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TRIBUNAIS DE CONTAS

Direito Civil
Roberto Figueiredo

PESSOA JURÍDICA E DOMICÍLIO. Jornada 7: “só se aplica a desconsideração da


personalidade jurídica quando houver a
1. A pessoa jurídica e a função social da prática de ato irregular e, limitadamente, aos
empresa: empresarialidade responsável. administradores ou sócios que nela hajam
incorrido.”
“O sistema jurídico autoriza a dissolução, para
o bem comum, de associação de torcedores A simples prática de atos ultra vires (excesso
que, perdendo a ideologia primitiva (incentivo de mandato ou poder) pelo sócio não justifica,
a uma equipe esportiva), transformou-se em por si só, a desconsideração, mas viola a boa-
instituição organizada para a difusão do pânico fé objetiva e gera responsabilidade da
e terror em espetáculos esportivos, uma empresa – STJ, REsp. 448.471/MG.
ilicitude que compromete o esforço do direito
em manter o equilíbrio de forças para o 3.2. Teorias maior e menor (admissibilidade de
exercício da cidadania digna (CF, art. 1º, III, e ambas, em nosso sistema jurídico, CC 50 X
217). Incidência do art. 21, III, do CC/16 para CDC 28 e Lei n.8884/94, 18 – STJ, REsp.
selar o fim do ciclo existencial do Grêmio 279.273/SP).
Gaviões da Fiel Torcida” (TJ/SP, Ac.
3ªCâm.Cív., ApCív. 102.023-4/3, rel. Des. Ênio Jornada 51: “A teoria da desconsideração da
Santarelli Zuliani, personalidade jurídica – disregard doctrine –
j.17.10.2000, in RT 786:163) fica positivada no novo Código Civil, mantidos
os parâmetros existentes nos microssistemas
2. Noções conceituais. Agrupamento de legais e na construção jurídica sobre o tema.”
pessoas/destinação. patrimonial, finalidade
específica e lícita, constituição na forma da lei. 4. Classificação.
Registro e retroatividade. Direitos da
personalidade. Direito autoral. A questão da 4.1. Quanto à nacionalidade: nacionais e
gratuidade judiciária. STJ, AgRg no AREsp estrangeiras (a questão da reserva de
202.953/RJ mercado).

3. Teoria da independência/autonomia. 4.2. Quanto à função exercida: de direito


Patrimônio e personalidade autônomos. O público e de direito privado (o critério definidor,
momento existencial e a necessidade de a responsabilidade civil e o regime patrimonial
autorização. Os entes despersonalizados. A dos bens).
capacidade jurídica e não incidência dos
direitos da personalidade. 4.3. Quanto à estrutura interna: universitas
bonorum (destinação de patrimônio) e
3,1. Desconsideração da personalidade universitas personarum (agrupamento de
jurídica. pessoas).

Art. 50, Código Civil: “Em caso de abuso da 5. As associações. Noções gerais. Finalidade
personalidade jurídica, caracterizado pelo social. Possibilidade de tratamento
desvio de finalidade, ou pela confusão diferenciado de associados. Exclusão de
patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento associado. Destinação do patrimônio
da parte, ou do Ministério Público quando lhe remanescente.
couber intervir no processo, que os efeitos de
certas e determinadas relações de obrigações Art. 55. Os associados devem ter iguais
sejam estendidos aos bens particulares dos direitos, mas o estatuto poderá instituir
administradores ou sócios da pessoa jurídica.” categorias com vantagens especiais.

3.1.1. Alcance da desconsideração Art. 56. A qualidade de associado é


relativamente aos sócios e/ou administradores intransmissível, se o estatuto não dispuser o
que praticaram ato de administração/gestão. contrário. Art. 57. A exclusão do associado só
é admissível havendo justa causa, assim

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reconhecida em procedimento que assegure 6.2. Fase de instituição (dotação e


direito de defesa e de recurso, nos termos insuficiência. Transferência contra a vontade
previstos no estatuto. do instituidor e tutela específica).

Art. 61. Dissolvida a associação, o Art. 63. Quando insuficientes para constituir a
remanescente do seu patrimônio líquido, fundação, os bens a ela destinados serão,
depois de deduzidas, se for o caso, as quotas se de outro modo não dispuser o instituidor,
ou frações ideais referidas no parágrafo único incorporados em outra fundação que se
do art. 56, será destinado à entidade de fins proponha a fim igual ou semelhante.
não econômicos designada no estatuto, ou,
omisso este, por deliberação dos associados, Art. 64. Constituída a fundação por negócio
à instituição municipal, estadual ou federal, de jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a
fins idênticos ou semelhantes. transferir-lhe a propriedade, ou outro direito
real, sobre os bens dotados, e, se não o fizer,
§ 1º Por cláusula do estatuto ou, no seu serão registrados, em nome dela, por
silêncio, por deliberação dos associados, mandado judicial.
podem estes, antes da destinação do
remanescente referida neste artigo, receber 6.3. Fase de elaboração dos estatutos. A
em restituição, atualizado o respectivo valor, atuação do MP.
as contribuições que tiverem prestado ao
patrimônio da associação. 6.4. Fase de aprovação dos estatutos. A
atuação do MP e a atuação supletiva do
§ 2º Não existindo no Município, no Estado, no Judiciário (procedimento de jurisdição
Distrito Federal ou no Território, em que a voluntária).
associação tiver sede, instituição nas
condições indicadas neste artigo, o que 6.5. Fase de registro.
remanescer do seu patrimônio se devolverá à
Fazenda do Estado, do Distrito Federal ou da 6.6. Fiscalização das fundações pelo MP. A
União. inconstitucionalidade reconhecida pelo STF,
ADin 2794/DF.
6. As fundações. 6.1. Noções gerais e as
diferentes fases constitutivas. A finalidade Art. 66. Velará pelas fundações o Ministério
fundacional e a polêmica da taxatividade do Público do Estado onde situadas.
CC.
§ 1º Se funcionarem no Distrito Federal, ou em
Art. 62. Para criar uma fundação, o seu Território, caberá o encargo ao Ministério
instituidor fará, por escritura pública ou Público Federal.
testamento, dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e § 2º Se estenderem a atividade por mais de um
declarando, se quiser, a maneira de Estado, caberá o encargo, em cada um
administrá-la. deles, ao respectivo Ministério Público.

Parágrafo único. A fundação somente poderá 6.7. Alteração estatutária.


constituir-se para fins religiosos, morais,
culturais ou de assistência. 6.8. Extinção fundacional e destino do
patrimônio remanescente.
Enunciado 8, Jornada: “Art. 62, parágrafo
único: a constituição de fundação para fins Art. 69. Tornando-se ilícita, impossível ou inútil
científicos, educacionais ou de promoção do a finalidade a que visa a fundação, ou
meio ambiente está compreendida no CC, vencido o prazo de sua existência, o órgão do
art. 62, parágrafo único.” Ministério Público, ou qualquer interessado,
lhe promoverá a extinção, incorporando-se o
seu patrimônio, salvo disposição em contrário

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no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra


fundação, designada pelo juiz, que se § 1o Tendo a pessoa jurídica diversos
proponha a fim igual ou semelhante. estabelecimentos em lugares diferentes, cada
um deles será considerado domicílio para os
7. Domicílio. atos nele praticados.

Art. 70. O domicílio da pessoa natural é o lugar § 2o Se a administração, ou diretoria,


onde ela estabelece a sua residência com tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por
ânimo definitivo. domicílio da pessoa jurídica, no tocante às
obrigações contraídas por cada uma das suas
Art. 71. Se, porém, a pessoa natural tiver agências, o lugar do estabelecimento, sito no
diversas residências, onde, alternadamente, Brasil, a que ela corresponder.
viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer
delas. Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o
servidor público, o militar, o marítimo e o preso.
Art. 72. É também domicílio da pessoa natural,
quanto às relações concernentes à profissão, Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do
o lugar onde esta é exercida. seu representante ou assistente; o do servidor
público, o lugar em que exercer
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar permanentemente suas funções; o do militar,
profissão em lugares diversos, cada um deles onde servir, e, sendo da Marinha ou da
constituirá domicílio para as relações que lhe Aeronáutica, a sede do comando a que se
corresponderem. encontrar imediatamente subordinado; o do
marítimo, onde o navio estiver matriculado; e o
Art. 73. Ter-se-á por domicílio da pessoa do preso, o lugar em que cumprir a sentença.
natural, que não tenha residência habitual, o
lugar onde for encontrada. Art. 77. O agente diplomático do Brasil, que,
citado no estrangeiro, alegar
Art. 74. Muda-se o domicílio, transferindo a extraterritorialidade sem designar onde tem,
residência, com a intenção manifesta de o no país, o seu domicílio, poderá ser
mudar. demandado no Distrito Federal ou no último
ponto do território brasileiro onde o teve.
Parágrafo único. A prova da intenção resultará
do que declarar a pessoa às municipalidades Art. 78. Nos contratos escritos, poderão os
dos lugares, que deixa, e para onde vai, ou, se contratantes especificar domicílio onde se
tais declarações não fizer, da própria exercitem e cumpram os direitos e obrigações
mudança, com as circunstâncias que a deles resultantes
acompanharem.
8. FATOS JURÍDICOS.

Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o


domicílio é: 8.1. “O mundo do Direito é o Mundo dos Fatos
Jurídicos” (Pontes de Miranda).
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as
respectivas capitais;
8.1.1. Fato Material x Fato Jurídico.
III - do Município, o lugar onde funcione
a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o
8.2. A lógica do mundo jurídico: a fórmula para
lugar onde funcionarem as respectivas
diretorias e administrações, ou onde elegerem juridicização dos acontecimentos relevantes
domicílio especial no seu estatuto ou atos
para o Direito.
constitutivos.

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a) A autonomia privada (ou negocial):


8.3. Conceitos Clássicos: incidência da norma constitucional sobre a
autonomia da vontade.
“São acontecimentos em virtude dos quais
começam, se modificam ou se extinguem as b) A função social do contrato e a boa-fé
relações jurídicas” (CAIO MÁRIO). objetiva limitando a autonomia negocial.

“São os acontecimentos de que decorrem o 5.2. A interpretação dos Negócios e dos Atos
nascimento, a subsistência e a perda dos Jurídicos. (CC 109-116).
direitos contemplados em lei” (WASHINGTON
DE BARROS). Regra de Ouro: a boa-fé objetiva.

“São os fatos, ou complexos de fatos, sobre os Art. 113, CC: “Os negócios jurídicos devem ser
quais incidiu a regra jurídica; portanto, o fato interpretados conforme a boa-fé e os usos do
de que dimana, agora, ou talvez mais tarde, lugar de sua celebração”.
talvez condicionalmente, ou talvez nunca
dimane eficácia jurídica” (PONTES DE Outras Regras.
MIRANDA) a) Negócios formais (e negócios imobiliários).
b) Negócios com reserva mental.
8.4. Espécies de Fatos Jurídicos. c) Negócios celebrados pelo silêncio.
d) Manifestação de vontade nos negócios.
a) Ato ilícito e) Interpretação restritiva de negócios.
b) Fato jurídico em senso estrito f) Interpretação do autocontrato (contrato
c) Ato jurídico em senso estrito consigo mesmo)
d) Ato-fato jurídico
e) Negócio jurídico Art. 109, CC: “No negócio jurídico celebrado
com a cláusula de não valer sem instrumento
Art. 185, CC: “Aos atos jurídicos lícitos, que público, este é da substância do ato”.
não sejam negócios jurídicos, aplicam-se, no
que couber, as disposições do Título anterior.” Art. 108, CC: “Não dispondo a lei em contrário,
a escritura pública é essencial à validade dos
8.5. O negócio jurídico. Noções conceituais e negócios jurídicos que visem à constituição,
características. transferência, modificação ou renúncia de
direitos reais sobre imóveis de valor superior a

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trinta vezes o maior salário mínimo vigente no STJ 60: “É nula a obrigação cambial assumida
País.” por procurador do mutuário vinculado ao
Art. 110, CC: “A manifestação de vontade mutuante, no exclusivo interesse deste.”
subsiste ainda que o seu autor haja feito a
reserva mental de não querer o que A Escada Ponteana:
manifestou, salvo se dela o destinatário tinha
conhecimento”. a) Pressupostos de Existência (agente, objeto,
forma e vontade externada).
Art. 111, CC: “O silêncio importa anuência, b) Pressupostos de Validade (capacidade do
quando as circunstâncias ou os usos o agente, licitude, possibilidade,
autorizarem, e não for necessária a declaração determinabilidade do objeto, forma prescrita ou
de vontade expressa.” não defesa, vontade externada livre).
c) Pressupostos de Eficácia.
Art. 112, CC: “Nas declarações de vontade se
atenderá mais à intenção nelas Art. 104, CC: “Art. 104. A validade do negócio
consubstanciada do que ao sentido literal da jurídico requer: I - agente capaz; II - objeto
linguagem”. lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.”
Art. 114, CC: “Os negócios jurídicos benéficos
e a renúncia interpretam-se estritamente”. 8.6. Teoria das Nulidades (absoluta e relativa):
regime jurídico.
STJ 214: “O fiador na locação não responde
por obrigações resultantes de aditamento ao Art. 166, CC: “É nulo o negócio jurídico
qual não anuiu.” quando: I - celebrado por pessoa
absolutamente incapaz; II - for ilícito,
Art. 117, CC: “Salvo se o permitir a lei ou o impossível ou indeterminável o seu objeto; III -
representado, é anulável o negócio jurídico o motivo determinante, comum a ambas as
que o representante, no seu interesse ou por partes, for ilícito; IV - não revestir a forma
conta de outrem, celebrar consigo mesmo. prescrita em lei; V - for preterida alguma
Parágrafo único. Para esse efeito, tem-se solenidade que a lei considere essencial para
como celebrado pelo representante o negócio a sua validade; VI - tiver por objetivo fraudar lei
realizado por aquele em quem os poderes imperativa; VII - a lei taxativamente o declarar
houverem sido subestabelecidos.” nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar
sanção”.

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Art. 167, CC: “É nulo o negócio jurídico prazo para pleitear-se a anulação, será este de
simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, dois anos, a contar da data da conclusão do
se válido for na substância e na forma. § 1º ato”.
Haverá simulação nos negócios jurídicos
quando: I - aparentarem conferir ou transmitir Art. 550, CC: “A doação do cônjuge adúltero ao
direitos a pessoas diversas daquelas às quais seu cúmplice pode ser anulada pelo outro
realmente se conferem, ou transmitem; II - cônjuge, ou por seus herdeiros necessários,
contiverem declaração, confissão, condição ou até dois anos depois de dissolvida a sociedade
cláusula não verdadeira; III - os instrumentos conjugal”.
particulares forem antedatados, ou pós-
datados. § 2º Ressalvam-se os direitos de Art. 496, CC: “É anulável a venda de
terceiros de boa-fé em face dos contraentes do ascendente a descendente, salvo se os outros
negócio jurídico simulado.” descendentes e o cônjuge do alienante
expressamente houverem consentido.
Art. 171, CC: “Além dos casos expressamente Parágrafo único. Em ambos os casos,
declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: dispensa-se o consentimento do cônjuge se o
I - por incapacidade relativa do agente; II - por regime de bens for o da separação
vício resultante de erro, dolo, coação, estado obrigatória.”
de perigo, lesão ou fraude contra credores.”
STF 494: “A ação para anular venda de
8.7. Prazos decadenciais para as ações ascendente a descendente, sem
anulatórias. Prazos genéricos. Prazos consentimento
específicos. Anulabilidades sem prazo. dos demais, prescreve em vinte anos,
contados da data do ato, revogada a Súmula
Art. 178, CC: “É de quatro anos o prazo de 152.”
decadência para pleitear-se a anulação do
negócio jurídico, contado: I - no caso de 8.8. A conservação do Negócio Jurídico:
coação, do dia em que ela cessar; II - no de Ratificação (CC 172), Redução parcial (CC
erro, dolo, fraude contra credores, estado de 184) e Conversão substancial (CC 170).
perigo ou lesão, do dia em que se realizou o
negócio jurídico”. Art. 172, CC: “O negócio anulável pode ser
confirmado pelas partes, salvo direito de
Art. 179, CC: “Quando a lei dispuser que terceiro”.
determinado ato é anulável, sem estabelecer

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Art. 184, CC: “Respeitada a intenção das razão determinante”.


partes, a invalidade parcial de um negócio
jurídico não o prejudicará na parte válida, se Art. 139, CC: “O erro é substancial quando: III
esta for separável; a invalidade da obrigação - sendo de direito e não implicando recusa à
principal implica a das obrigações acessórias, aplicação da lei, for o motivo único ou principal
mas a destas não induz a da obrigação do negócio jurídico.”
principal”.
C. Dolo. Noções gerais. Causa determinante.
Art. 170, CC: “Se, porém, o negócio jurídico Caracteres: substancial e real. O dolo
nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá acidental. O dolus bonus. O dolo negativo
este quando o fim a que visavam as partes (reticência). O dolo recíproco (CC 150). O
permitir supor que o teriam querido, se dolo de terceiro (CC 148).
houvessem previsto a nulidade.”
Art. 148, CC: “Pode também ser anulado o
STJ 302: “É abusiva a cláusula contratual de negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte
plano de saúde que limita no tempo a a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter
internação hospitalar do segurado.” conhecimento; em caso contrário, ainda que
subsista o negócio jurídico, o terceiro
8.9. Defeitos do negócio jurídico. responderá por todas as perdas e danos da
parte a quem ludibriou.”
A. vícios Sociais x Vícios do Consentimento.
Art. 149, CC: “O dolo do representante legal de
B. Erro ou ignorância. Noções gerais. Causa uma das partes só obriga o representado a
determinante. Caracteres: substancial e real. responder civilmente até a importância do
Ausência de escusabilidade (princípio da proveito que teve; se, porém, o dolo for do
confiança). Enunciado 12, Jornada Direito representante convencional, o representado
Civil. O falso motivo (CC 140). O erro de responderá solidariamente com ele por perdas
cálculo. O erro de direito e a exceção à LINDB. e danos”.

Art. 143, CC: “O erro de cálculo apenas Art. 150, CC: “Se ambas as partes procederem
autoriza a retificação da declaração de com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular
vontade.” o negócio, ou reclamar indenização.”

Art. 140, CC: “O falso motivo só vicia a D. Coação. Noções gerais. Causa
declaração de vontade quando expresso como determinante. Distinção: coação física (vis

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absoluta) e coação psíquica (vis compulsiva). lesão. Requisitos. O dolo de aproveitamento.


Ameaça dirigida à pessoa, ao patrimônio ou a Art. 156, CC: “Configura-se o estado de perigo
parente afetivo. Requisitos: gravidade, quando alguém, premido da necessidade de
seriedade, motivo determinante, atualidade ou salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave
iminência e correspondência. Aspectos dano conhecido pela outra parte, assume
subjetivos (sexo, idade, capacidade...). A obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo
questão do temor reverencial e do exercício único. Tratando-se de pessoa não pertencente
regular de direito (CC 153). Coação de à família do declarante, o juiz decidirá segundo
terceiro. as circunstâncias.”

Art. 153, CC: “Não se considera coação a F. Lesão. Tipos de lesão. Requisitos da lesão
ameaça do exercício normal de um direito, no CDC e no CC. Conseqüências. Art. 157,
nem o simples temor reverencial.” CC: “Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob
premente necessidade, ou por inexperiência,
Art. 152, CC: “No apreciar a coação, ter-se-ão se obriga a prestação manifestamente
em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, desproporcional ao valor da prestação oposta.
o temperamento do paciente e todas as § 1º Aprecia-se a desproporção das
demais circunstâncias que possam influir na prestações segundo os valores vigentes ao
gravidade dela.” tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2º Não se decretará a anulação do negócio,
Art. 154, CC: “Vicia o negócio jurídico a coação se for oferecido suplemento suficiente, ou se a
exercida por terceiro, se dela tivesse ou parte favorecida concordar com a redução do
devesse ter conhecimento a parte a que proveito.”
aproveite, e esta responderá solidariamente
com aquele por perdas e danos”. G. Fraude contra credores (e a distinção com
a fraude de execução). As alienações
Art. 155, CC: “Subsistirá o negócio jurídico, se fraudulentas. Requisitos e distinções. Art. 158,
a coação decorrer de terceiro, sem que a parte CC: “Os negócios de transmissão gratuita de
a que aproveite dela tivesse ou devesse ter bens ou remissão de dívida, se os praticar o
conhecimento; mas o autor da coação devedor já insolvente, ou por eles reduzido à
responderá por todas as perdas e danos que insolvência, ainda quando o ignore, poderão
houver causado ao coacto.” ser anulados pelos credores quirografários,
como lesivos dos seus direitos.”
E. Estado de perigo. Noções gerais.
Aproximação e distinção com o instituto da

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STJ 195: “Em embargos de terceiro não se


anula ato jurídico, por fraude contra credores”.

STJ 375: “O reconhecimento da fraude à


execução depende do registro da penhora do
bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro
adquirente.”

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