Você está na página 1de 17

O YOGA DA AÇÃO 107

relega]o fora da cidade, como ocorreu no Ocidente, com a eli


minação progressiva do sagrado.

r Inevitabilidade da ação
Antes de mais.nada! ensina Krshna, é impossível escapar
completamente à ação, pelo simples fato de se estar vivo:
"Pois nada pennanecc inativo um instante sequer:gtodo ser

lv. O Yoga da Ação (Karma-Yoga) Prakrfí ]?4 'lmente impelido à ação pelas qualidades (fina) de

.O homem não atinge o estado de não-ação simplesmente


por. abster-se de agir, nem é tampouco renunciando (às ativida-
O Yoga tal como o formulou Pataãjali e o explicitou toda des) que alcança a perfeiçãotva."
a tradição "clássica", constitui sem dúvida a forma eminente, KT'sh/ta denuncia a hipocrisia de uma renúncia exterior:
plena, "real" do Yoga (Roja-Paga).Mas essaforma se dirige "Aquele que restringeseusÓrgãosde ação, mas fica panda
antes de tudo a homens que estão em condição de consagrar rememorando os .objetos dos sentidos, desse homem, que se ilude
todo o seutempoe todasas suasenergiasà práticado Yoga, espiritualmente,díz-seque tem uma conduta mentirosa
isto é, essencialmente aos "renunciados" (sa/znyósin), aos que "Mas, ó Arjuna, aquele que, mantendo os sentidossob o
morreram para o mundo social, para sua trama de atividades e controle da faculdado mental, se empenha desinteressadamente
obrigações. com os órgãos da ação no Yoga da ação, esse é eminentemente
superior.
Mas o que é feito do homemna sociedade,
daquilo que
está engajado na ação, ligado por toda sorte de responsabilida- "Portanto, realiza a ação a ti prescrita, pois a ação é su-
des?Deve ele obrigatoriamente tudo deixar, tudo abandonar, ou perior à mação; mesmo tua vida física não saberia sobreviver
sem açao 170." ' '' ''
ver-se excluído do Yoga? Deve o Yoga continuar a ser o apa-
nágio dos contemplativos,que se tornam os especialistas?
São
seus princípios inaplicáveis ao homem na sociedade? 1. Conformidade com sua própria natureza, obediência
à sua própria lei de ação (svadharma)
A Bhagavad-Gítâ
l A OKonU SOCIAL (sarna)
Toda a B/zagavad-Gira é consa=nradaà elucidação dessa gravo
questão. que põe em jogo toda a orientação da própria sociedade;
e essa obra inspirada í73 constitui o manual por excelência do : executar a ação
alarma-Voga, Voga (ta ação, Yoga em ação. Ela processa uma
que Ihe êabéjlêiii''ãjêÉã Pois "mais vale a"tãd::í-illiilítiãliõ:::ua
revisão da noção de renúncia e evita a perigosadicotomia entre própria'Reí'aê'atar'6ãad/karma): mesmo imperfeita, que a lei de
contemplação e ação, que tenderia a fazer do Yoga um fenó- rem, mesmo bem aplicada. Mais vale perecer em sua própria
lei; é perigososeguira lei de outremirTü"
menoexcepcional
e raro, fora do domínioda vida comum,e a Para o hinduísmo,a posiçãoem que nos encontramos
na
i7a Fazendo parte da imensa cpopéia do À/a/zãó/zárara, a ZJàagavad-Gira sociedadc e a situação que devemos enfrentar cm nossas próprias
põe em cena o garrae guia divino, encarnadosob a forma humanade
Krshna, ensinan(]o esse Xarnza-roga ao herói humano Arjuna. no meio n4 Z?/l. (l;. TTT.5.
do campo dc batalha, que simboliza a ação em geral. Arjuna, deprimido ]lõ B&. G. IH,4.
e desencorajado,
hesitaanteo empreendimento
e quer abandonar
a luta, i70 .BÀ. (l;. 111, G8
refugiando..se numa falsa compreensão da renúncia. in BA. G. 111, 35
108 0 YoCA
O YOGA DA AÇÃO 109
vidas não são absolutamente o efeito do acaso. Têm uma ligação
profunda, ainda que indiscernível,com nossopróprio ser não vaca não é prolífica, e um presente para um imbecil é desper-
sendo senão a frutificação de nossos alas passados.
Q.J!!i!!!!!g-plççsi!!).é não procurai çfcapar às condições que O kaAa/rIJa,que detém a função política, executiva, defen-
siva, está encarregado da aplicação das normas ideais à realidade
[

nos mesmosatraímo$,.mas assumi:lai i)lenamentã,'executando a


função'daWUS=noslnvestlDos. sabendo seã"lugar apropriado nesse terrena, e da proteçãodas pessoase das coisas.Para exercer
gtãndõ:êõrpo que á.a soçíedaile.'A sociedade'indianatradicional essafunção, é seu dever empregar a força legal, o castigo, lite-
nao o esqueçamos,baseia-seem princípios opostos aos de nossas ralmente "o bastão.' (panda); pois, na ausênciado castigo, a lei
sociedades modernas. Para ela, é impossível haver igualdade e da selvaprevaleceria."Se não houvessesobrea terra um rei com
ljberdadc,desdeque haja uma sociedade.
Todos os homenssão o bastão do castigo, os fortes assariam os fracos como peixes na
diferentes, situando-se em diversos planos na imensa escala "da lançat8t." O castigo "deve ser administrado incansavelmentec
evolução, e todos estão ligados por obrigaçõespara com os sem.falhas,pois o erro é aqui tão fatal quantoa ausênciade
outros, todos são interdependentes."Trata-se antes de tudo de castigcctodos dois conduzemà corrupção'das sarna, à ruptura
ordem, de hierarquia, e cada homemem particular deve contra. dos diques,à guerra de todos contra tudo. Portanto o rei deve
ruir por sua vez para a ordem globalx'T8.;' temer seu pr6pno poder: aconselham-nolongamentesobre as
Não há portanto um dever "padrão", idêntico para todos. vias o os meios de evitar a injustiça, pois esta o destruiria182"
um modelo que sirva para nivelar todos os seres.Os direitos e
deveres variam de acordo com as condições: as épocas cósmicas
(Paga),
o lugar,o tempo,ascircunstâncias,
o temperamento.
a
vocação, a fase da vida, o sexo, os meios etc. O que' é justo para
:: RB$ã:lHI,liu:lÜ%
sua vocaçãode #sAafriya, a abstençãoda ação só pode ser inter-
um homem pode ser pecado para outro. Assim como a forma pretada como covardia e omissão.'A ética.ão -kshaíHya,como a
do. samurai japonês, inclui a destreza, 4 retídãa, a lealdade::a
as imagens divinas está prescrita nos tratados de iconografia
(ÇI/pa-çósrra), a dos atou humanos é regulada pelos Z)/zarma- generosidade,
o autodomínioe o heroísmo,isto.é,.!Qdêlw..W-
lidadespr6prias.àação.Por isso o karma-rogaé a via que]he
çãsrra, que ensinam a ciência da aplicação dos princípios à va- corresponde particularmente. Todas essasqualidades são sem dú-
riedade das situaçõesparticulares. B vida necessárias também à meditação, da qual formam o ele.
Perderíamos muito tempo se inicíássemos uma exposição,
mesmo resumida, dessa ciência; mas lembremo-nos aoenas' de mento de v?rya (energia, determinação, precisão), s6 que nesse
caso estão presentes de modo interior, invisível; ao passo que, na
}
que o dever que cabea cada indiyídyo (slç@4grnza}
.é-deterQina- ação, elas se desdobram na dimensão espaço-temporal, de modo
exterior, teatral.
pertence à categoria (sarna) dos brâmanes, o dever indicado
comportaenfie outras coisaso estudoe o ensinamentodos roda. mesmoforma, para o valçya (membro da categoriados
criadores de gado: agricultores e 'comerciantes), a produção a
isto é, a transmissão
do conhecimento
em toda a sua purezae acumulação. e a distribuição das riquezas fazem parte integrante
integridade, e sem deixar que se perca o sentido profundo. "0
nascimentode um brâmaneé uma eterna encarnaçãoda ]ei sa-
l de seu wadharma. Mas qualquer que seja a ocupação a que nos
entreguemos, não convém ver nesta um meio de assegurar a nossa
grada. Pois nasceu para cumprir a ]ei sagrada e tornar-se um
subsistência e do procurar obter vantagens pessoais, mas antes
com a Realidade Suprema''o." Dizem-nos quc "um brâmane
de tudo um meio de colaborar, um serviçoprestadoao conjunto
(luc não conllecesseos Fada seria tão inútil c imprestável quanto do corpo social. A prosperidade e a expansão de cada indivíduo
um eunucocom uma mulher é ímpotcntc,uma vaca com uma resultam naturalmente do devotamente'de cada um a todos. O
+

lvn A is Dumont, //oprlo //íerarc/rfcuf. N.R.F., Gallimard, 1966, p. 2.1. íso À/anu, 11. 158.
ioi À/aAâóAárara. XII. 67. 16.
18z Louis Dumont, 17omo }7íerarc/ifcui, p. 365

L
110 0 YoCA
O YOGA DA AÇÃO 111

d/zmma é o que mantém ligados os serespelos laços dos direitos ao nasce, pelo próprio fato de aceitar o dom da condição hu-
e deveresmútuos. É a lei da coesãointema (cf. em latim a re.- X f mana! e as possibilidadesde experiência que ela permito contrai
lação entre Zex: a lci, e Zigwe: ligar) que mantém um organis- umdívidatripla:l...i 1; ,1= ' ., . .Í
mo individual, social ou cósmicona sua forma própria, e o im- 1. A dívida. para com os deuses(deva-rna), quer dizer, para
pede de despedaçar-seou de degenerar. Obedecer a 'seu' wad/ur- com as forças cósmicasque fornecem ao indivíduo o ambiente
na é estar conscientedesselaço e assumir de plena vontade seu natural, a terra, o ar, as águasetc., e seupróprio corpo.
papel específico nesse conjunto, dando-se primazia ao bem geral. 2. A dívida para com os ancestrais (pí/r-ma): próximos o
É também estar consciente de suas capacidades, do sua vocação distantes, os ancestrais fornecem a qualidado específica da espé-
própria, de modo a servir à sociedadedando o melhor de si cie humana, veiculada por meio do sêmen.
mesmo, e.não aquilo para o qual não se é feito. O intelectual 3. .A dívida para com os sábios (rsÀi-ma): sábiosi mestres
servepor sua reflexão,o ativo por sua ação,o artista por sua espirituais, inspirados, eles transmitiram a civilização,{o conhe-
arte, o artesãopor seu trabalho etc.; o essencialé que reflexão, cimento dos valores superiores, e sem eles a existência humana
ação, arte! trabalho não sirvam a fins pessoais,mas sejam dirá: não passariade animalidadee barbárie.
gadosaos fins imediatos ou últimos do corpo social em 'sua tota- .Antes de procurar qualque!.coisa para si própria...g homem
lidade, e que ninguém usurpo uma função para a qual não tem deve primeimmente asas três dívidas, a fim do quis:'gui
aptidão. passagem sobre a terra não seja uma fonte de depredação o
Não se pode, na índia tradicional, fugir a essatrama de re- que possa,na hora da morte, deixar o mundo num estados'sa
lações..e de. interdependência em nome de um simples desejo de pão melhor, pelo menostão bom quanto aqueleem que o en-
tranqüi[idade e de liberdade pessoal,mas somenteem nome de controu.Paraissoeledeve: ' ' ' '
um dever mais elevado, ainda mais exigente. Não se pode aban- ]. Oferecer sacrifícios segundo sua .capacidade, para sal-
donar.a atividadesocial e colocar-seem .busca.do objetivo derra- dar suã dívida para com os deuses.O '"sacrifício" é considerado
deiro da Vida, :a liberação:(moks/ta):-:' entrando-se díretamen-
te :'a.no quç constituí normalmente a quarta fase da.vida: num sentido bem extensivo, pode tomar emprestado múltiplas
formas e- não é para ser interpretado apenasde forma ritual.
!soado de renunciado ,(sannyása).. -- isso só é possíve!.quando se
Veremos que, finalmente, "o cumprimento perfeito de nossos
está verdadeiramente maduro. interiormente, .se o apelo'é..bresis-
tmbalhos:quaisquerque possamser, é em si a própria celebra-
tível, e :e nãd se üeiiá'os seusna misériaou.numaiit.u4çêo ção do rito]84". ' '
crítica. Se essas condições não estão reunidas: a liberação.que
se.deve procurar não é a liberação da atividade, mas a do do.. 2 . .Gerar uma criança! dar-lhe ou fazer com que Ihe dêem
uma educação. completa. e 'apropriada, inicia-la na profissão dos
seio..Ganha-semais .qm cumprir perfeitamente a ação, de forma pais. Prolongando-se assim a descendência e transmitindo-se o
impessoal, sem desejo, sem se atingir um resultado, uma recom- conhecimento, salda-se a dívida para com os ancestrais. "IJma
pens! J)u.uma.aprovação,.doque em querer desembaraçar-se da descendência familiar encontra seu fím, não quando .os descen-
gç4p, O À/a/záó/zórafapõe-nos de sobreaviso: o desejo, a cobiça dentes faltam (a adição nesse caso pode.suprir), mas quando a
(káma) -estão - emboscados, ocultos por.irás da aspimção. à pró- vocaçãoe a tradição da família são abandonadas
íw."'
pria líberação,para confundir aquele que não desconfiao bas-
tante de si mesmo.
3. Estudar o .yedq.ou pelo menos um "ramo" do Veda. e
eventualmente uma das ciências c lias tradições ou uma das artes
que a eles se relacionam. Quota-seassim a dívida para com os
2. As TRÊS DívmAS sábios.

Tal é a ação (barman).que cabo tanto aos vaíçya o nos


Como se pode ainda dizer que um homem não está livre, ks/zarríya quanto aos brâmanes.
que está ligado por obrigações? Para a Índia antiga, todo homem,
x84 Ananda Coomaraswamy, Hírzdouísme ef ,Boudd#fsme, p. 53.
183 Como o fizeram Buda e outros #x/zafríya.
y
112 0 YOGA O YOGA DA AÇÃO 113

3. A FASE DZ VioA (áçrama) des não pelos meios que põem em ação, mas por seu efeito, que
é purificar a consciênciade todo o mal.
O wadAarma se diferencia também conforme a "fase de l Quandose faz uma ablaçãono fogo, nem que seja
vida" (óçrama) em que nos encontramos. A vida humana é di- apenasum pedacinho de madeira, o sacrifício aos deuses (deya-
vidida em quatro fases. A primeira é o estado de estudante yajHa) é cumprido.
(óraAmmarin), período de estudo, de purificação, de disciplina; 2. Quando se recita nem que seja uma só estância,uma
a segunda é o estado de casamento e de atividad-e profissional só fórmula ou uma só melodia do Veda. o sacrifício à Palavra
(gr/zasr/za), com suas respectivas responsabilidades e seus direi- sagrada, ao Conhecimento (Z?ra/zma-yajâa) , que honra os sábios,
tos; a terceira é o estado de retira (vanaprasrAa), inicialmente (Rs/zí) é cumprido.
num eremitério na floresta, e de introspecção, simplicidade, e re- 3. Quandose oferece n-emque seja uma libação d'água
lativa pobreza; a quarta é o estado de renúncia total (sa/znyósa). pura acompanhadade manrra, aos ancestrais.o sacrifício a estes
Cada fase comporta suas tarefas, obrigações e ética próprias. As é cumprido.
duas primeiras são obrigatórias, as duasúltimas facultativas. Mas 4. Quando se oferece uma parte do além-Gatocotidiano,
não se pode normalmentei80 pensar na renúncia antes de ter antes de tomar a refeição, depositando-o próximo à soleira da
passadopelas duas primeiras fases e de ter cumprido os deveres porta, o sacrifício aos seres vivos (b/zz2fa-yajãa) é cumprido.
correspondentes. Cachorros, pássaros,serpentesetc., todos os seres devemser
"Que aquele que atravessou todas as fases uma após a outra, honrados.
tendo ofertado os sacrifícios, controlado seus sentidos e quitado 5. Quando se recebo um hóspede com hospitalidade, o sa-
suas três dívidas de nascimento, dirija seu espírito à busca da crifício aos homens (manüshya-yajãa) é cumprido (não diaria-
liberação 187." mente, mas cada vez que um hóspedese apresente,ou que se
No entanto,Manu é categórico:dentro as quatro fases,a possa partilhar a refeição com um convidado).
do estudante,do chefe dc família (gr/lasrha, literalmente, aquele Essescinco "grandes sacrifícios" se opõem aos outros pelo
que residenuma casa", isto é, leva a vida da família), do ere-
fato de serem obrigatórios, não necessitando qualquer aparato,
mita e do renunciado, é a fase de chefe de família que é supe- nem a ajuda de assistentes. Eles devem ser continuamentereno-
rior, postoque é ele quemsustentatodasas outras.É portanto vados.Em À/anu, apresentam-se como a reparaçãofeita para su-
lícito procurar a liberação sem abandonar a vida atava. plantar os pecadosde violência cometidos na vida diária mani-
pulando-seinstrumentoscomoo forno, a m6, o pilão e o almo-
4. A OBRIGAÇÃO SACRIFICIAL fariz etc., quer dizer, fazendo a matéria sofrer tratamentosvio-
lentos
Fora de suasatividadesprofissionais,
todo "chefe de famí- "Aqu-elo que não alimenta estes...cinco: os deuses, seus.hós-
lia" é obrigado a executar diariamente, a título pessoal,um sa- pedes,as seresvivos que tem -a responsabilidadede.sustentar, os
crifício quíntuplo, que é uma outra forma de pagar "as três dí- .ancestrais,e...seupróprio ser, essehomem é um morto-vivo i08."
vidas". Essescinco "grandes sacrifícios" (/na/zá-ya/ãa)são gran- Vê-seque a vida atavaom si é já concebidacomo uma ati-
ã vidade que culmina no sacrifício e na doação.
lse Exceto no caso de vocação excepcional, mas a lei geral é aquela
do caminhar progressivo. A renúncia c a continência não são requeridas
a um adolescente "que não gozou a vida", e arrisca-se portanto posterior-
11. A ação desinteressada
mentea ser desviadode seu caminhopela fascinaçãodos prazeresdos
sentidos e o despertar de necessidadesinsatisfeitas, mas a um homem O karma-yogín
encontra,no próprio seioda atividadoque
$ maduro, experimentado, que "passou por isso", que portanto não espera Ihe.cabe por função ou vocação, a mesma liberação que o...re-
mais nada dessascoisase pode entregar-setotalmente a um objetivo mais
elevado. i88 À/anu. 111.72.
iw À/anu, VI. 34-35.
114 0 YoCA 0 YoCA 0A AçÃo 115

nunciado atinge na imobilidade da postura e no retraimento dos 111. A ação eon8ciente


sentidos.Seu=segredoé simples::ã liberação é renúncia ao dese-
/
jo..egQÍ$;tê.; Mas como chega o karma-yo&in a essa equanimidade?Ini-
"Sem apego,cumpre sempreo trabalho que devo ser feito; cialmente pelo Conhecimento:
pois fazendo o trabalho sem apego o homem atinge o supre- "Quando todas as ações são Hefetuadas inteiramente pelas
mo 189.''
qualidadesda natureza (os gana delPrakrrrD, o homem cuja
;Aqueleque cumpre o trabalho que Ihe cabe sem nenhuma compreensãoé desviadapelo egoísmopensa:l'Sou eu quem age.'
preocupaçãocom os frutos do trabalho,lesteé o sa/myásfne o 'Mas, ó guerreiro de braço poderoso, aquele que conhece
l yogin, e não o homem que não alimenta mais o fogo do sacri- os verdadeiros princípios das categorias de modalidades(gana)
l fício e não possui mais nenhuma atividadeloo." e do ações(barman), compreendeque são as formas que agem
A renúncia não é abandono da!.anões, mas dos resultados, e reagem uma sobre a outra, e neles não se deixa aprisionar
.que.credítamos.-para n6s -mesmos. L pelo apegoioo."
Tens direito à ação, mas somenteà ação, e jamais a seus Ele sabe .que seu ser verdadeiro (Purusha) é distinto de
frutos; que.os frutos de tuas açõesnão sejamde modo algum todo o mundo manifestado, não-agente o imutável. Empenha-se
tua motivação; e portanto não permita em ti qualquer apego à nã ação. com os órgãos"da ação' e'as''faculdades:mentais, mas
q
\. sem.se identificar, pois a(Testemunha nele está alerta, o Espec-
mação io:."
tador não envolvido,que nada.pode.ganharou perder.
Essa Yoga tem como resultado executar. todo.ato sempre
"0 homem que fundamenta suas delícias no Eu,'que está
,éõin.pereçição, .por. amor . à:coisa. ("o. Yoga é destreza nas
\

satisfeito com o Eu, e somente no Eu encontra seu contenta-


.r
,ações ]02") e .nnparcialmente,. impessoalmente. mento, para ele não resta nenhum trabalho a executar.
) A anulação do eu (aAamkóra), que se busca em todas as
"Não há nada neste mundo que ele possaganhar pela anão
/formas-de .Yoga, exprime-se na ação pela equanimidade:
r "Elo não tem esperançaspessoais,seu espírito e seu ser estão
que executa e nada tampouco pela ação que não executa. Não
dependode nada nom de ninguémto'r." É por isso que pode
perfeitamente sob seu controle, rejeitou todo sentido de posses-
\

agir com perfeito desapego, unicamente pelo bem das criaturas.


sividado...
\

"Assim como aquelesque, não sabendo,agem com apegoà


Satisfeito com o que Ihe cabe sem que o tenha procurado, ação, 6 Bhârata, aquilo que sapo deve agir sem apego, tendo
tendo superado as dualidades, não invejando a ninguém, igual somente como motivação a proteção dos mundos l08."
no sucessoe no insucesso,não é acorrentadomesmono momen-
A liberação do desejo $ó se realiza à medida que o homem
to em que age i83." é capaz de estar namente..presentee consciente em sua ação.
É o Yoga da igualdadoda alma: "Não se regozija quando
recebe ojhue radávol, nem se aflige quando recebe o que
é desagradável:04", "vê com os mesmosolhos o torrão de terra IV . O heroísmo
e o ouro", "o amigo e o inimigo, o justo o o injusto'm" etc.
Mas.para chegar a esse desinteresse, não basta ..g.Conheço
mento, é necessário tambént:um'heroísmo de combatente, para
180
B#. G. 111,9. aniquilar em si mesmo r'a grande voracidade,a grande mácula:
Bh. G. VI, l. a avideze a cólera,filhas-do duna rajm, que são-o inimigo por
191 Bh. G. 11, 47. excelência aqui nesta mundo"
BA. G. 11. 50.
BA G. IV, 21-22
184 Bh. G. V. 20. iw BA. G. 111.27.
G. VI. 8-9. ísr Bb.G. 111. 17-18
i88 BA. (;. 111. 2S.
116 0 YoCA
O YocA nA AçÃo 117
!

"Como o fogo é encobertopela fumaça, o espelhopela poli-. "Isento de apego, liberado, o espírito firmemente estabele-
[a, o embrião pelo âmnio. . ., envolvido está o Conhecimento, 6 cido no Conhecimento. executa as obras como sacrifício 20i."
filho de Kuntí, por esse inimjgg=;;êjgrno dos sábios, esse fogo "Fazendo-se
as obrasde outra forma que não como sacrifí-
insaciávelque tem a forma d((desej(8 cio, este mundo dos homens permanece acorrentado pelas obras;
'As faculdadessensoriais,iilell$ai{ e o intelecto são sua sede. execute as obras como sacrifício, ó filho de Kuntí, liberando-to
Através deles encobrindo o Conhecimento, desvia-se o ser en- de todo apegozm."
carnado.
Vimos que os deveres específicos prescritos a todas as castas
;Também,
ó tu, o melhordosBhârata,desdeo início domi- já instalavam essa noção do sacrifício, oposta à tendência ego-
nando os sentidos, abata esse malfeitor, destruidor do Conheci- cêntrica. Cada um deve pensar de início em cooperar segundo
mento e do Discernimento! ioo" seu poder para com a ordem social e cósmica, e a prosperidade
Nesse.sentida.Q X.arma-voga é a transposição espiritual 4g. geral segue-seautomaticamento, da qual cada um se beneficia,
virtude do ks/zafríya. ..Cada annêve.sei.-para'si''Éêa próprio ao passoque se cadaum buscar e reivindicar em primeiro lugar
ks/zarrfya,.assumir.a,função.real em relação à sua própria vida, seupróprio bem,contra tudo e contra todos,a sociedade
não
na medida em.que ele é o senhor de suas atividades e do seus passaráde empurrões,conflitos, miséria para todos. Toda a cl
q
apetite.s.O #s/za/ripaé responsávelpor este mundo, ele opera a vilização indiana é fundamentada.sobre o simbolismo do sacri-
junção entre o Céu e a Terra. Graçasa ele se processaa descida fício,.que instaura uma competiçãopara oferecê-lo.O fogo sa-
da perfeição divina ao nível terrestre e material. Da mesma crificial no qual é lançada a ablação representa esseFogo trans-
forma no plano individual, é por essavirtudo, essavirilidade do 1lutador em que cada um deve oferecer seu egoísmo,sua própria
ksharriya,que a sabedoriae o conhecimento
cessamde ser teó- natureza isolada.O sacrifício processaassim a reunificação do
ricos e são aplicados efetivamente aos ates. Isso não sucede sem cosmos,dividido=emum númerode parcelasigual ao de "eus"
E

certa coerção, ou ao menos regulação, pois a turbulência dos individuais;.restabelece a unidade primordial'A oferenda da
sentidos e a insaciabílidado dos desejos não têm limite. O parte representa em realidade a oferenda de si mesmo. Ora, todo
ks/zafríycz
é aquele que impõe um limite, aquele que diz: "Não,
só até aqui mas não além!", e nessesentido é o oficiante, aquele ato, todo serviço, pode ser interpretado em termos de oferenda,
de sacrifício. E a, lei da reciprocidade faz com que "aquele que
que monta guarda junto ao sacrifício (oó/adere: dizer não,
obstar :; o/fcere: oficiar), que protege com sua espadao círculo oferece o sacíífÉio saiba, qua]quer que seja a razão pe]a qual
sagrado. Sem a presença heróica do #s/zafríya, o mundo está en- o oferece, que receberá em troca a mesma medida, ou antes
tregue aos ferozes apetites dos mercadores e à invasão dos egoís- medida superior, pois se seu tesouro Ihe é limitado, o da outra
mos cegos. :Assim, é.por esse heroísmo em face de si próprio parte é inesgotávelz03". Oferece seu eu limitado, o recebe em
que...Q:.karma-yogln--ordena--sua
própria vida e permite ao Eu trocaa participação
no Ser total, no Um indivisível.É por isso
reinar sobro o eu. que se segue inelutavelmente que "aquele que oferece o sacri-
fício abre-se agora mesmo neste mundo e no outro 90ú".
Aquele que executa as açõesde forma desinteressada,
re-
V. A ação como sacrifício nunciando ao''eu''ê ao l"meü", como uma oportunidade de ser.
vir e de oferecer, ele sozinho sacrifica, no sentido liter41, isto é,
Assim que o eu é conquistado, "todos os empreendimentos "faz aros sagrados" (sacra /mare), pois "toda ação executada
estão livres de projetos alimentados pelo desejo, e as obras são com perfeição foi. necessariamente executada çom--amor,-- do
consumidaspelo fogo do Conhecimento:oo";toda ação do yogín
assume então o valor de uma atívidade sacrificial:
zol BÀ. G., IV. 23.
e02 BÀ. G.. 111 9.
Ê
ioo Z?h. G.. 111. 37 a 41
aoa A. Coomaraswamy, ã'fndouisme e/ BoziddÀísme, p. 45
zoo BÀ. G., IV. 19. 204 raí/rírfya-SamÀírá,V, 5, 2, 1. '
118 0 YoCA O YOGA DA AÇÃO 119

mesmo modo que toda ação mal feita o foi sem csmcFoaon."É executado.Cada função da vida toma-se um momento do sacri-
assim que Krsh/za formula a lei eterna: fício, e mesmo os ates de respirar, de comer, de beber,'de falar
'Pelo Sacrifício, alimenta os deuses,e deixa os deuseste ç de calar-sepodem ser vividos como uma "sessãoritualística"
alimentarem. Um pelo outro sendo alimentados, tu atingires o ininterrupta. O homem.atinge então a mesma categoria que a
objetivo supremo. Divindade, o Pmu.s/zasupremo que cria, sustenta e destrói.çon-
'Alimentados pelo sacrifício, os deuses te darão as alegrias tinuamento..2.mundo-por meio de sua-.Prakrfí 'sem..guc essa
desejadas.Aquele que goza as alegrias deles recebidas sem nada atividade-.incessante-o aprisiona, sem.quQ ela afete $ua imutabi-
oferecer-lhes, esse é na verdade um ladrão zoo." lidade essencial.
Tudo Q que se consome,tudo o que se goza, tudo o que se
come,..é.inicialmente flrta4o.ao princípio divíne.. e .yma parte
disso'é simbólica-ou efetivamenteretirada para ser ofertada. O
que resta é consideradocomo prmád, sobras de sacrifício; o que
a divindade:vos:restitui.de.vossa oferenda acompanhando-o 41e
sua graça:
'Os bons que comem o que sobra do sacrifício são liberados
q de todo pecado; mas são maldosos e usufruem do pecado aqueles
cine cozinham o alimento só para si 2m."
Essa graça, essa bênção, essa abundância que se derrama
sobre aquele que consagra assim aquilo que usufrui, considerando-
o como coisa recebida e não como coisa tomada, compara-se à
chuva fertilizante que vem do céu, como uma respostaà fuma-
ça do sacrifício que se eleva aos céus. Essa chuva penetra a
terra e as plantas, e estas nutrem os seres vivos. É esse ciclo
cósmico, feito de dádivas recíprocas, que se deve preservar.
Aquele que não segueneste mundo a roda assim posta em
movimento, perverso é seu ser, sensuaissão suas delícias, e em
vão. 6 Pârtha. vive esse homem z08."
Se cumpridos nesse espírito sacrificial. os nossos trabalhos,
quaisquerqué'tejam;'tomam o valor do ritos. Não há obra que
seja pequena, sem importância, se consagrada pois.essa.atitude
interior:' "0 sacrifício, assim entendido, não .consiste.mais. so-
ê
.mente.no cumprimento em certas. çircunstâncigs de..gtoE especi-
ficamente sagrados, mas em sacrificaLJem tornar sagrados tudo
o..ãiiífãiçnlbjjjêl$dÕ:lã.qiiê.:Êõmos:--..:Qadalynçêo, desde ã do
sacerdotee do rei até a do oleiro e a do vau'redor,(..!!!Êlgljmçl
tí'iim'iãêêiã6êiõ, e toda ação.um rito.T'.=....O.que.con:ta--não
e a nalüreài'd&'Ímbalho, mas maneira .e g. espírito BO. qual é
}

z06 A. Coomaraswamy, ibid., p. 46.


{

eoo Bh. G., 111, 11, 12.


20v' B&. G., 111, 13.
208 Bh. G.. 111.16.
nw A. Coomaraswamy, ibid., pp. 54 e 57
O YOGA DO AMOR 121

o Eu supremo (Paramáfman), o Senhor (/p'ara), ou. por. qual-


outra designação metafísica ou teo16gica, é a priori indefi-
nível e indescritível:
Aquilo que é não-manifestado, inalterável, inconcebível,
não-nascido,imutável, indizível; que não tem forma, nem mãos;
nem pés, nem qualquer feição; que é todo-poderoso,onipresente,
eterno, a origem dos seres, ele próprio sem causa; é Isso o
Bra/íman. é Isso o estado supremo, é Isso que deve ser meditado
por quemquerque aspireà liberação.É Isso de que falam os
v. O Yoga do Amor (Bhakti-Yoga) Textos Revelados, é Isso o extremamente sutil, a suprema Mora-
da de Vishnu. . . A palavra 'Deus' (Bhágavan) serve para expri-
mir esse Eu sem começo, indestrutível. É uma expressão prática
que se utiliza para a adoraçãodesseAbsoluto ao qual não é
Distinguem-se
normalmentetrês vias de YogaLa da ação aplicável nenhuma designação 2n
(Karma-)paga): á do amor''(B/zakfí-voga), e a do çonPgcimento É por isso que Nârada, em seus d/orismos sobre a bhakfí
(Jãóna-Paga),que correspondemaos três aspectos:volitivo, afe- (BAakri-Sz2fra), prefere evitar qualquer definição dessa Reali-
ii efeito, essas três dade, que seria uma forma de rebaixo-la ao nível dos "nomes e
fu;êles psíquicas, a vontade, a afetividade. e. o intelecto, quan- formas", e caracterizara bAakrí como "um amor supremoa
do podem ser diretamente dominadas e imobilizadas por meio do isson2". Não há definição sectária, mas um B/za#f!-))ogafirme-
Rala-Paga, devem ser purificadas das imperfeições do. ego por mente ancorado no conhecimento que todas as Escritu-ras são
meio dc disciplinas apropriadas, o Karma-voga purificando a unânimes em estabelecer: o Absoluto que deve ser adorado e rea- }1
vontade, o Bhakrí-Paga o sentimento, e o Jãóna-Pagao intelecto. lizado é o mesmo que o Eu (álman) presente no coração:
À medida que existem diferentes tipos humanos, uns naturalmen- "Adoro o Senhor que é.o.Eu supremo,. o Um, asemente
te mais dinâmicos, outros mais emocionais, e outros mais intelec-
tuais, cada um deve escolher a via que correspondemelhor.a primordial do universo, sem desejo e sem forma, que se realiza
scu caráter; mas à medida que cada homem, numa proporção pela sílaba sagradaAUM,.deonde tudo procede,.por quem tudo.é
mantido, em .quem tudo se dissolve 2u."
variável, participa inevitavelmentedas três, ele deve procurar um A própria Divindade, encarnada na forma humana de
equilíbrio harmonioso que combina. os três Yogas? o que Ihe
Krshna, revela:
permite atingir o objetivo mais rapidamente. A Z?hagavad-Gira
dá o exemplo a esse respeito, propondo um Yoga onde os três "Eu sou, 6 Gudakesha, o Eu que reside no coração de
todas as criaturas; Eu sou o princípio, o meio, e o fim de todos
aspectos são indissociavelmente misturados, suportando-se e re- OS Sel'eS 214."
forçando-se entre si. Todavia, mesmo que a escolha.recaia em
acentuar uma das três vias exclusivamente,essavia deve termi- Assim o amor de Deus..nadamais é que..o.amai.da. Reali-
dade'essencial,'do Eu derradeiro .do homem, que por assim dizer
nar, se for sinceramente seguida, na total purificação do ser.
esqueceu,de quem, assim Ihe parece, está afastado. O. homem
está como que.alienado,.descentrado, .esquecido.de sua. prÓprIa
O Yoga como união identidade, tal como o filho de um rei recolhido e criado desde
a infância por camponeses,e que !e tomasse por um.deles, igno-
O Blzakli-Voga
é "&.ua na qual um amor intensopermite rando iua igeú e lua heraneãleal. Mas, "assim como a larva
RQ.yopin lançar-se até a Realidade última e dela. apoderar:se no".
EssaR(lalidadé'(intima que se denomina o Absoluto (Brahmarz), en ríshnu-Puraná, VI, 5, 66.
2m N.B.S., 2.
21© Çankarâcârya, reda$âraçípasfapa,5
210 Lilian Silbum, l,a Bhakfi, p. 7. 214 B&. G.. X. 20.
L
122 0 YoCA O YOGA DO .AMOR 123

que. se associaà abelha termina por tornar-se ela própria uma do homem e as faz convergir para esse Alvo supremo, pois "a
abelha, o homem que rea]iza sua unidade com ])eus pe]o Yoga que serveum amor incapaz de fixar-se sobre o ser amado,nem
acaba por fim tornando-se um:com Deusztõ". que por alguns minutos, e que se dispersa constantementopara
A Realidade Divina concebida nos estágios iniciais como longe deleztT?" O b/zakfa (o homem que prosseguepela via de
algo diferente da alma humana e infinitamente superior a ela, b/zakriDquer sentir por Deus um amor tão impetuosoe irresis-
sendo dado que nesse estado o scr encamado se identifica com tível como a paixão do apaixonado,a avidez do avaro e a sede
as limitações mentais e materiais procedentesda Prakrfi. Mas, insaciáveldo ambicioso."Quandoentão,bradaele, o grito que
ao termo da disciplina espiritual, o yogín deve identificar-se com brotar do meu íntimo será bastante forte para que, imediata-
essaPerfeiçãoque via de início como exterior a si. Ele começa mente, Tua essência diante de mím fulgura de evidência2t8."
por participar cada vez mais de todas as qualidadeseminentes do Assim, a "devoção': (b/zakfiD é um desejo ávido de Deus, uma
,Purzzs/zasupremo,depoistem a impressãode fazer parte da Di- meditação constante sobre os meios de possuí-Lo, uma cuidadosa
vindade, o, posteriormente,realiza Deus como sua própria e atençãopara evitar tudo o que pudesseimpedir de atingi-Lo.
verdades-raidentidade. Essa gradação de realização, que culmina
na união (Fofa) do eu individual e do Eu supremo,é geralmen-
te exposta assim:
Intuição da Realidadecomo Beatitude
ú.SçDbolusç me identifico.com,. sou-Teu servidor;
Esse amor supremo à Realidade inefável, que caracteriza a
quando me cgnljdero a..umLalm&.GncarnadêdolLuma pat:'-
bela'aê'Ti] !nq! qual(!a..compreendo.gqq.JQ]L9..El!,.. p4$sa.&.$gr
ó/zakri,não é senãouma intuição-da beatitude do:Eu, senãoum
iim Contigo, essa é minha firme convicção ne."
antegozo do néctar ambrosíaco (amr/a): "Ao atingir isso, um
homem torna-se perfeitamente realizado, toma-se imortal. satis-
feito para sempre.Ao obter isso, nada mais dweja, não mais
Concentração pelo amor odeia, não mais se degola, não mais se regozijo, nada mais pro-
cura. Ao conhecer isso, torna-se ébrio, imobiliza-se, está imerso
O modo de proceder.de todos-osYogas.(retirar o espírito no gozo do Eu. Depois de provar isso, s6 isso se vê, só isso se
da.multiplicidade das impressõessensoriaise fixa-lo êm um:só ouvo, só disso se fala, só nisso se pensazie."
ponto. Mas a força da via de b/ZQkfíé.o.amor,.e, neste,.tira .Sabe-se que a Realidade última.(Brahman).é triplamente
partido de uma lei psicológicaevidente: a concentraçãodecorre definida como sm-cíd-ána/zda:"Ser absoluto, Consciência absolu-
naturalmente
do interesse,
do amor dirigidoa.uma coisa.Por ta. e-Beatitude absoluta.:'É o terceiro aspecto mais particular-
que acaba o espírito entediando-se
quando permaneceimóvel mente que o b/zakfaapreende.A natureza extremamente.maravri:
sobro um objeto? Porque ele não tem suficiente interesse por Ihosa, deliciosa.da experiência espiritual'é'íééonhecida por todos
esseobjeto. Por que o espírito é tão absorvido pela diversidade os sábios, e simbolizada pelo sabor do mel. A experiência última
dosfenómenosque se esquecede voltar-se para o essencial?Por é uma experiênciade felicidadeinfinita, em relaçãoà qual as
causado interesseque tem. Ele só é cativo na medidaem que alegrias terrestres e paradisíacasnão passam de pálido reflexo.
é cativado.
De fato, toda buscade felicidadenão é senãoum ratear cego
No 1?/zakrí-voga, a Realidade Absoluta, princípio e suporte para recuperar a Felicidade essencial do Eu. E esta começa desde
de toda existência, é personalizada, é concebida e adorada como o início a se revelar aos que seguema via da b/zakfi: "Se bem
uma pessoaou, mç!!!gçcomo a Pessoa.suprema
(PzzrusAorfama)
, que tua essênciaseja inconcebível, ela se mostra àqueles'que Te
jjbn'nêípiõ'ãí todas as pessoas,a primeira, a segund! Ê 4.teçgirê- amam desde que começam a meditar 220."
Não é a inquebrantabilidadiãã Vontade,nem a evidênciada com-
preensão,mas a intensidadedo amor que drena todas as forças 2n Lilian Silbum, l,a BAakfl, p. 42.
als Ufpaladeva, IX, 19. Todas as citações do Urpaladeva são tiradas
alõ roga-çfkÀâ-Up.,ll. da bela traduçãoque lhes deu Lilian Silburn em seu livro Z,a BÀakd.
zio dd/iyâfma-Rámâyarla. 2ie ]V.B.S.,
4, 5, 6 e 55.
ew Pipa/(Mapa, XX, 19.
124 0 YoCA O YOGA DO AMOR 125
E
"
ê
A ÓAa#/í é portanto o aspecto afetivo da tomada de consci-
b
8 ência do Eu, que se manifestacomo a irrupção de uma alegria
infinita, incomparável e inconfundível. O Sâmkhya e, numa certa A Pessoadivina sob o aspectode Vishnu, ou de Çiva, ou de
mÊdldg,.Q Yog& de.Pataãjali só falavam do aspecto negativo da Deva etc. Cada concepçãode Deus traduz um aspecto essencial
liberação: desembaraçar-seda impermanência, da mudançaJn- da Divindade,cada culto uma via de aproximaçãoparticular da
cessante
e daslimitaçõêi'dã'Prakr/l; põr um fim às misériasda mesma Realidade. "0 Ser é Um, mas Seus nomes diferem. Se
existencia õnãjçionada=:::O IB/zakíi-jõgãliisisie amentc sobre v6s me perguntais sobre qual forma do Senhor deveis meditar,
o aspecto positivo: a liberação é reencontrar o estada.de:ielici;l dir-vos-ei: tomai aquela que quiserdes -- mas sabei sempre que
Jiladg. ]!41graLdQ. E!!uunl ndQ-sç-aQ-Principia-su prqmg. todasessasformasnão passamde Uma. Da mesmaforma que
Mas essa "imersão no oceano de Beatitude" representa a diversos povos denominam diferentemento a mesma água: água,
consequência, "a b/zak/í suprema" (Faraó/zakfzD . Vejamos o mé- dóri, agua, póní, assim o único Saccidóna/Eda(Ser-CbmcféÀcl
todo para nela se encaminhar,isto é, "a b/z(úfí como esforçode Bea/ilude) é invocado por uns sob o nome de Deus, por outros
realização"(.çód/lama-bhakrzD . sob o nome de Allah, de l:lari, ou de Brahmanm2." As disputas
entre os sectários das diferentes religiões são tão absurdas quanto
a querela dos cegos que se reuniram para examinar um elefan-
1. 0 objeto de adoração te: "0 primeiro tocou a perna e disse: '0 elefante é como uma
coluna.' O segundoapalpou a tromba e disse: '0 elefante é como
"0 espírito tem pavor do vazio. Elo deve ser enganadonuma uma clava de guerra.' O terceiro cego tateou o ventre o declarou:
coisa--ou noutra. medita sobre os objetoF dos--sentidos, '0 elefanteé como um imenso jarro.' O quarto, por fim, mexeu
torna-se mundano, se se lembra continuamente de:Deus,.toma-sç. uma orelha do animal e disse por sua vez: '0 elefante é como
divino zl."- Mas enquanto ainda não transcendemos as limitações um grande abano.' Depois se puseram a discutir sobre o tema am."
do nossoespírito, não podemosmeditar sobreo Absoluto sem O fato de gue se represente-e que-se adore a Deus de uma forma
atributos (nírgzzna Z?ra/íman). O espírito pode somente apreen- c].epreferênciaa outra é ou por uma questãode pertencera certa
der os atributos, e Deus é para o adorador o lugar de todas as tradiçãofamiliar ou local, ou por uma questãode escolhapes-
perfeições. Todas as qualidades que existem num grau relativo soal, .cada um dirigindo sua devoção para o aspecto do'Divino
o limitado na manifestaçãoatingem, em Deus,seu princípio, a que mais o atraia.
infinidade e a perfeição. É sobre elas que medita o b/z(üra, e Da mesma forma que os homens escolhem aproximar-se\
mais particularmentesobre as qualidadesdivinas que mais o do Mim, assimEu os aceitoem Meu amor; é o Meu caminho.
emocionaram,ou que ele próprio desejaadquirir. ó filho de Prthâ, que os homens seguem de diversas maneiras a24."
Considerando-se que é impossível pensar em qualquer coisa Qualquerque seja a Minha forma a que um devotoqueira
sem se recorrer a palavras ou imagens, o b/zakfa recorre a sím- adorar com fé, faço com que sua fé seja firme e não vacila.
!

bolos para contemplar Deus, até o momento em que poderá ex- Pleno dessa fé, empenha-se no culto dessa forma; e por essa,
!

perimentar diretamente a PresençaDivina no coração e dizer: obtém o que deseja; sou Eu mesmo quem distribui essesfru-
."ó Senhor, em minha meditação a Ti.atribuLuma forma, tOS a26.'
a l.Lqu:LHlá]:va;!g..dç..!9dê..brmC:ló.G11Cg..4g.]!glw!$g..pw.
Cada concepçãode Deus é uma visão parcial.que correspon:
meus hinos como.que-contrariem .L fato.de .gue indescrití-
.yel.'Qminhando em peregrinação,de certa forma neguei.lua de ao nível espiritualdo fiel; a-suampredileções,
aspirações
e
ca$ãtidadõs: De maneira geral, cada :homem' deve conceber Deus
b
pnipresença. ó Mestre do my.ndQ,.18rdoá;'pói:'favolr; e$sa$1rês
i faltas cometidasboi mim."
b
Os difêiêãteí süpõitês de meditaçãoutilizados para a ado- zu l,'Enselgnemenf de RámakrlsÃna, publicado por Jean Herbert. p. 252.
k zz3 Râmakrishna,fófd.. p. 259. '
ração da Realidadedivina são: m+ 2?ã.G.. IV. ll.
m6 B/i. G., Vl1, 21-22.
ni Bbâgapara-Pur.XI, 14, 27.
126 0 YoCA
0 YoCA DO Awox 127

como o mais perfeito ideal de que possa formar uma idéia. ao


mesmo tempo.sabendo claramente que:
Se a própria deusa do Conhecimento devesse escrever eter-
namente, tendo a Montanha Azul como tinta, o oceano como
tinteiro, o tronco principal da árvore celestecomo caneta o a
terra inteira como papel,.mesmoassim, ó Senhor, o limite de
tuas perfeições não poderia ser atingido 22e." '
O fato de aceitarque existamoutros cultos além da seu
não impede.do modo algum que um b/zak/a se mantenha fiel à
sua divindade eleita (ísAta:dnafá). O grande devoto de Rama,
Hanumân, diz no À4aA(íb/cêra/a:"Embora eu saiba que o se;i;l;;
do Çri(Vishnu) o o senhor de Janaki(Rama) são ambos ma-
nifestaçõesdo mesmo Ser Supremo,no entanto é Rama dos olhos
do lótus que é tudo para mim." O essencialé poder estabelecer
uma relação pessoal com Deus, poder dizer-lhe:
':ÉETu mei=L-pai-Tuminha mão, Tu meu esposo,meu filho,
gQ:.Sé..]il..és.obem-amado,--..a
gmu, oobjetiva em
diReçãoag.Jyêl marcha-u universo,SQq..!!gz.Teu servidor Teu
seguidor. Tu és meu 'único..wcursü- Refugiei-me..em
''''--
....'. , Ti, o, em'
verdade, meu fardo repousa inteiramente.cobri!.Ti Üz "

2
UWA ENCARNAÇÃO DiviNA(ava/Óra)

O Absoluto não-manifestado,além dos gtzna, tem, segundo a


doutrina bramânica, o todo-poderde se encarnar, de
(ava 7R)-,. utilizando para essa encarnação inteiramente deseja-
da, controlada e livre, uma substânciamental de puro xa//va to-
mada de empréstimo à Prakr/i. Assim fazendo, sua única moti-
vação ê promover o bem dos seres encarnados, e manifestar seus

atr bufos(saucompaixão (krpá), de amor (valsa/ya) o de acessi-


'Se. bem que Eu seja o não-nascido, se bem que Eu seja
imutável em minha essência,se bem que' Eu seja o Senhor de
todas as existências, entretanto, presidindo à Pra#rfí que está' sob
meu poder, por minha própria capacidade de manifestação
(mapa) eu me encarna. ' '"" "'"'-'
"Cada vez que o dÀmma se apaga, 6 Bhârata, e nUCse eleva
a injustiça, então Eu torna a nascer. ' ''' - -'-''

2% alva/na/ifmna-.Ifofra,
32. IJma imagemdivina
n2T .Sforrararria. 60.
(DoC. Instí/uf /rançdi d'/nd(íogíe.)
]28 0 YOGA
O YOGA DO AMOR 129
Para a proteçãodos bons,para a destruiçãodos que fazem
o mal e para o estabelecimentoda lei esdritual, de era em era 5. 0 0KnzNAnoK INTERNO(arfa ámh) ,
Eu me encarno 228. O GURU INTTNOR
A tradição çonta4ezlntervenções providenciais da.Divinda-
de ém seu aspecto de preservação do mundo. manifestado (Vish- O.verdadeiro8mu.de cada um é seu próprio Eu, o gmU
nu). As duas principais são.Rama, que encarna Q.dAarma (jus- humano.é somenteum canal que veicula a inspiraçãoespiritual
tíça=retidão,conformidadeà norma divina) em sua plenitude, e
:gjOhna, que revela a'agaçÕQ.. irresistível da-Beleza divina - o..-da 6
A HUMANIOAOE INT'ERA, OU O UNWERSO INmRO(.k)NSIDERADO
perfeição doAmalr-.Essas encarnaçõessão vistas como expressões COMO A MANIFESTAÇÃO DO SER St;PREMI
privilegiadas de Deus, e não como representações arbitrárias.
visto que é o próprio Divino que escolheuassumirtal fobia. 'Aquele que Me vê por toda parte, e vê todas as coisas
Mas essasdez encarnações maiores não esgotam as possibilidades eh Mim, esse Eu nunca abandono, e nunca ele Me abandona.
de manifestaçãoda Divindade. Existem também encarnaçõesme- Aqueleque, estandofixo na unidade,Me adora,a Mim que ha-
nores ou parciais, e em realidade: "Todo ser que possui um grau bito em todos os seres,esseyogín habita em Mim, qualquer que
eminente de glória, esplendor ou energia, saiba que nasceu de seja sua maneira de viver zm."
uma parcela de meu brilho 2n."
11. 0 adorador
3 . Um SÍunoLO (pra/íka) , ou UMA ImAGEm (prafimá), \
REPRESENTANDO A Dl\'IND/\DE 0U UMA DE SUAS ENCARN/iÇÕES rentemento das outras vias, que requerem certas qualifi-
caçõesprévias do discípulo, o .B/zakri-)wgaestá aberto a' todos
O símbolo pode ser visual (o espaçoinfinito, o sol, a chama sem qualquer restrição. Mesmo o fato 'de ser' iletrado ou de ter
etc.) ou auditivo (um nomedivino, um manrra).Adorar atra- al921çiência-.sobtecartegada d! erros não é um impedimento:
vés de um símbolo é "juntar o espírito com devoçãoao que não "Mesmo um pecador empedernídõÍse'veifí'F'ãdõlãi=-Me com
é Deus, ao mesmo tempo vendo-o como sendo Deus", diz Râ- um amor .exclusivo,deveser visto como um justo, país fez uma
mânuja, isto é, servir-se de um substituto que apresente analogias justa escolha. Torna-se rapidamente uma alma plena de retidão
como objetoreal da adoração.Da mesmaforma, a imagemou o obtém uma paz.permanente. Proclame-o ousadamente,6 filho
estátuada deidade,de uma encarnação,
de um sábio,ou de um de Kuntí, meu fiel nunca perecível. Pois aquelesque se rel'ugiam
santo, serve de "suporte dc visão" dos atributos divinos. em Mim, .mulheres,vaiçya: çúdra, e mesmoaquelescujos eras
passados lhes valeram o pior dos nascimentos, 'todos atingem 'o
Objetivo supremos'." 1>(. ' ' '"'
4 SEU PRÓPRIO GUIA ESPIRITUAL,OU GURU
Inumeráveissão os iletrados e os intocáveis que atingiram
um elevadograu de realizaçãopela ÓAlüH: "Entre os b/zakfa. não
Ainda aí são as qualidadesdivinas que importam, c não o há distinçãobaseadano nascimento,no saber, na beleza,na raça,
suporte onde elas se encarnam. Aquele que vçnelaseu fura. na riqueza, na profissão etc;, posto que todos são Seusza;."
deve excluir do nensalnçQtotodo!.atliítlllãêõeE..g.jlppçJ:!glçÕçs
huJIBnali-.deslg..g..jé ÇQq$j!!çrat--suas
-qualíd3dçg..esl!!!jluajg,.pêlo.
huc--nãn..haj!!..!!D}Jisco dc !çgUc$$4o.A associação com os santos
é consideradacomo um dos meios principais de atingir a bAa#fí.
nm =.n!:e.=u.:a/=.Hm
â:ãlif l
pois é ao contato com outra chama que sua lanterna se acende.
zao BA. G.. VI. 30-31.
azo Bá. G.. IV. 6-8 zsi i?/i. G., IX. 30-32.
mo J?A. G., X. 41. 2w N'.B.S.. 72.
w3 Caíranya-Z?/iágapara,
lll
130 0 YoCA 0 YoCA DO AuOK 131

Em conseqüência. Q bh(#/a que. se aproxima de seu Deus benefício,nem em vida nem após a morte, e entrega-sea Deus
não se 'apeia.sobre sua própria dignidade,-social- ou moral, mas incondicionalmente. Nada quer para si, nem mesmo a laboração.
unicamente sobre a misericórdia divina: SÓ tem sede de Deus:
"ó Senhor,Tu és verdadeiramente o mestree o amigosu- 'Revela-Te a nós que exigimos somente a Ti, e não Te esfal-
premodo aflito, e eu sou o primeirodentreeles.O que mais farenlos com outros pedidos z:n
deve ser feito para estabelecer uma relação entre nós w'?" Céu ou inferno, liberação ou servidão, tudo Ihe é igual, no
"Não sou firme na prática das virtudes, não possuoo conhe- momento em que tem a oportunidade de absorver-seno amor
cimentodo Eu, nem mesmoa devoçãopor Teuspés de lótus. de Deus e de servi-lo constantemente:
Não tenho nenhum mérito de nenhumaespécie,e não tenho 'Quceu nasçacomoum ]aomem
ou um deus.comoum
nenhum outro recurso salvo Tu zas." animal ou uma árvore, como um mosquito, um verme ou um
"ó Mãe divina, sobre esta terra, entre teus inumeráveis pássaro, se meu coração está imerso no amor do lótus de Teus
filhos plenoscle valor, vejo-mecomo um ser que para nada pésabençoados,que me importa a espéciede corpo que eu ob-
presta de uma espécierara. Mas, 6 Benevolente,não é justo de tenha z=ls! "

tua parte me abandonar, a mim, tua criança. Pois acontece que 'Aqueles que se abandonarama Mim não se inquietam com
um mau filho nasce de vez em quando, mas nunca há uma mãe mais nada além de h/lim, não depositam nenhuma recompensa
perversa "'. ' mesmono nível de Brahmâ, ou de Indra, ou de imperador, nem
Todos os textos são unânimes em reconhecer que a b/zaktí à soberania dos mundos, nem aos poderes psíquicos, ncm mesmo
é a via de aproximação mais fácil. É mais cómodo para os seres à liberação do ciclo dos nascimentos
a:io
encarnados
meditar sobreos atributos divinos do que se con- .8quilg.d! que o.bAakra...quer.ser-salvo, o que !he causa os
centrar sobre o Absoluto não-manifestado. Jer11glç&...daangústia- naDE.é..ê:esç!%lCIZaçãQ..êlg..$ê!!ya!'aué
a sepa-
r O que diferencia o bAa&fa do homem religioso com tempel- ra!ão do Princípio.--A. liberação Ihe chega quase.à-su4
rêmÊntó tâmásico ou râjásico, é..que.nenhuma'forma de desejo .como um efeito da-graça divina,- seml:.Üue procure elevar-se à
!ggíst3..ygliLBlgcular--seu- amor a-Deus-.Nos..cultos tâmásicos, mesma posição-de seu Senhor;..Ê.a aceita, não pareíseu pfópno
observa-se umê..dependênc!&.Nen!.gompÇeensão dg. significado dc> bem, mas porque ela o une a Eles
iíÍua], um temor dos poderesobscurose maléficos. o fêêütso ãó
iitétodos ocultos para prejuãiêãt a .otitieiii7Nõi..râjásicos, a divin- 111. A adoração
dade.â.reverenci&da.somente..como um' meio de chega!..a.um
fim.-Procura-se torna-la .propícia para escapam: ài difili!!dados.A&. Do tempo que chega a ganhar liberando-sedo prazer, do
doenças,ou obter sucessoou podempessoal'Esta' forma "ambi- tormento, do desejo, do ganho e outras pretensões,o homem
ciosa" da religíãó encontra-se também nas comunidades organiza- não deve desperdiçar nem mesmo meio segundo.. . Deve libe-
dãg"que procuram estabelecer ou.conservar seu poder.seu pres- rar-se de toda inquietação e adorar constantemente. através de
todas as modalidades de seu ser, apenas o Senhor 240."
tígio.e.sua.prosperidadeuao..!nvés de .realizar. Deus.-Ao-conta:á-
ria..se umaaeligião assume....uma-forma.sáttlCjça,.Deu!..É.amado Quais são as formas que essa adoração assume?São inume-
por s! .DesmQucom...desinteresse, e.com .umg:.glar4.gomprlçns4o ráveis, mas as mais freqü-entementemencionadassão:
dã objetivo..$..dos.métodos .cometo!..pala atingi.:lo. A bA(üíí tem }.=...Jpegar-se à glorificação das qualidades divinas, pelo
de particular o fato de' scr isenta do solicitações egoístas.e do çravana c /}e/o kírtaná;.
temor ao Todo-Poderoso, e de implicar um completo esquecimen- A escuta (oral,a/za) compreende tanto o estudo dos textos
to de si por parte daqueleque ama. O bhakfa não atinge nenhum que ensinam as verdadesespirituais quanto a audição das recita-
a37 C//pa/adega,
VI, ll.
za4 ÇívanandaraAarí, 14. ZW Çivanandalaharí.
28õ Sfofrarafna.22. 2no Kulaçekhara, À/uXu/zda/nó/â.
3. 9
zas De»}aparâdlla-kshamâpana-stotra, 3. a40 N.B.S., 1'7.q9.
132 0 YoCA
O YOGA DO AMOR 133

ções que se referem ao Gesto sagrado, aos ates executados pelas Para a chamada incessante de Deus,.um método privilegiado
encarnaçõesdivinas. Escutar é beber o néctar das atividades lú- é a.repetição meditativa dos nomes.divinos (/apa), que é consi-
dicas do Senhor. O #fr/a/za consiste em cantar hinos, poemas, ou derada como "um banho mental". O sacrifício em form.a de lapa
nomcs divinos, com ritmo, música e frequentemente dança. J é o melhor dos sacrifícios.. Sua superioridade resido no fato de
2. Contemplara belezadivina, alegando-sea uma de suas que pode ser praticadapor todos, sempre, em qualquerlugar,
fortnas sem a assistênciade ninguém, sem ingredientesnem material.
Mg!.=$é...o .que.é.executado.lçlm conhecimento, fé e meditação,
3.., Pra//car o.çrlfuafs. de adoração (püjâ), que podem ser
tolda-.!g..espiritualmente...--ssll!!!.:::.=\. ;A:'repêiiçãõ' da palavra
muito elaborados, requerendo extrema atenção, 'ou muito simples.
O essencialé a disposiçãointerior com a qual'são mecutados: sustentaa repetição contínua da iãêiâ. "Aquele que repete um
Aquele que Me oferececom devoçãouma folha, uma flor. manfra sem conhecer-lheo sentido é como um asno que trans-
uma fruta, um cáliced'água,essaoferendade amor,vinda de porta uma carga de madeira de sândalo. Ele conheceo seu peso,
uma..alma que se esforça, Me é agradávela4i." mas não Ihe goza o perfume 24'v."A invocação dos mil nomes de
Deus (sa/zasranóma), fazendo-seprecedercada nome do manfra
X 4... sagrar.todos os alas a.Ek.. AUM 24' e do vocábulo /zamah (que significa reverência, sauda-
q Qualquer coisa que tu faças, do que quer que tu gazes,o ção, interpretada.também como: na mama, "nem eu nem meu"),
que quer que sacrifiquei, o que quer que tu dês, qualquer esfor- constituium milhar de oblaçõesde si próprio (ya,fãa),ao alcan:
ce de todos. Existem três tipos de repetição: em 'voz alta. mur-
ço ou asceseque empreendas,faça-o como uma oferenda a Mim. X'
murada inaudivelmente, e mental. A última forma é superior à
Assim/ tu estarás]iberado dos resultadosbons ou maus que
segunda, e a segunda à primeira. Sob a última.forma, .g:.rçpetb
constituem os grilhões da ação. Com tua alma em união com o
Divino pela renúncia, tornar-te-áslivre e chegarása Mim 24z." ção do .Nome ou .do ma/z/rapode.'sei mantida sem interrupção
em qualquer circunstnâciaL:mesmo enquanto sç .anda ou quando
Tudo Lhe deve ser dedicado, e "mesmo os sentimentos como se está ocupada em atividades.
o desejo e o orgulho só devem ser experimentados em referência
a Ele243". Todas as paixões devem ser voltadas em direção a S. Experimentar
por un?t instante.
uma angústia extrema se O esquecemos
Deus. A cólera e a impaciência são dirigidas contra os obstáculos
que impedemde atingi-lO, ou mesmocontra Ele, porque.não se Se mesmo um só instante estou separado do Ti, ó Sobera-
manifestalogo. O orgulho toma a forma de uma altivez.:deper- . no, imediatamente me consumo em tormentos. Permaneça, pois,
vencer-Lhe. A possessividade faz dizer "Deus é 'mêu ' etd'' pç'' /l sempre visível 240." ' ' ' '
'Reverências a essa cobiça que, ligada a Ti, me ;permite :&..gglqHnaçãQ
da bÀa#/í é atingida quando o menor esqueci-
atingir-Te 244." ' ' ' ''/ / mento de Deus nrovocq:..]10:..gQlríniento
i'ntolerável, porqiiê"i:iê
esquecimento,por mais insignificante.que--pareça,evoca ãsí'ttef:
3. Lentbrar-se constantemente de Sua presenqa.
iiíããilê: eiii'quf se viveu longe dele:-- v'
E Ele está presente principalmente no coração, ainda que
ao esquecimentode Si, do Divino projetando-sena criação múl- 210 CAónd. C/p. 1, 1, ]0.
tipla, "corresponda,
no plano místico,e para prestarajuda, a z17 Yâska. Arfru#/a.
l tomada dc consciênciaou lembrança ininterrupta de Siu4n".

24i B/z. G., IX. 26.


z-lz J?A. G., IX, 27-28.
243 N.B.S., 65.
244 Pipa/adega, XVII. 28.
215 Silburn, Z,a l?/zakrí. p. 14. 1ljH' .=âil::,
aab«Mlut=.:«. '-:1:.deram..::- s««d. Éi;bai'$ bãÚ;':'Ú
24$ C//pa/adere, VI, l.
134 O YOGA DO AMOR 135
0 YoCA

2. A b/zak/i apaixonada .(rágánzzga-bhakfí), resultado de


Quando então Tua essência,Serlhor, que se revela no ins-
villa ])rácica sincera da primeira, é caracterizada por uma aspi-
taii:e precisocin que $e nlcdita sobre ela, prccnchcrápara sem-
'f:i:=o'intensa e pei:manentê' eiiídireção ao objeto da adoração.
pre com o flua;o de sua ambrosia suprema as muito antigas
Ela não está mais ligada ppr nenhumaregra'nem'bresêríção, e
lcridas aberta:i !)or minha ignorância cla verdadeira liberação =5i'?"
Às \czcs esses períodos de afastamento são devidos aos obs- brota dirctamente clo mais profundo do ser. Caitanya compara-a
a uma inundação:
táculos interiores e exteriores, às imperfeições, à fraqueza do ;0 curso de um rio (simbolizando a bha#fí tradicional) é
ó/zc'/{/a, club se queixa amargamente de si mesmo:
sinuoso, e um navio cíuc o siga não pode chegar rapidamente a
Po! que o pensamento de Tçu.escravo .se..desvia .para.p
seu objetivo. Mas quando as águas sobem, o navio (a favor da
mau cam.hho, evitand(i'ã intuição--de sua identidade Cgrttigo, em-
.Çg!:z!:.ji!!bcnclQ.q!!Ê..nêle.existe-aqui--.nesta.Mda.n.enliunn.
oul,ra. ale- inundação) segueuma rota irregular sempre rota e chega mais
.gE]alie n1]u in-ou t ra--g ozo-;U? " rapidamente à destinação. Da mesma forma que a via irregular
(Porque é independente das prescrições escriturais) da b/zakfí
Outras vezes a radiante Beleza divina parece esconder-se no apaixonadaconduz o fiel mais rapidamente a Krshlza."
momeilLO exala em que se crê cal)Lura-ja, c permanece incom-
pícensi\ elmcnte oculta: Distingue-setambém a b/zakrí, que ainda está misturada ao
conhecimento da majestade divina, da b/zakfi vazia desse conhe-
Já que Te aproximaste do campo de minha visão, S:nhor, cimento. Esta última está "de alguma forma cega, como todo
por que te afastas de mim, Teu escravo?"
Se Tu és a própria Verdade, adore somente uma forma de amor.. . Ela n:ío critica nem investigao objetodivino de ado-
agir: graça ou desgraça *s'!'' ração?;'". Todo :ntelectualismoé varrido por uma devoçãoex-
tática. Râmakrishna dizia: "As discussões filosóficas vos darão
Mas mesmo a agonia da separação, as angustias do desejo, mais sabedoria do que tendes? Não vedes que meio festeiro de
que tornam Deus presentepelo sentimentode sua ausência,são vinho é suficiente para embriagar-vos?Então, de que serve cal-
caros ao coração do /)/zcrkfa, que não os trocaria por nenhuma
satisfação terrestre:
culardes quantos barris existem na adega, já que não buscaís
senão a embriaguez 2n5?" ' A qualidade particular dessa b/lakfí é
Glória a essagrandefestade amor indizívelondeos pró- não Querer considerar os atributos de grandeza, de poder e de
prios choros têm no mais elevadograu -o sabor de ambrosiaza3." glória de Deus, mesmo quando se manífestal-n,e não considerar
senão a intimidade da relação com Ele.
IV. As etapas da bhakti ':Por que..vós sempre insistia sobre a glória e Q poder do
Senhor? Um íijho, senlBdgjynto a seu oai:afirma continuamen-
Mas qualquer que seja a prática ou as práticas adoçadas,o ..Lg;...:blelLpêLlçmlantos .PQDêiis, iãiiiãi''tãêãÊ:''íãiííõi''Eãialos.
esscncialé que a bhakfí amadureçasob um amor intenso e cons- tantas.vêcRS..ÊJaBçg:.jardins.' Não lãita preTêfíi;êl se pensasse
.tente-da. Realidade suprema. Distinguem-sq assim graus de com emoçãono amor mútuo que existeentre ele e iêü"i)ai'"'r'
amadurecimento=' A.:afeição ]db'bAa#/a]::])(ir'.'Deus comporta:anca'llnuançag;
cinco modos íó8ál'a) ou sabor.eS..kçFa), que são simbolizados
1 . A b/za#/i tradjçlonaLQ'aid/H:b/zaXli)--é-aquela .quc. é.prqr por"iõlacõçs.humaDj!!=. Cada uma dessas''ãiitüdês-pode-seresco-
tacada $çguinilit gg.prescrições..da! Elclíturas, por aqueles que Ihida com exclusão das outras, mas podemos também nos elevar
õão têm ainda uma relaçãopessoal.direta-ggm.Deu!:
Não se cleuma a outra num crescendode amor.
contam inenoq"dó (iué icssenta c quatro meios tradicionais, como .!.:...fán/a:.. aquietude, a.paz.
freqücntar os santos, o canto c a recitação do nome sagrado, as 2 aó.!vy;..g serviço. o sentimento.de ser.o servido!:.de Deus,
peregrinações, o serviço reverencioso da imagem divina etc. seu .escravo,. (!e alegrar-sç enuser.vi:lo por.dadas..a$-vias-possíveis,
Ufpa/a(cepa, VITT, 8. 254 !

Sukumar Chakravarti, Caí/anca ef sa /Ãéoríe de J'a/notardívíí P. 105


Urra/adega, IV, 17. 255
L'Eltseignei?lent de Râmakrishna, p. 412.
Urra/adere, Xl1, 16 e XI, 7 956 /ÓÍd., P. 414.
Urna/anel'a, XVll, i.
136 0 YoCA
O YOGA DO AMOR 137

sem esperar.a menor recompensa,mas por amor a Elo, sem o veres; a irrupção do Divino em sua vida a afasta bruscamente
menor indício de medo ou obrigatoriedade.É a relação que 'liga de seu universo, e Ihe revela uma dimensão de amor insuspeita-
da, sem que para.tanto ela seja livre, ao mesmo tempo interior
.gJ.AZg; a. amizade.Deus é sentido não mais como um e exteriormente, de reencontrar e de atingir essa perfeição ina.
Desfie, mascomo o amigo do coração, em direção a quem existe preensivel,que, como um amante dificilmente vislumbrado, apa-
UDP .gpnfiança absoluta e uma camaradagem SQm reservas. as-
rece somente por intermitências. É um amor onde a posse é rara
sociando-sesempre a tudo o que nos diz resnejto É a rola-an e breve, e a separação cotidiana.
que liga Arjuna à Krsh/za. ' ' ''''' :' "..="uvuv
Três característicasfazem do sentimento da amante um sím-
kvá/sa/yM;"'ã''têiííüia materna (ou paterna) .para com
à bolo.adequado desse tipo de bAak/i. Tais são;.l) o pensamento
Deusa ..comparável à afeição devotada dos pais para com seus
constante no bem-amado; 2) um desejo jnsaciáve]..de .Feencon-
filhos:.O ó/zakfa, nesse caso, considera-se como o brõtêtor, e a trá-lo; 3)'uma completa'cegueira em' relação aos defeitos.do
Divindade que nele nasce,tal como uma criança divina, deve ser homem amado que bérlnite à amante tel''gempri dele uma visão
constantementeprotegida, alimentada, o objeto de todos os seus transfigurada pelo amei.
cuidados. Essa atitude tem por objetivo despojar.nos de todo
Esses t'rês elementos não estão presentes na mulher legítima
temor e,tS11sãQxparacom Deus, e inclui os sentimentos preceden. que vivo sob o mesmoteto que seu esposo.Por outro lado. "a
tes, poilí('amãe,)étambém a servae a amiga de seu filho. É a esposa..pode rworrer à proteção da lei'o da sociedade; ela tem
q relação coiii--céus que tiveram as mães das' encarnações divinas, o direito de exigir o amor e a afeiçãode seumarido;estáaté
como Devakí, a mãe de Krshna, e Yaçoda, sua mãe adotiva.
certo ponto assegurada contra os erros ou as infidelidadesque
5. mad/lura: o amor, simbolizadopelo do uma jovem para o marido possa cometer. Mas a amante não pode contar com
çom .!ç!!-bem:gma4Q: Essa relação se justifica pelo'fato de que,. nenhuma proteção. . . ela não tem nem esperança nem recursos
em relação a Deus, todas as almas são femininas; ])eus é o único ra do amor e da ternura de seuamanteab". Inversamente."o
Macho (Pumba); ou, para exprimi-lode outra forma, "a in- marido tem um sentimento de posse -- de 'meu: /flama -- em
dividualidade exterior e atava do .um homem ou de uma mulher relação a sua mulher, que favoreceo desenvolvimentodo a/zam-
é feminina por. natureza,.ç.submetida.a seu próprio Eu interior kára ao invés da superaçãodestezoo"..A paixão da amanteé to-
g.contçilrl21aljyg.?::=, que é masculino. Essa relação do amor.
a mais íntima de todas, inclui todos os sentimentos precedentes,
k pois "a mulher vela pelo conforto e necessidades
do homem
como uma serva por. seu senhor; ela o ajuda a cumprir seus de-
verese partilha, como amiga, suasalegrias e tristezasw8"; pro-
tege-ocomo mãe, Ihe faz presentede si mesmae de tudo 'que
e seu

Essa mesma modalidade de amor subdivide-se, segundo cer-


tas .escolas de bAakfl, em duas nuanças. A prime-ira (sva#íya) é
simbolizadapelo amor exclusivoe fiel da esposaao seu marido.
amor que a faz consagrar-se a ele infatigavelmente. A segunda
(parakíya) é simbolizada pelo amor apaixonado da amante ao
seu amado. Esse simbolismo corresponde a uma situação de fato:
cada alma neste mundo encontra-se,tal como uma mulher ca.
sada, empenhada numa trama de relações, de ligações e de de-

PS7 A. Coomaraswamy, /7fndouísme e/ l?ouddAísme,


2ss S. Chakravarti, Caífanya, p. 110.
p. 31. wo lófd.,p. lll.
aao Madeleine Biardeau, C/e/s tour /a pensée Àfndoue. Seghers, p. 195.
138 O YoaA
O YOGA DO A.MOR 139

para.com.Deus. Deus se deixa conquistar por esseamor. A lou- Mas quantia ela se revela, "para os b/zak/a, esse banqueta
cura.da amante,por suporuma.doação
de.si por puro amor, de amor prossegue noite e dia, até no sonho, até na inconsciên-
onde não entra nenhumaideia.de dever nem de interesse.e cia, . . . não somente quando recitam nzan/ra. banham-se ou me-
porque .implic.a um risco voluntariamente consentido de tudo per- ditam;mas a cada instante e em tudo o que fazemzm"
1lÊr, um sacrifício de seu dever, segurança, reputação, salvação Tudo parece fundir-se e dissolver-se no amor: "0 dilúvio di-
e mesmoeventualmel)tede sua vida, representade modo adequa- vino de Tua contemplaçãorecobroucom um fluxo uniforme ale-
do o furor sagradodo amo! a Deus.É a !ilação de Ródhá e'das grias e desgostos,como uma inundaçãoiguala sobre o solo sul-
Golf, pastosas de Vrndâvan, com Krshna.
cos c declives 20'i." O b/zak/a reconhece seu BeiD:4111gdg..glialquer
EsÉê amor'êbmporta dois tempos, duas fases, que se vão
que seja o disfarcesob o qual eie aparece-.EIQ..g
ve por !Qda
alternando: embriaguez na comunhão com o amado (/tzadana),
parte e.. em tudo, presente eip todos-os .seres, "susteiii;;ido este
e desvario na separação (mo/lama). Distinguem-se também seis universo inteiro com uma parcela infinitesimal de Si mesmo
nuanças: ternura (sne/za), despeito amoroso (mana), intimida-
Vejo Tuas formas infinitas de todos os lados, :masnão vejo nem
de (pranaya), paixão (rega), paixão extrema (anuróga), senti- leu fim, nem Teu meio, nem Teu começo, ó Senhor do univer-
mento supremo (/naháb/lava).
so, ó Forma Universal z07." O mundo aparece-lhe "transbordando
de luz e felicidade2w". xAs etapas dessa tomada de consciência
V. Preman são dono)minadas: vive "' ' ' ::"'''-"''
:.:...::.,-- : -- r no. meküo mundo de .Dey$ (sá/okya),
vivei'na' Proximidade dd Deus-(samípya)-,transformar-se' à' sua
Tudo isso..!elyltê, Da experiência incomunicável do amor...pet:
$çmelhança :llsãrá»jã)::.ê: fiiialment%- .transcendendo- .tMa dualida-
!Eit(í(pi:ênlan)., que não é senão a b/zak/í guÊ..chegou à !nãtu- des.identificar-se.a: .:Ele. (sáyz2jya)- '' "'""
ddêç!g..(e!!!&!n.g:Ó&g4;(Í},.gue.se.tornolL.unLiluxa..j1lintemipto de
amor a Deus dominando todo o psiquismo, "crescéiãõ"ãí'íiiiêii:
sidade a cada instante, sem intermitências, extremamente sutil. VI. Unificação ou Bha1lti Suprema (parabhakti)
penetra-/el somente pela intuição20i", "tão inexplicável quanto Enquanto a alma.mdividual çslá penetrada pelo amor divi-
um prato deliciososaboreadopor um mudoz'z". Ele se manifes-
no, ela torna-sê inconsciente de sua existência distinii ç absorve.
ta às vezes por estados emocionais violentos, extáticos: "Aquela
cujo coração se funde ao canto de Seu nome aue faz nascer o se em Deus. Pois a união da amante e do amado não boda'tõm-
plejar-seenquantonão haja a total imersãode um no outro.É
pre/7zí7/7,
esseri, chora, grita c dançacomo um louco. de um
a descrição da união com Deus nos termos de um simbolismo
modo (!u: não está nas regras usuais2'i:l." Esse amor "agita co- caótico: 'Da mesmaforma (lue lim hoíllcnt abraçadoí)or sua
ração.e espírito, torna-a ávido de atingir os pés de Krsh/za. Faz o m-amada nada mais sabe do 'Eu' o do 'Tu;, assim o Et! bcliado
fie! rír, chorare cantar,dançare gesticularcomotomadopela pelo Eu onisciente não sabe mais nada de um 'eu' no iate-lor
loucura: transoiração, excitação, pêlos eriçadas, lágrimas, voz en-
trecc,nada. palidez, embriaguez, desfalecimento e firmeza. orgu- u de um 'tu no exterior2co."O eu separado,manifestaçãotran-
lho, alegriae humildade,esseamor faz o fiel passarpor todos sitória e contingentedo Eu único, retorna a seu Princípio, morre
e:;sescst?tios e mergulha-o+num oceano ambrosíaco, a'beatitude para renascer em Sua vida. "Aqueles que amajn Harí, em ver-
de Dcus2í;t." Sc.fundo Caitanva, um dos grandes porta-vozes da (ade, perdem-se em Hari", é um' motivo condutor do B/zógal;a/a.
Uma Golf cujo espírito está absorvido em Krshna choca seu
ó/za#/f, o Frei;Z;íé "a essência'ililarlante de Deus", inerente' a
qualquer alma humana, mas que, sendo obscurecido pelo véu da braço sobreo ombrode uma outra Go.a;e diz-lhe:' Olhe, eu
i1ll$ãg...(açqJ:é).Lsó w revela il oós muito ntatica:i-+ -b/zak/í
os C//pa/adega, XVII. 7-8.
{;i N.B.S.. 2. eoe t//pa/adega. 111. $.
m7 B/z. G.. XI. 16.
zaz //.B.S.. 5] .
í;:i l?/i(?gavafa-Pur.,XI, 11, 39. =e8 L. Silburn, Z,a B/zakrí, p 75.
t C'af/arzya-cara/ó/}zr/a,
1, Vll Zoo Br/zad-Hranyaka
Up., IV 3, 21 tradução de A. Coomaraswamyem
flindouisnte et Bouddhisme,
3 1. p

Você também pode gostar