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NORMA JURÍDICA 6.

1 – Conceito: A validade formal (vigência em


sentido amplo), é uma qualidade da norma jurídica
1 – Gênese da norma jurídica: Nasce de um ato que expressa uma relação entre normas.
decisório do poder sujeito à prudência objetiva, 6.2 – Requisitos: Elaboração da norma por órgão
exigida pelo conjunto das circunstâncias fático- competente; competência ratione materiae do órgão,
axiológicas dos destinatários. e observância do procedimento estabelecido em lei
para a sua produção.
2 – Realidade ôntica da norma jurídica: É um 6.3 - Âmbito temporal de validade: Vigência
objeto cultural egológico. temporal é uma qualidade da norma atinente ao
tempo de sua atuação (período durante o qual a
2.1 – Substrato: Regular a conduta humana em norma tem vigência). A obrigatoriedade só surge com
interferência intersubjetiva. a publicação no Diário Oficial, mas sua vigência não
2.2 – Sentido: Tentativa de realizar a justiça. se inicia no dia da publicação, salvo se ela assim o
determinar.
3 – Natureza problemática do conceito essencial O intervalo entre a data de sua publicação e sua
da norma jurídica entrada em vigor chama-se vacatio legis. Quanto à
duração da vacatio legis, pode haver um prazo
3.1 – Designar os aspectos essenciais: Enunciar progressivo pelo qual a lei entra em vigor em
os aspectos essenciais da norma, por meio de diferentes lapsos de tempo nos vários Estados do
indicação do gênero próximo e da diferença país (p.ex., antiga LICC, art. 2º), ou um prazo único,
específica, buscando uma definição real essencial, pela qual a norma entra em vigor, não havendo
lançando mão de uma reflexão filosófica; estipulação especial da data de sua vigência, a um só
3.2 – Designar o método: Utilizar o método tempo em todo o país, ou seja, quarenta e cinco dias
adequado para determinar esse conceito, ou seja, a após sua publicação, tendo aplicação no exterior três
intuição ideatória. meses depois de publicada (LICC, art. 1º, § 1º)
3.3 – Designar o objeto: O conceito de norma A norma pode ter vigência temporária, porque o
jurídica é o objeto ideal, pois é atemporal, não está elaborador fixou o tempo de sua duração. A norma
no espaço, independe da experiência e é neutro ao pode ter vigência para o futuro sem prazo
valor. É objeto ideal que contém notas universais e determinado, durando até que seja modificada ou
necessárias, encontradas em qualquer norma revogada por outra (LICC, art. 2º)
jurídica. Revogação significa tornar sem efeito uma norma.
Possui quatro espécies: (1) ab-rogação, que é a
4 - Norma jurídica – elementos essenciais supressão total da norma anterior; (2) derrogação,
que torna sem efeito uma parte da lei; (3) Expressa,
4.1 – Imperatividade: É a essência genérica da quando o legislador declara extinta a lei velha; (4)
norma. Seu escopo é dirigir o comportamento tácita, quando houver incompatibilidade entre a lei
humano. É imperativa, ou prescritiva, porque impõe velha e a nova.
um dever, situando-se no âmbito da normatividade Existem critérios para solucionar o conflito de leis no
ética. O traço que distingue a norma ética da lei física tempo. Um dos critérios é o das (1) disposições
é a imperatividade, que revela, então, o gênero transitórias, elaboradas pelo próprio legislador com o
próximo da norma jurídica, incluindo-se no grupo das objetivo de resolver e evitar os conflitos emergentes
normas que regem a conduta humana. da nova lei em confronto com a antiga. O outro
4.2 – Autorizamento: A imperatividade é critério é o (2) dos princípios da retroatividade e
insuficiente para diferenciar a norma jurídica das irretroatividade da norma. É retroativa a norma que
demais normas éticas, a essência específica da norma atinge efeitos de atos jurídicos praticados sob a égide
jurídica é o autorizamento, porque o que lhe compete da norma revogada. É irretroativa a que não se aplica
é autorizar ou não o uso das faculdades humanas. a qualquer situação jurídica constituída
Outrossim, somente em relação à norma jurídica é anteriormente. Não se pode aceitar esses princípios
possível que o cidadão destinatário exija do estado como absolutos. O ideal seria que a nova lei
que obrigue outro cidadão à cumpri-la. retroagisse em alguns casos e em ouros não,
respeitando o ato jurídico perfeito, o direito adquirido
5 – Distinção entre norma moral e norma e a coisa julgada (CF, art. 5º, XXXVI; LICC, art. 6º,
jurídica: A norma moral e a norma jurídica têm em §§ 1º e 2º).
comum base ética, ambas são imperativas, 6.3 - Âmbito espacial de validade: O âmbito
constituindo normas de comportamento, mas só a espacial de validade é relativo ao espaço em que a
jurídica é autorizante, sendo, por isso, bilateral. A norma se aplica. A vigência da lei no espaço está
norma moral é tão-somente imperativa e, portanto, submetida a três princípios: (1) princípio da
unilateral. Além disso, a jurídica é heterônoma, e a territorialidade, segundo o qual a norma se aplica no
moral, autônoma. território do Estado que a promulgou; (2) princípio da
extraterritorialidade, pelo qual os Estados permitem
6 – Validade da norma jurídica – Validade que, em seu território, se apliquem em certas
formal hipóteses, normas estrangeiras; (3) princípio da
territorialidade moderada, nos termos da Lei de
Introdução ao Código Civil.
6.4 - Âmbito pessoal de validade: Diz respeito ao c) menos que perfeitas (CC, 1523, I);
elemento pessoal do comportamento submetido à d) imperfeitas (CC, 814).
norma jurídica. As normas podem ser gerais ou 9.3 - Quanto à hierarquia:
individuais. a) normas constitucionais;
6.5 - Âmbito material de validade: É relativo à b) leis complementares;
matéria que a norma regula, ou seja, considera os c) leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias,
vários aspectos da conduta humana que são decretos legislativos e resoluções;
disciplinados pela norma jurídica, como o econômico, d) decretos regulamentares;
o político e o social. e) normas internas;
f) normas individuais.
7 – Validade da norma jurídica - Validade fática: 9.4 - Quanto à natureza de suas disposições:
A eficácia é uma qualidade da norma que se refere à a) substantivas;
sua adequação em vista da produção concreta de b) adjetivas.
efeitos. Pode-se dizer que o mínimo de eficácia, ou 9.5 - Quanto à sua aplicação:
seja, a possibilidade da norma poder ser obedecida e a) de eficácia absoluta (CF, 1º, 5º);
não aplicada pelos órgãos jurídicos, desobedecida e b) de eficácia plena (CF, 14,§ 2º, 69, 155 e 156;
aplicada pelo tribunal, é condição de validade da c) de eficácia relativa restringível (CF, 5º, XII e
norma. LXVI);
d) de eficácia relativa complementável (CF, 205, 218,
8 – Validade da norma jurídica – Validade ética 17, IV).
9.6 - Quanto ao poder de autonomia legislativa:
8.1 - Justiça como fundamento axiológico da a) nacionais e locais;
norma: Tendo a norma jurídica como sentido a b) federais, estaduais e municipais.
realização da justiça, esta é a sua razão de existir, o 9.7 - Quanto à sistematização:
seu fundamento axiológico. A norma é o instrumento a) esparsas;
necessário para atingir a finalidade de justiça b) codificadas;
conforme os anseios da sociedade. Não é o valor, c) consolidadas.
mas o meio de sua expressão. A idéia de justiça
contida na norma é um valor ideológica. A norma, por
si mesma, não é justa ou injusta, posto que tal noção
depende do ângulo histórico através do qual a norma
é analisada. Por isso, a justiça deve ser subjetiva e
objetiva, vinculando dialeticamente o homem e a
ordem justa que pretende implantar.
8.2 - Conceito de justiça: É a virtude de dar a cada
um o que lhe é devido segundo uma igualdade
simples ou proporcional. Aplica-se por extensão aos
princípios superiores da ordem social, que só será
justa se assegurar a cada um seu direito, à
legislação, que deve garantir a cada um o que lhe é
devido, e aos órgãos encarregados de aplica-la.
8.3 - Modalidades de justiça – justiça particular:
A justiça particular é a que visa o bem do particular.
Divide-se em (1) justiça comutativa, que ocorre
quando um particular dá a outro particular o bem que
lhe é devido, segundo uma igualdade simples e (2)
justiça distributiva, que acontece quando a sociedade
dá a cada particular o bem que lhe é devido segundo
uma igualdade proporcional, tendo em vista a sua
situação.
8.4 - Modalidades de justiça – justiça social ou
geral: A justiça social ou geral ocorre quando as
partes da sociedade dão à comunidade o bem que lhe
é devido, observando uma igualdade proporcional.

9 - Classificação das normas jurídicas

9.1 - Quanto à imperatividade:


a) absoluta ou impositivas (CC, 3º, 1526);
b) relativa ou dispositivas, que podem ser
permissivas ou supletivas (CC, 1639).
9.2 - Quanto ao autorizamento:
a) mais que perfeitas (CC, 1521, VI);
b) perfeitas (CC, 1647);

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