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PETIÇÃO 9.

456 DISTRITO FEDERAL

RELATOR : MIN. ALEXANDRE DE MORAES


REQTE.(S) : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA
AUT. POL. : POLÍCIA FEDERAL
REQDO.(A/S) : DANIEL LÚCIO DA SILVEIRA
ADV.(A/S) : LAYANE ALVES DA SILVA
ADV.(A/S) : PAULO CÉSAR RODRIGUES DE FARIA
ADV.(A/S) : JEAN CLEBER GARCIA FARIAS

DECISÃO

A Procuradoria-Geral da República, intimada para se manifestar


quanto aos relatórios de monitoramento eletrônico do Deputado Federal
DANIEL SILVEIRA, alega, inicialmente, que (a) “os relatórios de
monitoramento indicam diversas violações. Parte delas, em tese, foram objeto de
pronunciamento por parte do órgão fiscalizador, que prestou informações
indicando que o rompimento da cinta não teria sido intencional, que a bateria foi
carregada dentro do período de tolerância ou ainda que a violação à área decorreu
da visita do monitorado à central de manutenção”; e (b) “os esclarecimentos
trazidos aos autos, entretanto, não afastam o quadro de reiteradas violações do
cumprimento cautelar. Para fins de registro, todas as ocorrências documentadas
foram consolidadas na tabela abaixo, da qual é possível contabilizar cerca de 30
violações, entre as quais, quatro relacionadas ao rompimento da cinta/lacre, vinte
e duas pertinentes à falta de bateria e cinco referentes à área de inclusão”.
Segue afirmando o órgão ministerial que, da análise dos
esclarecimentos que acompanharam os relatórios, nota-se que as razões
apresentadas pelo requerido são no mínimo incompatíveis com as
medidas estabelecidas, tal como a prática de atividade física que oferece
risco à integridade do equipamento.
Além disso, indica que “com a reiterada falta de carga na bateria da
tornozeleira, violação que foi documentada por mais de vinte vezes, a despeito de
ter sido consignado nos relatórios que o requerido foi advertido em todas as
respectivas ocorrências acerca da necessidade do devido carregamento do
aparelho. A falta de funcionamento do equipamento esvazia o propósito do

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monitoramento eletrônico, pois acarreta a perda de comunicação com a central. A


inobservância do dever de manter o equipamento com a carga, mesmo advertido,
não se apresenta sustentável”.
Quanto às violações relativas à área de inclusão, a PGR aduz que,
embora parte delas sejam explicadas nas manifestações apresentadas
pelas autoridades responsáveis pelo monitoramento (3 e 10/5); outras, (5 e
22/4), não são sequer mencionadas nos pronunciamentos que
acompanharam os relatórios de violação referentes às aludidas datas.
Além disso, argumenta o Ministério Público que o monitoramento
pressupõe também a visita regular à central para acompanhamento e
manutenção do equipamento, mas os relatórios, neste caso, indicam que o
requerido, por mais de uma vez, deixou de comparecer ao agendamento,
sem apresentar justificativas.
Ressaltou, no ponto, a ausência de pronunciamento da defesa do
requerido acerca das violações aqui destacadas, muito embora tenha sido
facultada a sua manifestação, conforme despacho de 16/4/2021. Alega,
ainda, que, dado o lapso temporal entre a primeira ocorrência e as demais
verificadas, observa-se que o requerido dispôs de tempo suficiente para
apresentar, se fosse o caso, razões para as violações.
Assim, contatando que os deveres relacionados ao cumprimento das
medidas não estão sendo realizados pelo requerido, a PGR entende que
as medidas decretadas não alcançam seu propósito em razão do
comportamento do requerido, indicando que a manutenção de tal regime
não mais se mostra adequada.
Postulou a PGR pela (a) abertura de inquérito policial pela prática,
em tese, do crime de desobediência a decisão judicial sobre perda ou
suspensão de direito (art. 359 do Código Penal), tendo como ato
inaugural a oitiva do requerido pela autoridade policial; e (b) regressão
do regime imposto quer com (i) o fim da substitutividade, conforme
decisão de 14/3/2021, quer com (ii) reforço da tornozeleira com a fixação
de fiança coadjutora para evitar a resistência injustificada à determinação
judicial e a repetição dos incidentes já ocorridos.

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DANIEL SILVEIRA, a seu turno, apresentou petição insurgindo-se


contra a manifestação ministerial, alegando, inicialmente, sua preclusão
temporal. Defende, no ponto, que tendo a PGR sido intimada para
manifestação em 26/5/2021, com prazo de 5 (cinco) dias, o prazo se
esgotou em 30/5/2021, ou, no mais tardar, em 31/5/2021.
Ressalta, inclusive, que a Secretaria Judiciária certificou nos autos
que o prazo para a PGR se manifestar se encerrou em 1º/6/2021. A
manifestação, no entanto, foi apresentada somente em 4/6/2021.
A defesa sustenta, ainda, a ocorrência de cerceamento de defesa por
ausência de intimação desde 23/3/2021. No ponto, alega que em
17/3/2021, “com a juntada de procuração, sem ratificar qualquer outra
anteriormente conferida, revogou tacitamente os poderes dos procuradores
anteriores”, ressaltando ser esse entendimento aplicado nos autos desta
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Alega que, quando do despacho de 14/4/2021, os advogados não
haviam sido habilitados, apesar da procuração juntada em 17/3/2021.
Argumentam, portanto, que “não foram intimados de nenhum dos atos
praticados pelo eminente Relator, o que prejudicou catastroficamente a defesa do
ora perseguido político”.
Defende que não há justificava apta a ser apresentada no sentido “de
que os advogados com poderes revogados tacitamente poderiam receber
intimações, eis que ficaram habilitados mesmo após a procuração dos novos
advogados, pois desde o dia 17/03/2021, estes foram habilitados (e-doc 56),
tornando aqueles atos praticados sem a intimação de seus defensores atuais como
inequívoco cerceamento da defesa”.
Requer, ao final, (a) o desentranhamento da petição de e-doc 245, com a
sua imediata exclusão, desconsiderado o seu teor, diante de claro prejuízo da
defesa pela falta de intimação em e-docs 145 e 146, conforme explicitado alhures;
(b) a nulidade de todos os atos até então praticados, eis que claramente
trouxeram prejuízos ao perseguido político Daniel Silveira, sendo restituídos
todos os prazos, com os respectivos prazos devolvidos, na sequência ocorrida,
respeitada a ordem como ocorreram e respectivos prazos para manifestações; e (c)
total atenção da secretaria para que falhas grotescas como essas não mais

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ocorram, pois prejudicaram severamente a defesa, inclusive, fornecendo motivos


à extrema-imprensa para ”fazer a festa” com atos irracionais e que ofendam o
devido processo legal, ampla defesa e contraditório.
É o relatório.

1. DAS PRELIMINARES SUCITADAS PELA DEFESA

1.1 DA ALEGADA PRECLUSÃO TEMPORAL

Efetivamente, em despacho de 26/5/2021, foi aberta vista à


Procuradoria-Geral da República, para manifestação quanto aos
relatórios de monitoramento eletrônico de DANIEL SILVEIRA, no prazo
de 5 (cinco) dias. Em 2/6/2021, a Secretaria Judiciária certificou nos autos
a ausência de manifestação do órgão ministerial. A petição ora em análise
foi apresentada, de fato, em 4/6/2021.
Conforme citam os próprios advogados (eDoc. 246, fl. 3), “a preclusão
temporal é a extinção da faculdade de praticar um determinado ato processual em
virtude de haver decorrido o prazo fixado na lei”.
Nos termos do art. 282, § 4º, do Código de Processo Penal, no caso de
descumprimento de qualquer das obrigações impostas, o juiz, mediante
requerimento do Ministério Público, de seu assistente ou do querelante,
poderá substituir a medida, impor outra em cumulação, ou, em último
caso, decretar a prisão preventiva, nos termos do parágrafo único do art.
312 deste Código.
Não consta da lei, como se vê, qualquer limitação temporal ao
Ministério Público no que diz respeito ao requerimento previsto no art.
282, §4º, CPP. Além disso, o órgão ministerial poderia fazê-lo mesmo sem
intimação específica acerca dos relatórios, desde que entendesse
descumpridas as obrigações impostas.
A fixação de prazo de 5 (cinco) dias, conforme constou do despacho
de 26/5/2021, busca dar celeridade ao processo, o que não obsta, todavia,
eventual entendimento do Ministério Público da necessidade de
apresentar requerimento da decretação da prisão preventiva, o que

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poderia ocorrer, repete-se, a qualquer momento.

1.2 DO ALEGADO CERCEAMENTO DE DEFESA

A prisão em flagrante delito, por crime inafiançável do Deputado


Federal Daniel Silveira foi determinada nos autos do Inq 4.781, em
16/2/2021, tendo sido referendada pelo Plenário do SUPREMO
TRIBUNAL FEDERAL em 18/2/2021.
A audiência de custódia foi realizada, por videoconferência, no dia
18/2/2021, às 14h30min, da Delegacia de dia da SRRJ.
A Procuradoria-Geral da República apresentou denúncia nos autos
do Inq 4.828, ocasião em que foi determinada a autuação desta Pet
autônoma distribuída por prevenção ao mencionado inquérito.
Estabelecidos os marcos temporais acima, relevante rememorar a
representação processual de DANIEL SILVEIRA nos autos, conforme
breve histórico abaixo:

Em 18/2/2021, em procuração de próprio punho, DANIEL


SILVEIRA outorgou poderes gerais “ad judicia e extra” no escopo
do Inquérito 4.781 “e quaisquer desdobramentos que o mesmo possa
vir a ter” ao advogado Maurizio Rodrigues Spinelli (OAB/RJ
232.988), tendo o referido causídico lhe assistido na audiência
de custódia (eDoc. 10, fl. 30), na companhia do advogado André
Benigno Rios (OAB/RJ 231.496).
Em 20/2/2021, outra procuração foi outorgada, dessa vez a
Jean Cleber Garcia Sociedade Individual de Advocacia, ao
advogado Jean Cléber Garcia Farias (OAB/DF 31.570) e à
advogada Juliana Araújo Carneiro (OAB/DF 52.517), conforme
eDoc. 13, fl. 6 e eDoc. 17.
Em 15 e 16/3/2021, petições subscritas pelo advogado
Maurizio Rodrigues Spinelli (OAB/RJ 232.988) vieram aos autos
(eDoc. 40 e eDoc. 48).
Analisada a pretensão de restituição dos bens apreendidos
(eDoc. 50), DANIEL SILVEIRA foi intimado da decisão na
pessoa do advogado Maurizio Rodrigues Spinelli (OAB/RJ

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232.988), nos endereços eletrônicos jeancleber1@hotmail.com,


jcgadvogados1@hotmail.com e mauriziospinelli@hotmail.com
(eDoc. 53).
Em 17/3/2021, nova procuração foi outorgada, dessa vez
aos advogados Layane Alves da Silva (OAB/GO 54.906 e
OAB/DF 65.676) e Paulo César Rodrigues de Faria (OAB/GO
57.637 e OAB/DF 64.817).
Em 26/3/2021, DANIEL SILVEIRA apresentou resposta à
acusação formulada pela Procuradoria-Geral da República, em
petição subscrita pelo advogado Jean Cléber Garcia Farias
(OAB/DF 31.570) (eDoc. 98) e assinada eletronicamente por
Juliana Araújo Carneiro (OAB/DF 52.517) (eDoc. 99).
Em despacho de 6/4/2021, determinei a intimação da
defesa do investigado e da APCME – SEAP/PR, para que
fossem esclarecidas as ocorrências indicadas no relatório de
monitoramento eletrônico do denunciado, relativo ao período
de 29/3/2021 e 5/4/2021 (eDoc. 128).
Em petição de 20/4/2021, subscrita pelo advogado Jean
Cléber Garcia Farias (OAB/DF 31.570) (eDocs. 151 e 152), a
defesa assim se pronunciou sobre o despacho supracitado: “em
que pese a reiteração de intimação para que essa defesa esclareça sobre
as ocorrências indicadas no relatório enviado a esse Colendo STF pela
Central de Monitoração eletrônica, entende a defesa técnica que
efetivamente quem deve esclarecimentos é o autor do documento, não
cabendo a esta defesa, corrigir eventuais erros de órgão da
administração pública”; e “é de se reconhecer que se existem
inconsistências no corpo do relatório onde informa que o monitorando
não cometeu violações e em outro momento informa que houve
rompimento de cinta e descarregamento, cabe, reiteramos, ao emissor
do documento prestar os esclarecimentos, não podendo a defesa se
imiscuir em atribuição de outrem”.
Em sessão ordinária do Plenário, realizada em 28/4/2021, o
Tribunal, por unanimidade, recebeu a denúncia oferecida
contra DANIEL SILVEIRA e, por maioria, referendou as
medidas cautelares implementadas, vencido o Min. MARCO
AURÉLIO. Naquela sessão, sustentou oralmente o advogado

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Jean Cléber Garcia Farias (OAB/DF 31.570).


Em 3/5/2021, os advogados Jean Cléber Garcia Farias
(OAB/DF 31.570), Juliana Araújo Carneiro (OAB/DF 52.517) e
Maurizio Rodrigues Spinelli (OAB/RJ 232.988) substabeleceram,
sem reservas, os advogados Leandro Mello Frota (OAB/DF
64.01) e Maria Isabelle Souto Leite (OAB/DF 64.351) (eDoc. 160).
Em 7/5/2021, DANIEL SILVEIRA requereu juntada de
nova procuração, e de substabelecimento, requerendo,
inclusive, que as futuras publicações fossem feitas
exclusivamente em nome dos novos patronos (eDoc. 176). Na
ocasião, foram outorgados amplos poderes aos advogados
Leandro Mello Frota (OAB/DF 64.01) e Maria Isabelle Souto
Leite (OAB/DF 64.351) (eDoc. 177), substabelecido, com reserva
de poderes, o advogado Rodrigo Lessa Tarouco (OAB/PE 43.931
e OAB/PB 28.484).
Em 10/5/2021, foi proferido despacho atendendo ao
requerimento supra, com determinação à Secretaria Judiciária
de retificação da autuação, o que foi devidamente certificado
(eDocs. 182 e 183).
Em decisão de 11/5/2021, indeferi requerimento de
revogação das medidas cautelares diversas da prisão impostas
ao parlamentar, que havia sido subscrito pelos advogados
Layane Alves da Silva (OAB/GO 54.906 e OAB/DF 65.676) e
Paulo César Rodrigues de Faria (OAB/GO 57.637 e OAB/DF
64.817).
Em 13/5/2021, os advogados Leandro Mello Frota
(OAB/DF 64.01) e Maria Isabelle Souto Leite (OAB/DF 64.351)
informaram que o requerimento de revogação havia sido
subscrito por advogados não habilitados nos autos.
Em 14/5/2021, determinei o desentranhamento da petição
subscrita por Layane Alves da Silva (OAB/GO 54.906 e OAB/DF
65.676) e Paulo César Rodrigues de Faria (OAB/GO 57.637 e
OAB/DF 64.817) (eDoc. 195).
Em 17/5/2021, os advogados Leandro Mello Frota
(OAB/DF 64.01) e Maria Isabelle Souto Leite (OAB/DF 64.351),
ao argumento de que a juntada de nova procuração revoga as

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anteriores, pleitearam o desentranhamento de nova petição que


havia sido apresentada por Layane Alves da Silva (OAB/GO
54.906 e OAB/DF 65.676) e Paulo César Rodrigues de Faria
(OAB/GO 57.637 e OAB/DF 64.817) (eDoc. 213).
Em despacho de 18/5/2021, determinei o
desentranhamento da petição, nos termos requeridos,
ressaltando os pedidos contrapostos trazidos aos autos.
Por fim, em 1º/6/2021, DANIEL SILVEIRA requereu a
habilitação dos “novos e únicos patronos”, informando que
“quaisquer outros instrumentos de procuração e/ou substabelecimento
encontram REVOGADOS tacitamente, conforme descrito no
instrumento procuratório” (eDoc. 238, 239 e 240). Na ocasião,
foram habilitados os advogados Layane Alves da Silva
(OAB/GO 54.906 e OAB/DF 65.676) e Paulo César Rodrigues de
Faria (OAB/GO 57.637 e OAB/DF 64.817) e Jean Cléber Garcia
Farias (OAB/DF 31.570).
A Secretaria Judiciária certificou a retificação da autuação
(eDoc. 243).

Cumpre esclarecer que, conforme o princípio pas de nulitté sans grief,


é necessária demonstração de prejuízo acerca das nulidades suscitadas
(RMS 28.490-AgR, Rel. Min. ROBERTO BARROSO, Pleno, DJe de
24/8/2017), o que não ocorreu no caso em exame.
Como se vê, o requerido já foi representado nestes autos por vários
advogados e, não havia, até 13/5/2021, qualquer circunstância que
evidenciasse revogação das procurações. Pelo contrário, a defesa agiu de
forma uníssona, tendo apresentado requerimentos ora por uns
advogados, ora por outros, sem que houvesse qualquer menção a
eventual revogação.
Tudo indica, aliás, que, desde o início, os advogados Maurizio
Rodrigues Spinelli (OAB/RJ 232.988), Jean Cléber Garcia Farias (OAB/DF
31.570), Juliana Araújo Carneiro (OAB/DF 52.517), Layane Alves da Silva
(OAB/GO 54.906 e OAB/DF 65.676) e Paulo César Rodrigues de Faria
(OAB/GO 57.637 e OAB/DF 64.817) atuaram no processo de forma
harmônica.

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A evidenciar essa circunstância, inclusive, a mais recente habilitação


nos autos, em 1º/6/2021, onde constam advogados que anteriormente
haviam sido habilitados por procurações distintas: Jean Cléber Garcia
Farias (OAB/DF 31.570), Layane Alves da Silva (OAB/GO 54.906 e
OAB/DF 65.676) e Paulo César Rodrigues de Faria (OAB/GO 57.637 e
OAB/DF 64.817).
Após 7/5/2021, quando habilitados os advogados Leandro Mello
Frota (OAB/DF 64.01) e Maria Isabelle Souto Leite (OAB/DF 64.351)
(eDoc. 177), mais especificamente em 13/5/2021, é que vieram aos autos
pedidos contrapostos, inclusive de desentranhamento de petição.
Essa situação - notória contradição entre os advogados - conforme
ressaltei no despacho de 18/5/2021, é preponderante para aplicação do
entendimento do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL no sentido de que a
constituição de novo advogado para atuar na causa, sem ressalva ou
reserva de poderes, representa revogação tácita do mandato
anteriormente concedido. Tanto é assim, que ficou expressamente
consignado no despacho de 18/5/2021:

Para além disso, confiram-se as seguintes decisões


monocráticas, de mesmo entendimento: AR 2457 ExecFazPub
(Rel. Min. EDSON FACHIN, DJe de 28/3/2019); MS 31.588 (Rel.
Min. ROSA WEBER, DJe de 1º/12/2016); MS 33.547 (Rel. Min.
GILMAR MENDES, DJe de 14/4/2015).
Neste último precedente, inclusive, assim consignou o
Relator:
“Diante da manifesta contraposição dos pedidos
formulados pelos referidos advogados, há que se
resolver o conflito atribuindo-se prevalência à
procuração mais recente (eDOC 32 e 37), porque
outorgada sem ressalva em relação à procuração anterior
(eDOC 31), circunstância a evidenciar revogação tácita de
mandato, nos termos do art. 687 do Código Civil”.

Neste caso, está evidente a contenda entre os advogados,


aqueles habilitados anteriormente, e os recém constituídos,

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diante de requerimentos contrapostos trazidos aos autos.

Além disso, cumpre ressaltar, alegam os advogados que a defesa não


teria sido intimada dos despachos proferidos em 14/4/2021 e 16/4/2021
(eDoc. 145 e 149). Ocorre que, em petições subscritas por Jean Cléber
Garcia Farias (OAB/DF 31.570) (eDoc. 146 e 151), causídico anteriormente
habilitado em 20/2/2021, e posteriormente habilitado por nova procuração
de 1º/6/2021, os despachos foram respondidos, não havendo qualquer
cerceamento de defesa no caso.
Não há, portanto, qualquer razão à alegação da defesa.

2. DO MÉRITO

Conforme consignei em decisão de 13/3/2021, os fatos criminosos


praticados por Daniel Silveira são gravíssimos, como realçado na
denúncia oferecida pela Procuradoria-Geral da República, e já recebida
por decisão do Pleno desta CORTE, porque não só atingiram a
honorabilidade e constituíram ameaça ilegal à segurança dos Ministros
do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, como se revestiram de claro intuito
de tentar impedir o exercício da judicatura, notadamente a independência
do Poder Judiciário e a manutenção do Estado Democrático de Direito,
em claro descompasso com o postulado da liberdade de expressão, dado
que o denunciado, expressamente, propagou a adoção de medidas
antidemocráticas contra a CORTE, insistiu em discurso de ódio e a favor
do AI-5 e medidas antidemocráticas.
Ainda na supracitada decisão, fiz as seguintes observações:

As reiteradas condutas ilícitas do denunciado, igualmente,


revelam sua periculosidade, pois não só reforçou as ameaças
aos membros do STF, no momento de sua prisão – referindo-se,
inclusive, a estar disposto a “matar ou morrer” –, como ainda,
agressivamente, desrespeitou recomendações legais pela
utilização de máscara de proteção individual (à luz do que
prevê o art. 3º-A, da Lei Federal n. 3.979/20 e o art. 1º, da Lei n.

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8.859/20, do Estado do Rio de Janeiro), tendo, supostamente,


desacatado funcionário público no exercício da função; além de,
atuar ativamente para que, ilicitamente, telefones celulares
fossem introduzidos no local onde cumpria sua detenção na
Polícia Federal.
Nos termos do artigo 312 do CPP, conforme descrito na
denúncia, há prova da existência do crime e indícios suficientes
de autoria, e todas suas condutas ilícitas posteriores à prática
dos crimes revelam a real existência de perigo gerado pelo
estado de liberdade do denunciado, dado que a prática dos atos
criminosos a ele já imputados atenta diretamente contra a
ordem constitucional e o Estado Democrático e a continuidade
de seu comportamento infracional atestou o pouco respeito à
Polícia Federal e à Justiça; sendo essencial como garantia da
ordem pública, por conveniência da instrução criminal e para
assegurar a aplicação da lei penal, a manutenção de restrições
ao seu direito de ir e vir; não sendo, portanto, cabível a
concessão de liberdade provisória.

Assim, nos termos dos artigos 282 e 319 do Código de Processo


Penal, substituí a prisão em flagrante delito por crime inafiançável pelas
seguintes medidas cautelares:

(1) Prisão domiciliar com monitoramento eletrônico. Na


expedição do mandado de prisão domiciliar e monitoração
deverão constar as seguintes referências:
(1.1) a possibilidade de exercer o mandato
parlamentar de sua própria residência, nos termos do “Sistema
de Deliberação Remota” (SDR) estabelecido pela Mesa Diretora
da Câmara dos Deputados;
(1.2) a residência – indicada pelo denunciado ou
por seus advogados – como perímetro em que ele poderá
permanecer e circular;
(1.3) informações semanais, por parte da central
de monitoramento, mediante relatório circunstanciado, de
todos os dados pertinentes à referida monitoração;

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(1.4) os direitos e deveres do monitorado.

(2) Proibição de receber visitas sem prévia autorização


judicial;
(3) Proibição de ter qualquer forma de acesso ou contato
com os investigados nos Inquéritos 4.828/DF e 4.781/DF, cujo
denunciado e seus advogados têm ciência dos nomes, em face
de estarem de posse de cópia dos autos;
(4) Proibição de frequentar ou acessar, inclusive por meio
de sua assessoria de imprensa, tanto as redes sociais apontadas
como meios da prática dos crimes a ele imputados ("YouTube",
"Facebook", "Instagram" e "Twitter"), como as demais;
(5) Proibição de conceder qualquer espécie de entrevista
sem prévia autorização judicial.

O Plenário do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, em sessão


realizada por videoconferência, na recente data de 28/4/2021, por
unanimidade, recebeu a denúncia oferecida contra DANIEL LÚCIO DA
SILVEIRA em relação aos crimes previstos no art. 344 do Código Penal
(por três vezes) e no art. 23, II (por uma vez) e IV (por duas vezes), o
último combinado com o art. 18, ambos da Lei n. 7.170/83.
Na mesma ocasião, o Plenário do SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL referendou as medidas cautelares implementadas no curso
do processo, mantendo-as integralmente.
Conforme apontou a Procuradoria-Geral da República, os relatórios
de monitoramento eletrônico de DANIEL SILVEIRA, notadamente no
período de 5/4/2021 a 24/5/2021, apresentaram mais de 30 violações,
relacionadas à carga do dispositivo de monitoramento, à área de inclusão,
e ao rompimento da cinta/lacre.
Cumpre ressaltar, no ponto, o que apontou o órgão ministerial (edoc.
245):

“Nos autos em tela, os relatórios de monitoramento


indicam diversas violações. Parte delas, em tese, foram objeto
de pronunciamento por parte do órgão fiscalizador, que

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prestou informações indicando que o rompimento da cinta não


teria sido intencional, que a bateria foi carregada dentro do
período de tolerância ou ainda que a violação à área decorreu
da visita do monitorado à central de manutenção (...)
Os esclarecimentos trazidos aos autos, entretanto, não
afastam o quadro de reiteradas violações do cumprimento da
cautelar. Para fins de registro, todas as ocorrências
documentadas foram consolidadas na tabela abaixo, da qual é
possível contabilizar cerca de 30 violações, entre as quais,
quatro relacionadas ao rompimento da cinta/lacre, vinte e duas
pertinentes à falta de bateria e cinco referentes à área de
inclusão.
(…)
Da análise dos esclarecimentos que acompanharam os
relatórios, nota-se que as razões apresentadas pelo requerido
são no mínimo incompatíveis com as medidas estabelecidas. A
prática de atividades físicas que ofereçam risco à integridade do
equipamento é uma delas.
De igual maneira, ocorre com a reiterada falta de carga na
bateria da tornozeleira, violação que foi documentada por mais
de vinte vezes, a despeito de ter sido consignado nos relatórios
que o requerido foi advertido em todas as respectivas
ocorrências acerca da necessidade do devido carregamento do
aparelho. A falta de funcionamento do equipamento esvazia o
propósito do monitoramento eletrônico, pois acarreta a perda
de comunicação com a central. A inobservância do dever de
manter o equipamento com carga, mesmo advertido, não se
apresenta sustentável.
Muito embora parte das violações da área de inclusão
sejam explicadas nas manifestações apresentadas pelas
autoridades responsáveis pelo monitoramento, como aquelas
verificadas nos dias 3 e 10 de maio; outras, tais como aquelas
registradas nos dias 5 e 22 de abril de 2021, não são sequer
mencionadas nos pronunciamentos que acompanham os
relatórios de violação referentes à aludidas datas.
O monitoramento pressupõe também a visita regular à

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central para acompanhamento e manutenção do equipamento.


Entretanto, os relatórios de monitoramento indicam que o
requerido, por mais de uma vez, deixou de comparecer ao
agendamento, sem apresentar justificativas.
Cabe destacar, ainda, que não consta dos autos
pronunciamento da defesa do requerido acerca das violações
aqui destacadas, muito embora tenha sido facultada a sua
manifestação, nos termos do depacho de 16 de abril de 2021.
Dado o lapso temporal entre a primeira ocorrência e as
demais verificadas, observa-se que o requerido dispôs de tempo
suficiente para apresentar, se fosse o caso, razões para as
violações.
Ademais, constata-se que os deveres relacionados ao
cumprimento das medidas não estão sendo realizados pelo
requerido, entre eles o cuidado para o contínuo funcionamento
do equipamento, como a carga regular, cujas violações
documentadas, repita-se, perfazem cerca de vinte e duas
ocorrências, muitas delas, várias vezes durante o mesmo dia.
O contexto exposto ao longo desta manifestação
demonstra que as medidas decretadas não alcançam seu
propósito em razão do comportamento do requerido, indicando
que a manutenção de tal regime não mais se mostra adequada,
na medida em que o monitorado executa as restrições a sua
maneira, sem observar os termos da ordem judicial.
As medidas cautelares diversas da prisão consistem
essencialmente na restrição de direitos, acompanhadas por
deveres. Esses últimos, quando cumpridos, revelam o acerto e
adequação das medidas, servindo, por si, como justificativa
para sua manutenção. Tal hipótese, contudo, não pode ser
constatada a partir das inúmeras violações registradas nos
autos.

Merecem especial relevo algumas das violações apontadas,


notadamente: (a) em 30/4/2021, violação de fim de bateria, por mais de 5
(cinco) horas (b) em 1º/5/2021, violação de fim de bateria, por mais de 1
dia e 19 (dezenove) horas; (c) em 3/5/2021, violação de fim de bateria, por

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mais de 16 (dezesseis) horas; (d) em 4/5/2021, violação de rompimento da


cinta, por mais de 1 dia e 16 (dezesseis) horas; (e) em 12/5/2021, violação
de rompimento da cinta, tendo o requerido informado que “treina
diariamente muay thai e que tem feito movimentos (chutes) com a perna onde o
equipamento está anilhado” (eDoc. 219); (f) em 12/5/2021, violação de fim de
bateria, por mais de 13 (treze) horas; (g) em 20/5/2021, violação de fim de
bateria, por mais de 4 (quatro) horas.
Conforme já ressaltado, nos termos do art. 282, § 4º, do Código de
Processo Penal, no caso de descumprimento de qualquer das obrigações
impostas, o juiz, mediante requerimento do Ministério Público, de seu
assistente ou do querelante, poderá substituir a medida, impor outra em
cumulação, ou, em último caso, decretar a prisão preventiva, nos termos
do parágrafo único do art. 312 do mesmo diploma legal.
A fiança está prevista, no art. 319, VIII, do CPP, como medida
cautelar diversa da prisão para, nas infrações que a admitem, assegurar o
comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento
ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial.
No caso em análise, está largamente demonstrada, diante das
repetidas violações ao monitoramento eletrônico imposto, a inadequação
das medidas cautelares impostas em cessar o periculum libertatis do
denunciado, o que indica a necessidade de recrudescimento das medidas
aplicadas.
Assim, nos termos do art. 322 e ss. do Código de Processo Penal, é
caso de se estabelecer fiança, conforme requerido alternativamente pela
PGR.
Nos termos do art. 325, II, do Código de Processo Penal, o valor da
fiança será fixado pela autoridade que a conceder no limite de 10 (dez) a
200 (duzentos) salários mínimos, quando o máximo da pena privativa de
liberdade cominada for superior a 4 (quatro) anos. Além disso, se assim
recomendar a situação econômica, a fiança poderá ser dispensada,
reduzida até o máximo de dois terços, ou aumentada em até 1.000 (mil)
vezes.
Considerados os parâmetros legais acima referidos, bem como

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aqueles estabelecidos no art. 326 do CPP (natureza da infração, as


condições pessoais de fortuna e vida pregressa do acusado, as
circunstâncias indicativas de sua periculosidade, bem como a importância
provável das custas do processo), além da renda percebida por DANIEL
LÚCIO DA SILVEIRA, no valor de R$ 33.763,00 (trinta e três mil,
setecentos e sessenta e três reais), conforme consulta pública no site da
Câmara dos Deputados, a fiança será estabelecida no valor de R$
100.000,00 (cem mil reais).
Cumpre ressaltar que, nos termos dos arts. 341 do CPP, julgar-se-á
quebrada a fiança quando o acusado: III - descumprir medida cautelar
imposta cumulativamente com a fiança.
Ressalto, ainda, que, nos termos do art. 343 do CPP, o
quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do
seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas
cautelares ou, se for o caso, A DECRETAÇÃO DA PRISÃO
PREVENTIVA.
Diante do exposto, nos termos requeridos pela Procuradoria-Geral
da República:

1. ESTABELEÇO FIANÇA, nos termos do art. 319, VIII, e


322 e ss. do CPP, no valor de R$ 100.000,00 (cem mil reais).
OFICIE-SE à Caixa Econômica Federal para que proceda à
abertura de conta, vinculada aos autos desta Pet 9.456, onde
deverá ser depositado o valor mencionado.
À SECRETARIA para que certifique nos autos.

INTIME-SE Daniel Lúcio da Silveira para que, no prazo de


48 (quarenta e oito) horas, contadas a partir da abertura da
conta, efetue o depósito do montante estabelecido.

2.DETERMINO que, diariamente, esse juízo seja


informado sobre o cumprimento das medidas restritivas.

3. DETERMINO, ainda, a instauração de inquérito para


apuração do crime de desobediência a decisão judicial sobre

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perda ou suspensão de direito (art. 359, do Código Penal),


determinando à autoridade policial que proceda à oitiva do
requerido. O inquérito deverá ser instruído com cópia da
manifestação da Procuradoria-Geral da República nestes autos
(eDoc. 245), dos relatórios de monitoramento de DANIEL
SILVEIRA (eDocs. 210, 219, 227), além desta decisão.

Expeça-se o necessário.
Intime-se. Publique-se.
Brasília, 9 de junho de 2021.

Ministro ALEXANDRE DE MORAES


Relator
Documento assinado digitalmente

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