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Direito Administrativo

Agências Reguladoras

Professor Cristiano de Souza

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Direito Administrativo

AGÊNCIAS REGULADORAS E EXECUTIVAS

AGÊNCIA REGULADORA: A criação das agências reguladoras advém da política econômica


adotada no Brasil na década de 90 do século XX, quando ocorreram privatizações decorrentes
do Plano Nacional de Desestatização. É uma pessoa jurídica de Direito público interno,
geralmente constituída sob a forma de autarquia especial, cuja finalidade é regular e/ou
fiscalizar a atividade de determinado setor da economia de um país, a exemplo dos setores de
energia elétrica, telecomunicações, produção e comercialização de petróleo, recursos hídricos,
mercado audiovisual, planos e seguros de saúde suplementar, mercado de fármacos e vigilância
sanitária, aviação civil, transportes terrestres.
Tais agências têm poder de polícia, podendo aplicar sanções. Ainda, as Agências Reguladoras
são criadas através de Leis e tem natureza de Autarquia com regime jurídico especial.
Consistem em autarquias com poderes especiais, integrantes da administração pública
indireta, que se dispõe a fiscalizar e regular as atividades de serviços públicos executados por
empresas privadas, mediante prévia concessão, permissão ou autorização. Estas devem exercer
a fiscalização, controle e, sobretudo, poder regulador incidente sobre serviços delegado a
terceiros.
Correspondem, assim, a autarquias sujeitas a regime especial criadas por lei para aquela
finalidade especifica. Diz-se que seu regime é especial, ante a maior ou menor autonomia
que detém e a forma de provimento de seus cargos diretivos, a exemplo do mandato certo e
afastada a possibilidade de exoneração ad nutum, ou seja, a qualquer momento.
Nota-se que a Constituição Federal faz referência a "órgão regulador", não utilizando o termo
"agência reguladora". Sendo "autarquias de regime especial", tais agências detêm prerrogativas
especiais relacionadas à ampliação de sua autonomia gerencial, administrativa e financeira.
(CF/88 - Art. 21. Compete à União: XI - explorar, diretamente ou mediante autorização,
concessão ou permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre
a organização dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais;
Embora tenham função normativa, não podem editar atos normativas primários (leis e
similares), mas tão somente atos secundários (instruções normativas). Sendo assim, as agências
reguladoras não exercem função normativa primária. Nesse caso, não caracteriza violação ao
princípio da legalidade a edição, pela agência reguladora, de atos de condicionamento ou de
restrição de direitos para o cumprimento de obrigação disposta em lei.
Sua função é regular a prestação de serviços públicos, organizar e fiscalizar esses serviços a
serem prestados por concessionárias ou permissionárias, com o objetivo garantir o direito
do usuário ao serviço público de qualidade. Não há muitas diferenças em relação à tradicional
autarquia, a não ser uma maior autonomia financeira e administrativa, além de seus diretores
serem eleitos para mandato por tempo determinado.

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Essas entidades podem ter as seguintes finalidades básicas:
1. Fiscalizar serviços públicos (ANEEL, ANTT, ANAC, ANTAQ);
2. Fomentar e fiscalizar determinadas atividades privadas (ANCINE);
3. Regulamentar, controlar e fiscalizar atividades econômicas (ANP);

Separei para vocês as principais afirmativas que já apareceram em provas de concurso nos
últimos anos sobre o tema “agências executivas e reguladoras”, a leitura dessas afirmativas é
extremamente recomentada, pois representa o perfil das principais bancas.
1. O poder normativo das agências reguladoras, cujo objetivo é atender à necessidade
crescente de normatividade baseada em questões técnicas com mínima influência política,
deve estar amparado em fundamento legal.
2. As decisões das agências reguladoras federais estão sujeitas à revisão ministerial, inclusive
por meio de recurso hierárquico impróprio.
3. Cabe às agências reguladoras, concebidas a partir da década de 1990, regular a oferta
de serviços providos por empreendedores públicos e privados, assim como implantar as
políticas e diretrizes do governo federal direcionadas a seus respectivos setores de atuação.
4. Compete à ANTAQ estabelecer padrões e normas técnicas relativos às operações de
transporte aquaviário de cargas especiais e perigosas.
5. O uso de radiofrequência depende de prévia outorga da ANATEL.
6. As agências reguladoras — autarquias de regime especial com estabilidade e independência
em relação ao ente que as criou — são responsáveis pela regulamentação, pelo controle e
pela fiscalização de serviços públicos, atividades e bens transferidos ao setor privado.

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7. Uma agência reguladora exerce funções executivas, normativas e judicantes de Estado, não
desempenhando funções de governo.
8. A atividade regulatória do Estado é voltada à defesa do interesse público, de modo a
prevenir e corrigir as falhas de mercado e atuar no domínio econômico de forma indireta
por meio das agências reguladoras.
9. O surgimento das agências reguladoras representa uma mudança no papel do Estado, que
deixou de ser produtor de bens e serviços e se tornou regulador dos serviços públicos.
10. Segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal, o regime celetista é incompatível
com as funções de natureza pública exercidas pelos servidores das agências reguladoras.
11. Um dos requisitos necessários à qualificação de uma autarquia ou fundação pública
como agência executiva é a celebração de contrato de gestão com o respectivo ministério
supervisor ao qual se acha vinculada.
12. São características das agências reguladoras a autonomia e o mandato fixo de seus
dirigentes.
13. O Estado, ao exercer o papel de órgão regulador, cabe zelar pelo direito dos investidores,
que almejam um sistema regulatório estável, bem como dos consumidores, que visam
evitar preços abusivos e desejam ter acesso a serviços de qualidade.
14. As competências fiscalizatórias das agências reguladoras decorrem do poder-dever de
acompanhar, monitorar e verificar se a atuação dos agentes regulados se coaduna com as
normas e condições fixadas para o setor regulado.
15. Não cabe às agências reguladoras, no uso do poder normativo, criar os objetivos e os
deveres decorrentes da regulação, em face do princípio da legalidade.
16. A função normativa das agências reguladoras, exercida com vistas ao equilíbrio do
subsistema regulado, não se equipara ao poder regulamentar de competência do chefe do
Poder Executivo.
17. As agências reguladoras têm autonomia financeira. As empresas submetidas à regulação
estatal ficam sujeitas à cobrança de uma taxa referente ao serviço prestado, denominada
taxa de fiscalização.
18. Embora seja vinculada a órgão da administração direta, em nível federal, a ANS não integra
a administração federal direta.
19. O ministro da saúde não tem poder hierárquico sobre o presidente da ANS.
20. Para exercer a disciplina e o controle administrativo sobre os atos e contratos relativos
à prestação de serviço público específico, a União pode criar, mediante lei federal, uma
agência reguladora, pessoa jurídica de direito público cujos dirigentes exercem mandatos
fixos, somente podendo perdê-los em caso de renúncia, condenação transitada em julgado
ou processo administrativo disciplinar, entre outras hipóteses fixadas na lei instituidora da
entidade.
21. A regulação é exigência lógica quando o poder público se afasta da atuação direta, transfere
para a iniciativa privada atividades que, até o momento, desempenhava, e renuncia à

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prestação exclusiva de determinados serviços, de modo a ensejar disputa pelo mercado de
atividades, até então, monopolizadas pelo Estado.
22. As agências reguladoras consistem em mecanismos que ajustam o funcionamento da
atividade econômica do país como um todo. Foram criadas, assim, com a finalidade de
ajustar, disciplinar e promover o funcionamento dos serviços públicos, objeto de concessão,
permissão e autorização, assegurando o funcionamento em condições de excelência tanto
para o fornecedor produtor como principalmente para o consumidor usuário.
23. Compete às agências reguladoras controlar as atividades que constituem objeto de
concessão ou permissão de serviço público ou de atividade econômica monopolizada pelo
Estado, a exemplo da ANP.
24. Uma das características das agências reguladoras é a permeabilidade, uma vez que atuam
com a finalidade de equilibrar os interesses dos entes que compõem o mercado e manter o
diálogo com os agentes econômicos, os consumidores e o poder público.
25. Uma das medidas tomadas pelo governo no processo de modernização do Estado foi a
criação de um grupo especial de autarquias, denominadas agências, que se classificam,
didaticamente, em reguladoras e executivas.
26. As agências reguladoras têm a função de controlar a prestação dos serviços públicos e o
exercício de atividades econômicas, em toda a sua extensão.
27. As agências reguladoras têm autonomia financeira e orçamentária, assim como receita
própria.
28. Considere que uma empresa aérea apresente recurso administrativo questionando uma
portaria da ANAC. Nesse caso, a própria agência reguladora será a última instância decisória
na esfera administrativa.
29. Todas as agências reguladoras federais são autarquias e cada uma está vinculada a um
ministério específico, de acordo com a sua área de atuação.
30. Além das agências reguladoras federais, podem existir, no Brasil, agências reguladoras
estaduais e municipais.
31. As agências reguladoras independentes, criadas no Brasil no final dos anos 90 do século
passado, seguem modelos já estabelecidos em diversos países, como os Estados Unidos da
América e países europeus.
32. As decisões definitivas das agências, em regra, não são passíveis de apreciação por outros
órgãos ou entidades da administração pública.

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Slides – Agências Reguladoras

Administração Indireta
• AGÊNCIAS REGULADORAS: As agências reguladoras são autarquias
de regime especial, que regulam as atividades econômicas
desenvolvidas pelo setor privado. Tais agências têm poder de
polícia, podendo aplicar sanções.
• São criadas por Lei e seus dirigentes possuem estabilidade por
prazo certo com mandatos fixos.
• É cabível recurso hierárquico impróprio para o Ministério a qual está
vinculado.
• Possuem certa independência em relação ao Poder Executivo,
motivo pelo são chamadas de "autarquias de regime especial".

Fundamento Legal
CF/88 - Art. 21. Compete à União:

XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou


permissão, os serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que
disporá sobre a organização dos serviços, a criação de um órgão
regulador e outros aspectos institucionais;

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Função
• Sua função é regular a prestação de serviços públicos, organizar e
fiscalizar esses serviços a serem prestados por concessionárias ou
permissionárias, com o objetivo garantir o direito do usuário ao
serviço público de qualidade.

• Não há muitas diferenças em relação à tradicional autarquia, a não


ser uma maior autonomia financeira e administrativa, além de seus
diretores serem eleitos para mandato por tempo determinado.

Agências executivas

CF/88 - Art. 37 - § 8º A autonomia gerencial, orçamentária e


financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta
poderá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre seus
administradores e o poder público, que tenha por objeto a fixação de
metas de desempenho para o órgão ou entidade, cabendo à lei
dispor sobre:
I - o prazo de duração do contrato;
II - os controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos,
obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
III - a remuneração do pessoal."

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Contrato de Gestão
Celebrado o precitado contrato, o reconhecimento como agência
executiva é concretizado por decreto. Se a entidade descumprir as
exigências previstas na lei e no contrato de gestão, poderá ocorrer
sua desqualificação, também por meio de decreto.

São requisitos para uma agência executiva:


a) tenham planos estratégicos de reestruturação e de
desenvolvimento institucional em andamento;
b) tenham celebrado contrato de gestão com o ministério supervisor.

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