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RELATÓRIO DE PROJECTO
ORIENTADOR:
Dra. Silvina Ferro Palma
BEJA
2006
Agradecimentos
Gostaria de agradecer a todas as pessoas envolvidas na elaboração deste trabalho, sem as quais
- Aos meus Pais, por todo o apoio, dedicação e coragem que me deram ao longo destes cinco anos
de estudante universitário.
- Ao meu irmão, por todo o seu apoio, coragem e dedicação que sempre me deu.
-À Inês, pelo apoio, disponibilização, amizade, coragem e a muita compreensão que me ofertou ao
longo destes anos;
-À Olga, à Ana Vieira, à Rita, ao Humberto e ao Gilmar pelo verdadeiro sentimento de amizade
que partilharam comigo durante estes cinco anos acompanhados de peripécias;
- À Dra. Silvina Ferro Palma, minha orientadora interna, por todo o apoio, coragem e orientação
prestados;
- Ao Sr. Graciano Henriques e ao Sr. João Paulo Henriques, pela oportunidade de estágio e
disponibilização na empresa;
- Ao Eng. Luís Henriques, meu orientador externo, por todo o apoio, orientação, compreensão e
1
Objectivo
A realização deste trabalho tem como objectivo a aprovação na disciplina de Projecto para a
II
Resumo
em Portugal é quase exclusivamente de porco, onde os enchidos são produtos feitos à base de
carnes e miudezas de porco (por vezes de outros animais) em tripa natural ou artificial, conservadas
A produção de farinheira está dispersa por inúmeros produtores, caseiros e salsicharias, sendo
um produto sem expressão económica no mercado que aproveita as carnes menos valiosas do porco.
Os consumidores actuais são cada vez mais esclarecidos e exigentes, competindo às empresas
que intervêm em toda a cadeia alimentar colocar à disposição do consumidor alimentos cujas
O HACCP é uma ferramenta que, de uma forma objectiva e sistemática, visa identificar e
analisar os perigos associados com a produção de alimentos e defmir procedimentos para controlá
los.
III
Vocabulário e Significado de Siglas
Acção Correctiva - Acção para eliminar a causa de uma não-conformidade detectada ou outra
situação indesejãvel.
Actualização - Actividade imediata e/ou planeada para assegurar a aplicação da informação mais
recente.
Análise de Perigos - Processo de reunir e avaliar a informação sobre os perigos associados aos
alimentos, tendo em consideração a decisão de estes serem relevantes e devem ser contemplados no
plano HACCP.
Aptidão Alimentar- Garantia que o alimento é próprio para o consumo humano, de acordo com o
uso a que se destina.
não PCC.
aw -Actividade da água.
alimentos.
Controlo - Medidas necessárias para assegurar e manter a conformidade de acordo com os critérios
estabelecidos no plano HACCP.
IV
Equipa HACCP - Grupo de pessoas responsáveis por desenvolver, implementar e manter o sistema
HACCP.
F.l.F.O. - First ln First Out (Primeiro a entrar primeiro a sair). As primeiras matérias-primas a
entrarem na fábrica e os primeiros produtos a serem acabados de produzir devem ser os primeiros a
HACCP - Hazard Analysis and Criticai Control Points (Sistema de Análise de Perigos e Pontos
Críticos de Controlo).
Hi�ene dos Alimentos - Todas as condições e medidas necessárias para garantir a segurança e a
aptidão dos alimentos em todas as fases da cadeia alimentar.
Instalação - Qualquer edificio ou zona em que se manipulam alimentos e suas redondezas sob
contacto com os alimentos e por conseguinte, se espera que se cumpra com os requisitos de higiene
alimentar.
Monitorização - Levar a cabo uma sequência planeada de observações ou medições dos parâmetros
de controlo, para verificar se um PCC está sob controlo.
Perigo para a Segurança Alimentar - Agente biológico, químico ou fisico presente no alimento ou
HACCP.
Ponto Crítico (PC) - Qualquer ponto, etapa ou procedimento no qual se podem controlar factores
v
Ponto Crítico de Controlo (PCC) - Etapa ao qual pode ser aplicado um controlo e no qual um
perigo para a segurança do produto pode ser prevenido, eliminado ou reduzido para níveis
aceitáveis.
Produto Acabado- Produto que não será sujeito a processamento ou transformação posterior por
parte da organização.
Sistema HACCP - Sistema que permite identificar, avaliar e controlar os perigos significativos para
a segurança dos alimentos.
Validação - Obtenção de evidência de que as medidas de controlo geridas pelo plano HACCP são
eficazes.
satisfeitos.
VI
Índice
1. Introdução 1
2.AEmpresa 4
3. A Farinheiro 6
3.1. História 6
3.1.1. O Porco 6
3.1.2. A Farinheira 7
3.3.4. Picagem 9
3.3.6. Maturação 11
3.3.9. Fumagem 12
3.3.1O. Climatização 13
3.3.11. Embalamento 14
3.3.12. Armazenagem 15
4. HACCP 16
4.1. Definição 16
7. Conclusão 57
8. Bibliografia 58
9. Anexos 60
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1. Introdução
Com a era industrial dos séculos XVIII e XIX e os progressos daí decorrentes, surgiram
novos produtos alimentares, e a formação dos primeiros grandes aglomerados urbanos levou
progressivamente a diferentes modos de vida. Os novos hábitos alimentares das populações,
principalmente das urbanas, traduz-se pela introdução crescente de produtos processados
industrialmente, como as massas e outros derivados dos cereais, a margarina, as conservas, os
produtos açucarados, os derivados do leite, etc. Este fenómeno designa-se por evolução moderna
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dos costumes alimentares e é caracterizado pelo facto de grande parte dos alimentos actualmente
consumidos provirem da transformação industrial das matérias-primas naturais {Almeida & Afonso,
2001).
Com o aumento das populações e da produção de alimentos, foi-se tomando muito importante
a Higiene e Segurança Alimentar e a qualidade dos produtos que os consumidores iam adquirindo
nas lojas. Para tal foi sendo criada e actualizada legislação a nivel da Indústria Alimentar de forma a
garantir a segurança da saúde dos consumidores. A Higiene e Segurança Alimentar deve ser
entendida como um compromisso e um objectivo vitais por todas as empresas do sector alimentar
técnicos e humanos, o aumento da confiança por parte dos consumidores, reforçando obviamente a
alimentícios, foi criado e adaptado o sistema HACCP nas Indústrias transformadoras de alimentos.
caracterizando-se pela prevenção dos perigos no decorrer do processamento dos alimentos e não
pelo controlo do produto final. O HACCP é compatível com outros sistemas de controlo de
qualidade. Isto significa que inocuidade, qualidade e produtividade podem ser abordadas em
(Baptista, 2003). Por outro lado, a produção de alimentos seguros necessita que o sistema HACCP
seja construído sobre um rigoroso número de pré-requisitos. De facto, pré-requisitos tais como os
De acordo com o Codex Alimentarius da FAO, o sistema Análise de Perigos e Pontos Críticos
de Controlo (HACCP) é uma abordagem preventiva e sistemática direccionada a perigos biológicos,
fmais.
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do sector alimentar no que refere à higiene dos géneros alimentícios. Este novo diploma defme que,
a partir de 1 de Janeiro de 2006, os operadores das empresas do sector alimentar, que efectuam
qualquer fase de produção, transformação e distribuição a seguir à produção primária, devem criar,
aplicar e manter um processo ou processos permanentes baseados nos sete princípios HACCP
auxiliar os operadores das empresas do sector alimentar, a todos os níveis da cadeia alimentar, na
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2. A Empresa
A empresa Henricarnes situa-se na Zona Industrial de Rio Maior, concelho de Rio Maior e
distrito de Santarém, localizado no "Vale do Tejo", sendo os seus principais pontos naturais de
referência o Parque Natural da Serra d' Aire e Candeeiros, as Salinas de Rio Maior e o rio Maior,
afluente do rio Tejo.
A Henricarnes iniciou a sua actividade em Março de 1997, sendo uma pequena empresa
familiar que se dedica à produção de Salsicharia Tradicional Portuguesa. Possui duas marcas de
produtos registadas sendo elas a marca "Mestre Henriques" e a marca "Casa do Conde", e um vasto
leque de produtos como a Farinheira, o Chouriço Tradicional, Paio do Lombo, Chouriço Extra
Picante, Morcela de Arroz, Painho Ribatejano e Toucinho Fumado, entre outros. A Henricarnes
possui todas as condições exigidas pela Comunidade, estando homologada com a licença n.0
Portugal-RTR-67-CE.
A sua experiência no sector remonta aos últimos 35 anos, altura em que um dos sócios
gerentes trabalhava na Indústria de Carnes Nobre quando esta ainda era um Talho. Em 1974
colaboraram com a empresa CONSAL - Alcains, estabelecendo-se por conta própria em 1979 na
cidade de Rio Maior, com um pequeno Talho e Salsicharia. Posteriormente em 1989, numa boa
localização no centro da cidade, surgiu o Talho G. Henriques, de maior capacidade e dimensão.
Atendendo ao aumento global das vendas, no que concerne à satisfação das necessidades dos
clientes, o Talho deixou de ter capacidade de resposta. Assim, houve a necessidade de construir a
Henricarnes, uma verdadeira salsicharia, com todos os equipamentos adequados e pessoas com
formação profissional, para fabricar produtos de boa qualidade.
Uma das apostas desta empresa é na tradicionalidade dos produtos e dos métodos de fabrico.
Conjugando toda a sabedoria e experiência dos mestres artesãos, dá-nos enchidos autênticos,
curados segundo uma técnica puramente artesanal, através da lenha de Azinho, para conservar as
nobres qualidades de aroma e de sabor destes produtos tão tradicionais.
Outra aposta desta empresa é na qualidade dos seus produtos. É uma exigência do início ao
fun, e o compromisso da empresa com os consumidores. Não esquecendo dos fornecedores, dos
quais exige que seja rigorosa a verificação da matéria-prima, por isso, controla integralmente a
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selecção, a criação, a alimentação e o abate dos porcos, com que criam os produtos que os tornam
conhecidos e diferentes.
parte da sua produção para vários países como a Alemanha, a França, a Bélgica, a Holanda, a
A Henricarnes presta atenção aos seus clientes, aprecia os seus gostos e tendências, para
poderem satisfazer as suas necessidades com elevado rigor e com a melhor brevidade possível,
fornecendo-lhes um produto "à sua altura". Esta medida faz parte do quadro de análises da empresa,
Todos os produtos são confeccionados a partir de uma receita tradicional, na sua totalidade
com derivados de carne de porco (carne e gordura}, condimentados com as mais variadas e ricas
especiarias, conhecidas por qualquer cozinha tradicional, embutidas em tripa natural. Através da
lenha de Azinho.
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3. A Farinheira
3.1. História
3.1.1. O Porco
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Figura 1 Poreo.
(Fonte: www.pt.wikipedia.org. 2006)
-
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3.1.2. A Farinheira
_Segundo a NP-597/1983, podemos definir farinheira como o enchido curado pelo fumo, de
massa grumosa, em forma de ferradura ou direita, constituído por gorduras de porco, frescas ou
tratadas pelo frio, farinha de trigo, adicionadas dos condimentos tradicionais e aditivos.
Enchido curado pelo fumo, constituído por gorduras frescas de porco, em quantidade não
inferior a 45% de massa total dos ingredientes utilizados e farinha de trigo, adicionadas de sal, alhos
secos pisados, pimenta, e pimentão da horta em massa (www.idrha.min-agricultura.pt).
O invólucro é tripa natural de vaca ou de porco, ou tripa artificial proveniente de fibras
animais reconstituídas sem manchas nem defeitos (NP-597/1983).
É um enchido em forma de ferradura em forma de ferradura ou direita, apertado nas duas
extremidades por atadura, com comprimento máximo de 35 cm (ver Figura 2) (www.idrha.min
agricultura.pt). Segundo Soeiro & et al. (2001), deve ter 3 a 4 cm de diâmetro.
Aspecto amarelo-acastanhado, brilhante, consistência pastosa, invólucro sem roturas e não
inteiramente preenchido pela mass a grumosa. Ao corte oblíquo apresenta massa perfeitamente
ligada, brilhante, cor amarelo-alaranjado ou amarelo-acastanhado. Sabor agradável, suave ou
delicado, pouco salgado e por vezes de travo ligeiramente picante. Aroma agradável e sui generis
(www. idrha.min-agricultura.pt).
As farinheiras podem ser consumidas fritas, assadas no forno ou incluídas no cozido à
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Figura 2 - Farinheira.
(Fonte: Henricames, Lda., 2005)
> No Cais de Recepção de Carnes, a uma temperatura máxima de 5°C, são recepcionadas as peças
de carne, neste caso, o toucinho e a entremeada de porco. Aqui efectua-se um primeiro controlo
às peças de carne de acordo com uma ficha de controlo (ver Anexo I). Este controlo consiste em
fazer-se uma inspecção visual ao aspecto e cheiro da carne, se as peças têm marcas veterinárias,
regista-se os valores de temperatura e pH das várias peças de carne. Também se realiza nesta fase
um controlo, se as portas da câmara do carro vêm seladas, se tem gráfico de temperatura, e qual a
temperatura do carro, por forma a avaliar o fornecedor e controlar o transporte das carnes. Após
efectuada a descarga, avaliação e pesagem das peças de carne, estas são armazenadas numa
câmara de refrigeração, própria para as carnes e sangue, a uma temperatura entre os ooc e os S°C.
Enquanto se procede ao armazenamento na câmara é dado um número de lote interno à carne de
forma a garantir o sistema de rastreabilidade na empresa.
Durante a armazenagem é dado um número de lote interno aos condimentos e aos aditivos para
> As tripas são recepcionadas e armazenadas numa câmara de refrigeração própria, entre os 0°C e
os soe e de acordo com uma ficha de controlo (ver Anexo II). Quando é feita a armazenagem das
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embalagens das tripas na câmara de refrigeração, é dado um número de lote interno para garantir
o controlo do produto e o sistema de rastreabilidade.
O método mais amplamente difundido para a preservação da carne é a refrigeração. As baixas
temperaturas retardam o crescimento microbiano e as reacções químicas e enzimáticas que causam
a sua alteração. A velocidade de tais trocas é mais ou menos proporcional à temperatura da carne
(não se trata de uma reacção linear, e não é a mesma para todas as reacções). Se a temperatura da
carne é reduzida abaixo de -2°C, congelar-se-á, modificando o estado tisico do tecido assim como a
velocidade das trocas químicas e enzimáticas. O termo refrigeração fica restringido a temperaturas
acima do ponto de congelação da água da carne (Price & Schweigert, 1994). Nesta etapa as carnes
devem ser armazenadas a uma temperatura máxima de l2°C e serem utilizadas o mais rapidamente
possível.
A pesagem dos toucinhos e das entremeadas faz-se dentro do carro de inox numa balança de
chão que está localizada na Sala de Fabrico. Após se realizar a pesagem da carne, efectua-se a
pesagem dos condimentos e aditivos numa sala própria para tal, a Sala de Pesagem de
Condimentos.
3.3.4. Picagem
Após efectuada a pesagem da carne, coloca-se esta na picadora com sistema de esvaziamento
dos carros tipo standard, situada na Sala de Fabrico, onde os toucinhos e as entremeadas são sujeitos
a uma acção mecânica que provoca o seu corte em pedaços mais pequenos.
Actualmente existem equipamentos que realizam esta operação, que desde que sejam
adequados ao tipo de corte que se pretende e não esmagando as carnes, proporcionam uma massa de
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corte grosseiro, como a necessária para o fabrico de chouriço, linguiça, farinheira e alguns tipos de
A carne picada é colocada num novo carro de inox limpo, e transportada até à misturadora
com sistema de esvaziamento dos carros standard, de pás em forma de âncora, onde vai ocorrer a
primeira mistura da carne com os condimentos e aditivos pesados anteriormente e resultando numa
massa homogénea.
melhores, e, mais uma vez, reduzir os riscos de contaminação (Patarata, Saraiva &Martins, 1998).
Nesta etapa os condimentos, as especiarias e os aditivos vão ter vários papéis importantes
polifosfatos, sal, açúcares e aditivos e sua difusão, e extracção das proteínas musculares para fora
do sarcolema (por acção do sal e das pás de amassar) (Palma, 2005).
O sal é o ingrediente, a seguir à carne, mais comum nos enchidos. O produto fmal contém
entre 1 a 5% de sal, que desempenha as seguintes funções: de sabor, funciona como conservante e
comportando-se melhor como bacteriostático do que como agente bactericida. A sua actividade
depende da concentração da salmoura no enchido não sendo só função do conteúdo de sal total
presente. Uma salmoura de 4,5% é geralmente suficiente para preservar o produto se as condições
miofibrilares é de importância capital se se deseja elaborar um enchido com êxito (Price &
Schweigert, 1994).
As quantidades utilizadas (não mais de uns poucos por cento) de açúcar empregues no
enchido de carne para melhorar o flavour são demasiado baixas para contribuir na acção
O nitrito e nitrato sempre estiveram presentes nos produtos, pois são veiculados
indirectamente através do sal, alho, pimentão, entre outros. O se emprego está limitado por lei
devido à sua potencial nocividade para a saúde do consumidor (Patarata, Saraiva & Martins, 1998).
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Os nitratos e os nitritos vão ter um papel muito importante como fixar a cor na carne
"çurada", poder bacteriostático a pH ácido, aumentar o potencial redox, favorecendo os
microrganismos aeróbios e inibindo os anaeróbios, diminuir as temperaturas de tratamento das
carnes pelo calor e os tempos de destruição do Clostridium botulinum e proporcionar um bouquet
ou sabor especial às carnes "curadas" (Palma, 2005).
3.3.6. Maturação
Quando se termina a primeira mistura, coloca-se a massa obtida, num novo carro de inox
limpo, identifica-se esta massa com um número de lote interno, e transporta-se para a câmara de
refrigeração destinada à maturação das massas. Aqui segue-se um período de repouso das massas,
entre 24 a 48 horas, a uma temperatura de 0°C a 5°C.
Segundo Patarata, Saraiva & Martins (1998), para produzir este tipo de produtos com garantia
de qualidade, nomeadamente sanitária, e para poder ultrapassar a sazonalidade da produção,
incomportável pelo sector empresarial, é absolutamente necessário recorrer à refrigeração. Estando
as matérias-primas naturalmente contaminadas com microrganismos potencialmente perigosos para
o consumidor, só com este procedimento se consegue deter o desenvolvimento microbiano nas
massas em têmpero, que apresentam condições muito favoráveis para o efeito (actividade da água
elevada, valores de pH próximos do óptimo de desenvolvimento microbiano, elevada
disponibilidade de factores nutritivos).
Este repouso da massa na câmara de refrigeração é necessário para que os pedaços de carne
grandes e picados absorvam os sais nitrificantes e não apareçam alterações posteriores (Torre &
Garcia, 1991 ).
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira II
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Quando esta homogeneização termina, a massa obtida é colocada num novo carro de inox
limpo e leva-se para a enchedora onde este é despejado no depósito da enchedora em inox através
de um sistema de esvaziamento dos carros tipo standard. A funcionária que vai realizar o
enchimento vai buscar as tripas do tipo e calibre usado para a farinheira à câmara de refrigeração
das tripas e coloca-as num balde com água quente. A enchedora é programada relativamente ao
calibre da tripa e à quantidade de massa a dosear para a tripa. A tripa vai ser colocada no tubo de
enchimento, os clipes na clipsadora que está incorporada na enchedora, e o cordão à medida que se
vai enchendo a tripa e pondo os clipes para fechar a farinheira e prender os cordões. O enchimento é
accionado pelo joelho da funcionária e a clipsadora pela mão da mesma. A atadura, torção da tripa e
clipsagem são efectuadas pela clipsadora associada à enchedora. À medida que a farinheira sai da
enchedora, vai para uma mesa em inox junto à enchedora, onde outras funcionárias vão picar as
farinheiras e colocá-las nas varas dos carros do fumeiro. Quando o carro se encontra completo,
Segundo Patarata, Saraiva & Martins (1998), o enchimento deve ser efectuado sempre em
3.3.9. Fumagem
Na fase da fumagem, a farinheira vai estar por volta de 30 horas e a uma temperatura de cerca
de 45°C num Fumeiro tradicional, fumada com lenha de azinho. Aqui procede-se a um controlo
regular de 2 em 2 horas à temperatura do Fumeiro até se completarem as 30 horas (ver Anexo III).
O Fumeiro utilizado é um Fumeiro constituído por um sistema de construção em dois andares (piso
inferior de fogueiras, piso superior de colocação de produtos, separados por urna grelha).
É importante respeitar os tipos de madeira empregues na combustão, os tempos e as
temperaturas. Uma boa escolha do fumeiro pode ser um dos factores mais importantes para o
muito rigoroso da temperatura e humidade relativa, parâmetros de controlo fundamentais nesta fase
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O fumo geralmente produzido pela combustão lenta de madeiras duras inibe o crescimento
microbiano, retarda a oxidação das gorduras e influencia no aroma da carne curada (Lawrie, 1998).
Segundo Palma (2006) citando Cava & Andrés (2001), a fumagem produz sobre os alimentos
modificações nas características sensoriais desejáveis e aumenta o tempo da sua conservação devido
O fumo pode ter efeitos prejudiciais por diminuir o valor alimentar dos produtos devido à
degradação de aminoácidos, de vitaminas e por veicular produtos tóxicos segundo Martins (1989)
citado por Palma (2006). Os produtos que merecem maior preocupação são os hidrocarbonetos
policíclicos aromáticos (HPA) destacando o 3,4-benzopireno pela sua possível acção cancerígena
(Palma, 2006).
O fumeiro utilizado é um fumeiro de dois pisos onde se vai separar a câmara de produção de
fumo e a câmara de fumagem. Segundo Palma (2006) citando Cava & Andrés (2001) é vantajoso a
separação de ambas fases (produção de fumo e fumagem do produto), pois na câmara de fumagem
produz-se um arrefecimento do fumo, o que favorece que grande parte dos HPA se depositem nas
paredes de condução, alcançando o menos possível os produtos cárneos. Ao mesmo tempo evita·se
3.3.10. Climatização
Passadas as 30 horas os carros com a farinheira são retirados do Fumeiro e vão para uma sala,
a Sala de Climatização, para arrefecer e estabilizar, antes de embalar a farinheira. Esta sala deve
estar a uma temperatura máxima de l2°C, e o produto deve estar nesta sala cerca de 24 horas. Esta
A secagem/cura que pode ocorrer a seguir à fumagem, deve obedecer a um rigoroso controlo
comunitários cuja salsicharia tem um perfil semelhante à portuguesa (Espanha, Itália, França)
É nesta fase que se dá a redução da actividade da água para valores que asseguram a
conservação e segurança sanitária dos produtos, e que ocorre um conjunto de fenómenos
aromáticas, que reconhecemos à salsicharia tradicional (Patarata, Saraiva & Martins, 1998).
É muito importante que a perda de humidade seja gradual e uniforme. Senão pode ocorrer a
formação de locais ocos e gretas no produto, crosta seca e pode ocorrer um desprendimento da tripa.
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A crosta seca pode impedir a sida de mais água do interior do enchido, provocando um
abrandamento excessivo da massa em produtos de maior calibre (Price & Schweigert, 1 994).
na tripa. Consideram-se meramente uma incomodidade que afecta só o aspecto externo do enchido
3.3.11. Embalamento
A farinheira segue depois para a Sala de Embalamento que deve encontrar-se a uma
temperatura máxima de l2°C. Nesta sala, o produto é limpo e colocado numa mesa de inox, onde
uma funcionária coloca etiquetas, com a identificação do lote do produto, ingredientes e marca, no
cordão da farinheira. Esta é colocada de seguida em sacos de 2 kg ou sacos unitários próprios para
do produto pode ser em atmosfera modificada, que é o mais frequente, ou a vácuo, consoante o
pedido dos compradores. Enquanto se procede ao embalamento, efectua-se um controlo dos gases
injectados na embalagem ou ao vácuo, a embalagens retiradas ao acaso, de acordo com uma ficha
e preservação do produto, contribuindo para que o seu valor alimentar não se altere (Ferreira, 2002).
As embalagens usadas nos produtos cámeos são os sacos e saquetas fabricadas a partir de
películas plásticas que permitem não só manter o alimento ao abrigo do oxigénio e do ar, mas ainda,
e em certos casos, acondicioná-lo sob vácuo ou gás inerte (Castro & Pouzada, 1991).
Neste caso, a farinheira vai ser embalada em atmosfera modificada, com retirada do oxigénio
de dentro da embalagem (0% 02) e é injectado dióxido de carbono (30% C02) e azoto (70% N2).
Este tipo de embalamento, em atmosfera modificada, consiste em acondicionar os produtos
numa atmosfera gasosa com composição diferente da do ar, combinando este efeito com
armazenagem refrigerada para a maioria dos produtos. Este processo serve para prolongar a vida
útil de alimentos frescos através da alteração do meio gasoso em redor do produto, retardando assim
anaeróbia. O Dióxido de Carbono tem propriedades que vão inibir a actividade microbiana de
bactérias e fungos (a concentração >20% de co2 e com baixas temperaturas), é solúvel na fase
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2004). O Azoto usado só não tem efeito inibitório algum sobre as bactérias alterantes. Usa�se sim
como acompanhante de outros gases ou em embalamento a vácuo para assegurar mecanicamente a
redução de exsudados de líquidos, ou para impedir a modificação da forma ou evitar que as
unidades de um produto fateado se peguem entre si (Price & Schweigert, 1994).
3.3.12. Armazenagem
Concluído o embalamento das farinheiras nas suas embalagens, estas vão ser acondicionadas
em caixas de plástico, que vão ser identificadas com o lote do produto que contêm no seu interior.
Estas caixas de plástico vão ser armazenadas na sala de embalamento a uma temperatura máxima de
l2°C.
Conforme os pedidos, o produto é retirado das caixas onde foi armaz enado pelo sistema
F.I.F.O. (frrst in, frrst out), retirando�se sempre o produto mais velho para existir rotatividade de
stocks, e levado para a Sala de Pesagem, Rotulagem e Encartonamento. Nesta sala, a farinheira vai
ser pesada, rotulada e colocada dentro de caixas de cartão.
Daqui o produto segue para o armazém de expedição, onde as caixas de cartão são colocadas
em paletes, enquanto aguardam a sua expedição. Este armazém deve estar a uma temperatura
máxima de l2°C. As paletes com o produto vão depois para o Cais de Expedição, onde se vai
proceder à carga dos veículos. Para a sua distribuição, as caixas são colocadas em veículos com
caixa isotérmica, de fonna a garantir um transporte adequado do produto.
A farinheira é um produto sem expressão económica no mercado, pois é um produto que vai
aproveitar as carnes menos valiosas do porco. Por isso, não existem estatísticas disponíveis sobre a
sua produção ou sobre o seu consumo a nível nacional.
Segundo Soeiro & et al., a produção encontra�se dispersa por inúmeros produtores, caseiros e
salsicharias pelo país, razão que toma impossível a sua quantificação.
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4. HACCP
4.1. Definição
Segundo Mortimore & Wallace (1 994), o HACCP foi originalmente desenvolvido como um
sistema de segurança microbiológica no início do programa espacial dos EUA, de maneira a
assegurar a segurança alimentar dos astronautas. Até aquele momento a maioria dos sistemas de
qualidade e segurança alimentar eram baseados no controlo do produto acabado mas, compreendeu
se que só se poderia assegurar a segurança dos produtos se fossem testados 1 00% dos produtos
elaborados (um método que, obviamente, não era rentável já que todos os produtos elaborados
tinham sido usados para analises) (ver Anexo VI).
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produtos alimentares, e permite prevenir qualquer problemas em vez de esperar que eles aconteçam
para os controlar (Mortimore & Wallace, 1994).
Segundo Hogg, Moreira & Vaz (2000) o sistema HACCP oferece diversos benefícios tais
como:
• O sistema HACCP é uma abordagem sistemática que cobre todos os aspectos da segurança do
alimento desde as matérias-primas, crescimento, colheita e compra até à utilização do produto;
• O uso de um sistema de HACCP permite à companhia mudar de uma filosofia de controlo
baseada primariamente no controlo do produto final para uma atitude de prevenção;
• O HACCP permite o controlo de problemas no produto final a um custo razoável;
• Um sistema de HACCP correctamente posto em prática deve ser capaz de identificar todos os
riscos concebíveis incluindo aqueles que realisticamente podem ser previstos;
• Direcciona recursos humanos e materiais para os pontos chave do processo;
• O uso de uma metodologia preventiva leva à redução de desperdícios;
• Complemento lógico aos sistemas de garantia de qualidade reconhecidos;
• Aprovado por organizações internacionais como o comité conjunto FAO/OMS e Comissão do
Codex Alimentarius que o considera um dos meios mais efectivos de controlar problemas na
produção de alimentos;
• Pode ser usado como prova de defesa contra acções legais.
Para se implementar o Sistema HACCP numa determinada empresa é necessário que, à priori,
o manual de higienização exista e esteja a funcionar correctamente, pois de outro modo não seria
possível implementar este sistema. Para este ser devidamente aplicado há que ter em atenção a
legislação correspondente face à inocuidade dos alimentos e também, este deve funcionar de acordo
com os princípios gerais de higiene dos alimentos presentes no Codex Alimentarius.
Antes do início do estudo devemos assegurar que:
./ A administração da empresa tem um empenho total;
./ A formação de uma equipa multidisciplinar devidamente formada e empenhada;
./ Os princípios gerais de higiene e código de boas práticas estão devidamente implementados
e são cumpridos.
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 17
Escola Superior Agrária de Beja
Wallace, 1994).
3° Principio - Especificação de critérios - limites e tolerância gue indicam se uma operação está
sob controlo num dado PCC
Os limites críticos descrevem a diferença entre produto seguro e produto inseguro. Estes
limites críticos devem envolver um parâmetro de medida e devem dar conhecimento acerca da
tolerância absoluta dos valores para cada PCC (Mortimore & Wallace, 1994).
so Principio - Estabelecimento de acções correctivas a tomar quando num dado PCC se identifica
um desvio revelado pela monitorização
É necessário especificar os procedimentos de acções correctivas assim como as
responsabilidades da sua implementação. Este principio inclui acções para manter o processo sob
controlo e acções para lidar com o produto fabricado enquanto o processo esta fora do controlo
(Mortimore & Wallace, 1994).
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 18
Escola Superior Agrária de Beja
HACCP
Os registos devem ser mantidos para demonstrar que o sistema HACCP está a operar sob
controlo e que foram tomadas as medidas preventivas necessárias para qualquer desvio que possa
HACCP e assegurar que este continue a funcionar eficientemente (Mortimore & Wallace, 1994).
processo, qual o produto, que tipo de perigos se vão considerar (flsicos, químicos ou
microbiológicos).
O limite do plano também deve ser defmido - do produto à saída da fábrica, no ponto de
venda ou no momento de consumo. É preferível completar um plano de HACCP simples e que pode
ser expandido mais tarde do que começar um plano complexo que nunca é implementado ou
acabado.
permitam formular um plano de HACCP eficaz. A selecção da equipa de HACCP deve ser feita
pelo representante da administração ou pelo especialista externo, caso exista.
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 19
Escola Superior Agrária de Beja
3. Descrição do produto
Deverá ser elaborada uma descrição completa do produto que inclua informação como, da sua
composição (matérias-primas, ingredientes, etc.), estrutura e características tisico/químicas
(incluindo aw, pH, etc.), tratamentos (cozedura, pasteurização, congelação, etc.), embalagem
(vácuo, atmosfera modificada, etc.) durabilidade (validade), condições de armazenamento e
distribuição, e instruções de utilização do produto (Hogg, Moreira & Vaz, 2000).
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 20
Escola Superior Agrária de Beja
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 21
Escola Superior Agrária de Beja
Uma parte importante da análise dos perigos consiste em perceber como estes podem entrar
para produto, isto é, na identificação das práticas operacionais ou acontecimentos que podem levar à
contaminação. Para este efeito, existem duas técnicas importantes, cujo objectivo é gerar ideias:
- " Brainstorming";
- 11
Análise causa-efeito".
9. Estabelecimento dos valores alvo e dos limites críticos para os PCC's (Princípio 3)
O limite crítico é um critério que separa a aceitabilidade da inaceitabilidade em termos de
segurança do produto. Devem ser estabelecidos e validados, se possível, para cada PCC dos limites
críticos. Em alguns casos podem ser determinados mais que um limite critico para um passo
particular. Os critérios normalmente utilizados, incluem medições de temperatura, tempo,
humidade, aw, cloro livre e parâmetros sensoriais como a aparência e textura.
No caso de dados subjectivos, com a inspecção visual, os limites críticos devem conter
especificações bem claras dos alvos, bem como exemplos do que é considerado inaceitável
(fotografias, frases descritivas, etc.). Noutros casos, como no processamento térmico, o
estabelecimento de valores alvo e de limites críticos é mais objectivo. Quando se trata de valores
alvo de parâmetros microbiológicos, é aconselhável usar o laboratório e ter em atenção que os
elevados riscos alimentares podem requerer um gráfico de controlo. Neste caso, devem ser
estabelecidos os níveis alvo e as tolerâncias para áreas críticas (Hogg, Moreira & Vaz, 2000).
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 22
Escola Superior Agrária de Beja
microbiológicas (tempo, temperatura, pH, contaminantes, etc.). Este sistema deve ser capaz de
ser necessário segregar ou destruir o produto; nem sempre isto é possível. Os registos devem ser
revistos periodicamente por uma pessoa com treino adequado e com conhecimentos e poder para
decidir eventuais acções correctivas. No caso em que a monitorização não seja contínua, a sua
frequência deve ser definida no plano de HACCP. Todos os registos e documentos relacionados
com a vigilância dos PCC's deverão ser assinados pela pessoa que realiza a monitorização e pela
pessoa responsável pela sua revisão (Hogg, Moreira & Vaz, 2000).
é, se o valor a medir está fora dos limites críticos. O plano de acção deve conter os seguintes
pontos:
- O que fazer com o produto que foi produzido e não está conforme,
Após a acção correctiva pode ser necessário efectuar uma revisão do sistema de modo a evitar
deverão ser documentados em registos de HACCP (Hogg, Moreira & Vaz, 2000).
efectivo no controlo dos perigos. Devem assegurar que os PCC's, procedimentos de monitorização
e limites críticos são apropriados e que as acções correctivas foram executadas correctamente. A
frequência dos procedimentos de verificação deverá ser suficiente para confirmar que o sistema de
Estudo e hnplementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 23
Escola Superior Agrária de Beja
- Quando seja possível, as actividades de validação deverão incluir medidas que confirmem a
eficácia de todos os elementos do Plano de HACCP,
- Testes microbiológicos a produtos intermédios e produto fmal;
- Pesquisa de problemas aos produtos na cadeia de distribuição/postos de venda;
- Análise do uso do produto por parte do consumidor.
Os procedimentos de verificação devem ser efectuados no fmal do estudo de HACCP e
depois em intervalos regulares predeterminados (Hogg, Moreira & Vaz, 2000).
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 24
Escola Superior Agrária de Beja
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 25
Escola Superior Agrária de Beja
Para tal a Direcção teve que ter um comprometimento total com a equipa HACCP e o plano
HACCP, houve formação do pessoal em Boas Práticas de Higiene e Fabrico, e as Boas Práticas de
Higiene e Fabrico tiveram que ser actualizadas e cumpridas com todo o rigor.
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 26
- . Farinheira
-
1 Definição do âmbito do plano HACCP
O objectivo deste plano HACCP é avaliar os perigos que podem ocorrer no produto fmal
Este plano de HACCP considera os perigos biológicos, químicos e fisicos ao longo de todo o
processo.
Perigos Biológicos:
• Os Perigos Biológicos têm a sua origem associada ao não cumprimento das Boas Práticas de
Fabrico ao longo de todo o processo de fabrico da Farinheira, ao desrespeito das Boas Práticas de
Higiene por parte de todos os funcionários, contaminações cruzadas que poderão ocorrer durante o
Perigos químicos:
• Estes perigos podem estar associados com resíduos de detergentes e desinfectantes utilizados para
a higienização do material e equipamentos. Podem ainda surgir resíduos de óleos que são utilizados
Perigos físicos:
• Os Perigos Físicos estão associados à presença de corpos estranhos na Farinheira que podem
afectar a saúde do consumidor (ex. ossos, cartilagens) ou metais incorporados (clipes), que podem
ser provenientes dos ingredientes adicionados, provenientes dos manipuladores (objectos de uso
O plano HACCP abrange as etapas da produção de Farinheira desde a chegada das carnes e
I I
Verificação:
I
Elaboração: Aprovação;
Data: Data: Data:
.
-
Farinheira Revisão: 1
Página 1
Plano HACCP - Equipa HACCP
2 - Equipa HACCP
I I I
Elaboração: Verificação: Aprovação:
Data: Data: Data:
.
-
Farinheira Revisão: 1
Página 1
Plano HACCP - Descrição do Produto
-
3 Descrição do Produto
(ver Anexo VII)
� Denominação do produto: Farinheira.
� Ingredientes: Entremeada de porco, toucinho de porco, farinha de trigo, farinha de
milho, massa de pimentão, água, sal, alho, especiarias, óleo-resina de pimentão.
� Características do produto: Apresenta-se com forma tradicional de argola preso nas
pontas, individualizando cada unidade, com o diâmetro compreendido entre 0,25 mm a
0,40 mm, e com um peso de cerca de 200 g cada unidade. O exterior apresenta um
aspecto amarelado/acastanhado, brilhante, consistência pastosa, invólucro sem ruptura e
não inteiramente preenchido pela massa. O seu interior ao corte obliquo, deve apresentar
massa perfeitamente ligada de aspecto grumoso brilhante, cor amarela/acastanhada com
cheiro e sabor caracteristico. Fumado a lenha de azinho.
� Embalagem: Acondicionado em atmosfera modificada.
� Condições de armazenagem: Conservar em ambiente fresco e seco.
� Condições de transporte: Veículos com caixa isotérmica
� Prazo de validade: 5 meses na embalagem original.
� Local de venda: Lojas de comércio especializado (supermercado e hipermercado), lojas
de conveniência, restaurantes, talhos, comércio tradicional.
� Condições de utilização: Consumo diário, assar, grelhar, cozer.
� Rotulagem: Marca, identificação do produto, lista de ingredientes, condições de
armaz enagem, data de embalamento, prazo de validade, lote, peso líquido.
� Consumidores: Crianças, jovens, adultos e idosos.
I I I
Elaboraçao: Verificação: Aprovação:
Data: Data: Data:
- . ' Farinheira
-
4 Identificação do uso pretendido do produto
Elaboração:
I I
Verificação: Aprovação:
Data: Data:
I Data:
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Página 1
� Plano HACCP - Fluxograma de Fabrico
5 - Fluxograma de Fabrico
Preparação e
Desmancha da
Matéria-Prima
Rotulagem e �-----�
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Encartonamento _ -- --�.
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Elaboração:
I I
Verificação: Aprovação:
Data: Data: Data:
.JB'arinllneira
Revisão: 1
Plano HACCP - Identificação dos Perigos e Medidas Preventivas Associados a Cada Etapa Página 1
Químicos
Resíduos de
desinfectantes e
Recepção.
�-
- Deficiente higienização do Cais de Enchaguamento no final das operações de limpeza;
- Manutenção da cadeia aérea de transporte das
detergentes
carnes.
I Resíduos de lubrificantesI Manutenção da cadeia.
-
I
Presença de corpos
- Deficiente controlo por parte dos · Inspecção
Físicos estranhos (plásticos, visual na recepção.
_
funcionários.
metais, etc.)
- Condições de transporte inadequadas;
Recepção de: Condimentos
e Aditivos
Biológicos
Contaminação
microbiana
1
- Deficientes condições de higiene no Cais - Observar a integridade das embalagens.
de Recepção.
aboração
El
I I I
VerificaÇão: Aprovação:
Data: Data: Data:
I
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III •. · ·- Farinheira Revisão: 1
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. �- Plano HACCP - Identificação dos Perigos e Medidas Preventivas Associados a Cada Etapa Página 2
- Roedores;
- Cumprimento do plano de Controlo de Pragas;
Contaminação - Higiene inadequada da sala de
Biológicos - Verificar o estado de conservação e a validade dos
Armazenagem de microbiana armazenagem e/ou dos funcionários;
produtos.
Condimentos e - Produtos fora de validade.
Aditivos Presença de corpos
- Deficiente controlo por parte dos
Físicos estranhos (plásticos, - Verificação dos produtos antes de usar.
funcionários.
metais, etc.)
detergentes
Presença de corpos
- Deficiente controlo por parte dos
Físicos estranhos (plásticos, - Verificação dos produtos antes de usar.
funcionários.
metais, etc.)
�
(Toucinho e Entremeada) - Produto em contacto com o material
Resíduo de detergentes
contaminado por deficiente higienização;
Químicos ou desinfectantes de I _ Deficiente higienização da mesa de
- Enchaguamento no final das operações de limpeza.
lavagem
desmancha e utensflios da desmancha.
Presença de corpos
Físicos
estranhos (plásticos, I - Deficiente controlo por parte dos I - Retirar durante preparação da matéria-prima todos os
metais, pedaços de luvas, I funcionários. corpos estranhos e indesejados.
ossos, etc.)
Elaboração: :
I I I I
Verificação:
Aprovação
Data: Data: Data:
.lFariollneira
Revisão: 1
Página 4
Plano HACCP - Identificação dos Perigos e Medidas Preventivas Associados a Cada Etapa
Químicos ou desinfectantes de
contaminado por deficiente higienização.
lavagem
Presença de corpos
Físicos _
Inspecção e controlo visual durante a pesagem.
I
metais, pedaços de luvas, funcionários.
ossos, etc.)
- Deficiente bigienização;
microbiano
- Registo contínuo da temperatura da Sala de Fabrico.
por permanência prolongada na Sala de
Sala de Fabrico.
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Elaboração:
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Verificação: vação:
Data: Data: Data:
JFarinfineira Revisão: 1
Página S
Plano HACCP - Identificação dos Perigos e Medidas Preventivas Associados a Cada Etapa
�ficação: l
I ·-,
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Elaboração: Aprovação:
Data: Data: Data:
JB'arinllneira
Revisão: 1
Plano HACCP - Identificação dos Perigos e Medidas Preventivas Associados a Cada Etapa Página 6
Químicos ou desinfectantes de
contaminado por deficiente higienização.
lavagem
- Aumento da temperatura da Câmara de Controlo da temperatura da Câmara de
Contaminação e Refrigeração; Refrigeração;
Biológicos Desenvolvimento - Deficiente higienização da Câmara de - Registo contínuo da temperatura da Câmara de
Maturação
microbiano Refrigeração; refrigeração;
(Câmara de
- Avaria da câmara de refrigeração. - Manutenção da Câmara de Refrigeração.
Refrigeração)
Resíduos de detergentes
I - Produto em contacto com o material
Quimicos ou desinfectantes de - Enchaguamento no final das operações de limpeza.
contaminado por deficiente higienização.
lavagem
Segunda Mistura
Biológicos Contaminação e - Não cumprimento das Boas Práticas de - Controlo do tempo de permanência da massa na
I I I
Elaboração: Verificação: Aprovação:
-
Fabrico;
Data: Data: Data:
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Farinheira Revisão: 1
Plano HACCP - Identificação dos Perigos e Medidas Preventivas Associados a Cada Etapa Página 7
Resíduos de detergentes
- Produto em contacto com o material
Químicos ou desinfectantes de - Enchaguamento no final das operações de limpeza.
contaminado por deficiente higienização.
lavagem
1-
- Manipulação inadequada;
de Embalamento;
Aumento da temperatura da farinheira por
�-
Controlo do tempo de permanência da farinheira na
_
Contaminação e
Embalamento permanência prolongada na Sala de
Biológicos Desenvolvimento Sala de Embalamento;
(Atmosfera Modificada)
microbiano
Embalamento e por awnento da tempera
da Sala de Embalamento;
tura
Controlo � registo das % de gases introduzidos nas
embalagens,
- % de gases utilizado em atmosf
e
- Inspecção e controlo contínuo das embalagens..
modificada inadequada;
- Termossoldagem das embalagens mal
efectuadas.
I I I I
Elaboração: Verificação: Aprovação:
Data: Data: Data:
.fr4'arinheira Revisão: 1
Plano HACCP - Identificação dos Perigos e Medidas Preventivas Associados a Cada Etapa Página 9
I
-Acondicionamento adequado das embalagens;
fabrico e Higtene
· por parte dos
_ Plano de controlo de pragas;
funcionários, equipamentos e instalações;
- Utilização de embalagens próprias para enchidos;
Contaminação e - Rotura das embalagens;
- Controlo e registo contínuo da temperatura da Sala
Armazenagem Biológicos Desenvolvimento - Presença de roedores.
de Armazenamento;
microbiano - Temperatura elevada da Sala de
- Rotatividade do stock através do FIFO (first in, first
Armazenamento;
out);
_ Deficiente higienização da Sala de
· _ Inspecção e controlo contínuo das embalagens.
Armazenagem.
Lote, ingredientes e
Pesagem, Etiquetagem, - Problemas no equipamento de marcação; - Manutenção do equipamento de pesagem e de
validade inexistente,
Rotulagem e Físicos - Etiqueta não legível; etiquetagem;
inelegíveis ou mal
Encartonamento - Falha do funcionário. - Actualização permanente dos dados dos rótulos.
colocados
Contaminação e
prolongada fora da zona de armazenamento;
_
Aprovação:
I I I I
Elaboração: Verificação:
Data: Data: Data:
1Farinl1ieira
Revisão: 1
Página 1
Plano HACCP - Aplicação da Árvore de Decisão HACCP para a Determinação dos PCC's
Á
7 - Aplicação da rvore de Decisão para a Determinação dos PCC's
Para a determinação dos Pontos Críticos de Controlo (PCC) recorreu-se ao uso da Árvore de Decisão HACCP (ver Anexo V).
Etapa do Processo Tipo de Perigos Perigos P.l P.2 P.3 P.4 PCC
abo : AprovaçãO:-
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Data:
IVetificação
Data: Data:
-]
Farinbeira Revisão: 1
Plano HACCP - Aplicação da Árvore de Decisão HACCP para a Determinação dos PCC's Página 2
cação:
I ��o: I = I= I
vação:
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Farinheira Revisão: 1
Página 3
Plano HACCP - Aplicação da Árvore de Decisão HACCP para a Determinação dos PCC's
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Verificação: rovaÇão:
--- ----
Elaboração:
-
Preparação e
Desmancha da
Matéria-Prima
-.J
I
Expedição e
Rotulagem e
Distribuição
Encartonamento
I I I
Elaboração: Verificação:
Data: Data: Data:
Aprovação:
--
Farinbelra Revisão: 1
�
. � Plano HACCP - Estabelecimento dos Limites Críticos, Sistemas de Monitorização e Acções Correctivas Página 1
,
- -
Etapa Perigo Preventivas Críticos Método Frequênci Responsáve Registos
c Correctivas o
a 1
-
Câmara de entre 0°C e da Câmara de Refrigeração processo. semanalmente.
Refrigeração; soe. Refrigeração quando a
Controlo da por sistema temperatura
Contaminação e
Annazenage rotação do stock informático. desta
1 Desenvolviment
m da Came através do FIFO ultrapassa os
o microbiano
(first in, frrst limites.
out);
- Controlo da
temperatura da
Câmara de
Refrigeração.
Presença de - Inspecção e - Presença de - Análise - Contínua. - Funcionário - Retirar - Auditorias - Registo das
Encher. Atar,
corpos estranhos controlo visual qualquer Visual. que efectua o todos os internas. auditorias
2
- -- I
Torcer e
na massa (clipes durante a corpo enchimento corpos internas.
Clipsar
da atadura, separação das estranho na das tripas. estranhos
�ração:
Data:
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Verificação:
Data:
I
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Data:
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Revisão: 1
Farinheira
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Página 2
Plano HACCP - Estabelecimento dos Limites Críticos, Sistemas de Monitorização e Acções Correctivas
colocação da
massa destas de
novo na
enchedora.
Aparecimento de farinheira nos até 30 horas; dos Fumeiros. do fumeiro. processo. dos Fumeiros
combustão Fumeiros;
- Utilização de
madeira adequada
(azinho).
I
Embalamento; l5°C; Embalamento; quando a - Ficha de
I
Elaboração:
Data:
I
Verificação :
Data: I Aprovação:
Data:
I
Farinheira Revisão: 1
Página 3
Plano HACCP - Estabelecimento dos Limites Críticos, Sistemas de Monitorização e Acções Correctivas
- Inspecção e gases no
da temperatura
da Sala de
Armazenamento
;
erificação: 1
I I
··-- --
- Rotatividade do
stock através do
FIFO (first in,
first out);
- Inspecção e
controlo contínuo
das embalagens;
I �:_�ração:
·--�=caçãO-:-· ·-��ação-:- --· -- ·-- --]
- t----______
Plano HACCP
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o do Plano HACCP
____--- -1
Revisão: 1
Página 1
Sistema HACCP com os que estão descritos no Plano HACCP. As auditorias devem ser planeadas e
realizadas com uma frequência adequada para garantir a manutenção da eficácia do Sistema
HACCP. As auditorias devem ser realizadas duas vezes por ano, e incluem a verificação do sistema
de monitorização e as acções correctivas, análise dos PCC's, processo de fabrico, cumprimento das
Boas Práticas e tudo o resto que tem ligação directa ou indirecta com o plano HACCP. São
igualmente realizados relatórios das auditorias, que são devidamente arquivados fazendo assim
Análises
externo à
- As análises realizadas aos produtos e à empresa são efectuadas por um laboratório
empresa. As análises aos produtos efectuam-se de dois produtos por mês enquanto que a
efectuada ao controlo da higiene efectua-se 5 recolhas de amostras por mês. As análises abrangem:
./ Caracteres organolépticos e fisicos - Estas análises incluem a cor, o cheiro, a consistência, a
E aboração
extracto seco, e a Humidade no produto desengordurado.
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vação
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Verificação:
Data: Data: A
Data:
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Revisão: 1
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Página 2
Plano HACCP - Verificação do Plano HACCP
./ Controlo da Higiene e das Superflcies - Aqui efectua-se 5 recolhas por mês através do uso
de zaragatoas a várias superficies (paredes, equipamentos, operadores).
l Elaboração:
Data:
l Verificação:
Data:
l Aprovação:
Data:
- . Farinheira
-
10 Revisão do Plano HACCP
auditorias internas, nos registos de acções correctivas, nos resultados das análises efectuadas pelo
laboratório externo, e em possíveis reclamações de clientes. Nessa mesma reunião deverão também
Todos os registos e relatórios das reuniões são devidamente arquivados fazendo assim parte
I I I
Elaboração: Verificação: Aprovação:
Data: Data: Data:
Escola Superior Agrária de Beja
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 52
Escola Superior Agrária de Beja
Uma outra categoria de perigos encontrada é a dos perigos de origem química. Aqui o
perigo com maior probabilidade de ocorrer é a contaminação do produto com restos de detergente
ou desinfectantes. Estes podem ficar na forma de resíduos nos equipamentos, pois a lavagem dos
equipamentos neste tipo de indústria é muito importante, e tem uma frequência diária ou na
mudança de produtos.
limpeza são um dos mais significantes perigos. Os resíduos de limpeza podem ficar nos utensílios
importância vital que os membros da equipa HACCP considerem as implicações dos métodos de
dosagem exagerada de nitritos e nitratos que podem ter um efeito tóxico na saúde do consumidor
constituintes dos seus sistemas de preservação. Esta adição deliberada de nitritos e nitratos aos
alimentos é regulamentada de perto pela legislação dos elevados níveis de nitritos, nitratos e
compostos azotados que nos alimentos pode produzir uma variedade de efeitos tóxicos, como por
A equipa HACCP deve assegurar que o nitrito e nitrato que vai ser adicionado aos produtos
não exceda o valor legal, valores de segurança e devem dar consideração apropriada ao risco de
contaminação por outros recursos e outros ingredientes, dando um nível total acrescido
Henricames, Lda. são fumeiros que se consideram bons para a prevenção da formação e deposição
destas substâncias cancerígenas (HPA) nos produtos. É um fumeiro de dois pisos, como foi
referido anteriormente no ponto 3 .3 .9, o que leva a que os HPA se depositem nas paredes de
condução alcançando o menos possível os produtos cámeos, e se evite a queda de gordura sobre a
saúde do consumidor é a presença de metais que possam ir dentro do produto final. Este perigo
está presente, principalmente, na etapa de enchimento da tripa, onde estas são também clipsadas as
tripas. É de referir que não existe um detector de metais incluído na boca de enchimento da
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 53
Escola Superior Agrária de Beja
Todos os produtos devem passar no detector de metais pelo menos uma vez, e deve ser no
ou perto do fim da produção e enchimento, assim que possível. Quando o produto fmal está seguro
em conteúdos de metal, estes devem ser adequadamente manipulados e a detecção de metais no
produto deve tomar lugar imediatamente antes do enchimento do produto. Os detectores de metais
devem ser cuidadosamente escolhidos e calibrados para distinguir as mais pequenas peças de cada
potencial tipo de metal (Mortimore & Wallace, 1994).
Estudo e Implementação de um Plano HACCP numa Salsicharia Tradicional na Linha de Fabrico de Farinheira 54
Escola Superior Agrária de Beja
usado é através da medição das temperaturas dos fumeiros com um termómetro portátil de
infravermelhos, com uma frequência de duas em duas horas. A acção correctiva a ser utilizada no
caso dos valores ultrapassarem os limites é regular as temperaturas dos fumeiros para os valores
aceitáveis estipulados.
O Embalamento em atmosfera modificada também pelo que já foi citado no ponto 3.3.1 1,
vai ter um papel muito importante, sendo uma etapa crítica do processo. As proporções dos gases
utilizados nesta atmosfera vão ser de 0% de 02, 30% de C02 e 70% de N2. Canada (2004) diz que
o C02 vai desempenhar um função de inibição de bactérias e fungos enquanto o que o N2 como é
que também por falta de Ü2 no interior da embalagem não vão ter condições ideais para se
embalamento entre os 5°C e l5°C, e uma concentração dos gases no interior da embalagem de 0%
para o 02, de 30% para o C02 e de 70% para o N2. Para monitorizar o controlo da temperatura da
sala de embalamento é utilizado um programa informático que regista em continuo as
valores limite, é efectuar uma regulação no aparelho de produção de frio para voltar a
proporcionar u'ma temperatura que esteja de acordo com os valores desejados. No caso do controlo
dos gases, o meio de monitorização utilizado faz-se através de uma análise a cinco embalagens
aleatoriamente escolhidas do lote que se está a embalar, colocando-as num aparelho de medição de
gases, que neste caso é o 02 e o C02. No caso de ser necessário tomar acções correctivas por
Por fim, a etapa de Armazenagem do produto final, vai ser o último PCC identificado. Nesta
etapa deve-se ter especial atenção ao controlo das temperaturas da sala de armazenagem. Quanto
aos limites para esta etapa, estipulou-se o intervalo de temperaturas de 5°C a l5°C. Para a sua
estipulados o programa, automaticamente, vai regular as temperaturas até que esta volte a
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É importante referir que na etapa de Climatização não se teve em grande conta um factor
muito importante que é o controlo da humidade relativa da sala de climatização. Isto deve-se ao
facto da empresa não possuir um aparelho próprio com que se pudessem efectuar as leituras e o
seu controlo regular. Segundo Torre & Garcia (1991), durante a cura o produto perde humidade e
É de referir que estes sistemas de controlo de temperaturas e da cadeia de frio estão todos
ligados a um computador central que controla todas as salas e câmaras, onde existe um sistema de
produção de frio.
Um factor muito importante no estágio, foi o facto de não estar só a lidar com a
implementação do plano HACCP mas também a desenvolver outras actividades paralelas. Um dos
vários aspectos positivos que pude retirar do estágio foi o facto de ser confrontado com os
problemas de rotulagem que podem ocorrer, e ter de organizar diferentes tipos de rotulagem, devido
à empresa exportar para diversos países. Outro aspecto positivo, e ao mesmo tempo uma
desorganizado e pouco eficaz, o que me possibilitou também com a ajuda do Engenheiro Luís
Henriques alterar e aperfeiçoar o sistema de modo que fosse eficaz e exacto, e que foi também
conseguido, apesar de termos de estar a inserir novas práticas e uma nova rotina aos trabalhadores.
Ao início foi algo complicado, sendo necessário estar a ajudá-los com o novo sistema
implementado mas, com a prática, rotina e ajuda da minha parte e do Eng.a Luís Henriques foi uma
aposta bem sucedida. Outra actividade que pude ajudar a desenvolver no estágio foi o
desenvolvimento de um novo produto para a empresa, sendo uma experiência bastante interessante
Por último, é de referir que o estágio contribuiu de uma forma claramente positiva, tanto a
nível pessoal como profissional, uma vez que me colocou em contacto com uma realidade bastante
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7. Conclusão
A implementação do Sistema HACCP foi bem sucedida, apesar das várias contrariedades e
limitações com que me fui deparando.
Um factor muito importante foi a boa relação criada com o Departamento da Qualidade e os
funcionários da empresa que ajudou a contribuir para que estes respeitassem, quase sempre, as
minhas indicações procurando alterar, sempre que possível, e com a maior seriedade as falhas que
iam sendo detectadas, e por se mostrarem sempre disponíveis no esclarecimento de dúvidas.
Este sistema precisa de ganhar mais maturidade e de mais uns investimentos por parte da
direcção da empresa para que se possa melhorar os seus pontos fracos de forma a ser mais eficaz,
nomeadamente na futura aquisição de um detector de metais e de um aparelho de controlo da
humidade relativa para o fumeiro e sala de climatização. É também importante referir que a
duração do estágio não foi suficiente para acompanhar o sistema HACCP na sua funcionalidade
plena.
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Site visitados:
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9. Anexos
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Anexo I
.. v70üêt1
l' v \;1
Revisll.o 2
umrz.ra Recepção de Carnes Refrigeradas e Sangue
Página 1 de 1
Fornecedor
I�!:: I I
Exterior do Veículo Limpo Sujo
Portas Com Selo Sem Selo
Gráfico de Temperatura OK Não Existe
Cheiro Interior Limpo Outro:
Temperatura do Carro oc
Guia de Remessa No:
Produto
kgReais kg kg kg kg kg kg
T (OC) o
c o
c o
c o
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c o
c o
c
pH
I
Material Não Alimentar
Interior da Câmara I
Não
Limpo
I
I Sujo:
Sim :
I
Observações,_
·-------------------
Controlador:
---
por:
erifi
cado!x>r: -, Aprovado por:
I
Elaborado
I Data: V
Data: Data:
-]
Anexo II
1\.1Ww1C U�
RevisAo 2
Página 1 de 1
Recepção de Matérias-Primas Subsidiárias
Fornecedor
1�:� I I
Exterior do Veículo Limpo I I Sujo I
Interior do Veículo Lim: po I I Sujo I
Guia de Remessa No
Produto
kg Reais kg kg kg kg kg kg kg kg kg kg
Estiva
Rotulagem OK I Anormal I OK I Anormal I OK I Anormal I OK I Anormal I OK I Anormal I OK I Anormal I OK I Anormal I OK-1 Anormal r OKrAnormal I OK 1 Anormal
Lote do
Produto L: I L: I L: ·
I L: I L: I L: I L: I L: I L: I L:
Validade
Aceite
I �
NOO AlimonW I I I
NOO
Sh
n :
I
por:
Observações._
· -------------------
Controlador:
provado
��labÕI-ado -��fiCadopOr.-- -- A
por:
I
I
:
--- --
:
ata Data Data:
I D
I I
Anexo III
�4
-:ii
=r.i
�
Ficha de Controlo
M del 03.2
Produto�
· ------------------------------------
• ------
Lote._ ---
2 horas oc
4 horas oc
6 horas oc
8 horas oc
10 horas oc
12 horas oc
14 horas oc
1 6 horas oc
1 8 horas oc
20 horas oc
22 horas oc
24 horas oc
26 horas oc
28 horas oc
30 horas oc
Observações:
------
Controlador:
I I
Elab rad p r: Vcrificad p r: Apr vad p r:
I
o o o o o o o o
Data: Data: Data:
Anexo IV
Ficha de Análise
Modelo 03.4
Revisão: o
Controlo do Gás no Interior das Página 1 de 1
Embalagens
Data: ------
Cliente: ------
ObseNações: ------
Controlador:
I I I
Elaborado por: Verificado por: Aprovado por:
Data: Data: Data:
Anexo V
� ar e i
: ��
� :-
� ------------ _-----__---_--- _____--------�
Plano HAC p
__
re de Decisão
__
Revisão: 1
Página 1
Sim
Neste passo o controlo é 1------�
necessário para a segurança? Sim
Não
! Não
Sim
Não
! �
_,..,.-- ---...
( Não é
� PCC
Sim -----
_/
I I I
Elaboração: Verificação: Aprovação:
Data: Data: Data:
QUESTÕES E EXPLICAÇÃO DO MODO DE RESPOSTA Á ÁRVORE DE DECISÃO HACCP
for mesmo necessário, terá que se modificar o passo, o processo ou o produto, de forma
Durante a análise a equipa pode sugerir que sejam necessárias que permitam o
sugestão da alteração, no caso desta ser aceite, implementá-la {Mortimore & Wallace,
1 994).
consciente de que existe um conjunto de factores que podem potenciar essa situação.
Deste modo, deve-se ter em con� não só a etapa em questão, como também o efeito
questões:
DESCRIÇÃO
·SD
Apresenta a forma tradicional de argola preso nas pontas,
individualizando cada unidade, com o diâmetro compreendido
APRESENTAÇÃO
entre 0.25 a 0.40 mm. Cada farinheira pesa cerca de 200g.
�-� ':
Produto à base de gordura de porco, farinha de trigo e milho, massa de pimentão,
INGREDIENTES
sal, especiarias e óleo resina.
PROCESSO
As gorduras são preparadas para serem picadas e misturadas com os restantes ingredientes,
seguindo-se o processo de maturação e enchimento que é feito em tripa natural. De seguida, o
produto vai para o fumeiro, onde é curado por acção da temperatura e por deposição do fumo.
CARACTERÍSTICAS DO PRODUTO
CARACTERÍSTICAS ORGANOLÉPTICAS
Exteriores: Interiores:
Aspecto amarelado/acastanhado, brilhante, Ao corte oblíquo, deve apresentar massa
consistência pastosa, invólucro sem rotura e não perfeitamente ligada de aspecto grumoso
inteiramente preenchido pela massa. brilhante, cor amarela/acastanhada com cheiro e
sabor característico.
CARACTERiSTICAS FiSICo-QuiMICAS
VRef. / VMA
Parâmetro Técnica Unidades
Referência Máximo
Humidade NP 1614 gr/100gr 29,3 --.-------
CARACTERÍSTICAS MICROBIOLÓGICAS
Resultado VRef.
Parâmetro Técnica
Presente em Ausente em Ausente em
Coliformes Totais FDAIBAM --------- l,Ogr 0,001gr
Coliformes Fecais FDAIBAM _____....__
1,0gr O,Olgr
Escherichia Coli FDAIBAM - ----- --- l,Ogr 0,1gr
StaphylococosAureus FDAIBAM - - ----- -- l,Ogr O,lgr
Clostridios Sulf. Red. NP EN 26461 -------- l,Ogr O,l gr
Salmonela EN 12824 -------- 25� 25gr
ACONDICIONAMENTO
EMBALAGEM
40 unidades I 4 sacos de 2K.g em cada caixa de cartão 30 unidades/ 3 sacos de 2Kg em cada caixa de cartão
Dimensões: 380x300x200 Dimensões: 380x300x150
CONSERVAÇÃO/DURABILIDADE/TRANSPORTE
O produto é conservado em local seco e fresco e tem wna validade de cinco meses na embalagem original.
É transportado e distribuído em viaturas com caixa isotérmica.
Segundo Mortimore & Wallace (1994), o HACCP foi originalmente desenvolvido como um
sistema de segurança microbiológica no início do programa espacial dos EUA, de maneira a
assegurar a segurança alimentar dos astronautas. Até aquele momento a maioria dos sistemas de
qualidade e segurança alimentar eram baseados no controlo do produto acabado mas, compreendeu
se que só se poderia assegurar a segurança dos produtos se fossem testados I 00% dos produtos
elaborados (um método que, obviamente, não era rentável já que todos os produtos elaborados
O sistema original do HACCP foi, assim, desenvolvido pela Pillsbury Company em resposta
aos pedidos de inocuidade impostos pela NASA em 1959 para os "alimentos espaciais" produzidos
para os seus primeiros voos tripulados. A NASA tinha, então, duas preocupações principais.
A segunda preocupação dizia respeito à inocuidade dos alimentos que seriam consumidos
ou suas toxinas.
A primeira preocupação foi superada com o desenvolvimento de alimentos que poderiam ser
consumidos de uma só vez e com o uso de invólucros comestíveis especialmente formulados para
microbiológica de cada lote de alimento espacial, provou não ser prática, senão impossível. Tal
comprovação foi verificada pelo Dr. Howard Bauman, que coordenou a equipa de desenvolvimento
do HACCP na Pillsbury.
A princípio, o grupo do Dr. Howard Bauman pensou utilizar o "Programa Zero Defeitos"
que fora desenvolvido para testar o equipamento utilizado no programa espacial. Este programa
utilizava uma série de provas não destrutivas para garantir que o mesmo funcionaria
adequadamente. Entretanto, chegou-se à conclusão que o mesmo não era apropriado para ser
adaptado aos alimentos, se bem que as provas poderiam ser aplicadas repetidamente em cada
unidade do equipamento.
Após vãrios ensaios, o grupo adaptou o conceito "Modos de Falha" que fora desenvolvido
pelos Laboratórios Nacionais do Exército dos EUA. Este conceito baseia-se na obtenção de
dum processo ou produto, passou a ser possível seleccionar os pontos onde as medidas pudessem
ser tomadas, ou observações pudessem ser realizadas, para verificar se o processo havia ou não sido
controlado.
Se ficasse demonstrado que o processo estava fora de controlo, haveria uma grande
possibilidade de ocorrer algum problema com a inocuidade do alimento que se estava a produzir.
Esses pontos, identificados ao longo do processo de produção, tornaram-se conhecidos como Pontos
Protecção dos Alimentos nos Estados Unidos. Depois dessa estreia, o HACCP viu incrementar a
Mais tarde, como foi anteriormente dito, com a publicação, em 1991, de "orientações"
sobre a aplicação do HACCP como uma forma de redução da contaminação microbiológica, pela
Comissão do Codex Alimentarius, criada pela Organização Mundial de Saúde e pelo Fundo da
Desta forma, o HACCP foi desenvolvido para ser aplicado aos factores associados à
matéria prima, ingredientes, processo de produção, processamento e outros, por forma a prevenir-se
(www.segurancalimentar.com).