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O cérebro de Frankenstein

“Uma mão habilidosa sem a cabeça que a dirige é um instrumento cego; a


cabeça, sem a mão que realiza, é impotente.”

Como precisamos, hoje em dia, reconhecer nossas habilidades para diversas


tarefas, ex: denominá-las no currículo.

E como pessoas precisam de pessoas. (No sentido que algo precisa de algo).

Sem se preocupar com as brigas entre behavioristas e cognitivistas, entre


neurobiologistas e fisicalistas, Canguilhem combateu em bloco, nessa
conferência, não as ciências e seus avanços, não os trabalhos modernos sobre
os neurônios, os genes ou a atividade cerebral, mas uma abordagem eclética
na qual se misturavam o comportamentalismo, o experimentalismo, a ciência
da cognição, a inteligência artificial etc. Em suma, a seu ver, essa psicologia
que pretendia extrair seus modelos da ciência não passava de um instrumento
de poder, uma biotecnologia do comportamento humano, que despojava o
homem de sua subjetividade e procurava roubar-lhe a liberdade de pensar.

Apesar de todo estudo para tecer esse comentário, penso que podemos
associar isso a atualidade pela falta de conhecimento sobre o que é a
Psicologia e no que suas abordagens diferem as formas de tratamento.

... o cientificismo é uma religião tanto quanto as que essa crença pretende
combater. Ela é uma ilusão da ciência, no sentido como Freud define a religião
como uma ilusão.” Benmais do que a religião, entretanto, a ilusão cientificista
pretende preencher com mitologias ou delírios todas as incertezas necessárias
ao desdobramento de uma investigação científica. Se o discurso cientificista é
capaz de se apropriar do cérebro de Frankenstein a ponto de fazer dele o
emblema de uma racionalidade moderna, não é de surpreender que alguns dos
melhores especialistas atuais da biologia cerebral possam cair na mesma
armadilha e, por conseguinte, acabem denunciando a psicanálise como uma
doutrina mitológica, literária ou xamanística.

A dificuldade, que ainda acontece muito, entre leigos, e até entre alguns
profissionais, separarem crenças de teorias. E diferenciar tipos de terapia, que
hoje existem várias, e denominar a função de cada uma.

O sujeito freudiano é um sujeito livre, dotado de razão, mas cuja razão vacila
no interior de si mesma. É de sua fala e seus atos, e não de sua consciência
alienada, que pode surgir o horizonte de sua própria cura. Esse sujeito não é
nem o autômato dos psicólogos nem o indivíduo cérebro-espinhal dos
fisiologistas, nem tampouco o sonâmbulo dos hipnotizadores nem o animal
étnico dos teóricos da raça e da hereditariedade. É um ser falante, capaz de
analisar a significação de seus sonhos, em vez de encará-los como o vestígio
de uma memória genética.27 Sem dúvida, ele recebe seus limites de uma
determinação fisiológica, química ou biológica, mas também de um
inconsciente concebido em termos de universalidade e singularidade.

Saber entender o sujeito em todas suas totalidades e utilizar isso para um bom
atendimento, uma boa compreensão e para uma escuta humanizada.

Assim, a psicanálise foi a única doutrina psicológica do fim do século xix a


associar uma filosofia da liberdade a uma teoria do psiquismo. Ela foi, de certo
modo, um avanço da civilização contra a barbárie. Aliás, foi por isso que
alcançou tamanho sucesso durante um século nos países marcados pela
cultura ocidental: na Europa, nos Estados Unidos e na América Latina. A
despeito dos ataques dos quais tem sido objeto e malgrado a esclerose de
suas instituições, ela deveria ainda hoje, nessas condições, ser capaz de dar
uma resposta humanista à selvageria surda e mortífera de uma sociedade
depressiva que tende a reduzir o homem a uma máquina desprovida de
pensamento e de afeto.

Novamente, entender o sujeito em todas suas totalidades. Não o reduzir e nem


“desacreditar” em seus pensamentos e afetos. – Bom profissional.
A “carta do equinócio”

Freud só poderia inventar sua teoria num mundo marcado pelo abandono das
modalidades tradicionais de organização familiar. Enquanto o pai era
legalmente investido de um poder ilimitado, que lhe permitia exercer um poder
tirânico sobre o corpo das mulheres e dos filhos, de um lado reprimindo o
adultério e, de outro, a masturbação, não era possível nenhuma teorização da
sexualidade em termos de fantasia, de reminiscências ou de conflito.9 Por essa
razão, em toda parte do mundo a psicanálise veio a se tornar um fenômeno
urbano, afetando sujeitos imersos no anonimato, solitários ou desligados de
seus vínculos tradicionais, e voltados para um núcleo familiar restrito.

Pode-se pensar, que até os dias de hoje, ainda há famílias tradicionais, onde o
homem possui essa postura. E que também, temas como a masturbação,
ainda são considerados “tabus”.

A terapia, e suas abordagens, ainda não são de conhecimento de todos ou de


muitos, apesar de estar deixando de ser uma atividade elitizada (fazer
psicoterapia ou psicoanálise), ainda há, pela falta de conhecimento e pela falta
de se reconhecer a importância, dificuldades em se chegar até lá (ir em busca
da terapia). O que antes era para alguns, em quesito de se tornar um
fenômeno urbano, hoje ainda é para alguns, mas no quesito de falta de
informação. (Não sei se essa associação está correta kkkk).

Ora, foi contra esse preconceito tenaz que Freud se ergueu ao renunciar à sua
teoria. Nada jamais é decidido de antemão: a infelicidade não está inscrita nos
genes nem nos neurônios. Cada sujeito tem uma história singular, e esta o faz
reagir diferentemente de outro em situações idênticas. Por conseguinte, um
trauma real não é em si mais mortífero do que um grave sofrimento psíquico.

Aqui pensei muito na questão de “cada sujeito tem uma história singular, e esta
o faz reagir diferentemente de outro em situações idênticas.”, pois acredito que
ainda mais agora em época de pandemia podemos notar o quanto isso é
perceptível. Todos passando por uma situação global, claro que tem suas
diferenças para cada pessoa, mas pensando no geral, e cada um tendo uma
atitude diferente do outro.
Freud está morto na América

Muito pragmáticos, os terapeutas norte-americanos apoderaram-se com ardor


das idéias freudianas. Mas logo procuraram medir a energia sexual, provar a
eficácia dos tratamentos, multiplicando as estatísticas, e fazer pesquisas para
saber se os conceitos eram empiricamente aplicáveis aos problemas concretos
dos indivíduos.

Penso que hoje em dia, e cada vez mais, as pessoas querem “provas” para
acreditarem em algo.

Foi justamente por não mais se enquadrarem numa classificação significativa


que as pacientes afetadas por distúrbios histéricos ou psicoses passaram a
receber um diagnóstico de personalidade múltipla. Essa síndrome remete, na
verdade, a um modelo de sociedade em que a mulher é assimilada a uma
vítima sexualmente maltratada, às voltas com o desespero identitário.

Podemos associar isso a “títulos” que mulheres recebem por falta de


conhecimentos de outros. Um exemplo bemm simplista e nem sei se cabe
100% aqui, mas vou usá-lo para me fazer entender: uma mulher na TPM que
tem reações emocionais justificáveis através de questões hormonais, é
denominada de louca ou bipolar por suas alterações de humor.

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