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Romantismo no Brasil: A Lírica

Professora: Danielle Marins

1- (Vunesp) Baseando-se nos temas presentes no poema de


Gonçalves Dias, bem como nos recursos
Leito de folhas verdes estilísticos usados para expressá-los, situe o
texto em um movimento literário e justifique
Por que tardas, Jatir, que tanto a custo sua resposta.
À voz do meu amor moves teus passos? _______________________________________
Da noite a viração, movendo as folhas,
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Já nos cimos do bosque rumoreja.
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E sob a copa da mangueira altiva
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Nosso leito gentil cobri zelosa
Com mimoso tapiz de folhas brandas, _______________________________________
Onde o frouxo luar brinca entre flores.
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Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco,
Já solta o bogari mais doce aroma! 2- (Ibmec-SP)
Como prece de amor, como estas preces,
No silêncio da noite o bosque exala. A lagartixa
A lagartixa ao sol ardente vive
Brilha a lua no céu, brilham estrelas, E fazendo verão o corpo espicha:
Correm perfumes no correr da brisa, O clarão de teus olhos me dá vida,
A cujo influxo mágico respira-se Tu és o sol e eu sou a lagartixa.
Um quebranto de amor, melhor que a vida!
Amo-te como o vinho e como o sono,
A flor que desabrocha ao romper d’alva Tu és meu copo e amoroso leito...
Um só giro do sol, não mais, vegeta: Mas teu néctar de amor jamais se esgota,
Eu sou aquela flor que espero ainda Travesseiro não há como teu peito.
Doce raio do sol que me dê vida.
Posso agora viver: para coroas
Sejam vales ou montes, lago ou terra, Não preciso no prado colher flores;
Onde quer que tu vás, ou dia ou noite, Engrinaldo melhor a minha fronte
Vai seguindo após ti meu pensamento; Nas rosas mais gentis de teus amores.
Outro amor nunca tive: és meu, sou tua!
Vale todo um harém a minha bela,
Meus olhos outros olhos nunca viram, Em fazer-me ditoso ela capricha...
Não sentiram meus lábios outros lábios, Vivo ao sol de seus olhos namorados,
Nem outras mãos, Jatir, que não as tuas Como ao sol de verão a lagartixa.
A arazoia na cinta me apertaram.
AZEVEDO, Álvares de. Poesias completas.
Do tamarindo a flor jaz entreaberta,
Álvares de Azevedo, autor do poema acima, é
Já solta o bogari mais doce aroma;
um dos principais representantes da segunda
Também meu coração, como estas flores,
geração do Romantismo brasileiro. Levando-
Melhor perfume ao pé da noite exala!
se em conta as características dessa geração e o
texto acima, assinale a alternativa incorreta.
Não me escutas, Jatir! nem tardo acodes
À voz do meu amor, que em vão te chama! Tupã!
a) Esse poema ironiza e mesmo parodia as
lá rompe o sol! do leito inútil
convenções da estética romântica. Retomada dos
A brisa da manhã sacuda as folhas!
conceitos
DIAS, Gonçalves. Obras poéticas – II, p. 17 b) A caracterização do amante (“lagartixa”) e da
amada (“clarão”, “sol”, “vinho”, “sono”, “copo”,
“leito”, “néctar de amor”) cria uma atmosfera Nem na terra de amor não ter um eco,
positiva, bem-humorada, expressando a harmonia E meu anjo de Deus, o meu planeta,
entre os amantes. Tratar-me como trata-se um boneco...
c) A imagem da lagartixa, prosaica e esdrúxula, Não é andar de cotovelos rotos,
por contraste às imagens líricas, gera estranheza e Ter duro como pedra o travesseiro...
comicidade ao texto. Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
d) A melancolia, o ar sombrio e fúnebre, marcas Cujo sol (quem m’o dera!) é o dinheiro...
da poética da segunda geração romântica, estão Minha desgraça, ó cândida donzela,
presentes no poema “A lagartixa”. O que faz que o meu peito assim blasfema,
e) A pieguice amorosa, temática frequente na É ter para escrever todo um poema
estética romântica, está ausente nesse poema. E não ter um vintém para uma vela.

3- (UFRJ, adaptada) AZEVEDO, Álvares de. Em: CANDIDO, Antonio (Sel.). Os


melhores poemas de Álvares de Azevedo. 4. ed. São Paulo:
Global, 2001. p. 83. (Os Melhores Poemas, 13.)
Adeus, meus sonhos!
Álvares de Azevedo, algumas vezes, distanciou-
Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro! se da tendência ultrarromântica, contrariando o
Não levo da existência uma saudade! rótulo comumente atribuído à sua obra poética.
E tanta vida que meu peito enchia Isso é possível perceber no poema acima, posto
Morreu na minha triste mocidade! que nele se constata:

Misérrimo! votei meus pobres dias 1. ( ) uma presença feminina, figura idealizada,
À sina doida de um amor sem fruto, responsável pela desgraça e pela frustração do eu
E minh’alma na treva agora dorme poético.
Como um olhar que a morte envolve em luto. 2. ( ) um tom de ironia e de sarcasmo, impresso
nos versos, apresentando traços sintomáticos da
Que me resta, meu Deus? morra comigo modernidade.
A estrela de meus cândidos amores, 3. ( ) um estado de alma que revela uma atmosfera
Já que não levo no meu peito morto de sonho, de fantasia, de escapismo, de devaneio,
Um punhado sequer de murchas flores! testemunhando um eu poético arraigado ao
subjetivismo.
Álvares de Azevedo 4. ( ) um teor prosaico, apresentando versos, cuja
leveza e humor sutil apontam para uma poética
O poema de Álvares de Azevedo trabalha com
que destoa de um fatalismo típico, presente em
o par desejo/realidade. Com base nessa
poemas como “Lembrança de morrer”.
afirmação, demonstre, a partir de elementos
textuais, que “Adeus, meus sonhos!” constitui
5- (UFRN) As três estrofes abaixo pertencem
forte ilustração da poética da segunda geração
ao poema “Lembrança de morrer”, de Álvares
romântica, à qual pertence o autor.
de Azevedo.
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Descansem o meu leito solitário
_______________________________________ Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
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– Foi poeta – sonhou – e amou na vida.
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Sombras do vale, noites da montanha
4- (UFG-GO, adaptada) Leia o poema “Minha Que minh’alma cantou e amava tanto,
desgraça”, de Álvares de Azevedo, a seguir, e Protegei o meu corpo abandonado,
responda ao que se pede, assinalando C ou E E no silêncio derramai-lhe canto!
nas afirmativas apresentadas:
Mas quando preludia ave d’aurora
Minha desgraça, não, não é ser poeta, E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos...
Deixai a lua prantear-me a lousa! III- Tenho medo de mim, de ti, de tudo, Da luz, da
sombra, do silêncio ou vozes, Das folhas secas, do
AZEVEDO, A. Lira dos vinte anos. Porto Alegre: L&PM,
2001. p. 115. chorar das fontes, Das horas longas a correr
velozes.
Nos versos que compõem as estrofes, a
temática essencial da obra do poeta é revelada IV Somos nós, meu senhor, mas não temas. Nós
na: quebramos as nossas algemas P’ra pedir-te as
a) valorização da morte como fuga dos problemas esposas ou mães. Este é o filho do ancião que
sociais de sua época. mataste. Este – irmão da mulher que manchaste...
b) exaltação da natureza brasileira como propósito Oh! Não temas, senhor, são teus cães.
de enaltecimento à nacionalidade.
c) manifestação do desejo de amor e de morte A temática e o vocabulário permitem associar à
como impulsos presentes em sua sensibilidade segunda geração romântica os fragmentos:
poética.
d) adesão aos valores cristãos como indica a a) I e IV.
imagem da cruz. b) II e III.
c) II e IV.
6- (PUC-SP) b) II e III.
e) III e IV.
Sombras do vale, noites da montanha
minh’alma cantou e amava tanto, 8- (UERJ) Gonçalves Dias é um dos principais
Protegei o meu corpo abandonado, representantes do Romantismo no Brasil,
E no silêncio derramai-lhe canto! movimento contemporâneo ao processo de
Mas quando preludia ave d’aurora consolidação do Estado monárquico brasileiro
E quando à meia-noite o céu repousa, e que forneceu elementos simbólicos para a
Arvoredos do bosque, abri os ramos... construção da identidade nacional. Observe
Deixai a lua prantear-me a lousa! este fragmento de um de seus poemas:

O que dominantemente aflora nos versos Não chores, meu filho;


acima e caracteriza o poeta Álvares de Não chores, que a vida
Azevedo como ultrarromântico é: É luta renhida:
Viver é lutar.
a) a devoção pela noite e por ambientes lúgubres A vida é combate,
e sombrios. Que os fracos abate,
b) o sentimento de autodestruição e a valorização Que os fortes, os bravos
da natureza tropical. Só pode exaltar. (...)
c) o acentuado pessimismo e a valorização da
religiosidade mística. E pois que és meu filho,
d) o sentimento byroniano de tom elegíaco e Meus brios reveste;
humorístico-satânico. Tamoio nasceste,
e) o sonho adolescente e a supervalorização da Valente serás.
vida. Sê duro guerreiro,
Robusto, fragueiro,
7- (UFPB) Considere os fragmentos abaixo: Brasão dos tamoios
Na guerra e na paz. (...)
I- Um dia vivemos! O homem que é forte Não
teme da morte; Só teme fugir. No arco que entesa Porém se a fortuna,
Tem certa uma presa, Quer seja tapuia, Condor ou Traindo teus passos,
tapir. Te arroja nos laços
Do inimigo falaz!
II- Mas essa dor da vida que devora A ânsia de Na última hora
glória, o dolorido afã... A dor no peito emudecera Teus feitos memora,
ao menos Se eu morresse amanhã! Tranquilo nos gestos,
Impávido, audaz. _______________________________________
_______________________________________
Identifique, em Canção do Tamoio, um
elemento integrante da proposta de construção _______________________________________
da identidade nacional brasileira. Justifique
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também a utilização desse elemento pelo
movimento romântico. _______________________________________
10- (FUVEST) “O indianismo dos românticos
_______________________________________
[…] denota tendência para particularizar os
_______________________________________ grandes temas, as grandes atitudes de que se
nutria a literatura ocidental, inserindo-as na
_______________________________________
realidade local, tratando-as como próprias de
_______________________________________ uma tradição brasileira.”
_______________________________________ (Antonio Candido, Formação da Literatura Brasileira)

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Considerando-se o texto acima, pode-se dizer
que o indianismo, na literatura romântica
9- (UERJ) brasileira:

Língua a) procurou ser uma cópia dos modelos europeus.


b) adaptou a realidade brasileira aos modelos
Esta língua é como um elástico europeus.
que espicharam pelo mundo. c) ignorou a literatura ocidental para valorizar a
tradição brasileira.
No início era tensa, d) deformou a tradição brasileira para adaptá-la à
de tão clássica. literatura ocidental.
e) procurou adaptar os modelos europeus à
Com o tempo, se foi amaciando, realidade local.
foi-se tornando romântica,
incorporando os termos nativos 11-(FUVEST)
e amolecendo nas folhas de bananeira
as expressões mais sisudas. “Teu romantismo bebo, ó minha lua,
A teus raios divinos me abandono,
Um elástico que já não se pode Torno-me vaporoso… e só de ver-te
mais trocar, de tão gasto; Eu sinto os lábios meus se abrir de sono.”
nem se arrebenta mais, de tão forte.
(Álvares de Azevedo, “Luar de verão”, Lira dos vinte anos)

Um elástico assim como é a vida


Neste excerto, o eu-lírico parece aderir com
que nunca volta ao ponto de partida.
Gilberto Mendonça Teles intensidade aos temas de que fala, mas revela,
A terceira estrofe do poema Língua faz de imediato, desinteresse e tédio. Essa atitude
referência a uma importante transformação na do eu-lírico manifesta a:
expressão literária da língua portuguesa no
Brasil. a) ironia romântica.
Identifique o movimento artístico que se b) tendência romântica ao misticismo.
relaciona diretamente com essa c) melancolia romântica.
transformação, situando-o cronologicamente. d) aversão dos românticos à natureza.
Em seguida, transcreva um trecho que e) fuga romântica para o sonho.
comprove essa transformação e explique-o.
12- (VUNESP) Leia atentamente os versos
_______________________________________ seguintes:
“Eu deixo a vida com deixa o tédio
_______________________________________ Do deserto o poeta caminheiro
_______________________________________
– Como as horas de um longo pesadelo Se choro... bebe o pranto a areia ardente! Talvez...
Que se desfaz ao dobre de um mineiro.” pra que meu pranto, ó Deus clemente, Não
descubras no chão!...
Esses versos de Álvares de Azevedo significam
a: a) Cite e explique a figura de linguagem pela
qual o poeta estrutura o poema.
a) revolta diante da morte.
b) aceitação da vida como um longo pesadelo. _______________________________________
c) aceitação da morte como a solução.
_______________________________________
d) tristeza pelas condições de vida.
e) alegria pela vida longa que teve. _______________________________________
_______________________________________
13- (MACKENZIE) A natureza, nessa estrofe:
b) Identifique os elementos que representam,
“Do tamarindo a flor abriu-se, há pouco, figuradamente, o abandono e o desespero
Já solta o bogari mais doce aroma! advindos da escravidão.
Como prece de amor, como estas preces, _______________________________________
No silêncio da noite o bosque exala.”
(Gonçalves Dias) _______________________________________
_______________________________________
Obs.: tamarindo = árvore frutífera; o fruto dessa
mesma planta _______________________________________
bogari = arbusto de flores brancas
_______________________________________
a) é concebida como uma força indomável que _______________________________________
submete o eu lírico a uma experiência erótica
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instintiva.
b) expressa sentimentos amorosos.
c) é representada por divindade mítica da
15- (Ufal) Nos versos abaixo, Castro Alves
tradição clássica.
assim se dirige à bandeira nacional:
d) funciona apenas como quadro cenográfico
para o idílio amoroso.
Tu, que da liberdade após a guerra
e) é recriada objetivamente, com base em
Foste hasteada dos heróis na lança,
elementos da fauna e da flora nacionais.
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...
14- (UFRJ) As estrofes apresentadas a seguir
foram retiradas do poema “Vozes d’África”,
Com esses versos, o poeta está:
de Castro Alves. “Vozes d’África” é um dos
textos em que o poeta expressa sua indignação
a) conclamando os brasileiros à luta pela
diante da escravidão. Leia, com atenção, o
proclamação da República.
fragmento selecionado para responder às
b) rememorando as ações heroicas dos rebeldes de
questões propostas em a) e b):
Canudos.
c) acusando as intromissões do governo inglês em
Vozes d’África Deus! ó Deus, onde estás que não
assuntos nacionais.
respondes!?
d) denunciando as conspirações contra o regime
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes,
monarquista.
Embuçado nos céus?
e) lamentando as atrocidades das práticas
Há dois mil anos te mandei meu grito,
escravistas no Brasil.
Que embalde, desde então, corre o infinito... Onde
estás, Senhor Deus?...
16- (Enem-MEC)
(...)
O trecho a seguir é parte do poema “Mocidade
Mas eu, Senhor!... Eu triste, abandonada,
e morte”, do poeta romântico Castro Alves:
Em meio dos desertos esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Oh! eu quero viver, beber perfumes e) constatação de que a música é o único
Na flor silvestre, que embalsama os ares; expediente capaz de levá-lo à obtenção de
Ver minh’alma adejar pelo infinito, recursos materiais.
Qual branca vela n’amplidão dos mares.
No seio da mulher há tanto aroma... 18- Em relação ao Romantismo, pode-se
Nos seus beijos de fogo há tanta vida... afirmar que:
– Árabe errante, vou dormir à tarde
À sombra fresca da palmeira erguida. I –O poeta romântico deixa-se arrebatar pelo
Mas uma voz responde-me sombria: conflito entre o mundo imaginário e o real,
Terás o sono sob a lájea fria. expresso num sentimentalismo acentuado.

ALVES, Castro. Em: IVO, Ledo (Sel.). Os melhores poemas II –Casimiro de Abreu, Álvares de Azevedo,
de Castro Alves. São Paulo: Global, 1983.
Fagundes Varela e Gonçalves de Magalhães
Esse poema, como o próprio título sugere, aborda pertencem à segunda geração romântica.
o inconformismo do poeta com a antevisão da
morte prematura, ainda na juventude. A imagem III –O ilogismo leva o autor romântico a
da morte aparece na palavra: instabilidades emocionais que são traduzidas em
atitudes contraditórias: entusiasmo e depressão,
a) embalsama. alegria e tristeza.
b) infinito
c) amplidão. Estão corretas as afirmativas:
d) dormir.
e) sono. a- Apenas I e III.
b- I, II e III.
17- (UFRJ) c- Apenas II.
d- Apenas I e II.
Vagabundo e- Apenas III.

Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,


Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso!
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro;
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobrezas.
Álvares de Azevedo

A visão de mundo expressa pelo eu lírico nos


versos de Álvares de Azevedo revela o(a)

a) desequilíbrio do poeta adolescente e indeciso,


que não é capaz de amar uma mulher nem a si
próprio.
b) valorização da vida boêmia que proporciona
um outro tipo felicidade, desvinculada de valores
materiais.
c) postura acrítica que o poeta tem diante da
realidade, seja emrelação ao amor,seja em
relação à vida social.
d) lamento do poeta que leva a vida peregrina e
pobre, sem bens materiais e nenhuma forma de
felicidade.

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