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Professor Doutor Marcos Bernardes de Mello

ESQUEMA DE AULA II

TEMA – O FENÔMENO JURÍDICO.

I. Justificação da metodologia a ser seguida. Por que iniciar o estudo pelo fato jurídico? Porque
ele constitui o dado inicial do fenômeno jurídico. Antes dele há a norma jurídica (como uma
proposição linguística) e o fato da vida por ele previsto. Juridicidade somente existe quando os
dois se fundem pela incidência e criam o fato jurídico, que produz os efeitos jurídicos.

II. Conceitos fundamentais

1. O Direito e sua função de processo de adaptação social.


a) Os principais Processos de Adaptação Social (PAS): Moral, Política, Religião,
Economia, Ciência, Arte, Etiqueta, Moda, Direito. Todos são normativos (São expressados em
normas)
b) Elemento distintivo do Direito em relação aos demais PAS: a incidência da nora
jurídica que cria o fato jurídico, é exclusiva do Direito. Nenhum outro PAS incide para criar um
fato específico, com efeitos próprios em relação à conduta humana.

2. Definição de mundo: a soma de todos os fatos que ocorreram e o campo em que os fatos
futuros se vão dar. (Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, t. I, §1,2.)
2.1. Conceito de fato. Espécies: evento (aqueles produzidos pela natureza, mesmo
quando referente aos seres humanos) e conduta (aqueles gerados pela ação do ser humano =
ato)

2.2. A definição do mundo jurídico: a norma jurídica é quem define o que é jurídico.
Relevância dos fatos (fatos relevantes e fatos irrelevantes).
As dimensões do fenômeno jurídico: Axiológica ou Política (onde se elaboram as
normas. É momento em que atuam os valores sociais dizendo sobre a relevância ou não dos
fatos sociais); Dogmática ou Normativa (onde atuam as normas depois de criadas. É dimensão
lógica, onde se desenvolve o fenômeno jurídico. Nele não há erro, exatamente por ser lógico e
independer de atuação do homem no seu desenvolvimento); Sociológica ou Fáctica (onde as
normas se realizam pela aplicação. Aqui pode haver erro, porque é atividade humana. O ideal
do direito é que a aplicação da norma seja igual à incidência. Quando não há essa coincidência
há violação da norma).

2.3. Mundo jurídico e mundo dos fatos.

2.4. A norma jurídica:

2.4.1. Conceito: regra de conduta com que o homem, ao querer subordinar os fatos a
certa ordem e a certa previsibilidade, procurou distribuir os bens da vida (Pontes de Miranda,
Tratado de Direito Privado, t.I, §1º, 1).

2.4.2. Vicissitudes por que passam as normas jurídicas:

a) Existência: norma existe quando ditada por quem, na comunidade jurídica, tem o
poder de legislar. Pressuposto: publicação. (Houve no durante os governos militares, decretos
secretos. Ainda hoje há verbas secretas, para preservar (dizem) autoridades como o Presidente
da República)
b) Vigência: a norma é vinculativa das condutas a que se destina. Caracteriza-se pela
possibilidade de incidir, não pela aplicabilidade (Veja-se o art. 13 do ADCT da CF/1988 em que
a norma incidiu, mas não poderia ser aplicada imediatamente, mas somente posteriormente).
c) Validade: conformidade da norma com as normas de hierarquia superior.
Professor Doutor Marcos Bernardes de Mello

d) Eficácia (=incidência) o poder que tem a norma jurídica de juridicizar seu suporte
fáctico (=transformar em fato jurídico o suporte fáctico).
e) Efetividade: sua realização no meio social. (A doutrina costuma denominar a
efetividade como eficácia do direito, como o faz Hans Kelsen, inadequadamente)

3. A estrutura lógica da proposição jurídica (= norma jurídica): a) o suporte fáctico e b) o


preceito.

3.1. Elementos do suporte fáctico:

3.1.1 Nucleares: se referem à existência do fato jurídico são: i) cerne (que define o
gênero do fato jurídico); ii) completantes (que definem, em cada gênero, a espécie do fato
jurídico)

3.1.2. Complementares: dizem respeito à validade e/ou eficácia do fato jurídico.


Somente existem nos suportes fácticos de atos jurídicos lícitos (ato jurídico stricto sensu e
negócio jurídico. Nos fatos jurídicos stricto sensu e nos atos-fatos jurídicos, bem como nos
ilícitos, não se fala em invalidade nem ineficácia, portanto não existem elementos
complementares do suporte fáctico.

3.1.3. Integrativos. Destinam-se à produção de certa eficácia de alguns (não de todos)


determinados atos jurídicos, exclusivamente.

4. O fato jurídico (noção preliminar). O fato que, previsto por uma norma jurídica, ocorreu no
mundo e foi juridicizado por sua incidência, entrando no mundo jurídico, no plano da
existência.
Ser fato jurídico é apenas uma qualificação a mais que a comunidade jurídica atribui a
um fato da vida. O fato não muda sua natureza própria.

5. Os planos do mundo jurídico. Existência (onde o fato juridicizado pela incidência (fato
jurídico), tem entrada no mundo jurídico). Independe de ser válido ou não ou de ser eficaz ou
não). Validade (onde se verifica se um ato jurídico está de acordo ou não com o direito, se
atende a todos os elementos complementares que a norma exige para ele para que seja válido).
Eficácia (onde o fato jurídico produz seus efeitos de criar relações jurídicas = direito <=>
deveres; pretensões <=> obrigações; ações <=> situações de acionados; exceções<=>situações
de exceptuados).

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