ter como objeto
uma simples penalidade {sanção por infração da lei sobre tributos}, ao invés de um
tributo. Neste caso, quem tem a relação direta e pessoal com a infração será chamado de
infrator e não de contribuinte. Não há de se encaixar um responsável legal para arcar com
a penalidade de uma outra pessoa.
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Ademais, cumpre ressaltar que o infrator pode ser quem infringiu também uma
obrigação acessória.
A substituição tributária {para trás, para frente} faz com que o ICMS assuma uma
característica monofásica. Já a sucessão ocorre quando um direito ou obrigação de uma
pessoa passa para outra em razão de um evento sucessório que acontece em
determinado momento. A sucessão, em outros termos, ocorre em virtude de um evento
sucessório que passa a afetar o património de B ao invés do património de A. O
sujeito A é o contribuinte e outra pessoa pode receber, por sucessão, a responsabilidade
tributária de arcar com a dívida, como responsável apenas; e não como contribuinte.
Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários
definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela
referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que
relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data.
Outro exemplo seria quando o falecido A pratica um fato gerador que gera um
crédito de -100 e o sucessor ficará responsável por esse crédito. Sendo assim, digamos que
o que foi repassado {bem} vale -90. Neste caso, o Fisco ficaria com -10 de prejuízo.
O evento, neste caso, é a aquisição do bem imóvel. O ônus de arcar com o IPTU,
com as contribuições de melhoria referentes ao imóvel e com as taxas referentes ao
imóvel passará para o adquirente, desde que o FG desses tributos seja anterior ao evento
da aquisição {se não for anterior à data da aquisição, não há de se falar em sucessão e nem
de responsável, mas sim de sujeito passivo direto da obrigação tributária, ou seja, de
contribuinte}.
É importante fazer uma prova de quitação para eliminar a incidência dos tributos já
pagos e, com isso, evitar a cobrança — prova municipal para as taxas a nível municipal,
estadual para as taxas a nível estadual e federal para eventuais cobranças de melhoria etc.
Art. 208. A certidão negativa expedida com dolo ou fraude, que contenha
erro contra a Fazenda Pública, responsabiliza pessoalmente o funcionário que
a expedir, pelo crédito tributário e juros de mora acrescidos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não exclui a responsabilidade
criminal e funcional que no caso couber.
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Responsabilidade em casos de aquisição de bens, de formação de espólio e de
sucessores
Responsabilidade pessoal
Adição de outros bens, que não são imóveis, mas que sofrem incidência tributária.
É o caso de veiculo automotor, por exemplo. A compra do bem transfere a dívida
tributária, caso o FG tenha sido anterior à compra. No caso de morte, primeiramente
passa ao espólio e, posteriormente, aos herdeiros, na medida de seus quinhões.
Alguns exemplos são: se uma pessoa jurídica A for incorporada pela B, a B passa a
ser sucessora pelos débitos tributários da A; quando tem uma fusão entre A e B, a
empresa C vai ser a responsável tributaria.
Para pessoas jurídicas, caso hajam prejuízos sucessivos {por diversos anos
seguidos} — 100L; 0 L; 0 L; 0 L e 0 L, pagando 34% de IR apenas no primeiro ano, caso
no 6º ano tenha a empresa tido 100 L, considera-se como já pago o IR, eis que ocorrerá
um abatimento —, pode ser utilizado o prejuízo anterior para abater um lucro futuro,
porque nessas situações, foi pago mais imposto de renda do que deveria — se o FG fosse
quinquenal, deveria ser pago 0 de IR. Quando ocorre uma transformação, não poderá
ser utilizado o prejuízo fiscal da primeira pessoa jurídica, por vedação legal. Isso
serve para evitar que as pessoas criem empresas voluntariamente deficitárias; para evitar a
criação intencional de passivos deficitários. Quando é alterado a função social da empresa
adquirida, caso ela seja deficitária, não poderá a adquirente se beneficiar do prejuízo fiscal
da adquirida.
É fraude operar duas empresas para se utilizar dos benefícios do SIMPLES. Como
assim? Uma gráfica atinge o limite de lucro de 3,6 milhões de reais e, para não passar para
o regime normal das pessoas jurídicas de grande porte, ela abre uma nova pessoa jurídica
que se enquadrará no SIMPLES também. Isso não pode. Quando o fisco descobrir, ele
juntará ambas as empresas e tributará como se fosse uma sociedade de grande porte.
Caso da Wonder, que tem um material mais desenvolvido e a Desmatal, que possui
menor valor agregado, para uma linha mais popular e barata. Neste caso, são pessoas
jurídicas diferentes e não haveria responsabilidade solidária {tanto faz se fossem juntas
ou separadas}. Nos casos de uma linha mais chique e uma linha mais popular {caso do
Madero, Boticário}, as empresas serão colocadas no mesmo regime de atuação e, portanto,
não terá fraude.
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I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria
ou atividade;
Responsabilidade subsidiária
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III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por
estes;
IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo
concordatário;
VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos
tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do
seu ofício;
VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
É possível a aplicação do artigo supra à Sumula 435 do STJ, eis que ocorrerá a
desconsideração da personalidade jurídica. A responsabilidade no caso de ausência de
comunicação da alteração do domicílio tributário, conforme o STJ, será automática
do sócio-gerente até o final {responsabilidade limitada a ele e não aos demais sócios}. A
maneira de evitar a aplicação dessa Sumula seria a mera indicação de que fora alterado o
endereço fiscal ou extinta atividade:
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Pode responsabilizar, por débitos tributários, uma empresa que tem desvio de
finalidade ou , por conta do artigo 50 do Código Civil, desde que seja efetivamente, feita a
prova disso:
Face a todo um debate sobre a boa-fé, recentemente foi publicada a Súmula 509 do
STJ:
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A responsabilidade do adquirente de boa-fé reside na exigência, no momento da
celebração do negócio jurídico, da documentação pertinente à assunção da regularidade do
alienante, cuja verificação de idoneidade incumbe ao Fisco, razão pela qual não incide, à
espécie, o artigo 136, do CTN, segundo o qual "salvo disposição de lei em contrário, a
responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente
ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato" {norma
aplicável, in casu, ao alienante}. A boa-fé do adquirente em relação às notas fiscais
declaradas inidôneas após a celebração do negócio jurídico {o qual fora efetivamente
realizado}, uma vez caracterizada, legitima o aproveitamento dos créditos de ICMS.
O CTN não menciona infrações criminais porque ele não se dispõe a tratar de
matéria criminal. Os crimes contra a ordem tributária estão previstos em lei especial e
exigem um crime intermediário que, por si só, é crime {falsidade ideológica, estelionato,
interposição no uso de outra pessoa} que é utilizado com o objetivo de lesar o Fisco.
Ambos seriam conexos e o sujeito irá responder pelos dois crimes. Sendo assim, os crimes
contra a ordem tributária sempre vão estar relacionados com um outro crime, que é
utilizado com o meio de atingi-lo.
As infrações que são abarcadas pelo CTN, no artigo 136, são infrações que não
possuem cunho penal, delituoso:
SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA
Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de
modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira
pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo
do cumprimento total ou parcial da referida obrigação.
DIFERIMENTO →
Substituição Tributária Para Trás ←
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necessidade de se arrecadar mais gastando menos — necessidade de uma otimização da
arrecadação}.
Exemplo:
Será postergada a incidência do ICMS devido nas etapas anteriores e deixará para o
varejista, que pagara o ICMS próprio e dos três anteriores. Transforma-se portanto, o
ICMS, que é um tributo plurifásico, em um tributo monofásico. O produto chega na mão do
varejista sem incidência de ICMS, sendo que ele será o responsável pelo pagamento desse
tributo — não tem dispêndio de gasto próprio justamente porque essa mercadoria virá
mais barata.
SUBSTITUÇÃO PROGRESSIVA →
Substituição tributária para frente →
Existe um problema nessa substituição para frente, eis que o substituto não tem
como saber qual é o preço de venda do produto nas etapas subsequentes. O problema,
portanto, está na antecipação da incidência tributária - é necessário que tenha
lançamento e obrigação tributária e consequentemente, fato gerador.
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Naomi Sugita Reis
Como é que alguém efetua o pagamento de uma obrigação tributaria sem fato
gerador e, consequentemente, sem lançamento para constituir o crédito tributário?
O legislador no estado de São Paulo previu essa sistemática genérica e não estabeleceu o
mercado em que ela seria aplicada. Entrou-se, portanto, no STF, com a alegação de que
essa substituição seria inconstitucional. E, o Judiciário concordou que, no inicio, era sim
inconstitucional. Para que essa situação se alterasse, fora introduzido, no art. 150 da
Constituição Federal, o § 7º: o qual instituiu o Fato Gerador presumido. Ou seja, o fato
gerador presumido fora constitucionalizado. A presunção de preço de venda se chama
“pautas fiscais”.
A montadora vendia o carro por 80 para a concessionaria e ela tinha uma alíquota
de 20%, recolhendo a 16% o ICMS próprio, olhada portanto a pauta fiscal, presumindo
que o veiculo seria vendido por 100 pela concessionaria, recolhendo o ICMS ST por 20%.
Isso acaba com o desequilíbrio de concorrência no mercado.
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Naomi Sugita Reis
SUBSTITUIÇÃO CONCOMITANTE
CAPACIDADE TRIBUTÁRIA
Sujeito passivo de obrigação jurídica tributária, qualquer um pode ser, desde que
tenha realizado o fato gerador.
DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO
Um sujeito passivo pode vir a ter diversos endereços, diversas filiais, sendo assim,
ele terá de escolher um e indicá-lo para o fisco. Esse domicílio tributário viabiliza a
comunicação entre fisco e contribuinte, o envio de intimações, as decisões administrativas
ou, até mesmo, as citações em execuções fiscais. Com a incitação verdadeira do domicílio
tributário, o fisco terá a garantia de que será nesse endereço o local para comunicações
segurar com o contribuinte. Ainda, o endereço possibilita a ida ao local, para fiscalizações.
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O contribuinte tem o direito e a obrigação de indicar. Caso o contribuinte ou
responsável não indique o respectivo domicílio tributário, quem escolherá é a lei, cabendo
a aplicação do artigo 127 do CTN:
Esse instituto do art. 127 CTN está em desuso em função da figura do Domicílio
Tributário Eletrônico {DTE}, que é um endereço de e-mail. Isso se dá porque hoje em
dia o fisco não precisa comparecer à empresa para pegar os livros de escrituração, hoje em
dia, o fisco recebe as informações por via eletrônica.
CRÉDITO TRIBUTÁRIO
A autoridade fiscal não pode dar uma segunda saída para o crédito tributário, a
saber que o crédito tributário tem total relação e dependência para com a lei, no
âmbito de extinção, suspensão ou exclusão:
Com esse artigo 141 do CTN, remete-se ao artigo 3º do mesmo Código, o qual traz
o conceito de tributo:
• Extinção do crédito;
• Exclusão do crédito e
• Suspensão do crédito.
O artigo 142 do CTN conceitua o que é lançamento tributário, que é uma das
coisas mais básicas na matéria tributaria, eis que todos os tributos devem passar por
um lançamento, ou seja, para que o crédito de um tributo seja constituído, ele
precisa, de antemão, ser lançado.
Ainda que a haja uma lei revogada ou modificada, será essa a aplicada à época do
lançamento tributário. Como o lançamento é declaratório da obrigação, ele vai se
reportar à data da ocorrência do fato gerador e utilizar-se da lei vigente nesta época
{olhar retrospectivo}. Não importante se a lei nova é mais benéfica. A retroatividade
automática benigna é relativa a penalidades e tributo não constitui sanção por ato ilícito,
ou seja, não retroage se for mais benéfico — somente retroagirá se a lei assim dispuser:
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Naomi Sugita Reis
crédito maiores garantias ou privilégios, exceto, neste último caso, para o
efeito de atribuir responsabilidade tributária a terceiros.
§ 2o O disposto neste artigo não se aplica aos impostos lançados por períodos
certos de tempo, desde que a respectiva lei fixe expressamente a data em que o
fato gerador se considera ocorrido.
O lançamento, via de regra, não poderá ser revisado. Mas, conforme o artigo 145
do CTN, existem duas hipóteses excepcionais que podem levar à revisão do lançamento,
que serão quando o contribuinte ou o fisco discutirem o lançamento em um processo
administrativo fiscal.
O artigo causa um bocado de discussões, eis que, como o lançamento não pode, via
de regra, ser revisado, ele não poderá ter seus critérios jurídicos utilizados para
quantificar o crédito alterado, configurando a inalterabilidade do lançamento, conforme
o artigo 146 do CTN:
O CTN não fala expressamente sobre nulidade do lançamento anterior, mas não foi
explícito em afirmar a nulidade. Foi entrado com o Agravo Regimental no REsp 759704 /
SP a fim de que não fosse reconhecida a nulidade, entretanto, o STJ decidiu o seguinte:
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Mas, quando for possivel, por uma simples operação aritmética, excluir do
lançamento o critério ilegal, ai prevalece o lançamento com a redução aritmética.
A regra é que o lançamento não pode ser alterado, mas caso seja, ou ele será
nulo {se a alteração/ correção implicar mais em uma operação aritmética}, ou ele terá
uma parte de si declarada ilegal, a qual será excluída, prevalecendo apenas o remanescente
{contribuinte pagará apenas o saldo}.
Em resumo, só se altera ou revisa um lançamento com processo administrativo, no
mínimo.
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