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Adiel Teófilo
Brasília - DF
2009
Adiel Teófilo
Brasília – DF
2009
Adiel Teófilo
_________________
Menção
________________________________________
Professora Doutora Analia Soria Batista
Ao Senhor
Deus
pelo dom da vida.
Ao corpo docente do
II Curso de Especialização em Segurança Pública e Cidadania,
pela dedicação ao ensino e preciosas lições transmitidas.
NUREP: Núcleo de
INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 13
1 OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................................. 16
1.1 Objetivo geral.................................................................................................................... 16
1.2 Objetivos específicos......................................................................................................... 16
2 ENCARCERAMENTO E CONTROLE............................................................................. 17
2.1 A realidade do encarceramento no Brasil......................................................................... 17
2.2 A necessidade de controle prisional.................................................................................. 18
2.3 A gestão penitenciária de controle policial....................................................................... 20
4 METODOLOGIA................................................................................................................ 34
4.1 Delimitação do objeto de estudo....................................................................................... 34
4.2 Coleta de dados................................................................................................................. 34
4.3 Limitações da pesquisa..................................................................................................... 37
CONCLUSÃO........................................................................................................................ 90
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................... 95
APÊNDICES........................................................................................................................... 97
13
INTRODUÇÃO
Quem inventou prisão não sabe o que é solidão.
(Inscrição anônima de uma cela do CDP)
O sistema penitenciário brasileiro chamou muito a atenção nos últimos anos. Não
atraiu sobre si olhares de apreço e admiração, pelo contrário, a exibição pública de sua
deplorável realidade provocou indignação e perplexidade na sociedade brasileira,
repercutindo no mundo inteiro.
Outros eventos que ocorreram em diversos locais do país apontaram para a mesma
problemática da ineficiência no gerenciamento prisional. Exemplo marcante foi a onda de
ataques também no Estado São Paulo, que possui o maior número de unidades prisionais do
Brasil. Entre a noite de sexta-feira dia 12 de maio de 2006 e a manhã do dia subseqüente,
criminosos promoveram cerca de 55 ataques a policiais, guardas municipais e prisionais,
causando 30 mortes em diferentes locais, cumprindo ordens que partiram de dentro das
prisões.
Não diria que o sistema está falido, o qualifico como caótico. Essa
caracterização é pública, pelos mais diversos motins e rebeliões ocorridos no
último ano e pelo que a CPI constatou. O caos pode ser medido pela
superlotação criminosa, pela existência de um número muito grande presos
provisórios, pela deficiência da assistência jurídica e pela quase inexistência
de ressocialização. Se expressa na falta de ocupação, 80 % não trabalham e
82 % não estudam, e também na falta de assistência médica no interior do
presídio. Presos com doenças que vão de tuberculose ao HIV estão sem
cuidados em ambientes insalubres. Finalmente encontramos tortura
psicológica e física em quase todos os estabelecimentos visitados.
(HTTP://notícias .uol.com.br – 19/12/2008)
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1
No próximo qüinqüênio (dezembro de 2012), considerando uma taxa média de crescimento anual de 8,12%
teremos uma população carcerária de aproximadamente 626.083 presos, representando um crescimento de
32,54% com relação ao qüinqüênio anterior.
18
Não obstante as precárias condições das penitenciárias, o encarceramento ainda é
medida recorrente na aplicação da justiça. O recrudescimento na imposição de medidas
repressivas, a exemplo da majoração de penas privativas de liberdade, a criminalização de
certas condutas, dentre outras formas de enfrentamento da criminalidade, sinaliza que a
substituição do encarceramento como reprimenda ainda se visualiza distante no cenário da
sociedade brasileira.
Nas demais nações, mesmo nos países mais desenvolvidos, a realidade não é
muito diferente da que existe em nosso país. O número de encarcerados tem crescido e as
dificuldades para manter esses ambientes em condições dignas são conseqüências inevitáveis.
Nos ambientes em que o Estado não exerce o controle sobre as atividades internas
e ações dos encarcerados o risco é constante. Surgem facilidades de proliferação das ações
tendentes à sublevação da ordem, aumento da violência e criminalidade, formação e confronto
de grupos rivais, tráfico de drogas, disputas por espaços e privilégios criados e mantidos na
subcultura dos presos, além de outras condutas socialmente reprováveis.
19
Estudiosos do assunto destacam que as ocorrências de problemas dessa natureza,
bem como de outras tragédias registradas nas prisões, são decorrentes justamente da falta de
controle eficaz sobre os presos confinados nesses ambientes.
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2
“XLIX – é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral;” (art. 5º da Constituição Federal de
1988)
20
Há também diferentes vinculações do sistema prisional nos Estados Brasileiros.
Alguns o subordinam à Secretaria de Estado de Justiça, de Direitos Humanos ou de
Cidadania, outros, à Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP), e ainda, aqueles em
que o sistema penitenciário é administrado por meio de secretaria própria. Não há, porquanto,
uniformidade na questão penitenciária entre as Unidades da Federação.
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3
Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 308-A, de 2004, que cria a polícia penal. O Substitutivo de 17 de
outubro de 2007, da Comissão Especial destinada a proferir parecer sobre a matéria, propõe alterações no art.
144 da Constituição Federal de 1988. Ocorrendo a promulgação da PEC, a atividade penitenciária deverá ser
exercida exclusivamente por órgão policial criado para essa finalidade, seja no âmbito federal, nos Estados e no
Distrito Federal.
4
Decreto nº 27.767, de 08 de março de 2007, do Governado do Distrito Federal (GDF), publicado no Diário
Oficial do Distrito Federal (DODF) de 09 de março de 2007.
21
Não obstante a mudança, e considerando as inúmeras dificuldades para se avançar
quanto aos programas e ações voltadas para a reinserção social, acabou por percorrer o
caminho inverso. Desse modo, retornou o sistema penitenciário para a SSP, em junho de
20085, a fim de não comprometer as conquistas de segurança consolidadas no decorrer dos
anos, evitando que as limitações administrativas da SEJUS provocassem maior repercussão.
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8
A última rebelião no Distrito Federal ocorreu no CIR em 18 de outubro de 2001. Fonte: Correio Braziliense.
23
3 REFERENCIAIS TEÓRICOS SOBRE CONTROLE PRISIONAL
O sistema do crime financia seus sonhos, mas depois lhe cobra um alto preço.
(Inscrição anônima de uma cela do CDP)
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9
Decreto nº 27.591, de 1º de janeiro de 2007, publicado no DODF de 1º de janeiro de 2007, Edição Extra nº 1,
dispõe sobre a estrutura da administração direta do Governo do Distrito Federal, considerando a necessidade de
racionalizar essa estrutura administrativa, com a redução das atividades meio e o incremento dos investimentos
destinados à execução das políticas públicas de responsabilidade do Estado.
10
Art. 144, da Constituição Federal de 1988.
11
Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que
estabelecer. Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão similar, tem por finalidade supervisionar e
coordenar os estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que pertencer.” (Lei nº 7.210, de 11 de julho de
1984).
24
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12
Regimento Interno aprovado pelo Decreto nº 28.212, de 16 de agosto de 2007.
25
Estão subordinadas à SESIPE seis unidades prisionais, a saber: Centro de
Detenção Provisória (CDP), Centro de Internamento e Reeducação (CIR), Centro de
Progressão Penitenciária (CPP), Penitenciária I do DF (PDF I), Penitenciária II do DF (PDF
II) e Penitenciária Feminina do DF (PFDF).
Essas Unidades possuem estrutura orgânica muito semelhante entre si, cuja
constituição também realça a existência de linha predominantemente de controle. Além do
Núcleo de Coleta e Análise de Dados (NUCAD), incumbindo da permanente coleta e análise
das informações que tramitam na prisão, os Estabelecimentos Prisionais possuem como
principais órgãos internos, diretamente voltados para a execução das atividades cotidianas do
cárcere, três gerências: Gerência de Administração Penitenciária (GEAP), Gerência de
Assistência ao Interno (GEAIT) e Gerência de Vigilância (GEVIG).
DIREÇÃO
Assessoria de Assessor
Segurança da Direção
(ASSEG) (Vice-Diretor)
Núcleo de Núcleo
Suprimentos de Saúde
(NUSUP) (NUS)
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13
Manual de Procedimento – Regimento Interno Padrão dos Estabelecimentos Prisionais do Estado de São Paulo.
14
Ministério da Justiça em parceria com a Embaixada Britânica em Brasília, edição brasileira do manual para
servidores penitenciários, publicado pelo International Centre for Prison Studies, Londres, Reino Unido.
29
Sob essa ótica de que os direitos humanos são parte integral da boa administração
penitenciária, os diversos assuntos abordados no Manual destacam “a importância de se
administrar as prisões em um contexto ético que respeite a humanidade de todas as pessoas
envolvidas em uma unidade prisional: presos, servidores penitenciários e visitantes. Esse
contexto ético precisa ser universal em sua aplicação e os instrumentos internacionais de
direitos humanos proporcionam essa universalidade” (2002:19).
O Sistema Prisional do Distrito Federal foi objeto da pesquisa Perfis Profissionais dos
Agentes Penitenciários do Distrito Federal e Goiás16 que constatou a existência de diversas
formas de controle no Centro de Internamento e Reeducação e na Penitenciária Feminina do
Distrito Federal. O relatório da referida pesquisa descreve com detalhes desde a existência de
locais denominados “controle”, passando pelo controle de visitantes, de presos que saem para
trabalho e estudo, controle do tempo, dos espaços físicos, dentre outras modalidades, até a
difusão de mecanismos de microcontrole. Assim descreve essas modalidades de controle na
Penitenciária Feminina (PFDF):
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15
4º Congresso Nacional de Execuções de Penas e Medidas Alternativas, Manaus/AM, julho de 2008, palestra A
Redução da População Carcerária no Brasil: Estudo Comparado e Identificação de Boas e Más Práticas,
proferida pela Professora Doutora Maíra Machado, Professora e Pesquisadora da FVG/SP: afirmou que 24
critérios determinam a entrada na prisão e que 78 critérios determinam a saída de uma pessoa da prisão.
16
Pesquisa Perfis Profissionais dos Agentes Penitenciários do Distrito Federal e Goiás. Universidade de Brasília
– UnB. Responsável Técnica: Profa. Dra. Lourdes Maria Bandeira. Brasília, março de 2006. Referida pesquisa
conta com a participação da Professora Doutora Anália Soria Batista, orientadora desta Monografia.
31
E assim prossegue em relação ao Centro de Internamento e Reeducação (CIR):
Quase sempre, muitas instituições totais parecem funcionar apenas como depósitos
de internados, mas, como já foi antes sugerido, usualmente se apresentam ao
público como organizações racionais, conscientemente planejadas como máquinas
eficientes para atingir determinadas finalidades, oficialmente confessadas e
aprovadas (ERVING GOFFMAN, 2003: 69).
32
Michel Foucault in Vigiar e Punir (2007), ao retratar a evolução da instituição
disciplinar, compreende o controle a partir das limitações impostas ao corpo por poderes
inerentes a qualquer sociedade. Analisa o controle sob três diferentes aspectos: a escala -
coerção exercida de modo constante sobre o corpo ativo; quanto ao objeto - coerção que se
faz mais sobre as forças, a eficácia dos movimentos; e, a modalidade – coerção ininterrupta
sobre os processos da atividade, esquadrinhando ao máximo o tempo, o espaço e os
movimentos. E assim ressalta: “Esses métodos que permitem o controle minucioso das
operações do corpo, que realizam a sujeição constante de suas forças e lhes impõem uma
relação de docilidade-utilidade, são o que podemos chamar as “disciplinas.”. (2007:118).
Nesse contexto aponta que a prisão tem por finalidade não excluir, mesmo que os
efeitos dessa instituição sejam a exclusão do indivíduo, mas primordialmente fixar os
indivíduos em um aparelho de normalização dos homens. Assim comenta:
Na obra Microfisica do Poder (2007), o supracitado autor faz outras análises dos
mecanismos de poder e da vigilância a partir da idealização do Panóptico. Ressalta que na
utopia de um sistema geral foram descritos mecanismos específicos que realmente existem.
Destaca ainda na aludida obra como técnicas de poder no interior desse sistema o olhar e a
interiorização. Porquanto, assevera que “um olhar que vigia e que cada um, sentindo-o pesar
sobre si, acabará por interiorizar; a ponto de observar a si mesmo; sendo assim, cada um
exercerá esta vigilância sobre e contra si mesmo.” (MICHEL FOUCAULT, 2007:218).
O crime é assim mesmo: você mata para entrar e morre para sair.
(Inscrição anônima de uma cela do CDP)
4.2.1 Observação
4.2.2 Entrevista
4.2.3 Questionário
Diante desse obstáculo, não foi possível seguir o mesmo procedimento adotado na
PDF I, onde a pesquisadora manteve contato direto com os servidores e aplicou
individualmente os questionários. Esse procedimento foi observado de modo a evitar que um
servidor tomasse conhecimento das respostas apresentadas pelos demais, além de possibilitar
a transmissão das orientações iniciais feita pela pesquisadora quanto aos objetivos da pesquisa
e outros esclarecimentos.
A opção em pauta visa ampliar e aclarar o melhor possível o resultado sobre cada
aspecto inserido na pesquisa, de forma que análises quantitativas e qualificativas se alternam
sem uma seqüência rígida, porém em função daquele resultado.
...é limite que a gente dá pra ele, o deslocamento que a gente faz de bloco, transferências,
atendimentos, acho que isso aí é controle. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...controle do preso tem a ver com a segurança, de o Estado ter a custódia do preso e
desempenhá-la da melhor forma possível, então são atividades relacionadas a isto.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
...fazer com que o interno cumpra a sua pena, respeitando a legislação no que diz
respeito especificamente à Lei de Execuções Penais. Garantindo a ele direitos que ele
tem, buscando a ressocialização, dentro do que é possível, dentro do que é permitido
pela estrutura que nós dispomos. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
14
Uso de drogas e
12 abstinência
Insubmissão e indisciplina
10
8 Agressividade, conflitos e
brigas
6 Ansiedade e impulsividade
4
Distúrbios psicológicos
2
Outras ou não
0 responderam
Comportamentos Difíceis ao Controle
A segunda indagação foi formulada também com resposta de forma livre, para que
fossem apontados os comportamentos impossíveis de serem controlados no cárcere.
Interessante notar que parcela significativa dos policiais, dezenove deles, afirmaram que não
há comportamento impossível de ser controlado.
Para esse grupo o que dificulta o controle são outros fatores e não o
comportamento em si. Apontam a ineficiência dos que controlam, muitas vezes em
decorrência das limitações de pessoal disponível para o trabalho de vigilância, e ainda a
carência de outros recursos materiais, tais como equipamentos, o que impossibilita uma
atuação mais minuciosa.
Outros cinco policiais apontaram as ações daqueles que estão sob efeitos de
substâncias entorpecentes. Nessa mesma quantidade estão aqueles que pensam ser impossível
de controlar as ações daqueles presos que são portadores de distúrbios psicológicos, quando
agem sem qualquer domínio de si mesmo. Por fim, dois policiais afirmaram ser o tráfico de
entorpecentes, sobretudo pela forma dissimulada e disseminada com que presos e visitantes
introduzem, comercializam e distribuem drogas entre os presos, utilizando inclusive as
cavidades naturais do corpo ou até mesmo engolindo e depois vomitando pequenos volumes.
43
Não há
20
Agressões físicas
15
Ação sob efeito de
drogas
10
Distúrbios
psicológicos
5 Tráfico drogas
Outras ou não
0
Comportamentos Impossíveis ao Controle responderam
30
25
20
15
10
5
0
Remota Pouco Provável Muito provável Iminente
provável
É de ser ver que na análise mais apurada desses fatores faz emergir um senso de
responsabilidade dos policiais quanto ao controle. Mostra-se o nítido entendimento de que a
atuação policial é importante no processo de manutenção da estabilidade de ânimo entre os
encarcerados. Todavia, o excesso, o abuso ou o desvio de finalidade nessa atuação também
pode concorrer para a perda do controle, na mesma medida em que a ação nefasta de facções
e de lideranças que tentam subverter a ordem estabelecida.
Equilíbrio mental na cela é fundamental, explorar o meu lado bom, controlar o meu lado mal.
(Inscrição anônima de uma cela do CDP)
... o controle do interno basicamente é feito pela Gerência de Vigilância no que diz
respeito à alocação do interno dentro do estabelecimento, e os demais setores vão
auxiliar, por exemplo, o Núcleo de Disciplina vai verificar essa questão quando houver
alguma falha, mais basicamente a GEVIG. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
... a GEVIG é que coordena tudo, o que a gente deve fazer e o que não deve fazer, a
GEVIG é que comanda tudo. Através de instruções, falando o que a gente deve fazer e o
que não deve fazer... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
A segunda percepção tem caráter mais abrangente. Avaliam que o controle é mais
amplo por meio de uma série de medidas, atividades e atribuições, as quais são desenvolvidas
pelos diversos setores da estrutura administrativa. Não apenas pela Gerência de Vigilância,
mas também através dos setores que compõem a Gerência de Assistência ao Interno.
Dentro dessa compreensão de que não somente a ação repressora, mas a ação
assistencial e outras são igualmente contributivas do controle, assim se pronunciaram os
entrevistados:
Praticamente todos, GEAIT, AJ, GEVIG. Cada um na sua função afim, a GEAIT que faz
transferência, faz documentação. AJ olhando época de benéfico, se ele tem direito. A
gerência, assessoria também, tendo cuidado nessas transferências e deslocamentos com
o preso. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
49
A gente contribui com isso de várias formas, vai desde a assistência ao preso, dar a
assistência que ele necessita para que você possa cobrar dele todas as obrigações dele
também. Porque não adianta a gente fazer uma parte e não fazer a outra. Nós temos a
GEAIT que trabalha na parte da assistência ao interno com a saúde, a assistência a
família deles, temos a assessoria jurídica que cuida da situação processual deles, do
andamento da situação deles, dos pedidos dos benefícios, e temos a parte do núcleo de
ensino que se encarrega do trabalho, do ensino para eles, e temos a parte da gerência de
vigilância que trata da segurança, onde a gente faz tanto a segurança do detento, quanto
das pessoas que aqui vem trabalhar com eles. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Este controle é feito por vários setores. Setor de vigilância que cuida da segurança
propriamente dita, acompanhamento da rotina carcerária, café da manhã, liberação
para banho de sol, liberação para o funcionamento das oficinas, atividades no núcleo de
ensino, todas estas atividades são desenvolvidas através da segurança. E paralelo a esse
grupos, também temos o núcleo de disciplina, que justamente cuida da parte disciplinar
do preso, acompanhando e interagindo quando o preso comete alguma falta disciplinar.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
Na penitenciária, eu acredito que todos os setores contribuem, porque todos estão aqui
exatamente para um bom funcionamento da penitenciária. ... acho que todos os setores
de certa forma, ainda que indiretamente contribuem para o controle do preso.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
A contribuição é enorme, a gente é que dá limites a eles, a gente é que mostra para eles a
forma que tem que se portar, no caso da gerência, da assessoria e as seções com suas
funções é que contribuem para isso. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Dentro da estrutura administrativa, dos vários setores que existem no sistema prisional
do Distrito Federal, contribui com grande relevância e eficácia para que haja um
controle mais efetivo em termo de cumprimento da pena e acompanhamento do preso
durante a permanência dele durante a nossa custódia. (Entrevista realizada em
06/01/2009)
A estrutura administrativa tem toda a sua importância, cada seção e a atividade que
desempenha estão diretamente relacionadas ao controle dos presos. (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
Eu imagino que a gente tenha um controle bom sobre os presos, tanto que não tem
rebelião, não tem briga, a sirene não toca, então eles respeitam. A estrutura
administrativa contribui e muito para isso, do jeito que está eu acho que está muito bem.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
Eu acho que todas as seções têm as suas especificidades e são importantes nesse
controle. ... posso falar especificamente da GEVIG que ... faz essa triagem dos internos
quando a gente recebe, faz a alocação deles dentro dos quatro blocos, dependendo a
gente procura utilizar critérios com relação a comportamento, tamanho de pena, grau de
periculosidade, dentro do possível, ... Outro setor que acho extremamente importante
nesta questão do controle é a GEAIT, porque quando a gente tem a condição e como a
gente vem fazendo de prestar essa assistência para o interno na área de saúde...
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
52
O mais importante para nós, nós temos o Núcleo de Análise de Dados, a Gerência de
Vigilância, a Assessoria de Segurança. E aí a gente vem com a Assessoria Jurídica, a
GEAIT, todos e tem que atuar de forma conjunta, cada um desempenhando ao máximo a
sua função para que tudo isto dê certo. A gente trabalha com as informações, a Gerência
de vigilância, Assessoria de Segurança e o NUCAD, trabalham as informações referente
a segurança do estabelecimento para proporcionar a estas outras seções desempenharem
o trabalho delas de forma satisfatória. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
... A GEVIG é a mais importante porque age diretamente com o preso, lida diretamente,
como agir, como não agir com o preso. Normas e procedimentos que a gente tem que
seguir e seguindo corretamente, certinho não tem problema nenhum. (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
Eu acho que a GEVIG é muito importante para o controle dos presos. Também o NUVIG
que ajuda a GEVIG, porque são muito importantes para acompanhar os presos dentro da
cadeia, distribuir nas celas e nos blocos de acordo com o comportamento deles, colocar
o mais perigosos, os mais alterados, separados dos outros, aqueles que dão problema.
Assim a gente vai impedindo que eles se ajuntem e se organizem para cometer crimes
dentro da cadeia, é muito importante esse controle que a gente faz. (Entrevista realizada
em 06/01/2009)
... o NUCAD exerce uma importância muito grande. Ele capta informações dentro da
massa carcerária, entre os policiais e entre os visitantes, e essas informações eles filtram
passando para a direção. Em cima disso a gente procura sempre se antever em relação
aos problemas, procurando agir antes que eles ocorram... (Entrevista realizada em
06/01/2009)
O teor dessas falas possibilita ter uma idéia geral a respeito do funcionamento de
alguns dos setores administrativos das Penitenciárias que são mais ligados ao controle.
Sabe-se por meio da história que a arquitetura de diversas prisões foi concebida
para se exercer pleno controle sobre as atividades do indivíduo, a exemplo do projeto do
Panopticon de Jeremy Bentham, no final do século XVIII, na França.
53
Sem se entender na descrição minuciosa dos ambientes, e ainda para não infringir
nenhuma prescrição relativa ao sigilo, menciona-se apenas que existem torres de controle
ligeiramente elevadas em relação aos pátios onde os presos permanecem em coletividade.
Não se assemelha ao Panóptico, pois controlador e controlado pode ver e ser visto
reciprocamente, mas se verifica no dia-a-dia que praticamente nada escapa à observação
daqueles policiais mais atentos aos pequenos gestos e movimentos mais dissimulados.
Contribui bastante pelos acessos, as grades, proteção. A gente não tem contato direto
com o preso, tem contato, mas é separado. Quando precisa tirar um preso de uma cela
abre só aquela cela, quando vai para o banho de sol todos passam depois da grade, a
gente fica do lado de cá, tudo isso contribui bastante. (Entrevista realizada em
06/01/2009)
54
Eu acho que é fundamental. Eu nunca trabalhei no CDP e no CIR, então eu não posso
falar muito da estrutura deles, mas aqui como a estrutura é mais nova e já tive
oportunidade de trabalhar na PDF I e PDF II, nós temos um contato mínimo com o
preso no que diz respeito aos procedimentos de maior volume de internos, que seria
soltura para banho de sol, recolhimento, então essa estrutura acaba que favorece, que
nós temos um contato menor e dificulta o intento do interno de criar algum problema e
de tentar fazer motim porque ele vê que para ele fazer um refém aqui dentro tem que
haver uma falha da nossa parte, então eu acho que a estrutura é fundamental nesse
controle, sem dúvida. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Ela contribui e muito porque nesta arquitetura atual a gente eliminou praticamente o
contato físico do policial com o preso, e do preso com o técnico que vai dar assistência a
ele. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
No caso específico da PDF II sim, é uma das melhores estruturas que hoje existe no
sistema prisional do DF, e assim como na Penitenciária I do Distrito Federal. Essa
contribuição é tanto positiva para o servidor, quanto para o preso, uma boa estrutura
prisional influencia no manejo, no dia a dia, no contato do servidor com o preso, que no
nosso caso é mínimo. Isto evita primeiro o confronto, evita rebeliões, evita situações de
desvantagem tanto para o desenvolvimento do sentenciado como também da atuação dos
servidores. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
E como contribui! No quesito segurança eu verifico, até para mim foi uma surpresa,
porque o que a mídia divulga do sistema penitenciário é a realidade de São Paulo, do
Rio de Janeiro é bem diferente da nossa. Aqui a gente tem todo um suporte que não existe
por lá, então realmente eu confesso que quando eu cheguei aqui eu fique surpresa com a
arquitetura toda programada no sentido da segurança, a do preso e a do servidor. Então
aqui no Distrito Federal eu acredito que esteja na frente realmente de muitos lugares
aqui do país. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
55
Contribui sim. Eu não conheço as outras estruturas, mas isso é de ouvir falar que a
própria estrutura física, o fato de ser concreto, a construção do prédio é mais segura que
a dos outros estabelecimentos. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Aqui na PDF contribui muito, na PDF I e na PDF II que são os presídios mais modernos
do DF, inclusive eles têm servido de base para a construção de presídios em outros
Estados. A estrutura de concreto usinado no teto, no piso e nas paredes. O sistema de
gradeamento em que o preso sai da cela e vai para o pátio, seja para tomar banho de sol,
seja para receber visita, é sem contato físico nenhum com o policial. Então eu considero
a PDF I e a PDF II como presídios modelos a serem seguidos, obviamente a arquitetura
pode ser melhorada e tem sido melhorada. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
No Panóptico não era possível ver, apenas ser visto. Nas Penitenciárias do DF é
possível ver, mas não se pode estabelecer contato físico. Evoluímos? Em que medida? Ver o
outro como inimigo seria a melhor forma de prepará-lo para o retorno ao convívio social?
Há uma frase que comumente é repetida em alta voz pelos servidores policiais
para os presos, principalmente quando ingressam no Estabelecimento. O teor da frase denota
muito bem a existência de um espaço de dominação policial, em que as relações são impostas
e não negociadas. Diz assim a frase: Quem manda na cadeia é a polícia! Nesse ambientes os
comportamentos são exigidos e não estimulados ou externados mediante incentivo ou
orientação. Impõe-se e pronto.
...a gente vê que eles respeitam, eles sabem que quem controla o sistema hoje são os
policiais civis e então eles vêem que, eu pelo menos não conheço nenhum caso aqui
dentro de policial que se corrompa, é, dificulta bastante o intento desse tipo por parte do
interno e eu sinto que eles respeitam bastante a gente, né, não sei como seria se fosse
outra carreira aqui dentro. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Para mim a importância é extrema, eu tenho pra mim que se, experiência própria com os
internos, interno não respeita se não for polícia ele não respeita, ele viu que é policial ele
respeita. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
57
A presença da polícia è associada à possibilidade de se obter informações
relevantes para a segurança da unidade prisional. Esse é outro aspecto que se ressalta na
importância atribuída à atuação policial, o minucioso trabalho investigatório que se procura
realizar, colhendo, analisando e interpretando informações, tentando identificar sempre
movimentos que surgem entre os encarcerados, os quais podem de alguma forma
comprometer a segurança, a disciplina e a ordem interna.
A importância está no respeito que o preso tem pelo policial, ele respeita muito mais a
um policial do que uma outra categoria, por exemplo, se fosse digamos, nós estamos
apreensivos em relação aos técnicos porque eles não vão ter aquele poder de polícia e o
preso sabe que precisa ter respeito por um policial, e o técnico não vai ter esse respeito
deles, então nós vamos ter que trabalhar muito essa questão, tanto na cabeça do técnico
quanto do preso para ver esse respeito. Porque o policial toma a atitude imediatamente
né, se o preso cometer um crime ou uma falta disciplinar, imediatamente ele é advertido
disciplinarmente ou encaminhado à delegacia para registro dos fatos, e normalmente se
não for um policial eles tendem a não respeitar, como ocorre em vários locais em outros
Estados. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Olha, o sistema penitenciário tem uma importância muito grande dentro da segurança da
Unidade da Federação, e com o passar do tempo a polícia demonstrou que, pelo menos
aqui no DF, tem que levar em conta também que a polícia civil do DF é considerada uma
das mais preparadas do país, tanto da preparação que vem do concurso, da formação na
academia de policia, como também o salário. E eu acho fundamental, a gente está
prestes a receber uma turma de técnicos penitenciários que não são policiais e eu vejo
isto com muita apreensão, eu não sei como isto vai ficar, vai ocorrer uma transição e
uma mudança dentro do sistema penitenciário do DF, eu particularmente espero que os
técnicos penitenciários que venham, consigam manter o padrão que ao longo dos 40
anos do sistema penitenciário foi desenvolvido pelos policiais. Então eu vejo como um
fator primordial a presença policial, e mesmo com a chegada dos técnicos eu torço para
que os policiais continuem no sistema penitenciário para que a gente não perca este
controle que a gente tem sobre os presos. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
______________________
17
A Lei foi publicada no DODF de 16 de setembro de 2005. Criou a carreira de Atividades Penitenciárias e os
respectivos cargos de Técnicos Penitenciários, no total de 1.600, no Quadro de Pessoal do Distrito Federal e deu
outras providências, definindo inclusive as atribuições inerentes ao cargo. Essas atribuições muito se
assemelham às do Agente Penitenciário, o que ensejou a propositura da ADI/3916-STF, pelo Procurador-Geral
da República, impugnando o art. 7º, inc. I e III, e art. 13 e Parágrafo único, da referida Lei. Aguarda-se o
julgamento de mérito da mencionada ação.
59
Nesse contexto de domínio a ressocialização foi apontada como possível e
necessária no desempenho policial. Não reprimir apenas, mas educar para a vida em
sociedade. Nesse sentido, a fala abaixo transcrita aponta a atuação da polícia como importante
para a reinserção social dos presos.
A propósito desse aspecto ressaltado no final do item anterior, foi inserida nos
questionários a oportunidade dos policiais avaliarem o seu modo de atuação e a contribuição
que oferece para a reinserção social dos apenados. Essa avaliação está ilustrada no gráfico
abaixo que sintetiza o quanto a atuação policial contribui para a ressocialização dos presos.
30 Nenhuma
25 contribuição
20 Contribui pouco
15
10
Contribui muito
5
Indispensável p/
0 ressocializar
ATUAÇÃO E RESSOCIALIZAÇÃO
A maioria dos policiais questionados, vinte e seis, avaliou que a atuação policial
contribui pouco para a ressocialização dos presos. Apenas sete entendem que contribui muito
e outros sete que a atuação policial é indispensável para tal finalidade. A principal justificativa
é de que a disciplina imposta, principalmente, representa a maior contribuição para a vida em
liberdade, preparando o indivíduo para o respeito e os limites que a sociedade impõe.
60
Na contramão desse pensamento, quatro policiais consideram que o modo de
atuação policial nas penitenciárias não oferece nenhuma contribuição para o apenado se
preparar para o retorno à vida em sociedade. Interessante que um deles escreveu à margem do
questionário: “Atuação policial é segurança do preso”, ou seja, não é ressocialização.
O que define a atuação policial são as características que marcam o seu modo de
agir em relação aos presos e visitantes em geral que ingressam nas dependências das
Penitenciárias. As falas dos entrevistados apontam tais características. A segurança e
disciplina são destacadas como prioritárias nas ações e atividades com os presos:
Eu acredito pelo menos assim pelo trabalho que a gente faz aqui é que ta muito voltado a
questão de disciplina e segurança, ... a nossa prioridade, acredito até pelo fato de sermos
policiais, é segurança e disciplina. Então, as demais atribuições, a questão de
ressocialização, a gente vai fazer desde que a gente tenha condições de segurança pra
fazer. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Olha, as características são as seguintes, você tem que ter primeiro voz de comando,
primeiro se tem que ser rígido. Não digo que tem que bater em preso, que eu nunca bati
graças a Deus, nunca vi ninguém batendo em preso aqui também. Mas a gente tem que
ter autoridade, tem que mostrar autoridade, não pode fraquejar em momento nenhum.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
Eu falo muito em dar limite a eles, eu trabalhei cinco anos no CAGE também né e a
bagunça lá é muito grande porque exatamente não se tem limite, o próprio funcionário
ele se troca muito com o preso, não cobra respeito, não cobra postura, não dá postura
também. O preso chama ele de “você” está tudo certo, ele fica de piadinha também.
Então aqui a gente tem muito isso, a gente cobra muito isso, principalmente aqui na PDF
I e II. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
61
A nossa característica é fiscalização, cobrança das normas, da disciplina, a segurança.
Infelizmente esta parte de assistência tem quer ser prestada por pessoas capacitadas
para isso porque a nossa capacitação é realmente voltada para segurança, e não para
assistência ao detento... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Aquele negócio de cabeça baixa e mão para trás? Pelo fato de ser policial a rédea é um
pouco mais curta sabe. Não sei como seria em outros lugares onde a polícia não está
presente. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
O principal dele é a postura. Exigindo a todo o momento que o preso cumpra as regras,
observando também outros policiais que, por um motivo ou outro quebra uma regra de
segurança. Se eventualmente quebrar ele é chamado a atenção imediatamente pelos
colegas, e se ele não se corrige isto é levado à Gerência de Vigilância, a Assessoria de
Segurança até chegar na direção. A postura de não aceitar nenhuma oferta patrocinada
por nenhum preso, nem por um advogado de nenhuma vantagem indevida. Não vou dizer
que não ocorra, ocorre sim, mas o percentual de corrupção dentro do sistema
penitenciário do DF é tão pequeno, porque os outros policiais não aceitam, em razão
desta postura, em razão desta formação que ele possui. (Entrevista realizada em
06/01/2009)
...o grau de controle eu diria 99%, esse 1% é um preso ou outro que tem a pena muito
alta aí ele não tá nem aí pra nada, ele não respeita mesmo... (Entrevista realizada em
06/01/2009)
...vamos colocar assim de 1 a 10, acredito que 9... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
62
Essa avaliação se escuda principalmente na inocorrência de fatos em que a polícia
trabalha para evitar que eles aconteçam, tais como tentativas e consumação de fugas,
amotinações, rebeliões e outras alterações que comprometam o funcionamento prisional.
É quase que total. Obviamente tem situações em que o descontrole é inevitável, como por
exemplo, briga de pátio, às vezes a gente consegue identificar quando ela vai acontecer,
outras vezes não, numa situação inusitada e inevitável. (Entrevista realizada em
06/01/2009)
As violações de Direitos Humanos não podem mais ser toleradas nos ambientes
prisionais. Os Princípios e Tratados Internacionais sobre a matéria devem ser respeitados e
aplicados por todas as Instituições, principalmente as policiais pelo fato de utilizarem a força
para compelir o indivíduo ao cumprimento da lei.
Está totalmente de acordo, a gente trabalha dentro da legalidade da lei, sempre que
ocorre qualquer fato que necessite de um registro a gente encaminha para a delegacia
onde é feita a ocorrência policial para ter uma apuração dos fatos isenta, sem ser aqui
pela penitenciária. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
No capítulo cinco, mormente no item que fala sobre a perda do controle prisional,
foram levantados os principais fatores que podem provocar o surgimento de motins e
rebeliões. São relatados agora os fatores inversos, quais sejam, as rotinas e os procedimentos
que no entendimento dos policiais são capazes de manter o controle da cadeia, impedindo
assim as alterações da ordem interna como motins e rebeliões.
...revistas diárias, tantos nas celas quanto no que diz respeito aos internos;
acompanhamento da rotina carcerária do interno, quando está no pátio para o banho de
sol, quando ele está dentro da cela; qualquer situação de anormalidade de imediato se
for detectada ela vai ser investigada, enfim levada a um contexto de investigação que
abre um leque de conseqüências para que a gente possa agir para evitar problemas.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
Nós temos procedimentos de segurança que vão desde a cobrança da disciplina do preso,
do respeito, dos procedimentos do policial para retirada do preso da cela, para
recolhimento, vistoria diária das instalações, coleta de informações sobre grupos,
facções criminosas para separarmos esse pessoal, essas lideranças. (Entrevista realizada
em 06/01/2009)
65
Eu acho que é um conjunto, todas as rotinas praticadas aqui dentro né. Nós temos desde
o procedimento para abertura de cela quando os presos estão lá dentro, que a gente
coloca eles sentados, de costas para o policial, a gente faz este controle, é, a própria
movimentação do interno para ir pro banho de sol, pra retornar, então todas essas. Nós
estamos sempre procurando manter este padrão, e implementar novas ações quando for
o caso, né. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Primeiro cantina, não pode faltar. Banho de sol, tem que dar banho de sol certinho. E o
principal visita, se faltar uma visita é problema. Se por acaso acontecer de uma visita
não acontecer naquele dia aí é problema. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
A gente faz ronda, põe o ouvido na parede a noite e escuta quando o cara está amolando
um ferro, e agente tira preso pra conversar, tem preso que conversa com a gente, ele
pede um médico, a gente arruma um médico pra ele; ele tem medo também, quando tem
um outro preso arrancando ferro ele tem medo de que seja pra ele entendeu, o cara
querer agredir... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Primeiro que os presos estão sempre monitorados, eles nunca estão sozinhos, se estão no
pátio têm policiais tanto na guarita quanto no pátio verificando o andamento. Então só o
fato deles estarem sempre monitorados contribui para que quando houver alguma coisa
diferente da rotina já haja uma comunicação de imediato.... (Entrevista realizada em
06/01/2009)
____________________
18
As cantinas são pequenos comércios que funcionam no interior dos Estabelecimentos Prisionais, atendendo o
que dispõe a LEP quanto a assistência material destinada aos presos: “Art 13. o estabelecimento disporá de
instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda
de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração”.
66
O resultado confirma as avaliações contidas nas falas dos entrevistados acima
transcritas de que o conjunto das ações é importante. Observe o quadro abaixo com os
procedimentos previamente indicados e as quantidades de respostas para cada um deles que
aponta a sua importância:
A esse rol foi incluída uma alternativa para que os policiais pudessem apontar
outros procedimentos. Curiosamente a maioria dos questionados, além de apontar outras
ações, acrescentou comentários esclarecendo que o conjunto de medidas de controle é
importante para a regularidade do funcionamento prisional.
O objetivo é justamente para evitar que objetos, alimentos ou qualquer outro produto
traga algum grau de nocividade para nossa rotina, por isso que há um controle rigoroso.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
Na revista o fundamental está não entrar nenhum tipo de arma, arma branca, não entrar
roupas que o interno possa transformar em roupa de polícia, drogas né. Apesar que eu
considero bem deficiente a revista porque se o pessoal engolir a droga não tem jeito né, a
gente faz o que pode aqui né, pra tentar achar. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Os visitantes são submetidos a uma revista pessoal porque no Brasil o visitante tem
contato físico com interno, neste contato estão propensos a levar drogas, celular, armas
brancas, armas de fogo, bebidas alcoólicas e todos estes itens que eu citei são proibidos.
Se não ocorresse contato físico a possibilidade de entrar objetos proibidos seria muito
reduzida... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Bom a revista é para que se coíba a entrada de drogas, de espelho que parece uma coisa
que não tem muita importância, mas espelho ele ajuda muito eles e atrapalha muito o
nosso serviço... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
O preso que tem em seu poder instrumento proibido ou não permitido pode
exercer certa influência sobre os demais. Isso pelo simples fato de ter um objeto que o
diferencia e em determinadas circunstâncias pode o colocar em posição de superioridade em
relação aos demais.
69
Obviamente que quanto maior o poder de burla de um objeto, a exemplo de um
aparelho celular19 maior a influência, a notoriedade e até o respeito que o preso impõe sobre
os demais.
...Então o advogado, já que segundo a legislação não é submetido à revista, se ele tivesse
contato físico com o interno nós estaríamos propensos a que os advogados entrassem
com drogas, com armas, com bebidas. Então a visita é feita através de uma estrutura de
policarbonato, mais resistente que o vidro e transparente, e a conversa é feita através do
interfone. Eu acho que esta é a forma correta e deveria permanecer assim. (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
Esse atendimento sem contato físico é importante para controlar o que é passado para o
preso, porque tudo que o advogado quer entregar para o preso tem que passar pelo
policial, primeiro ser revistado e saber se o preso pode receber, para depois então o
material entrar na cadeia, seja dinheiro, documento, roupa ou qualquer outro material.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
O advogado fala com o preso e não pode passar nada e nem receber nada do preso, tudo
tem que passar pelo policial, isso ajuda a controlar o que entra na cadeia, para não
entrar nada proibido, até mesmo pelos advogados como já ocorreu em outros lugares.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
___________________
19
O ingresso de celular nos presídios brasileiros foi criminalizado pela Lei nº 11.466, de 28 de março de 2007,
que alterou a LEP, e o Código Penal, para prever como falta disciplinar grave do preso e crime do agente público
a utilização de telefone celular no interior dos estabelecimentos penais.
70
Nesse ambiente de controle, o advogado também é encarado com grau de
desconfiança semelhante ao que é atribuído aos visitantes, mormente em face da possibilidade
de algum profissional se utilizar da prerrogativa da função para introduzir objetos proibidos
por lei ou não permitidos pela administração local.
É o ideal. Porque a gente sabe que toda profissão tem o bom profissional e o mau
profissional. Não digo que o advogado vai passar alguma coisa pro interno, mas corre
esse risco. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Também foi algo que implantamos aqui porque é uma forma que tinha de se passar muita
coisa para o preso durante o contato com o advogado. Por ele não passar por uma
revista corporal, então ele tinha muita liberdade para trazer as coisas... (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
A gente cobra muito disciplina, mão para trás, cabeça baixa, e sim senhor, não senhor.
Passou por um policial, pode passar dez vezes pelo policial, é dez vezes que ele vai pedir
licença, a gente sempre fala para eles, isso não é vergonha não, isso é educação... você
tem que cobrar o respeito, ele tem que te respeitar e você respeitar ele como homem, isso
pesa muito no controle. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
A conduta dos presos está sob permanente observação e censura dos policiais, que
possuem a atribuição de registrar a ocorrência disciplinar, relatando a conduta considerada
reprovável, que será analisada e pode ser sancionada pela Direção do Estabelecimento.
Reprimir as condutas individualmente, mediante a suspensão ou restrição de direitos, concorre
para manter a estabilidade do conjunto, onde o pequeno benefício representa grande favor.
O comportamento dos presos é constantemente observado dentro dos pátios e das alas, e
qualquer prática que eles cometerem contrária às normas eles estão sujeitos a punição
disciplinar, o que pode prejudicar no momento de receber algum benefício. (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
O regime disciplinar imposto aos presos tem como suporte legal as disposições
contidas na LEP e no RIEP. As regras20 previstas nesses instrumentos normativos são
aplicadas com boa parcela de rigor, como se observa na prática diária do controle, punindo
assim toda e qualquer conduta considerada contrária a essas normas.
Existem regras dentro da cadeia que eles precisam cumprir, e quando isso não acontece
o preso pode ser punido com isolamento disciplinar, ou seja, ela fica isolado em uma
cela cumprindo a punição disciplinar e não recebe visita e nem tem o banho-de-sol. E
normalmente o preso não quer ser punido para não perder esses direitos. Isso ajuda a
controlar a disciplina dos presos. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
______________________
20
O regime disciplinar dos presos é previsto nos artigos 38 a 60 da LEP, que estabelecem os deveres, os direitos,
a disciplina, as faltas disciplinares e as sanções, que são a advertência verbal, a repreensão e a suspensão ou
restrição de direitos.
72
A possibilidade de imediata suspensão ou restrição de direitos, conforme previsão
da LEP oferece aos policiais uma parcela considerável de poder nas relações com os
encarcerados. Torna possível por meio de coação considerada legítima compelir a massa
carcerária a manter ou evitar a prática de determinada conduta, ressaltando que eventuais
excessos são reparados pela Vara de Execuções Penais (VEP) ao examinar os procedimentos
disciplinares quando da análise para a concessão ou suspensão de benefícios.
...Eles fazem compra de drogas se a gente não coibir isso aí, de armamentos, eles se
arquitetam lá para, ele diz pro cara, manda até desenho aqui de dentro do presídio, de
como funciona aqui, os horários, eles sabem muito da nossa rotina. (Entrevista realizada
em 06/01/2009)
...correspondência que vai sair por visitante esse tipo de coisa se a gente descobrir a
gente recolhe, retém, porque não é o meio correto. Isso aí é feito dessa forma para coibir
realmente a prática inclusive de crimes fora do estabelecimento. (Entrevista realizada em
06/01/2009)
O preso pode escrever e receber cartas, porém há um controle sobre o teor das
missivas. Antes de serem enviadas aos seus destinatários, no caso das cartas que saem do
Estabelecimento, bem como antes de serem entregues aos presos, aquelas que chegam, todas
são lidas e analisadas quando ao seu conteúdo. Qualquer utilização de código ou linguagem
cifrada ou suspeita, a correspondência é retida até que se esclareça quanto ao seu objetivo.
73
O interno ele pode, além do contato físico que ele tem com o visitante no dia de visita e o
contato através do interfone com advogado, ele pode confeccionar correspondências,
estas têm que vir para a gerência de vigilância e ela é colocada nos correios. Então a
correspondência só chega aqui através dos correios e sai através dos correios, nós não
permitimos que o interno entregue esta correspondência para o visitante levar.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
As cartas tem que ser realmente monitoradas na minha opinião porque através delas eles
podem armar alguma coisa. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...o interno quando tem bom comportamento tem televisão na cela, muitos aqui têm, tem
o contato com o mundo exterior. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...a gente faz essas revistas periódicas no intuito de coibir objetos e produtos que não
sejam permitidos, e pra controlar também a quantidade por uma questão até de higiene
dentro dos blocos. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
__________________
21
Os favores gradativos estão previstos no artigo 131 do RIEP: “Art. 131 São favores a serem concedidos
gradativamente aos internos: ... V – assistência a programas de televisão”.
74
Outra grande preocupação quanto ao controle dos objetos dentro da cela, e
certamente a principal, reveste-se dos cuidados com a segurança dos policiais e dos
encarcerados. A posse de qualquer objeto que pode ser transformado em instrumento cortante
ou perfurante é imediatamente reprimida e o material apreendido:
,,,isso aí é para segurança, primeiros dos policiais e a segurança dos próprios internos.
Porque se tiver algum objeto que eles possam transformar em alguma arma agente não
pode permitir porque eles transformam mesmo, transformam e machucam um ao outro.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
Espelho mesmo como eu falei, você acha que não tem nada de mais, mas ele está vendo
ele está te monitorando, ao invés de você estar monitorando ele... Lata de sardinha, aqui
é proibido, pode ser feito o estoque disso, eles dizem que é para cortar verdura mas...
tudo isso, todo material contundente pode ser usado contra a segurança, ou então contra
a segurança do outro preso. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Tudo que é entregue para o preso primeiro passa pela revista dos policiais, e sempre são
feitas revistas nas celas e nos objetos... A gente chama de “geral” essa revista em todos
os objetos dos presos. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...a gente tem um controle rigoroso daquilo que é permitido e é claro, para os presos que
freqüentam oficinas, que trabalham, estes presos têm contato com instrumentos diversos,
com ferramentas, inclusive que podem causar algum tipo de lesão, porém toda esta
atuação é monitorada e acompanhada de perto por policiais que monitoram estas
atividades... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
O material que o preso pode manter em seu poder é normatizado pela SESIPE. O
objetivo é de padronizar a quantidade e a especificação dos objetos permitidos entre os
Estabelecimentos Prisionais do DF. A fala seguinte menciona a lista desse material:
75
Eu tenho aqui a relação do que é permitido que os presos possuam dentro da cela. Ele
pode receber dois sabonetes, dois rolos de papel higiênico, um creme dental, dois
barbeadores, um desodorante do ripo roll-on, um sabão em barra, 500 gramas de sabão
em pó, cinco selos e cinco envelopes, ele pode ter também, tudo de cor branca ou clara,
duas bermudas, dois shorts, quatro camisetas, duas calças, uma blusa de frio sem capuz,
seis cuecas, três pares de meia, um tênis do tipo futsal, um par de sandálias do tipo
havaianas, dois lençóis, um cobertor, e uma toalha. Além disso, é permitido também que
eles tenham em seu poder, até 200 reais por semana para fazerem compras nas cantinas
que existem nos pátios. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
O preso nas penitenciárias deve andar sempre asseado e com boa apresentação
pessoal. Cuida-se de uma exigência constante dos policiais como parte integrante da
disciplina carcerária imposta aos presos e assim imanente ao controle prisional.
...facilita pra gente identificar os internos, como eles de certa forma têm um padrão, e
também pela questão de higiene dentro dos blocos, que é um ambiente insalubre..
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
...É importante para a limpeza do ambiente, é importante porque tem preso aí que não
gosta de tomar banho, então os outros presos não querem conviver com o cara na cela,
por causa do mau cheiro. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Por outro lado, o cuidado com a boa apresentação volta-se também para as
ocasiões em que os presos deixam o ambiente prisional. Assim, não raras vezes, devem se
apresentar perante autoridades judiciárias, policiais, dentre outras, o que certamente causa
melhor impressão:
A apresentação pessoal do preso também, sem sombra de dúvidas é cobrada primeiro
porque diz respeito a questão da higiene e que volta e meio o preso tem que se apresentar
perante a justiça, a delegacia, o ministério público e é de bom alvitre que ele se
apresente com uma aparência razoável, limpo perante estas autoridades... (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
76
Sob a ótica do controle a exigência de apresentação pessoal reveste-se da
importância que a padronização se eleva no ambiente prisional. Nesses locais a diferença
pode gerar influência ou conflito, bem como pode representar liderança ou rivalidade. Isso
bem ao contrário da vida social fora do cárcere em que a diferença pode representar liberdade
ou tolerância. Daí a razão e a própria lógica de todo esse cuidado com a higiene e
apresentação pessoal padronizada do grupo:
...isso ajuda a manter o preso dentro do grupo e igual aos outros, não tem diferença, não
tem preso cabeludo, barbudo, sujo, com jeito de malandro dentro da cadeia. (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
É importante ter uma padronização exatamente para evitar qualquer forma de não
controle, então é interessante que haja uma padronização inclusive nas vestimentas, a
questão do cabelo para exercer controle (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Os internos aqui eles utilizam roupas claras, porque no passado os presos utilizavam
roupas escuras para fazer roupas semelhantes às dos policiais, para tentar fugir como se
fosse um policial, como já aconteceu no passado um preso conseguiu confeccionar um
colete semelhante ao que os policiais utilizam, utilizando roupa escura e por isso não é
permitido roupas escuras... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
O preso pode manter relação sexual no dia de visita desde que seja com sua esposa ou,
se não for casado, que ele consiga comprovar que tem uma união estável com uma
determinada mulher. Porque senão a cada semana ele vai querer uma mulher diferente
aqui... Isto ocorre durante a visita por um momento de meia hora. (Entrevista realizada
em 06/01/2009)
... é o que eles chama aqui de parlatório né, eles têm um tempo, os casais para irem para
uma cela específica, né, cada casal numa determinada cela pra ter o seu encontro íntimo,
e só tem direito a esse encontro íntimo o interno que está cadastrado com uma esposa ou
companheira. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
É um direito a intimidade né, eu não vejo problema até então, eu acho que todo ser
humano tem necessidades, é questão até de preservação do direito de intimidade do
sentenciado. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
MULHERES DE PRESOS
Temos sempre algo a aprender com as pessoas, por mais simples que elas aparentem ser.
Assim é quanto a essas abnegadas e incansáveis visitantes – mulheres de presos. Sim,
elas têm algo a nos ensinar. São anônimas entre a massa carcerária, vinculadas a um
interno por meio de um simples cadastro. Isso aos nossos olhos atentos de policiais no
serviço de vigilância. Não obstante estão unidas por laços afetivos inexplicáveis a um
ente querido, que reputam em alta conta, por mais alta que tenham a conta de liquidação
de sentença.
São mulheres que não mensuram dificuldades nem se abatem diante da adversidade.
Pernoitam em acantonamento ou despertam antes do alvorecer. Comem o pão que
penosamente granjeiam ou às vezes nem o comem, para compor com sacrifício a cobal
(cesta de alimentos destinada ao preso). Percorrem quilômetros, mal acomodadas em
coletivos ou de favor com alguém conhecido. Suportam filas, senhas e longas horas de
espera para o ingresso no estabelecimento prisional. Algumas até ficam alopradas, mas
são poucas e logo passa a contrariedade. Submetem-se às mais rigorosas revistas
pessoais e de pertences, bem como ao uso de indumentária nos padrões recomendados.
Todo esse esforço para estar perto daquele que a sociedade o quer bem longe.
É interessante notar que pouco ou quase nada recebem em troca. Isso porque os seus
companheiros não têm o que lhes oferecer, a não ser algumas poucas horas de
companhia e contato direto, mesmo assim, não raras vezes, dentro de um pátio onde cada
palmo é disputado por diversos outros internos e visitantes.
Exageros à parte, elas são de fato muito devotadas. Vão ao sacrifício próprio para
satisfazer o ser amado, por mais repudiado que ele seja diante de todos. Realizam com
disposição o que muitos não fariam nem mesmo recebendo em troca uma boa
recompensa. Mulheres de presos, quem poderá superá-las? (ADIEL TEÓFILO)
79
8.2.8 Atendimento psicológico dos presos
...mas no geral pelo que eu vejo pela minha experiência no tempo que eu estou aqui eu
vejo que ajuda sim. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...tem muitos presos que necessitam desse atendimento, para manter a cadeia mais
serena, então a gente tem justamente estes casos atípicos, sempre está dando um
problema e a gente sempre solicita a GEAIT que coloque este preso para o atendimento.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
...acho de fundamental importância até porque o histórico de vida deles é enfim, muitos
foram violados nos seus diretos, abusados sexualmente, e para que haja efetivamente
uma ressocialização há a necessidade sim de um trabalho psicológico. (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
...o interno que tem contato com os familiares fica mais calmo, fica mais fácil de
controlar. Já os que não têm, que a família não está nem aí, não quer nem saber, não
vem é mais complicado. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...é natural que a pessoa que perdeu sua liberdade entre num nível de estresse muito
grande e o papel da família é no sentido de trazer para ele uma palavra de carinho, de
consolo, um conforto... Esse papel é fundamental para que ele cumpra a sua pena, e
durante este período ele mantenha-se dentro de um contexto de calma, de tranquilidade,
sabendo que os familiares o apóiam. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...além de ser uma questão legal acredito que seja fundamental porque se o cara tá
totalmente isolado eu acho que ficaria impossível, aquele que tem interesse em voltar pra
sociedade e não praticar mais crime, ele teria uma dificuldade, teria um elo que ele
ainda tem o mundo exterior enquanto ele está cumprindo a pena aqui. (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
Não obstante as vantagens, esse contato físico com familiares representa também
preocupação por parte dos policiais. A oportunidade pode ser aproveitada para outros fins,
tanto por visitantes que tentam levar adiante algum objeto que conseguiram passar burlando a
revista pessoal, quanto pelos presos que praticam extorsão, ameaça e constrangimento contra
visitantes.
_____________________
23
A LEP assim preconiza: “Art. 41 Constituem direito do preso: X – visita do cônjuge, da companheira, de
parentes e amigos em dias determinados;”
81
Esses dois aspectos, quais sejam, as vantagens e desvantagens do contato com
familiares, são ressaltados na seguinte fala:
O contato com os familiares é bom e ruim ao mesmo tempo. Têm presos que realmente
necessitam do contato com a família, são pessoas de boa índole, que não estão de acordo
com o que o familiar cometeu, querem que ele pague a pena. E já outros que utilizam da
situação, que estão no mesmo nível de quem está preso aqui, para fazerem disso um meio
de ganhar dinheiro dentro das penitenciárias fazendo tudo o que é ilícito, vendendo
drogas, controlando as coisas dentro do pátio, extorquindo presos, visitantes. (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
Além dos dados colhidos através das entrevistas sobre mecanismos de controle,
outras informações importantes foram obtidas mediante a aplicação dos questionários. É o
caso das avaliações que se seguem quanto à eficiência dos mecanismos e o grau de confiança
que os policiais atribuem a esses procedimentos.
Ordem na
EFICIÊNCIA MECANISMO DE CONTROLE Eficiência
Pesquisa
a) Revista geral nos presos e nas celas. 42
4 Não confio
10
Confio pouco
Confio muito
30
Confio totalmente
Assim ficou o resultado: nenhum optou por dizer que não confia; quatro
assinalaram que confiam pouco; trinta policiais escolheram a opção de que confiam muito nos
procedimentos de controle; e dez confiam totalmente em todos os procedimentos. Esse
resultado permite concluir que é bastante considerável o grau de confiança dos policiais em
relação ao trabalho que realizam, acreditando nos procedimentos que aplicam no cotidiano.
...vai de cada policial de saber como agir, porque tem que quase sempre você tem que
usar o bom senso. Porque às vezes você vê um interno fazendo alguma coisa errada, mas
você vê que não é nada grave, e que ele nunca fez aquilo, eu não vou fazer uma
ocorrência, prejudicar mais ele... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Não posso nem dizer que é informal, mas o fator surpresa de você dar uma geral, ou
então você puxa aquele preso ali para dar uma geral nele ou naquela cela, eu acho que
isso aí ajuda muito.... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
A gente trabalha muito conversando com aqueles presos mais problemáticos, procurando
trazer eles para o seu lado, mostrando a eles que eles dependem de você, e como
diríamos você induz o detento àquela síndrome de Estocolmo, para ele se apegar a você
e saber que você é a tábua de salvação dele, pra gente poder ter um controle maior,
porque são estes líderes que proporcionam a gente controlar a máfia carcerária toda, e
quem tem mais informações pra dar pra gente. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...para todo tipo de atividade que a gente vai praticar aqui tem um procedimento, desde a
escolta de um interno até a soltura pra o banho de sol, a recepção de visitantes. Então
são estes os procedimentos de controle e apesar de alguns, a maioria não ser
normatizado eles não são informais, este é o procedimento normal do estabelecimento.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
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Tratando-se de mecanismos informais, constaram no questionário alguns
procedimentos dessa natureza, para que os policiais informassem se em caso de necessidade
para manter o controle quais deles utilizariam. Convém ressaltar que a maioria desses
mecanismos informais sugeridos é ilegal. A exceção mais explícita é a de cortar regalias não
previstas no rol dos direitos dos presos. O fato é que as regalias são concedidas pela
administração prisional e a qualquer momento podem ser suspensas ou retiradas de acordo
com a conduta e o comportamento dos presos. Quanto a isso não há nada de ilegal.
...cometeu a falta já vai direto para o isolamento preventivo, aí depois vai ser apurado,
ele vai ser absolvido ou então receber a sanção. É necessário porque eles precisam
respeitar, precisam ter um pouco de educação digamos assim, eles precisam saber que o
que eles fazem é errado, e para toda ação errada eles vão ter uma conseqüência.
(Entrevista realizada em 06/01/2009)
Eu acho que é muito importante porque o interno que comete uma transgressão
qualquer, ele vai receber uma punição legal, né. Que já é prevista em lei, e isso vai
coibir que os outros internos pratiquem..
A gente tem orientado os policiais a, diante de algumas faltas que são mais simples, mais
leves, que eles conversem com o detento dizendo a ele que está dando uma oportunidade
para ele, trazendo ele para você porque a partir dali ele pode passar a ser até um
colaborador seu, e você evita em instaurar mais um procedimento disciplinar e a pessoa
pode até se comportar melhor. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...os que descumprem algum ato de disciplina têm algumas sanções, a gente tira a
televisão, faz alguma coisa pra poder ter o controle, para ele saber que não pode fazer
aquilo, porque se fizer vai perder outra coisa. Ele vai pensar, é preferível eu agir
certinho porque eu vou ficar com a minha televisão, vou ter o meu banho de sol normal,
vou ter tudo, vou ter a minha visita. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
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A conseqüência mais grave que decorre da aplicação de disciplina ao preso é a
perda de benefícios, como a progressão de regime prisional, o trabalho externo e a saída
temporária. O preso deve manter bom comportamento, que se constitui requisito subjetivo
para a concessão dessas benesses legais. O desejo por alcançá-los ajuda a manter o preso
dentro do comportamento exigido, pois a simples advertência de que poderá sofrer sanção
disciplinar, especialmente quanto àqueles com pena menor e maior expectativa, é suficiente
para reprimir condutas inaceitáveis ao padrão de exigência policial.
O preso, até para poder receber benefício, precisa ter um bom comportamento. Então
esta questão da disciplina afeta eles diretamente até na questão de eventual progressão
de regime, de deferimento de algum benefício como por exemplo trabalho externo, saídas
temporárias, então há necessidade de eles terem bom comportamento aqui... (Entrevista
realizada em 06/01/2009)
...E ainda vai ter um reflexo que é muito importante, que talvez seja o fundamental pra
eles, para os internos, que é o reflexo que diz respeito ao requisito subjetivo pra receber
benefício né, que o juiz da VEC vai ver a questão do comportamento. Eentão isso pra
eles, eles levam isso mais em consideração do que a punição em si, do que ficar no
isolamento, do que perder visita. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
A Lei de Execuções Penais prevê quais são as faltas disciplinadas por eles praticadas
que são consideradas graves e joga para a legislação, aqui no caso do DF, distrital para
que seja previsto quais são as de faltas leves e médias. Dentro deste universo os presos
são sancionados de 1 a 30 dias de isolamento preventivo, mas existem outros tipos de
sanções, pode ser repreensão verbal, advertência... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
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8.7 Emprego de força policial nas penitenciárias
A relação entre controle prisional e força policial pode suscitar preocupações e até
desconfianças. A questão é que a imagem da polícia freqüentemente é associada à violência,
crueldade e truculência. Nesse cenário seria possível controlar sem exceder no emprego da
força policial? Como e em que circunstâncias os policiais nas penitenciárias aplicam a força
para controlar os presos?
...a gente se necessário, em caso extremo mesmo, muito extremo a gente usa a força, tem
que usar. Mas só em caso extremo mesmo... (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...na verdade as próprias rotinas que dizem respeito à questão de segurança e disciplina
são de modo geral suficientes para que a gente consiga. O emprego da força ele é usado
quando há uma transgressão de alguma norma, e que o interno não aceite uma ordem do
policial para se retirar do pátio ou da sela, ou qualquer que seja, ou seja, ele parte
realmente para o enfrentamento. Nesse caso o uso da força é fundamental também para
mostrar para os demais internos que aquela atitude ali não vai ter futuro. Que nós vamos
coibir e vamos usar a força necessária e quando necessário. (Entrevista realizada em
06/01/2009)
A fala que se segue mostra ainda que além de ser medida de exceção, o emprego
de força é precedido de orientação e de um trabalho de conscientização, para que não se use a
força pela força:
...nossa premissa é orientar, expedir ordens claras e precisas no sentido de que o preso
cumpra àquele dever ou aquela ordem para se evitar um problema maior, mas havendo
resistência depois de exauridas toda uma lógica de conscientização, se for o caso
utilizamos força física necessária. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
Conforme mencionado na fala acima, o preso que foi alvo de aplicação de força é
encaminhado ao IML e submetido a exame de corpo de delito, para constatação de eventual
lesão corporal. O resultado deverá instruir o procedimento policial e mediante a apuração na
Delegacia as circunstâncias serão analisadas pelo Ministério Público e Poder Judiciário. Essas
providências diferenciam em muito a gestão prisional de natureza policial.
...tem que tomar cuidado com excesso, a força tem que ser utilizada na medida em que há
necessidade, então você nunca pode ter excesso porque aí vai ter problemas, para você
como policial, e também você estará ferindo um direito do preso... (Entrevista realizada
em 06/01/2009)
...os presos estão muito bem controlados, são disciplinados, não temos casos de fuga,
enfim, obedecem às ordens sem precisar usar em regra a força física. O que falta é um
trabalho melhor de ressocialização, porque muito se fala em ressocialização e pouco se
faz, até a questão da mudança da própria mentalidade dos policiais, que muitas vezes
acreditam que estão aqui apenas no controle em si, que é o sentido da segurança no
sentindo de manter em cárcere a população penitenciária e esquece que o papel deles
também está ligado a ressocialização. (Entrevista realizada em 06/01/2009)
...
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CONCLUSÃO
A honra não consiste em nunca cair, mas em se levantar toda vez que cair.
(Inscrição anônima de uma cela do CDP)
Conclui-se assim este estudo sendo possível tecer algumas considerações sobre o
modelo de gestão prisional no Distrito Federal. Pode-se afirmar que o controle policial
exercido nas penitenciárias não se reveste apenas da possibilidade ou iminência de emprego
da força policial para compelir os encarcerados ao cumprimento das normas e determinações
impostas pelos agentes prisionais. Existe toda uma conjugação de esforços, aplicação
coordenada dos diversos procedimentos e mecanismos, minucioso trabalho investigativo e
rigorosa observância da conduta de presos e visitantes, a fim de evitar o surgimento e
fortalecimento de ações nefastas à segurança e ao próprio controle da unidade.
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É possível destacar ainda, que os procedimentos não estão orientados somente pela
possibilidade de supressão de direito ou de regalia, seja individual ou coletiva, para reprimir
os casos de descumprimento das ordens. Não existe uma cultura de confronto e de supressão
de direitos, mas todo um trabalho de orientação e conscientização dos presos, com a
imposição de autoridade e respeito sempre que necessário, como meio de conduzir o
comportamento individual ao padrão imposto à coletividade. Reconhece-se ainda. a partir de
uma estrutura administrativa que facilita a atuação policial, a importância de atender o preso
nas suas necessidades, prestando-lhes as assistências que são devidas, como forma de também
contribuir para o equilíbrio e estabilidade do ambiente prisional.
2ª Prestar as assistências que são devidas aos encarcerados para evitar os diversos
problemas que surgem pelo descaso e abandono das prisões.
COLOGNESE, S. A. et. Al. A Técnica de Entrevista na Pesquisa Social. In: Pesquisa Social
Empírica: Métodos e Técnicas. Cadernos de Sociologia, IFCH-URRGS, Poá/RS, 1996.
RICHARDSON, R. J. (e col). Pesquisa Social. Métodos e Técnicas. São Paulo: Atlas, 2002.
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
DEPARTAMENTO DE SOCIOLOGIA
PESQUISA SOBRE GESTÃO PRISIONAL NO DISTRITO FEDERAL
QUESTIONÁRIO
1. Data da entrevista: ______/___________/ 2009.
2. Local: __________________________________________________________
3. Idade do entrevistado:____________ anos
4. Sexo: ( ) masculino ( ) feminino.
5. Tempo de serviço como Agente Penitenciário:___________________________
6. Função:___________________________________________________________
7. Tempo de serviço na função específica:________________________________
8. Escolaridade: ( ) Ensino médio ( ) Superior incompleto ( ) Superior completo
( ) Pós-graduação ( ) Mestrado ( ) Doutorado
9. Curso: __________________________________________________________
10. Em sua opinião quais são os comportamentos mais difíceis de serem controlados entre
os presos? (mencionar pelo menos um comportamento)
___________________________________________________________________________
11. Existem comportamentos ou condutas impossíveis de serem controlados entre os
presos? Quais? (mencionar pelo menos um comportamento)
___________________________________________________________________________
12. Quais são os principais fatores que podem provocar motim ou rebelião entre os
presos? (mencionar até três fatores que os considera mais importantes)
1) ________________________________________________________________________
2) ________________________________________________________________________
3) ________________________________________________________________________
13. Conforme a sua avaliação qual é a probabilidade de ocorrer uma rebelião dentro do
Bloco que você trabalha atualmente (escolha uma alternativa):
( ) remota. ( ) pouco provável.
( ) provável. ( ) muito provável.
( ) iminente.
14. O que é mais importante para manter os presos controlados dentro da penitenciária:
(escolha uma única alternativa)
( ) excelente estrutura arquitetônica com muros altos e concertinas.
( ) uso progressivo da força necessária e de armas não letais.
( ) monitoramento eletrônico com câmeras e sistemas de alarme.
( ) punições disciplinares dos presos com perda de direitos e regalias.
( ) vigilância e observação de servidores com formação policial.
( ) intervenções e contenções realizadas pela DPOE.
( ) outro_________________________________________________
15. Relacione na coluna “A”, em ordem de importância, cinco procedimentos da coluna “B”
que você considera mais eficientes para o controle dos presos:
Coluna “A” Coluna “B”
1º ________ a) Revista geral nos presos e nas celas.
2º ________ b) Isolamento em cela disciplinar.
3º ________ c) Invasão de pátio e contenção pela DPOE.
4º ________ d) Perda do período de banho-de-sol.
5º ________ e) Vigilância e observação realizada pelos policiais.
f) Perda do direito de receber visitas.
g) Revista de visitantes e objetos destinados aos presos.
h) Análise das correspondências dos presos.
i) Coleta e análise de dados sobre as ações dos presos.
j) Exigências de asseio corporal e das celas.
k) Perda do direito ao encontro íntimo.
16. Qual é o grau de confiança que você atribui a esses procedimentos mencionados na
questão anterior (questão 15): (escolha uma alternativa)
( ) não confio. ( ) confio muito.
( ) confio pouco. ( ) confio totalmente em todos os procedimentos.
17. Caso necessário para manter o controle dos presos, quais os procedimentos informais que
você utilizaria (escreva SIM), e quais você não utilizaria (escreva NÃO):
_______ Suspender o banho de sol de toda uma cela, ala ou pátio coletivamente.
_______ Isolar presos em determinada cela sem qualquer material de uso pessoal.
_______ Aplicar castigos físicos ou agressão corporal como tapa, soco ou chute.
_______ Suspender a visita de toda uma cela, ala ou pátio coletivamente.
_______ Reter objetos, roupas ou alimentos destinados aos presos.
_______ Expor publicamente conduta do preso para ser hostilizado pelos demais.
_______ Usar de rigor excessivo ao atribuir falta disciplinar ao preso.
_______ Cortar regalias não previstas no rol dos direitos dos presos.
18. Como você avalia a atuação policial dentro da penitenciária quanto a ressocialização dos
presos:
( ) nenhuma contribuição. ( ) contribui muito.
( ) contribui pouco. ( ) indispensável para a ressocializaçã