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SUMÁRIO

AULA 6
Objetivos:

• Discutir sobre os desafios éticos na atualidade, propondo meios para a sua


superação;
• Pesquisar e debater sobre o preconceito, a pobreza, a corrupção e o racismo
dentro da perspectiva da ética;
• Discutir criticamente sobre as questões relacionadas às relações de gênero e
suas manifestações na sociedade atual;
• Apresentar formas efetivas para superar as exigências atuais nas relações de
gênero.

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AULA 6 - DESAFIOS ÉTICOS NAS RELAÇÕES DO
INDIVÍDUO COM A SOCIEDADE
CONTEXTUALIZANDO A APRENDIZAGEM
Cara(o) aluna(o), na aula passada você teve a oportunidade de identificar e discutir sobre
a Ética Contemporânea. Conheceu alguns pensadores e linhas filosóficas que apresentaram
visões e estudos sobre a ética e suas implicações com o fazer humano. Também foram discutidos
alguns dilemas éticos que se apresentam no cotidiano social e seus desafios.

Também foi abordado sobre a questão dos Direitos Humanos Universais como a vida, a
dignidade, a necessidade de união e ação solidaária na busca por construir um mundo melhor.

Nesta aula, vamos continuar nossas discussões sobre a ética na contemporaneidade e seus
desafios. Buscaremos aboradar sobre algumas questões polêmicas e difíceis como preconceito,
pobreza, corrupação, racismo e relações de gênero.

Sabemos que não existem soluções plenas para tantas questões que nos desafiam
cotidianamente, mas é sempre necessário discutir sobre elas para que possamos entendê-
las e assim poder, em nossas relações diárias, buscar meios e maneiras para criar condições
visando minimizá-las. O que não podemos continuar percebendo e vivendo tais questões e,
simplesmente, ignorá-las, afinal somos todos participantes desse processo social que envolve o
desenrolar da vida e responsáveis por ele.

Vamos começar?

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MAPA MENTAL PANORÂMICO
Para contextualizar e ajudá-lo(a) a obter uma visão panorâmica dos conteúdos que você
estudará na Aula 6, bem como entender a inter-relação entre eles, é importante que se atente
para o Mapa Mental, apresentado a seguir:

DESAFIOS ÉTICOS NAS


RELAÇÕES DO INDIVÍDUO
COM A SOCIEDADE

CONHECER O QUE É PARA TEMPOS QUE NOS


CONSTRUIR AQUILO QUE DESAFIAM
DEVE SER

PRECONCEITO – UMA
DAS MANIFESTAÇÕES DA
IGNORÂNCIA HUMANA

OS DESAFIOS DA POBREZA E
SUAS CONSEQUÊNCIAS
IGUALDADE VERSUS
O RACISMO – POR QUE
DESIGUALDADE
JULGAMOS O OUTRO PELA
COR DA SUA PELE

AS QUESTÕES DE GÊNERO,
SUAS MANIFESTAÇÕES
E DESAFIOS NO MUNDO
CONTEMPORÂNEO

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1. CONHECER O QUE É PARA CONSTRUIR AQUILO QUE DEVE SER
“O homem é uma espécie de interseção entre dois mundos: o real

e o ideal. Pela liberdade humana, os valores do mundo

ideal podem atual no mundo real”

Nicolai Hartmann

Já discutimos sobre o fato da ética ser uma das questões mais importantes no contexto de nossa
sociedade, tanto da esfera pública quanto de nossas vidas privadas. Somos éticos quando
refletimos sobre o que fazemos, quando medimos e qualificamos nossas ações levando em
conta o que somos e podemos ser, com base no reconhecimento do outro, seja ele nosso
próximo, a sociedade ou até mesmo o planeta.

Sem a ética não sabemos nos situar ou posicionar em nenhuma esfera das nossas vidas. Sem
a ética nos tornamos alienados, ou seja, seres desconectados e que não refletem sobre qual o
sentido da vida em sociedade.

Em nosso cotidiano encontramo-nos frequentemente diante de situações com as quais a nossa


decisão depende daquilo que consideramos ser bom, justo ou moralmente correto. Sempre
que isso acontece estamos diante de uma decisão que envolve um julgamento moral da
realidade, a partir da qual nos orientamos.

O filósofo Aristóteles já dizia que “a característica específica do homem em comparação com


os outros animais é que ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras
qualidades morais”. (COTRIM, 2010, p. 15)

Diante disso, podemos dizer que o homem age no mundo de acordo com valores, ou seja, para
ele, as coisas do mundo e a ações que tomamos sobre o mundo não são indiferentes, não se
comparam, mas são resultado das noções de bem e de justo que os homens compartilham em
um determinado momento e lugar. Assim, podemos dizer que o homem é um ser moral, que
avalia sua ação a partir dos valores que vive e tem.

Muitas vezes:

[...] falamos de ética como de uma palavra mágica que,


pelo simples fato de ser pronunciada, adquire validade
concreta. Isso tem dois lados. De um, muitos acreditam
que basta “falar” ética para ser ético. De outro, é
verdade que palavra ética tem um poder performativo
radical. Quando pronuncio ética, a palavra como que

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ricocheteia sobre mim exigindo que eu a realize na
prática. Isso quer dizer que se alguém fala em ética sem
ser ético, uma contradição se escancara. (TIBURI, 2012,
p.?)

PENSE NISSO!
Nesse contexto, a reflexão sobre a ética se torna fundamental como modo de pensar e
promover a ação nas variadas experiências no mundo, da vida, levando em conta os
problemas culturais de nosso país que vão do analfabetismo generalizado à corrupção. A
reflexão sobre a ética permite restituir o sentido do conhecimento e da cultura, dirigindo-
nos a uma valorização da educação em termos de formação que transcende o espaço
da escola e nos liga novamente ao sentido da vida como um todo, ao espaço que
habitamos, a cidade onde vivemos, a sociedade que ajudamos a formar com todas as
nossas ações. (TIBURI, 2012)

A Figura 1 apresenta como as questões de valores se divergem na sociedade. As vezes o que


tem valor para mim não tem para o outro.

FIGURA 1: O que tem valor para você???

Fonte: Disponível em pág 24 - Acesso em 02 set. 2019.

1.1 TEMPOS QUE NOS DESAFIAM


A ética vem sendo um dos temas mais abordados do pensamento filosófico contemporâneo.
Que mudanças ocorreram no mundo para trazer a questão da moral à tona com tanta
ênfase? Sem dúvida, a crise de paradigmas provocada pelas mudanças mundiais e locais
dizem respeito às questões humanas, políticas e ideológicas que permeiam a vida humana.

Observamos uma ideologia dominante que coloca na “moda” a falta de valores. No entanto
essa ausência é apenas aparente, uma vez que, evidentemente, toda sociedade tem sua

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ética e suas referências. E o valor dominante hoje, na sociedade neoliberal, pode ser traduzido
por uma só palavra: dinheiro. Por ele pode-se tudo: negociar sua dignidade, seu corpo,
sua liberdade. Em nome dele, tudo se transforma em mercadoria: os ideais, as crenças, as
esperanças. (RANGEL, 2005, p.?)

Como seres que pensam e agem de forma racional, nossas ações se enveredam por situações
concretas que exigem definições constantes. Nesse sentido, a ética tem muito a nos oferecer,
não em termos de relativismo, mas sob a ótica de juízos universalmente válidos e que nos
levam em busca da justiça ou da injustiça, da verdade ou da mentira, do bem ou do mal. Nos
perguntamos o tempo todo, como responder às constantes exigências nas nossas relações
sociais?

Para refletir sobre esses questionamentos, vamos discutir agora sobre alguns desses desafios
que se apresentam em nosso cotidiano.

PENSE NISSO!
As questões éticas estão presentes em todos os lugares que o homem habita. As relações
humanas são permeadas pelos valores e pela prática ou não da ética. Você já parou para
pensar sobre a importância que a educação tem no entendimento sobre a sociedade
e os valores presentes nela? Temos vivido muitos desafios éticos na atualidade, aliás,
sempre os vivemos, eles são resultados da própria dinâmica da História. Um dos desafios
da atualidade é a questão do grande número de pessoas que têm fugido de seus países
da guerra, fome, governos autoritários. Em busca de uma vida melhor, eles são expostos
a situações desumanas que colocam suas vidas em risco e sofrem com a xenofobia e o
preconceito dos países nos quais buscam acolhimento.

DICA Da AUTORa
Para refletir sobre o papel da solidariedade e da importância da educação,
assista ao filme: A boa mentira, disponível no Canal NETFLIX.
O filme conta a história de três homens sudaneses, Mamere (Arnold Oceng),
Jeremiah (Ger Duany) e Paul (Emmanuel Jal), que têm a oportunidade de sair do
país e conseguir uma vida melhor nos Estados Unidos. Eles são acolhidos por uma
assistente social, Carrie Davis (Reese Witherspoon), que pouco conhece sobre
o duro passado de cada um. Ela é uma mulher solteira, bem resolvida e muito
prática, o que parece estranhíssimo para eles. Aos poucos, tornam-se amigos e

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descobrem uma nova visão de mundo.
Observe questões que o filme apresenta como: pobreza, choque de cultura,
aceitação das diferenças, acolhimento, solidariedade, ou seja, como o amor
pelo outro é libertador. O filme nos apresenta uma história que expressa a ética
em várias maneiras de se manifestar.

2. IGUALDADE VERSUS DESIGUALDADE


Quando falamos em igualdade e desigualdade, é preciso falar em liberdade, um tema que
tem mobilizado diferentes sociedades ao longo da história. Dessa forma, não há como falar
em igualdade sem falar em liberdade. Segundo Comparato (2010, p. 23-24), há estudos que
já apontavam para uma igualdade, visto que “o ser humano passa a ser considerado, em
sua igualdade essencial, como ser dotado de liberdade e razão, não obstante as múltiplas
diferenças de sexo, raça, religião ou costumes sociais”.

A igualdade não é princípio absoluto, já que observamos um mundo em que existem diversas
desigualdades. Assim, nos questionamos: O motivo de tantas desigualdades, se somos todos
seres livres e dotados de direitos e deveres?

O princípio da igualdade está consagrado no artigo 5º da Constituição Brasileira, onde se


lê que: “todos são iguais perante a lei”, ou seja, todos os cidadãos devem ser tratados de
maneira igual, todos são iguais perante a lei. A igualdade presente nesse artigo, inciso I, trata
da igualdade entre os sexos, em que homens e mulheres são iguais em direitos e deveres. Ainda
no artigo 5º, o inciso VIII, da igualdade de credo religioso, no XXXVIII, da igualdade jurisdicional.
Já o artigo 7º, inciso XXXII, trata da igualdade trabalhista, no artigo 14, da igualdade política, e
no artigo 150, inciso III, trata da igualdade tributária. (CF, 1988)

Quando falamos sobre diferença, o Brasil é um país em que as diferenças são profundas e,
algumas vezes, extremas. Se manifestam em todos os aspectos da vida do povo brasileiro
como as diferenças de gênero, de raça, de etnia, de condições sócio econômicas, de acesso
à escola, à saúde, à cultura.

PENSE NISSO!
Falar de igualdade e desigualdade é algo complexo, já que envolvem dimensões
humanas, sociais, civis, políticas. Sendo assim, clique aqui e leia o texto: “Todos são iguais
perante a lei? ”, que traz alguns esclarecimentos sobre a igualdade. Confira!

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2.1 PRECONCEITO - UMA DAS MANIFESTAÇÕES DA IGNORÂNCIA HUMANA
O preconceito é uma tendência de comportamento, não envolvendo necessariamente uma
ação em si. Uma pessoa pode ser preconceituosa, mas não discriminar o grupo objeto do
preconceito.

Já a discriminação é uma ação deliberada e intencional de tratar um grupo social de maneira


injusta e desigual. Um empregador pode não contratar descendentes de chineses para
determinadas funções ou pagar salários inferiores a imigrantes que desempenham a mesma
função que brasileiros etc. (DIAS, 2010)

Um outro aspecto é que o preconceito não pode ser controlado por meios legais, enquanto
a discriminação, que pode ser considerada uma manifestação pública do preconceito, é
passível de controle pelo aparato jurídico do Estado. (DIAS, 2010, p. 213)

Infelizmente, vivemos em uma sociedade, onde o termo “preconceito” domina boa parte da
população. Há casos em que esse preconceito é estampado e em outros onde ele se encontra
mais oculto, porem ele está ali velado, esperando uma oportunidade para se tornar explícito.

O preconceito, em geral, refere-se a várias questões como racial, estatura física, situação sócio
econômica, opção sexual, cultura, pontos de vista, entre outros. Qualquer tipo de preconceito
evidencia uma forma de discriminação, ou seja, rotulamos o outro pelos padrões que são
considerados ideias por nós, não aceitamos ou não entendemos o que nos é diferente.

Assim, percebemos que o preconceito em suas diversas manifestações é relativo e contraditório.


Para uns é apenas uma expressão de pensamento, para outros se traduz em uma prática
que deveria ser abominada. É preciso buscarmos estabelecer novas práticas e metas de
vida, novos olhares, novas formas de agir, em que a prática da valorização do respeito pelas
diferenças prevaleça em qualquer lugar, ação ou palavra. O preconceito é uma das piores
manifestações de violência que existem.

Na Figura 2, podemos perceber o preconceito em suas várias formas de manifestação,


expressando uma forma de irracionalidade.

Figura 2: Várias formas de manifestação do preconceito.

Fonte: Disponível em pág 24 - Acesso em 02 set. 2019.

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2.2 OS DESAFIOS DA POBREZA E SUAS CONSEQUÊNCIAS
Renda e riqueza não são a mesma coisa. Sua renda refere-se ao montante que você recebe
em um dado período de tempo; sua riqueza é o que você possui, seu patrimônio. Riqueza e
renda também podem proporcionar às pessoas maior influência política na medida em que
contribuições para partidos políticos e doações a determinadas causas podem aumentar
as chances que a política que elas defendem tornem-se lei. A riqueza pode até afetar a
qualidade da saúde das pessoas pois a possibilidade de gastar dinheiro em lazer, diminuir o
estresse, consumir alimentos de boa qualidade e utilizar bons serviços de saúde significa que
pessoas que dispõem de tais vantagens podem ter uma vida mais longa e mais saudável do
que aquelas que não as têm. (BRYM et al. 2008)

Pensando sobre igualdade e desigualdades, nos últimos 50 anos, a distribuição de renda no


Brasil tem se tornado cada vez mais desigual. Apesar disso durante esse período, o Brasil passou
por aumento da sua riqueza, mas também crises econômicas. Houve aumento de renda média
dos brasileiros, o que significa que as pessoas ganham hoje, em média, mais dinheiro do que
ganhavam há 50 anos. Em outras palavras, o Brasil até tornou-se um país mais rico, porém mais
desigual, porque a distribuição dessa riqueza não foi feita de forma equitativa (ROCHA, 2008).

No Brasil, como em muitas outras sociedades, existe menos desigualdade de renda do que
desigualdade na distribuição da riqueza. Entretanto, a desigualdade de renda em nosso país
é muito grande. (BRYM, et al. 2008, p. 182)

Os estudiosos da estratificação social dividem as populações em um certo número de


categorias estatísticas que conhecidas como “estratos de renda”. Normalmente, divide-se a
população em cinco estratos (os chamados quintos): os 20% que recebem a menor renda, os
20% que recebem a segunda menor renda e assim por diante, até chegar aos vinte por centro
de maior renda.

Com relação a renda, o Brasil é considerado um país pobre, pois a maior parcela da população
vive com uma renda baixa e uma pequena parcela com renda muita alta.

Figura 3: Distribuição de Renda no Brasil

Fonte: Disponível em pág 24 - Acesso em 02 set. 2019.

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O gráfico da Figura 3 nos dá um panorama da enorme diferença entre as classes sociais no país.
A classe de uma pessoa é facilmente entendida como sua posição na estrutura de classes da
sociedade. A posição de classe depende de critérios econômicos, sendo a renda e a riqueza
os dois mais facilmente compreensíveis. (CHARON e VIGILANT, 2012)

Como já comentamos a posição de classe influencia os privilégios que a pessoa tem na


vida. A classe influencia as oportunidades educacionais, a expectativa de vida, a saúde, a
colocação profissional, a satisfação conjugal, a nutrição, o nível de privação econômica, a
mobilidade ocupacional e geográfica. Além de intervir em todos esses aspectos para nossos
filhos, bem como a qualidade de vida que teremos depois da aposentadoria. Influencia
ainda, a possibilidade de a pessoa ser detida por crime, e, depois de presa, a possibilidade
de lhe negarem fiança, de ir a julgamento, de ser condenada e de receber sentença severa.
(CHARON e VIGILANT, 2012, p. 94)

Para você refletir sobre as imensas diferenças entre as classes


sociais no Brasil, leia a seguir o texto “Os ninguéns” de Eduardo
Galeano e responda aos seguintes questionamentos: Quem são os
ninguéns? Qual a relação existente entre “os ninguéns” e a ética
cotidiana?

OS NINGUÉNS

Eduardo Galeano.

As pulgas sonham em comprar um cão, e os ninguéns em deixar


a pobreza; que em algum dia mágico a sorte chova de repente,
que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove
ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha
cai do céu da boa sorte, por mais que os ninguéns a chamem
REFLEXÃO
e mesmo que a mão esquerda coce ou se levantem com o pé
direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguéns: os filhos de ninguéns, os donos de nada.

Os ninguéns: os nenhuns, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos


e mal pagos.

Que não são, embora sejam.

Que não falam idioma, falam dialetos.

Que não praticam religiões, praticam superstições.

Que não fazem arte, fazem artesanato.

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Que não são seres humanos, são recursos humanos.

Que não têm cultura, têm folclore.

Que não têm cara, têm braços.

Que não têm nome, têm número.

Que não aparecem na história universal, aparecem nas páginas


policiais da imprensa local.

Os ninguéns, que custam menos do que a bala que os mata.

(In: O livro dos abraços). Disponível em: https://www.portalraizes.com/os-ninguens-por-

eduardo-galeano/ Acesso em: 15 ago. 2019.

saiba mais!
Já falamos que as diferenças sociais entre as pessoas são muito grandes e se manifestam
em diversos setores da sociedade e da vida humana.
No vídeo/documentário: HUMAN, volume 1, projeto que pesquisou pessoas em diversos
lugares do mundo, de culturas e costumes diversos, abordando sobre vários temas que
envolvem a vida das pessoas, você poderá perceber como são grandes e diversificadas
as diferenças sociais e culturais entre a população do mundo. Assista também aos outros
dois volumes deste documentário que estão disponíveis em rede do youtube.
Chamo a sua atenção, para que observe como as manifestações sociais e culturais tem
relação direta com as classes que ocupamos em sociedade. Então, clique aqui e confira!

A posição social em que a pessoa está, tem ligação íntima com suas expectativas e com as
suas oportunidades de vida. O Brasil é um país com muitas pessoas pobres ou abaixo da linha
de pobreza. Infelizmente, é fácil perceber essas diferenças na sociedade brasileira. Veja Na
Figura 4.

Figura 4: Diferenças na sociedade brasileira

Fonte: Disponível em pág 24 - Acesso em 02 set. 2019.

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A situação de extrema desigualdade brasileira e mundial foi construída ao longo dos últimos
500 anos e tem a mesma idade do processo de criação de uma economia mundial, que
foi surgindo sobre a exploração extrema do homem pelo homem no decorrer desse período.
(DIAS, 2010, p. 198)

Os países hoje considerados em desenvolvimento estiveram, durante a maior parte do tempo,


e muitos ainda estão submetidos a imposições dos países desenvolvidos, que impedem a
reprodução das mesmas condições de crescimento dos país do norte do Equador. (DIAS, 2010)

Segundo Orson Camargo no site: Brasil escola:

No Brasil, a desigualdade social tem sido um cartão de


visita para o mundo, pois é um dos países mais desiguais.
Segundo dados da ONU, em 2005 o Brasil era a 8º nação
mais desigual do mundo. O índice Gini, que mede a
desigualdade de renda, divulgou em 2009 que a do Brasil
caiu de 0,58 para 0,52 (quanto mais próximo de 1, maior
a desigualdade), porém está ainda é gritante.

Alguns dos pesquisadores que estudam a desigualdade


social brasileira atribuem, em parte, a persistente
desigualdade brasileira a fatores que remontam ao Brasil
colônia, pré-1930 – a máquina midiática, em especial a
televisiva, produz e reproduz a ideia da desigualdade,
creditando o “pecado original” como fator primordial
desse flagelo social e, assim, por extensão, o senso comum
“compra” essa ideia já formatada –, ao afirmar que são
três os “pilares coloniais” que apoiam a desigualdade:
a influência ibérica, os padrões de títulos de posse de
latifúndios e a escravidão.

É evidente que essas variáveis contribuíram intensamente


para que a desigualdade brasileira permanecesse
por séculos em patamares inaceitáveis. Todavia, a
desigualdade social no Brasil tem sido percebida nas
últimas décadas, não como herança pré-moderna,
mas sim como decorrência do efetivo processo de
modernização que tomou o país a partir do início do
século XIX.

Junto com o próprio desenvolvimento econômico,


cresceu também a miséria, as disparidades sociais –

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educação, renda, saúde, etc. – a flagrante concentração
de renda, o desemprego, a fome que atinge milhões de
brasileiros, a desnutrição, a mortalidade infantil, a baixa
escolaridade, a violência. Essas são expressões do grau a
que chegaram as desigualdades sociais no Brasil.

Fonte: disponível em:<https://brasilescola.uol.com.br/


sociologia/classes-sociais.htm>. Acesso em: 28 de ago.
2019.

Infelizmente, as raízes da desigualdade social no Brasil não diferem de outros países latino-
americanos. A forma de colonização, a profunda dependência externa do país, a acumulação
de riquezas pelas camadas mais favorecidas da população, a marginalização histórica de
parcelas significativas da população (os negros, por exemplo, não conseguiram aumentar sua
inserção social), aliadas a práticas administrativas que privilegiam o apadrinhamento político e
favorecem o desvio de verbas, podem explicar a situação atual de pobreza, desigualdade e
miséria em que vive uma parcela significativa da população.

As estatísticas revelam que 12,9% dos brasileiros vivem em


situação de pobreza extrema. Isso equivale a 21,7 milhões de
pessoal com total insuficiência de renda, até mesmo para
atender às necessidades elementares básicas, e que estão
vulneráveis à fome crônica e à subnutrição. O quadro piora
ao agregarmos esse contingente ao total de 57,7 milhões

VOCÊ SABIA? de brasileiros com rendimento per capita abaixo da linha de


pobreza, correspondente a 35% da população do país. (DIAS,
2010, p. 204)

No quadro da miséria, as regiões Norte e Nordeste são as mais


castigadas: juntas, reúnem quase 14 milhões de pessoas na
pobreza extrema, concentrando assim, 43% do total de pobres
extremos da nação. (DIAS, 2010, p. 204-205)

2.3 O RACISMO - PORQUE JULGAMOS O OUTRO PELA COR DA PELE


Podemos definir o Racismo como qualquer pensamento ou atitude que segrega as raças
humanas, considerando-as hierarquicamente como superiores e inferiores. No Brasil, o racismo
é resultado de um país colonial e escravocrata, que carrega em sua história um passado de

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injustiças e desvalorização pelos povos africanos, que tiveram papel fundamental na geração
de riquezas no país.

PENSE NISSO!
Triste é saber que o racismo no Brasil tem como característica marcante seu caráter não
oficial e está presente de forma velada. Mesmo com leis que garantiram a libertação
dos escravos no país, ainda presenciamos situações de racismo e discriminação com os
negros em nosso país, o que constitui um grande desafio ético na atualidade.

CONECTANDO

Quando falamos de discriminação, fazemos conexão com os estudos dos Direitos


Humanos, pois buscando combater e reconhecer sua existência foram criadas leis que
o tornaram uma contravenção penal. Dentre essas leis, destacamos a Constituição
Federal de 1988, e a lei nº 7716, de 5 de janeiro de 1989 que tornou o racismo um crime
inafiançável.

Infelizmente preconceito, discriminação e racismo estão muito presentes na sociedade em


que vivemos e muitas vezes se manifestam de maneira sutil. Veja na Figura 5.

Figura 5: Formas de manifestação de preconceito, discriminação e racismo.

Fonte: Disponível em pág 24 - Acesso em 02 set. 2019.

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saiba mais!
Para refletir mais sobre o racismo, clique aqui e leia o texto: A construção histórica do
racismo no Brasil. O texto destaca o impacto causado pela a falta de políticas públicas
para os ex-escravos deixou para seus descendentes no país. Leia e reflita!

2.4 AS QUESTÕES DE GÊNERO, SUAS MANIFESTAÇÕES E DESAFIOS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO


A palavra “gênero” é um termo de amplo significado e pode englobar todas as características
comuns de um determinado grupo ou uma classe de seres ou de objetos.

Na atualidade, a expressão “estudos de gênero” é utilizada para designar o conjunto de


pesquisas e reflexões que têm como objeto a mulher em relação à perspectiva do homem.
Os estudos procuram demarcar claramente a fronteira entre “sexo” e “gênero”. (DIAS, 2010, p.
222)

O sexo está diretamente relacionado com o aspecto biológico, enquanto gênero é uma
construção cultural diretamente relacionada a uma sociedade determinada, tanto no aspecto
temporal quanto no espacial. Ou seja, a feminilidade e a masculinidade são construções
culturais aprendidas durante o processo de socialização e que podem variar no tempo e no
território. Consequentemente as noções de feminilidade e masculinidade não são imutáveis e,
na realidade, estão em constante transformação. (DIAS, 2010)

Os tradicionais papeis de gênero levam a muitas formas de diferenciação entre homens e


mulheres. Os papeis de gênero são evidentes não somente no trabalho das pessoas e em seu
comportamento, mas também no modo como elas reagem quando estão diante um do outro.
O comportamento é socialmente construído, e as diferenças entre homens e mulheres são,
portanto criadas e exacerbadas no processo de aprendizado.

De acordo com os tradicionais padrões de comportamento dos papeis de gênero que


influenciam na socialização das crianças no Brasil, os meninos têm que ser masculinos (ativos,
agressivos, rudes, ousados e dominantes), enquanto as meninas devem ser femininas (frágeis,
emocionais, doces e submissas). Os pais são normalmente os primeiros e mais importantes
agentes de socialização. Mas outros adultos, os amigos, a mídia e as instituições religiosas
e educacionais exercem uma importante influência na socialização dos papeis de gênero.
(DIAS, 2010)

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saiba mais!
Clicando aqui, você assiste ao vídeo: O que são direitos humanos. Neste vídeo da Drª
Glenda Mezaroba apresenta as condições mínimas que nos concedem uma vida digna
e qual é o conceito geral dos direitos humanos. Vale muito a pena conferir!

CONECTANDO

Você já parou para pensar que quando se fala em sexualidade e relações de gênero,
estamos fazendo uma conexão com os estudos do homem, da cultura e da sociedade?
Isso porque estamos nos referindo à todas as relações que se estabelecem em
sociedade, já que somos homens e mulheres, o masculino e o feminino, convivendo, se
construindo e reconstruindo cotidianamente. As relações de gênero envolvem também
questões de violência entre o feminino e o masculino, como o histórico machismo,
as diferenças no mundo do trabalho, as questões da sexualidade e a violência, que
apesar de muitos avanços, ainda é alarmante em nosso país e no mundo. Tudo isso,
está ligado aos padrões morais e éticos de uma sociedade.

Segundo uma publicação da Revista Veja, denominada de “Páginas sombrias”, em 08 de


junho de 2015, os índices de estupro no país são assustadores, ou seja, acontece um caso a
cada 11 minutos. Também os índices de outros tipos de violência de gênero como violência
física e psicológica são altíssimos no país. Nem a criação da “Lei Maria da Penha”, em 2006,
gerou grande impacto na diminuição deste tipo de violência.

Outro tema relacionado a gênero, é o histórico de pouca participação feminina na política.


Temos pouquíssimas mulheres em cargos políticos, o que também reflete nas poucas políticas
e nas práticas voltadas para as mulheres.

No mundo do trabalho, também é histórico, as diferenças salariais entre homens e mulheres.


Segundo o IBGE, em pesquisa de 2017, o salário médio pago às mulheres foi, apenas,
77,5% do rendimento pago aos homens no Brasil. Enquanto eles receberam R$ 2.410, elas
ganharam R$ 1.868. A porcentagem ficou levemente acima da registrada em 2016 (77,2%).
Fonte: disponível em: <https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/04/11/desigualdade-salarial-homem-mulher-ibge.

htm?cmpid=copiaecola>. Acesso em: 28 de ago. 2019.

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Nascemos menina ou menino e isso nos situa em uma posição social com papel, identidade,
poder, privilégio, prestígio e perspectiva vinculados. Por muito tempo, a posição da mulher na
sociedade andou vinculada a um conjunto específico de expectativas. Os homens achavam
que as mulheres deveriam ser donas de casa e mães, e as mulheres assumiam esses papeis
como sua identidade. Esses fatores, aliados a outros, levaram as mulheres a uma posição inferior
em relação aos homens, com menos poder na interação cotidiana e na sociedade, menos
privilégios (nas escolhas educacionais, sexuais e ocupacionais, por exemplo) e menor prestígio
(tradicionalmente, o prestígio da mulher vincula-se ao do marido). (CHARON e VIGILANT, 2012)

É claro que a maioria de nós já não aceita sem questionar essa estrutura dos sexos. Tanto
homens como mulheres percebem que a diferenciação dos sexos em posições, bem como
os papeis e a graduação que dela decorrem, constituem, afinal de contas, uma estrutura
social, um padrão social que emergiu ao longo de muitos anos. A biologia não comanda a
estrutura social, portanto como tudo o mais que é humano, ela permanece a mesma ou muda,
à medida que as pessoas interagem no decorrer do tempo. Tais padrões, no entanto, estão
imersos na história, sendo difícil alterá-los de um dia para o outro. Embora esteja claro que
mudou o modo de pensar a respeito das diferenças entre homem e mulher, também está claro
que, no início do século XXI, o sexo da pessoa continua a ser importante em inúmeros aspectos,
das oportunidades ocupacionais e políticas às expectativas de papel e identidade. (CHARON
e VIGILANT, 2012, p. 95)

Os homens nem sempre gozaram de mais poder e autoridade do que as mulheres. Uma
desigualdade substancial entre mulheres e homens existe apenas há cerca de 6 mil anos e foi
socialmente construída. Três grandes processos sócio históricos dão conta do crescimento da
desigualdade de gênero:

As guerras e conquistas de longa distância – Entre 7000


a 3500 a.C., homens e mulheres gozavam de status
aproximadamente iguais. As religiões na Europa davam
primazia às deusas da fertilidade e da criação. O
parentesco era traçado pelo lado da família da mãe.
Por volta de 4300 e 4200 a. C., tudo começou a mudar.
A velha Europa foi invadida por sucessivas ondas de
povos guerreiros do nordeste da Europa e da Ásia e dos
desertos do sul. Estas civilizações eram baseadas em
estrutura social extremamente hierárquica em que os
homens eram dominantes. Eliminaram, ou pelo menos
rebaixaram, as deusas como forças divinas. Deus tornou-
se masculino e sua vontade passou a incluir a dominação
das mulheres pelos homens. Leis reforçaram a submissão
sexual, econômica e política das mulheres aos homens.

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O judaísmo tradicional, o cristianismo e o islamismo
incorporam ideias de dominância masculina e todos se
originam das tribos que conquistaram a Velha Europa
no quinto milênio antes de Cristo. (CHARON e VIGILANT,
2012, p. 269)

Agricultura de arado – As guerras e conquistas de


longa distância fortalecem a posição dos homens e,
assim, aumentaram a autoridade e o poder masculino.
A agricultura extensiva utilizando animais puxados por
arado teve efeito semelhante. Ela exigia que adultos
fortes permanecessem nos campos o dia todo, durante
grande parte do ano, o que também reforçou o princípio
de propriedade privada da terra. Porque os homens
eram em média mais fortes do que as mulheres e porque
as mulheres ficavam limitadas em suas atividades devido
à gravidez, ao parto e à amamentação, a agricultura
de arado tornou os homens socialmente mais poderosos.
(CHARON E VIGILANT, 2012, p. 270)

Separação entre as esferas públicas e privada – Na


era agrícola, a população econômica era organizada
em torno do domicílio. Os homens podiam trabalhar
separados das mulheres no campo, mas os campos
ainda faziam parte da propriedade familiar. Em contraste
com isso, durante a primeira fase da industrialização, o
trabalho dos homens transferiu-se do domicílio para a
fábrica e o escritório. A maioria dos homens se tornou
trabalhadores assalariados e alguns deles assumiam
papeis de poder em instituições econômicas e políticas.
Entretanto, enquanto os homens se voltaram para a
esfera pública, a maioria das mulheres permaneceu na
esfera doméstica ou privada. Não demorou par que
surgisse a ideia de que aquela era a divisão natural do
trabalho e ela persistiu até a segunda metade do século
XX, quando uma variedade de circunstâncias sociais
indo da introdução da pílula anticoncepcional até as
exigências das mulheres para ingressar na universidade
finalmente permitiu que elas ingressassem na esfera
pública em grande número. (CHARON e VIGILANT, 2012,
p. 270)

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As diferenças entre homens e mulheres, apesar do grande avanço delas em vários meios
sociais, da sua maior formação escolar, ainda são grandes. As mulheres ainda ganham salários
menores do que os homens exercendo a mesma função, temos pouquíssimas mulheres em
cargos políticos, na maioria das vezes o trabalho doméstico continua sob sua responsabilidade,
mesmo ela trabalhando fora e participando efetivamente do orçamento doméstico e, em
muitas casas, o sustento da família vem apenas do trabalho da mulher.

A desigualdade de renda deriva da discriminação direta contra as mulheres, das


responsabilidades desproporcionais dentro de casa, da concentração das mesmas em
ocupações com baixa remuneração e da desvalorização do trabalho desempenhado por
elas. (CHARON e VIGILANT, 2012). Dentre as principais reformas que poderiam auxiliar na
eliminação da desigualdade de gênero encontram-se o desenvolvimento de um sistema de
creches acessível e de boa qualidade, além de uma remuneração de homens e mulheres com
base no valor do seu trabalho.

Outro grave problema é o assédio moral e a violência que


continua em índices altíssimos. Só para citar alguns exemplos,
no Brasil a cada 7 minutos uma mulher é estuprada e a cada

VOCÊ SABIA? dia cerca de 13 mulheres são mortas por feminicídio. Muitas
leis mudaram garantindo os direitos das mulheres, foi criada a
Lei Maria da Penha, em 2006, mas infelizmente os índices de
violência contra a mulher permanecem muito altos.

É bom ressaltar que o século XX testemunhou uma igualdade crescente entre mulheres e homens
em muitos países. As mulheres passaram a ter menos filhos devido aos métodos contraceptivos,
o processo de industrialização e o crescimento do setor de serviços aumentaram a demanda
pelo trabalho das mulheres na força de trabalho remunerada. O movimento feminista e das
mulheres lutou – e conseguiu – mais direitos nas dimensões econômica, política e jurídica. Todas
essas forças sociais levaram a grandes mudanças culturais no que se refere a uma reorientação
na forma de pensar acerca do que as mulheres podem e devem fazer na sociedade. (CHARON
e VIGILANT, 2012)

Infelizmente as diferenças de gênero no Brasil e no mundo ainda são muito grandes. Vejamos
alguns índices dessa diferença na Figura 6.

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Figura 6: Índice de diferenças de gênero no Brasil.

Fonte: Disponível em pág 24 - Acesso em 02 set. 2019.

Em uma entrevista sobre como as mulheres se sentem e sobre os desafios de ser mulher, leiam
o comentário dos pesquisadores a seguir:

“Semana passada, por conta de um desafio que


tivemos que cumprir, eu e minha parceira de trabalho
entrevistamos, de uma vez, 106 mulheres mães que fazem
parte da minha rede virtual. Perguntamos a essas mulheres
o que eles estavam sentindo, quais eram os principais
desafios que precisavam vencer, o que as deixava felizes
como mães, quais eram suas metas e anseios como
mulheres também mães. Sabe o que resultou disso? Um
perfil muito, muito sério e preocupante. De mulheres
cansadas e tristes. As poucas que se mostraram felizes
e satisfeitas com o papel – ou papéis – desempenhado,
reconheciam-se como privilegiadas e isso porque
“sabiam que felicidade não está entre os sentimentos mais
frequentes das mães atuais”. Essa angústia não suplanta
qualquer bem querer e forma de amor que tenham por
suas crianças. Mas parece que algo nós já sabemos: não

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basta só amar. É preciso que sejamos apoiadas e que as
relações desiguais desapareçam. Ou seremos sempre
representadas como mulheres maravilhas felizes com
suas neuras em busca do melhor alvejante para o chão e
que conseguem preparar a comida enquanto terminam
um relatório”.

Fonte: disponível em: <https://www.cientistaqueviroumae.


com.br/blog/textos/nao-nunca-foi-uma-capa-e-um-
vestido-mesmo-e-ela-continua-sem-rosto>. Acesso em:
28 de ago. 2019.

saiba mais!
Quando discutimos sobre as questões de gênero, um assunto interessante de ser
debatido é sobre a importância que a educação tem para que as mudanças nos
relacionamentos entre homens e mulheres possam mudar e melhorar. Com relação a
essa questão, clique aqui e assista ao vídeo: “Precisamos falar com os homens? ” Este
vídeo traz uma excelente abordagem sobre o tema. Confira!

DICA Da AUTORa
Sobre os temas abordados nessa aula, sugiro a leitura de alguns livros:
ADICHIE, Chimamanda Ngozi. Sejamos todos feministas. São Paulo: Companhia
das Letras, 2015.
RAMOS, Lázaro. Na minha pele. São Paulo: Objetiva, 2017.
Essas leituras irão ajudá-lo a compreender os assuntos da aula.

aUTOaVALIAÇÃO
Após os estudos dessa Aula, você compreendeu os desafios éticos da
atualidade, consegue propor meios para a sua superação? Foi possível
reconhecer o preconceito, a pobreza, a corrupção e o racismo dentro
da perspectiva da ética? Agora, consegue discutir criticamente sobre as
questões relacionadas às relações de gênero e suas manifestações na
sociedade atual?

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Caso você consiga responder a estas questões, parabéns! Você atingiu os
objetivos específicos da Aula 6. Caso tenha dificuldades para responder
a algumas delas, aproveite para reler o conteúdo das Aulas, e acessar o
UNIARAXA Virtual e interagir com seus colegas, Tutor(a) e Professor(a). Você
não está sozinho nessa caminhada. Conte conosco!

RECAPITULANDO
Prezado(a) aluno(a), nessa aula você pôde conhecer sobre questões que fazem parte da
sociedade, da nossa vida, e que levam à reflexão ética.

Vimos que em nosso cotidiano encontramo-nos, frequentemente, diante de situações com


as quais a nossa decisão depende daquilo que consideramos ser bom, justo ou moralmente
correto. Sempre que isso acontece estamos diante de uma decisão que envolve um julgamento
moral da realidade a partir do qual nos orientamos.

Compreendemos que a ética vem sendo um dos temas mais abordados do pensamento
filosófico contemporâneo. Que mudanças ocorreram no mundo para trazer a questão da moral
à tona com tanta ênfase? Sem dúvida a crise de paradigmas provocada pelas mudanças
mundiais e locais que dizem respeito às questões humanas, às políticas e às ideológicas que
permeiam a vida humana. A igualdade, não é princípio absoluto, já que observamos um
mundo onde existem diversas desigualdades. O princípio da igualdade, está consagrado no
artigo 5º da Constituição Brasileira, onde se lê que: “todos são iguais perante a lei”, ou seja,
todos os cidadãos devem ser tratados de maneira igual e todos são iguais perante a lei.

Com relação às diferenças sociais, estudamos que renda e riqueza não são a mesma coisa. Sua
renda refere-se ao montante que você recebe em um dado período de tempo; sua riqueza é
o que você possui, seu patrimônio. Riqueza e renda também podem proporcionar às pessoas
maior influência política, na medida em que contribuições para partidos políticos e doações a
determinadas causas podem aumentar as chances que a políticas que elas defendem tornem-
se lei.

Vimos ainda que os estudiosos da estratificação social dividem as populações em um certo


número de categorias estatísticas que se conhecem como “estratos de renda”. Normalmente,
divide-se a população em cinco estratos (os chamados quintos): os 20% que recebem a menor
renda, os 20% que recebem a segunda menor renda e assim por diante, até chegar aos vinte
por centro de maior renda.

Com relação a renda, entendemos que o Brasil é considerado um país pobre, pois a maior
parcela da população vive com uma renda baixa e uma pequena parcela, com renda muita
alta. Um dos aspectos mais cruéis da desigualdade entre as classes é a concentração de

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pobres nas principais zonas urbanas mundiais, nas quais se estima que 31,6% vivem em favelas,
sendo que, se tomarmos somente os países mais pobres, 43% dos que moram em cidades são
favelados.

Compreendemos também que as raízes da desigualdade social no Brasil não diferem das de
outros países latino-americanos. A forma de colonização, a profunda dependência externa
do país, a acumulação de riquezas pelas camadas mais favorecidas da população, a
marginalização histórica de parcelas significativas da população (os negros, por exemplo, não
conseguiram aumentar sua inserção social), aliadas a práticas administrativas que privilegiam
o apadrinhamento político e favorecem o desvio de verbas, podem explicar a situação atual
de pobreza, desigualdade e miséria em que vive uma parcela significativa da população.

Estudamos também que o preconceito e a discriminação estão muito relacionados aos


problemas de racismo e etnocentrismo. Preconceito consiste em uma atitude, ideia,
pensamento ou opinião desfavorável que um indivíduo ou grupo demonstra de maneira
emotiva e categórica com relação a outros indivíduos ou grupos.

E por fim, compreendemos que na atualidade, a expressão ‘estudos de gênero’ é utilizada


para designar o conjunto de pesquisas e reflexões que têm como objeto a mulher em relação
à perspectiva do homem. Os estudos procuram demarcar claramente a fronteira entre ‘sexo’
e ‘gênero’. As diferenças entre homens e mulheres, apesar do grande avanço delas em vários
meios sociais, da sua maior formação escolar, ainda são grandes. Outro grave problema é o
assédio moral e a violência que continua em índices altíssimos. Só para citar alguns exemplos, no
Brasil a cada 7 minutos uma mulher é estuprada e a cada dia, cerca de 13 mulheres são mortas
por feminicídio. Muitas leis mudaram garantindo os direitos das mulheres, foi criada a Lei Maria
da Penha em 2006, mas infelizmente, os índices de violência contra a mulher permanecem
muito altos.

Assim chegamos ao final da nossa aula em que discutimos sobre temas que estão presentes
em nosso dia a dia, os quais se manisfestam como desafios éticos. Na próxima aula vamos
buscar conhecer e entender sobre as influências culturais nas estruturas éticas das sociedades
e suas manifestações nas normas morais e jurídicas.

Até lá!!!

VIDEOAULA
Após a leitura e o estudo do seu livro-texto, chegou o momento de
complementar seu conhecimento. Vá até seu Ambiente Virtual
de Aprendizagem e acesse a Videoaula referente à Aula.

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CRÉDITOS
FIGURA 1: O que tem valor para você??? - Fonte disponível em: <http://2.bp.blogspot.com/-
ihBGMReFqeg/ULZuQL6A7SI/AAAAAAAAAXo/AwJrCuLOzps/s1600/562062_437687936279249_1
275092645_n.jpg>. Acesso em 28 de ago. 2019.

Figura 2: Várias formas de manifestação do preconceito - Fonte:


disponível em: https://nova-escola-producao.s3.amazonaws.
com/9dYamkpeECHPJy6aPsWGd8hUKAVqYcv96YjA2fRmegccFaguauFRRzbg8NpF/
educacao-em-debate-discriminacao-ne272.jpeg. Acesso em: 28 de ago. 2019.

Figura 3: Distribuição de Renda no Brasil - Fonte: disponível em:<https://thiagorodrigo.com.br/


artigo/wp-content/uploads/2016/10/20161017-piramide_renda_brasil.png>. Acesso em: 28 de
ago. 2019.

Figura 4: Diferenças na sociedade brasileira - Fonte: disponível em:<https://kikacastro.files.


wordpress.com/2011/12/palafitas3428326.jpg?w=680>. Acesso em: 28 de ago. 2019.

Figura 5: Formas de manifestação de preconceito, discriminação e racismo - Fonte: disponível


em:<http://2.bp.blogspot.com/_SekuPoIqqTo/TL2nbJVo11I/AAAAAAAAAxk/rShAzcLxmN8/
s1600/Mafalda+-+Preconceito+racial.jpg>. Acesso em: 28 de ago. 2019.

Figura 6: Índice de diferenças de gênero no Brasil. Fonte: disponível em:<https://abrilexame.


files.wordpress.com/2018/03/infografico-estatisticas-genero.png?w=680&h=1120>. Acesso em:
28 de ago. 2019.

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REFERÊNCIAS
BRYM, Robert J. et al. Sociologia – uma bússola para um novo mundo. São Paulo: Cengage
Learning, 2008.

CHARON, Joel M.; VIGILANT, Lee Garth. Sociologia. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos. 7. ed. rev. São Paulo:
Saraiva, 2010.

COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: História e grandes temas. 21 ed. São Paulo: Saraiva,
2010.

DIAS, Reinaldo. Introdução à Sociologia. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010.

RANGEL, Olívia. Sobre ética e valores. 2005. Disponível em: http://revistaprincipios.com.br/


artigos/79/cat/981/sobre-&eacutetica-e-valores-.html Acesso em: 15 ago. 2019.

ROCHA, Sonia. “Pobreza no Brasil: o que mudou nos últimos 30 anos?” Estudo e pesquisa. n. 83.
Seminário especial. Rio de Janeiro, 2008.

TIBURI Márcia. O desafio da ética na sociedade do conhecimento. 2012. Disponível em: https://
revistacult.uol.com.br/home/o-desafio-da-etica-na-sociedade-do-conhecimento/ Acesso em:
15 ago. 2019.

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CONTATO:

3669.2008 • 3669.2017 • 3669.2028


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