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Parentalidade

A Parentalidade é considerada como um fator determinante importante para o


desenvolvimento de várias áreas do desenvolvimento da criança. ( Vaz, 2002)

De acordo com Cruz (citado por Brás ,2008), refere que a parentalidade é um conjunto de
ações tomas pelos pais para a promoção de um bom desenvolvimento dos seus filhos,
utilizando recursos disponibilizados pela comunidade , afirmando que a parentalidade surgiu
associado a forma como os progenitores processam a educação dos seus filhos.

Segundo a Convenção dos Direitos da Criança (ONU/ UNICEF, 1990), no artigo 27º que a
responsabilidade parental e de outros cuidadores assegurar as suas competências e
capacidades financeiras , as condições de vida necessárias para desenvolvimento da criança.
A parentalidade subdivide-se em atividades parentais que é um conjunto atividades
necessárias para uma parentalidade suficientemente adequada, por outro lado as atividades
funcionais onde os principais aspetos do funcionamento da criança e pré-requisitos sendo um
conjunto de especificidades necessárias para o desenvolvimento parental.

No que diz respeito as atividades parentais destacam-se as dimensões de cuidado de


disciplina e desenvolvimento , os seus objetivos são assegurar a prevenção das adversidades
que possam fazer sofrer a criança, assim como promover situações que ajudem ao longo da
sua vida.

Os cuidados ao nível físico são traduzidos na garantia de alimentos, proteção , vestuário,


higiene, hábitos de sono, assim como a precaução de acidentes ou de doenças preveníveis
ou a tomada de ações rápidas, para uma resolução eficaz destas situações sempre que
ocorram (Reader, Duncan, & Lucey.2005)

Os cuidados emocionais integram comportamentos e atitudes que asseguram o respeito pela


criança , como individuo , a sua perceção de ser estimulado e apreciado , como oportunidades
para que ela possa gerir os seus riscos e fazerem as suas próprias escolhas .

Os cuidados sociais, é garantir que a criança não seja isolada dos seus pais ou adultos
significativos no curso do seu desenvolvimento, a criança deverá está integrada em casa e na
escola .
Estilos e Práticas Parentais

Os estilos parentais , referem-se a demostrações dos pais relativamente aos filhos tendo em
conta a natureza de interações de entre eles , como respostas as necessidades dos filhos,
manifestações de afetos e emoções.

Os estilos parentais são caracterizados pela definição de regras de comportamentos ,


respeito, autonomia e independência dos filhos, estando associado a pais exigentes e
responsáveis, promovendo assim o desenvolvimento da criança. O estilo permissivo é
pautado pela ausência de regras , ou de um estilo indulgente.
De acordo com Darling e Steinberg (1993), os estilos parentais podem se traduzir em atitudes
que os pais têm com as crianças , através das quais se definem um ambiente emocional . por
outro lado, estilos parentais dizem respeito ao contexto em que os pais educam os seus filhos
de acordo com as suas práticas parentais, tem em conta os seus valores e as suas práticas,

Segundo o autor as práticas referem- se a comportamentos adotados pelos pais


nomeadamente acerca de disciplina, apoio de comportamentos interativos entre os pais e a
criança, para reaprender e incentivar determinados comportamentos dos seus filhos.

Estas práticas são direcionadas para um efeito na criança, adotando diferentes estratégias
dependendo da sua situação, as práticas também derivam de um conjunto de atitudes dos
pais na criação de um clima emocional aonde se expressam os comportamentos dos pais.

Os estilos e as práticas parentais resultam diretamente de objetivos e valores dos pais que
influenciam o desenvolvimento das crianças em diferentes processos, sendo que as práticas
parentais se destacam por terem um efeito determinado comportamento específico da
criança, que é particular .
Tipos de Estilos Parentais

Segundo Diana Baumrind (1966), as crianças são educadas de diferentes estilos parentais
com graus de competencias sociais, com uma maior assertividade, maior maturidade, conduta
independente , empreendedora e responsabilidade social no que diz respeito a um tipo de
estilo parental denominado como democrático ou assertivo.

A autora optou por sugerir três estilos parentais, como o estilo democrático( autoriativo),
autoritário e o permissivo.

O estilo parental autoritativo, também conhecido como democrático, é o ideal uma vez que os
pais pretendem guiar as atividades das crianças de forma “ racional e orientada.” O estímulo
de atitudes através do diálogo, promove a autonomia e a individualidade nas crianças.

O estilo parental autoritário, os pais modelam a criança de acordo com as normas pré-
estabelecidas por eles, ou seja, o comportamento da criança é controlado e avaliado de
acordo com as regras previamente impostas. Neste estilo parental os pais prezam
imensamente a obediência , vendo-a como uma virtude e dão imenso valor ao respeito, á
autoridade ao trabalho, á tradição , á perseverança da ordem.
O estilo parental permissivo, os pais enquadrados neste estilo, ao contrário dos autoritários ,
não são a favor da punição e a sua perspetiva, não é moldar a crianças aos seus ideais , mas
sim mostrar-lhes que os pais, poderão ser um meio de para que as crianças concretizem os
seus sonhos .

Estas três vertentes permitam sistematizar as características de cada estilo parental.


Estilos Parentais e o Desenvolvimento Escolar e Social

Os estilos parentais no desenvolvimento escolar e social podem se verificar através de alguns


estudos realizados que indicam, o nível de desenvolvimento parental como maior relevância
são no 1º ciclo do Ensino Básico.
Segundo os autores Dornuch, Ritter, Leidreman , Roberts e Fraleight (1987), os estilos
parentais autoritários, permissivos estão associados aos alunos que obtém resultados
escolares mais baixos, enquanto no estilo parental democrático é associado aos alunos que
obtém resultados escolares , assim demostrando que as crianças percecionam um estilo
democrático em que os pais evidenciaram aspetos positivos no seu desenvolvimento em
comparação com as crianças que tem uma educação do estilo autoritário.

As crianças cujo , os pais , um estilo mais permissivo, tem aspetos mais negativos, assim
concluíram que os filhos , pais tinham um estilo mais democráticos são vistos como os mais
competentes quer a nível social .

As crianças cujo, os pais não se envolvem a terem um mau desempenho em diversas áreas
da sua vida, onde os pais demonstram uma personalidade autoritária, isto leva a que os
mesmo tenham uma baixa autoestima, altos níveis de depressão e que o seu desempenho
escolar seja moderado.

As crianças cujo ,os pais desenvolvem um estilo mais democrático os mesmo evidenciaram
mais aspetos positivos do seu desenvolvimento , em comparação com crianças em que pais
evidenciavam um estilo mais autoritário. Estes pais a nível da educação dos filhos são mais
competentes , apresentando uma excelente capacidade para a criatividade , para o raciocínio
sendo socialmente mais confiantes e responsáveis e bastante desenvolvidos a nível cognitivo.
Educação Parental

A Educação Parental ao longo dos tempos, têm sido evidente as alterações que ocorram no
seio familiar , quer ao nível das normas das famílias , quer nas interações entre pais e
filhos.(Martinho, 2010)
Os programas de Educação Parental facilitam uma intervenção de apoiar pais e educadores ,
pois estes são figuras que contribuem para o desenvolvimento da criança ao nível social,
físico e emocional.

Segundo Correia & Serrano (200, p.102) A educação das crianças implica lidar com situações
que referem diferentes graus de capacidades de resolução de problemas .

Por outro lado, a Educação Parenta proporciona á família recursos e ajudas como o
desenvolvimento e crescimento dos pais terem uma maior noção das suas funções parentais
como uma boa relação entre pais e filhos.
As formações para pais podem ajudar a resolver problemas de comportamentos das
crianças, pois estes programas podem explorar o conhecimento de caracter pratico e
emocional onde permitem adquirir princípios de aprendizagem ou uma reorganização de
comportamentos e resolução de problemas . (Damda , 2011)
Alguns destes programas devem ter em conta a maneira com as famílias comunicam, ou
como resolvem os problemas e conflitos e a maneira como gerem e organizam a sua vida
diária incluindo a alimentação e higiene.
Perspetiva da Parentalidade ao nível da CPCJ

Uma das principais prioridades que moldam o trabalho da CPCJ é a necessidade de


trabalhar a Parentalidade com as famílias que foram sinalizadas, assegurando uma
melhor relação entre filhos e pais.

Ora, esta prioridade apresenta relação intrínseca com o objetivo da Comissão de


promover os direitos das crianças e jovens que se encontrem em situação de risco ou
perigo, prevenindo e pondo termo a situações passiveis de afetar a segurança, saúde,
formação, educação e desenvolvimento integral daqueles que são os membros mais
vulneráveis da nossa sociedade.

Só através do desenvolvimento de competências de Parentalidade junto dos pais ou


responsáveis legais se poderá atingir um nível eficaz e positivo de Parentalidade, que
assegure o bom e normal desenvolvimento da criança, assegurando-se um ambiente
saudável e propício a um bom futuro.

É nesta ótica que diversas Comissões adotam programas para combater os


problemas diagnosticado, proporcionando uma melhor e mais estável relação entre os
pais e os filhos que foram sinalizados.

Segundo o Relatório Anual Nacional da CPCJ, no ano de 2019, verificou-se um


aumento de 4.743 processos de sinalização, comparativamente com o ano anterior,
atingindo-se um total de 43.796, dos quais 28,59% resultaram de situações de
negligência e 17,83% de comportamentos de perigo na infância e juventude.

Estes números revelam-nos a importância e a urgência de se atuar ao nível da


Educação Parental, de modo a facilitar a intervenção por parte dos técnicos,
superando diversas dificuldades por estes sentidas, bem como reduzir o número de
casos sinalizados.

A educação voltada para a Parentalidade, não só poderá atingir estes resultados


positivos, como também acaba por representar um método para que se alcance um
melhor e mais seguro ambiente familiar, visto que permitirá que os pais ou tutores
legais adquiram competências que os habilitem a lidar com os normais problemas
associados à Parentalidade, sempre com vista ao desenvolvimento positivo da sua
relação com as crianças e jovens.

A experiência de estágio dentro de uma CPCJ permitiu-me observar estes pais e


perceber que muitos deles não têm noção de como desempenhar as suas funções de
forma correta e positiva para as crianças, sendo que recorrem a métodos não
educativos, como os gritos, os castigos físicos, humilhações e pressões psicológicas,
que inevitavelmente acabam por afetar negativamente as relações com estas crianças
e jovens.

As crianças que crescem neste tipo de ambiente nefasto, dominado por


comportamentos “sem amor” tornam-se infelizes e inseguras, o que poderá levar ao
aumento de adultos com fraca autoestima e que podem gerar um ciclo vicioso
negativo, através da reprodução dos comportamentos quando estes se tornarem pais.
Mesmo quando questionados sobre o tipo de pais que pretendem ser, percebemos
que querem ser bons pais mas no entanto, não estão capacitados para isso, não
sabem como o ser e em alguns casos não têm sequer consciência que podem fazer
de forma diferente.

Bibliografia:
https://www.cnpdpcj.gov.pt/documents/10182/16406/Relatório+Anual+de+avaliação+da+ativid
ade+das+CPCJ+do+ano+de+2019/e168c7fb-ddc8-4524-ba20-9511d8a5ae27

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